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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Na casa de meu Pai há muitas moradas.

O que Jesus disse em João 14.1-3: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também." Vamos examinar esta parte que diz "muitas moradas" e que Jesus "nos prepararia um lugar". As pessoas pensam que as moradas que Jesus está falando aqui são do tipo que vemos aqui na terra, com paredes, portas e janelas, fechaduras, lustres, etc. Também se crê que Ele Próprio virá nos receber durante o arrebatamento e todos nós seremos levados para a nossa mansão em glória.
O problema é que as pessoas param de ler nos três primeiros versículos, antes de se chegar ao fim da mensagem que Jesus realmente passa. Lemos no versículo 23, no mesmo capítulo, à que se refere: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada." (João 14.23)
Então, atente a este versículo. Observe muito atentamente: "Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais." João:14.29 Pense nisto: Se Jesus estava falando sobre o Seu retorno, quando nos levará com Ele às nossas moradas no céu, você não acha que Ele está esperando muito tempo para crermos? Ele estava dizendo que nos falou aquilo com antecedência para que quando as moradas se tornassem visíveis para nós, disséssemos, "Oh, agora eu creio! Glória! Glória!"?
Bem, se Ele não estava falando de moradas que Ele prepararia para nós, então sobre o que Ele está falando? Tomé fez a mesma pergunta no versículo cinco: Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? Quando Jesus respondeu a esta pergunta, Ele o fez entender, sem deixar dúvidas, o que era este lugar que Ele estava preparando para nós. Jesus respondeu em João 14:6: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Então quando Jesus disse "Na casa de Meu Pai há muitas moradas: se assim não fora, Eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos um lugar", Ele não estava falando sobre lugares de habitação no natural. Ter casas não é o nosso problema. O problema todo é que por causa de um homem - Adão - o pecado entrou no mundo e a morte também através do pecado, e nisto, todos pecaram. (Romanos 5.12)
Em outras palavras, a humanidade toda herdou a morte espiritual de um só homem e, portanto, todos ficaram fora de Deus. Mas lembre-se que nossa provisão não foi nosso problema - não o lugar de habitação final, nem nossa roupa ou um lugar para morarmos. Nossa provisão não foi de modo algum um problema para Deus!!!
A palavra grega para morada no versículo 2, se encontra também no versículo 23 do mesmo capítulo. A primeira pergunta que podemos fazer ao texto é: Se morada no versículo 2 é literal, e se for interpretado como uma casa literal, como conciliar com o versículo 23 que não é uma casa física mas sim espiritual?
O versículo 23 fala de nosso corpo como morada de Deus. É importante verificar que o versículo está no plural “viremos para ele e nele faremos morada.” Como isso aconteceria? Jesus precisava ir para o Pai para (preparar lugar) que o outro consolador (Espírito Santo) viesse. Foi isso que ele foi preparar, e não outra coisa que ainda não estava pronta no céu. O fato de estar no plural é importante porque Jesus também volta para morar em nós, mostrando o que realmente ele queria dizer "vou e volto"

Os versículos estão todos na primeira pessoa mostrando que Jesus se referia a ele mesmo vindo morar em nós. Como ele viria morar em nós se não fosse pela vinda do outro consolador?
É fundamental lembrarmos do fato que para a teologia de Paulo, casa do Senhor, morada de Deus, pedras vivas, colunas do templo, somos nós e não algo físico.
O texto grego não tem divisória. Na tradução de João Ferreira, colocaram uma divisória entre os versículos 14 e 15, atrapalhando muito a interpretação.
Os primeiros versículos claramente introduzem sobre o assunto morada do Espírito, que será explicado nos versículos seguintes. Vamos ver?
No versículo 3 ele diz: E se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também.
No versículo 4 ele diz: Vós conheceis o caminho para onde eu vou.
No versículo 17 diz: o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e nem o conhece. Mas vós o conheceis, pois habita convosco, e estará em vós.
No versículo 18 diz: Não vos deixarei órfãos, virei para vós.
Note que ele está falando do Espírito habitando em nós, usando o verbo na primeira pessoa.
O versículo 23 diz: Se alguém me amar, guardará a minha palavra. Meu pai o amará, e viremos para ele e nele faremos morada. Veja: Mais uma vez ele usa o verbo na primeira pessoa para falar do nosso corpo como morada, e ainda fala no plural, significando que ele também viria morar em nós. Se ele também estaria em nós, e claro que a onde ele estiver, nós estaremos, porque ele habita em nós.
Veja que tudo isso aconteceria com eles vivos, segundo os versículos 25 e 29. Eles veriam acontecer. Se fosse algo no céu, como eles poderiam ver?
25 – Tenho-vos dito isto, estando convosco.
29 – Eu vos disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.
O que quer dizer “A casa do meu pai tem muitas moradas”

Casa é a plenitude da igreja. Somos pedras vivas, colunas do templo e etc. A igreja invisível está a cada dia fazendo com que essa casa alcance essa plenitude.
As moradas são todos aqueles em que o Espírito habita individualmente, já que a própria carta de Paulo aos Coríntios diz que nós somos essa morada, e que o Espírito Santo habita em cada um de nós.
Quando Jesus disse, Eu vou preparar um lugar para você, o lugar que Ele estava falando era A CRUZ. Ele iria pelo caminho da Cruz para nos levar de volta para a casa de nosso Pai. É por isso que Ele disse a Tomé, Eu sou o caminho, a verdade e a vida: NINGUÉM VEM AO PAI SENÃO POR MIM. Então no versículo 29, quando Jesus disse, digo-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais, Ele não estava falando sobre as moradas. E isto é similar em João 14.3, quando Jesus dissee, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. Jesus estava falando que iria pelo caminho da Cruz, morrendo e tornando-se o primogênito de muitos irmãos, e então, voltando novamente para nós transportando-nos das trevas para o Reino (Colossenses 1.13).
Então, Ele poderia ter dito no terceiro versículo, "Eu o receberei a mim para que onde EU ESTOU vocês possam estar também", significando que Jesus nos receberia a Ele mesmo e nos daria o mesmo posicionamento Dele com o Pai, a nós, filhos e filhas.
Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos. Hebreus 2.11
Não é de se surpreender que Ele dissesse, Eu lhe disse antes do tempo para que quando isto acontecer você creia. Sabemos que o verdadeiro assunto aqui não é nosso lugar de habitação físico, mas espiritual, que mudou de fora de Deus para dentro de Deus porque Jesus, pela Sua redenção, nos deu todo o Seu posicionamento com o Pai.
Então o que são estas moradas que Jesus estava falando quando Ele disse na casa de meu Pai há muitas moradas? Se você pensar sobre isto, que tipo de casa caberia a estas moradas?
para entender isto, você precisa dar uma olhada na palavra "moradas" ou "mansões." A palavra morada em grego é derivada da palavra permanecer, permanente. Então, dos nove atributos que formam a essência de Deus, como a soberania, o amor, ou julgamento, o único atributo sobre o qual estes lugares de habitação se basearam seria o atributo da natureza de Deus que descreve a longevidade: A VIDA ETERNA. É por isso que as palavras gregas para mansões, moradas, residências e lugares de habitação na casa de Deus viriam da palavra permanente ou permanecer.
Já que estes lugares de habitação que sustentam as criações de Deus são eternas, ELAS FORAM CRIADAS PARA ESTAREM LÁ PARA SEMPRE!!! Deixe-me lhe dar um exemplo. Simplesmente digamos, para ilustrar o ensino, que nossa criação nunca tivesse falhado, que Adão nunca tivesse comido da árvore do conhecimento do bem e do mal. Naquele jardim perfeito, todas as fitas do DNA da criação de Deus - dois de cada tipo de todos animais, das plantas e gênero humano - cresceram, se multiplicaram e se espalharam por todo planeta. Uma vegetação viçosa em todo lugar, abundância de vida, uma paz e um planeta cheio das bem-aventuranças de Deus.
Isto não apenas pertenceria à nossa criação, mas, verdadeiramente, tem tudo a ver com o universo todo. Como eu sei disto? Veja Colossenses 1.16. Falando de Jesus, a epístola diz: Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
E no que diz respeito aos céus, aos mundos e às estrelas, olhe para Hebreus 1.2: [Deus] Nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, PELO QUAL TAMBÉM FEZ O UNIVERSO; (outra tradução diz “os mundos” - plural) Quando se trata da nossa criação, temos que entender que a terra, os planetas e as estrelas são todos parte da nossa criação, não apenas o planeta que Deus nos deu como uma moradia.
Se Adão não tivesse caído, seria difícil imaginar a magnitude do que Deus teria planejado para nós. Pense nisso: um planeta abundante como nossa moradia, Deus andando no Jardim conosco e o universo todo sendo nosso quintal.
Vamos continuar nossa ilustração da vida sem a queda e Deus lidando com uma outra criação em algum período de tempo sem ser o nosso. E para a ilustração do ensino, digamos que Jesus tenha dito a esta outra criação, "Na casa de Meu Pai há muitas moradas", – ou poderíamos dizer "residências" ou "mansões" ou "lugares de habitação", ou, como o grego original diz, "habitação permanente que permanece para sempre e sempre e sempre".
Então neste hipotético exemplo, Jesus diria a esta outra criação, "Você gostaria de ver um destes lugares de habitação - uma destas moradas que estão na casa de Meu Pai?" Então Ele as traria para o nosso universo e para nosso mundo e diria, "Esta é apenas uma residência na casa de Meu Pai".
Você pode imaginar quão imenso e incrível seria este lugar de habitação? Quando Jesus estava ensinando aos discípulos sobre estes lugares ele disse, "na casa de Meu Pai há muitas moradas", Ele usou a palavra "muitas" porque não havia como um ser infinito como Deus explicar o que é o infinito para alguém como nós. Tivemos um começo, mas Deus sempre existiu. A igualdade de Deus está calculada em um espaço infinito em todas as direções, no passado, no presente e futuro. Nunca houve um momento em que Ele NÃO EXISTIU! 
Quando Jesus disse, "muitas moradas", este foi o jeito de Deus dizer que havia muitas moradas em Sua casa, talvez milhões de criações, moradas individuais ou lugares de habitação de todos os tipos - o tamanho de universos inteiros!
Em nossa criação – nosso lugar de habitação – somos familiarizados com anjos, uma criação de seres sobrenaturais que assistem a Deus continuamente. Ele os usa para ministrar a nós como Sua família também. Não sabemos o que mais eles fazem, mas a Bíblia nos fala sobre anjos, o começo de Lúcifer e sobre sua queda.
Então quando Jesus disse, Eu vou preparar-vos um lugar e voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também, sabemos que Ele foi pelo caminho da Cruz para nos trazer de volta à família de Deus. Aliás, quando Ele terminar de redimir nossa criação, nosso planeta e nosso universo serão MAIORES do que nunca. Olhe para o sol, as estrelas, a lua - isto é simplesmente parte de nossa criação. Olhe para o nosso planeta. Você o acha bonito agora? Espere para ver quando Deus tiver terminado esta Dispensação da Redenção!!!
Deus fala sobre isso tudo em Hebreus, no primeiro capítulo: Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, Nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. (Hebreus 1.1-2)
Observe como Deus usou Jesus para fazer os mundos. Os mundos que Hebreus está falando são os NOSSOS mundos - eles pertencem à nossa criação, nosso planeta, nosso sol, nossa lua e nossas estrelas.
Este é o lugar de habitação que Deus fez para nós; esta é nossa "morada". Mas quando Adão caiu, algo aconteceu. Não foi apenas planejada a morte de Adão (pois Deus disse naquele dia você verdadeiramente morrerá (Gênesis 2.17), mas também o fim de todo o planeta. Aliás, mais adiante, neste capítulo, Hebreus fala da criação do universo todo: Ainda: No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra das tuas mãos; Eles perecerão; tu, porém, permaneces, sim todos eles envelhecerão qual veste; também, qual manto, os enrolarás, e, como vestes, serão igualmente mudados; tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.
Hebreus 1.10-12 A morte não estava apenas operando em nós, mas também em nosso planeta, e não somente em nosso planeta, mas em todo universo. Eles estão envelhecendo como uma veste e estão programados para serem trocados. Mas agora, o meu espírito foi mudado. Eu nasci de novo. A única coisa que falta ser mudada em mim é a minha veste aparente, e um dia em breve, o meu corpo será mudado e receberei um corpo glorioso.
Logo, a mesma coisa acontecerá com nosso planeta e não apenas com ele, mas com todo o universo. Tudo pertencente à nossa mansão - nossa casa, nosso lugar de habitação – será trocado. Do mesmo jeito que eu irei adquirir um corpo glorioso, nosso planeta, galáxias e universo mudarão de vestimentas e serão maiores do que já foram um dia.
Jesus não foi apenas preparar um lugar para nós como filhos de Deus, mas nós iremos adquirir nossas moradas - nossas mansões - de volta, muito maiores e mais poderosas do que nunca.
Olhe para o Grande Trono Branco do Julgamento. Com apenas uma simples olhada de Deus a terra e o céu passaram. Vi um grande trono branco, e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. (Ap 20.11)
Mas olhe para o primeiro versículo de Apocalipse 21: Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Você e eu teremos um novo lar para sempre! Se Deus fez tudo isso para prover este vasto lugar para nós vivermos, e então a redenção através da Cruz de Jesus para nos salvar do pecado, você não acha que Ele não nos ama o suficiente para nos suprir em todas as nossas necessidades diárias? Simplesmente olhe para a morada que Ele construiu para nós!
Se temos dificuldade em crer e receber é porque não O conhecemos muito bem. Sua graça e amor são imensos. Nossas situações não são impossíveis e se pensamos que são, simplesmente precisamos conhecê-Lo melhor. 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Jesus ficou sepultado durante 3 dias e três noites?

Se Jesus morreu na sexta de tarde, como ele pôde ressuscitar na manhã de domingo, sendo que ele disse que ficaria 3 dias e 3 noites sepultado?

O termo "3 dias" e "3 dias e 3 noites".
Esta registrado que Jesus disse: "O Filho do homem se levantará novamente após três dias" e "Ele será levantado novamente ao terceiro dia" – essas expressões são usadas alternadamente. Isso pode ser visto no fato de que a maioria das referências à ressurreição afirmam que ela ocorreu no terceiro dia. 
O que isso quer dizer? Que Jesus ressuscitou no 3º dia, independente de quantas horas ele ficou no túmulo. Tanto Mateus, como os outros evangelistas, o próprio Jesus e os fariseus concordam entre si que Jesus disse que ressuscitaria no 3º dia, independente de quantas horas estaria no túmulo.
Jesus disse: Assim como Jonas ficou 3 dias e 3 noites no ventre do grande peixe, o Filho do Homem estará 3 dias e 3 noites no coração da terra. (Mt 12:40)
Agora vamos ver o porquê de Jesus ter usado a expressão "3 dias e 3 noites". Digo de antemão que isso é uma expressão idiomática e não um relato minucioso de tempo. Vou dar alguns exemplos disso encontrados em outros textos bíblicos:
(1 Sm 30: 12-13) "um pedaço de bolo de figos prensados e dois bolos de uvas passas. Ele comeu e recobrou as forças, pois tinha ficado três dias e três noites sem comer e sem beber. Davi lhe perguntou: “A quem você pertence e de onde vem?" Ele respondeu: “Sou um jovem egípcio, servo de um amalequita. Meu senhor me abandonou quando fiquei doente há três dias."
Ou seja, 3 dias e 3 noites = há 3 dias.
Gn 42:17-18 - “E os deixou presos três dias. No terceiro dia, José lhes disse...
Neste caso, se eles ficaram presos 3 dias e depois disso José os solta, então eles teriam sido soltos no 4º dia, correto? Porém não é isso que aparece. Ele os solta no 3º dia, ou seja, eles ficaram presos durante 3 dias (forma idiomática e expressiva) e são soltos no 3º dia (literalmente).
Portando, se olharmos com literalidade neste texto, haveria uma contradição, pois os irmãos estariam presos num período de 72 horas, mas o mesmo texto diz que eles foram soltos antes das 72 horas. Não há contradição porque é apenas uma expressão idiomática.
Assim "um dia e uma noite" era uma expressão idiomática usada pelos judeus para indicar um dia, mesmo quando indicava somente parte de um dia, o qual pode ser visto também no Velho Testamento.
Ou seja, a expressão "um dia e uma noite" representava tanto o período total como parte dele.

A comprovação Histórica
Outra forma de ver "três dias e três noites" é ter em consideração o método judaico de calcular o tempo. Os escritores judaicos registraram em seus comentários sobre as escrituras o principio que governa o registro do tempo. Qualquer parte do período era considerado um período total. Qualquer parte de um dia era registrado como um dia completo.
O Talmude Babilônico (Comentários Judaicos) relata que "uma parte do dia é o total dele" (Mishnah. Third Tractate, "B. Pesachim", p. 4a).
O Talmude de Jerusalém, assim chamado porque foi escrito em Jerusalém, diz: “Temos um ensino -- 'Um dia e uma noite são um Onah e a parte de um Onah é como o total dele" (Mishnah, Tractate, "J. Shabbath”, Chapter IX, Par. 3).
Um "Onah" é, simplesmente, "um período de tempo".
Temos então a prova de que a expressão 3 dias e 3 noites é "figurada", representando 3 dias seguidos, independente do tempo (horas) transcorrido nestes.
Ilustração dos 3 dias e 3 noites entre a morte e ressurreição de Jesus.



Como 3 dias e 3 noites é apenas uma forma de expressão, Jesus (figuramente falando) ficou no coração da terra 3 dias e 3 noites. Se Jesus tivesse sido sepultado depois do Shabat (sexta após às 18), então a profecia não teria se cumprido, pois não poderíamos contar o dia de sexta. Porém, como foi sepultado antes do pôr-do-sol do Shabat, conta-se o dia do sepultamento.
Assim sendo, Jesus não errou em dizer que estaria três dias enterrado, porque ele não usou o termo "o filho do homem ficará 3 dias enterrado". Ele usou "3 dias e 3 noites", pois sabia que era uma forma de expressão que indicaria a sua ressurreição no domingo.
Se assim não fosse, os fariseus teriam pedido uma guarda até o 4º dia. Porém os mesmos pediram que os romanos cuidassem do túmulo até o 3º dia.
Lembram da minha comparação?
3 dias e 3 noites = há 3 dias...
Os "três dias e três noites" referentes ao período em que Cristo ficou no túmulo pode ser calculados, como se segue: Cristo foi crucificado na sexta-feira. Qualquer tempo antes da 18h da sexta seria considerado "um dia e uma noite". Qualquer tempo depois das 18h de sexta até sábado às 18h, também seria "um dia e uma noite".
Semelhantemente, qualquer tempo após as 18h de sábado até o momento em que Cristo ressuscitou, na manhã de domingo, também seria "um dia e uma noite". Do ponto de vista judaico, seriam "três dias e três noites" de sexta feira à tarde até domingo de manhã.

Exemplos
Dia 07 de outubro de 2007, nasceu minha filha. Por lei, assim que ela nasce, tenho direito a 5 dias corridos de folga da empresa. Só que ela resolveu nascer às 23:45, ou seja, no final de domingo. Assim que nasceu, começou a contar os dias de folga e devido ao horário avançado, perdi um dia inteiro de folga, por conta da avançada hora de nascimento dela. Portanto, para a lei, ela nasceu não às 23:45, mas sim na noite de 07-10, a partir das 0:00. Se ela tivesse nascido no próximo dia, às 0:01, eu teria direito a mais 24 horas de descanso. Mas acabei perdendo 23:45 de descanso por causa de 15 minutos.
O mesmo exemplo segue para o tempo contado com a expressão "3 dias e 3 noites". Como Jesus foi enterrado antes do pôr-do-sol, conta-se o dia de sexta inteiro, mesmo que Ele não tivesse literalmente enterrado na noite de sexta (18h de quinta às 06h de sexta).
Outro exemplo, dado por Josh é no caso de nascimentos até o dia 31 de dezembro. Nos EUA, os casais que terão filhos em dezembro e que declaram imposto de renda, torcem para que a criança nasça antes da virada do ano, pois, se assim for, eles conseguem restituição do imposto referente aquela criança do ano todo, ou seja, para a lei, a criança, mesmo tendo nascido no final do ano, é contada no imposto como tendo nascido a 364 dias atrás.
Essa argumentação de Josh não foi criada por ele. Já era de entendimento de alguns estudiosos e foi publicada no livro "The Ressurection Of Jesus Christ", de Arthur C. Custance, editora Doorway Paper, página 17, no ano de 1971.

Conclusão
A expressão 3 dias e 3 noites é referente a 3 dias corridos, independente de quantas horas estes dias tiveram. É apenas uma expressão idiomática muito usada no judaísmo para apresentar 3 dias seqüenciais.

Bibliografia:
Mcdowell, Josh - As evidências da ressurreição de Cristo. Os fatos históricos comprovam a ressurreição de Cristo. Editora Candeia
Costumes do Pêssach e Shabat:
Bíblia de Estudos NTLH - Sociedade Bíblia do Brasil
Bíblia de Estudos NVI - Sociedade Bíblica Internacional
NVI Digital em Cd-rom - Sociedade Bíblica Internacional
Textus Receptus (grego) - bibliaonline.com.br
Westcott/Hort with variants (grego) - bibliaonline.com.br
Interlinear Westminster Leningrad Codex (hebraico) - ISA basic 2.0 RC1

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Filipe em Samaria (Atos 8.4-8)

A história de Lucas é feita de retalhos de acontecimentos, e vai-se desenvolvendo sempre em referência a um punhado de pessoas, isto é, o que disseram e o que fizeram. Sendo agora seu assunto a história da expansão inicial da igreja, Lucas se volta para um exemplo típico de obreiro, Filipe. Este era um dos sete, tendo sido, sem dúvida, influenciado por Estevão. Filipe fez que a igreja caminhasse dois passos importantes para a frente. Primeiramente, ele pregou aos samaritanos. O. Cullmann atribui grande importância a este episódio, achando que ele "marca o começo real da missão cristã a uma comunidade não-judaica (pp. 185-94; mas cp. Lucas 9.52ss.; 10.30ss.; 17.16; João 4.5-42). O segundo passo foi que Filipe batizou um gentio. Por causa da natureza do caso, este teve pequeno impacto sobre a igreja, mas serviu para ilustrar o tema de Lucas, visto que mediante o etíope o evangelho chegou "até os confins da terra" (1.8; cp. Irineu, Against Heresies [Contra as Heresias] 3.12.8; 4.22.2). Segundo a geografia antiga, a Etiópia era considerada a fronteira mais longínqua ao sul no mundo habitado. Tem-se levantado a sugestão, de vez em quando, de que a história do eunuco etíope teria sido forjada com base em certas passagens vetero-testamentárias, ou pelo menos teria sido modificada à luz dessas passagens. Os críticos apontam para Sofonias, em particular, que na LXX menciona "Gaza" e "Asdode ao meio-dia" (LXX traz "Azoto") ou "do sul", profetas trazidos pelo Espírito, e a acolhida a homens vindos do sul (Sofonias 2.4,11s; 3.4, 10; cp. também Salmo 68.31). E de fato parece muito provável que a linguagem de Lucas teria sido colorida pela linguagem de Sofonias. Todavia, isso é o máximo que podemos adiantar. Também é bastante plausível que as coincidências da história trouxessem a profecia à mente de Lucas, e que a profecia lhe tenha dado os detalhes. É possível que Filipe tenha sido o informante de Lucas em ambas as histórias do capítulo 8, embora no caso da missão entre os samaritanos, outros houve, como Paulo, que poderiam ter-lhe fornecido todos os pormenores (cp. 15.3).

8.4 / Este versículo apanha a referência feita no versículo 1 aos crentes que estão deixando a cidade. Por onde quer que fossem, iam pregando a mensagem. Esta declaração incorpora duas palavras que caracterizam o estilo de Lucas: "anunciando a palavra", a qual encontramos apenas uma vez nos demais evangelhos, mas dez vezes em Lucas, e quinze em Atos; é uma expressão verdadeiramente missionária — "ir através" (iam por toda a parte), que Lucas emprega com muita frequência (embora não seja expressão exclusiva dele) para descrever viagens missionárias. Graças à vantagem de poder olhar para trás, para o passado, Lucas viu que a dispersão dos crentes constituiu uma série de viagens missionárias, embora, evidentemente, na ocasião não fossem assim consideradas.

8.5-8 / A declaração genérica do versículo 8 é seguida imediatamente de um exemplo particular: Descendo Filipe à cidade de Samaria v. 5. Os melhores manuscritos têm exatamente essa redação, mas ainda que aceitemos o artigo definido "a", persiste alguma incerteza quanto a que cidade Lucas tem em vista. Sebaste era "a principal cidade" da área, mas predominantemente gentílica (cp. Cesaréia, 10.1), não sendo o centro religioso nem étnico dos samaritanos. Sicar é outra possibilidade (cp. João 4.5ss.), e Gita (de localização bastante discutida, como terra natal tradicional de Simão, o Mago) tem sido também sugerida. O ministério de Filipe é descrito muito brevemente. Primeiro, ele se centraliza na proclamação de Jesus como o Cristo (v. 5). Ficamos imaginando se esta pregação se fazia em termos do profeta parecido com Moisés, visto que era nesses termos que os samaritanos concebiam seu próprio Messias, o Taheb (veja a disc. sobre 3.22 e 7.37). Em todo o caso, a situação deveria ter sido semelhante àquela descrita em João 4.25ss., em que Filipe dá um nome àquele que o povo está esperando. Em segundo lugar, o ministério de Filipe foi marcado por exorcismos e curas. Neste aspecto, seu ministério seguiu o padrão apostólico (cp. 3.1 ss.; 5.16; também 6.8) e, na verdade, o padrão do ministério do próprio Senhor Jesus. Lucas, com mais freqüência do que os demais evangelistas, estabelece uma distinção clara entre doenças comuns e a possessão demoníaca (veja a nota sobre 5.16), conforme o exemplo dado nesta passagem. Das várias curas que Lucas anota, as de coxos e paralíticos aparecem com maior freqüência neste livro, sem dúvida alguma porque constituíam sinais de que a esperança messiânica estava sendo cumprida (cp. Isaías 35.3, 6). Em terceiro lugar, o ministério de Filipe redundava em alegria (veja a disc. sobre 3.8)
“Esta é a tua interpretação!” Você já ouviu alguém dizer isso quando discorda de você? Os advogados são mestres em sugerir que alguma coisa poderia ser interpretada de uma maneira muito diferente daquela do significado original. Temos até mesmo juízes da Suprema Corte dos EUA que se referem a uma “constituição viva”. Se você está nos “anos do ocaso” e não se parece nada com quando tinha 18 anos, compreende perfeitamente este conceito “constituição viva”, de mudar o significado original. Para algumas pessoas, “interpretar” a Bíblia é uma desculpa para ignorar o que Deus disse claramente. Ao mesmo tempo, há vários textos na Bíblia que parecem estar em claro conflito com outros textos. Existem passagens que são difíceis de entender. O que cristãos honestos e humildes fazem nessas situações? Vamos mergulhar na Bíblia e ver o que ela sugere que deveríamos fazer!

I. A Lógica da Hermenêutica

A. Você já achou algo belo dentro de algo feio? Poderia dar alguns exemplos? (Pedras polidas. Metal limpo. Tesouro encontrado no fundo do mar.)
B. A expressão grega “hermeneuein”, de onde conseguimos a palavra “hermenêutica” significa “interpretar”. Hermenêutica, ou interpretação, é a forma de limpar ou afastar as barreiras ao entendimento.
1. Vamos olhar esta questão de forma lógica. Se você tivesse algo que soubesse que era precioso, mas que tivesse sido coberto com algo feio, o que seria necessário que você fizesse para ver a beleza? Liste o que você acha que é necessário:
a. Você teria que desejar ver a beleza interior?
b. Você teria que chamar um especialista para retirar de forma apropriada o exterior feio?
c. Seria necessário um trabalho duro de tua parte?
d. Seria necessário um trabalho cuidadoso, para que a beleza original não seja danificada?
2. Esta é uma comparação justa com aquilo que é necessário para que possamos afastar as barreiras ao entendimento correto da Bíblia? Vamos olhar alguns exemplos.

II. A Lição do Eunuco

A.
Vamos ler Atos 8.30-31. O que este homem na carruagem queria? (Ele queria compreender o que o profeta Isaías estava dizendo.)
1. Que passos este homem tomou para compreender as palavras de Isaías? (Primeiro ele tinha o desejo de saber. Segundo, estava lendo as palavras, para que tivesse uma chance de compreendê-las. Terceiro, pediu a alguém que ele achava que era um especialista para ajudá-lo.)
B. Nós pegamos esta história no meio, então vamos voltar para o princípio. Leia Atos 8.26-29. Como Filipe se aproximou do eunuco etíope exatamente quando o homem desejava a ajuda de um especialista? (O Espírito Santo guiou Felipe ao lugar exato.)
1. Que lições este texto nos ensina acerca do entendimento das Bíblia? (A Espírito Santo é uma parte essencial da interpretação. O Espírito Santo opera através de outros seres humanos para nos ajudar a compreender.)
C. Leia Atos 8.32-33. Se você fosse o eunuco, e estivesse lendo isto pela primeira vez, conseguiria entender?
1. Simplesmente olhando o texto, o que você acharia que ele significava? (Este texto soa como um assassinato a sangue frio.)
D. Leia Atos 8.34-35. O que Felipe forneceu ao eunuco? Não diga simplesmente “a resposta”. Pense sobre isso: o que Felipe forneceu que afastou a incerteza deste trecho das Escrituras? (Felipe forneceu duas coisas: Primeiro, o contexto dos fatos. Segundo, seu conhecimento especializado acerca da situação. Os fatos da vida de Jesus, explicados de forma inteligente por Felipe, descobriram o significado desta profecia dada por Deus a Isaías.)
1. Que lição adicional aprendemos acerca da interpretação da Bíblia? (O contexto é importante para um entendimento correto da Bíblia.)
2. Nossas lições freqüentemente são sobre um assunto, em vez de ser sobre um livro da Bíblia. Qual é o problema com esta abordagem temática da Bíblia? (Ela não se aprofunda no contexto. Você deveria sempre olhar o contexto quando alguém tem uma abordagem do tipo “texto de prova”. Eu tento trazer o contexto, mesmo quando estamos estudando um assunto.)

III. A Lição do Lençol

A.
Leia Atos 10.9-10. Pedro está para receber uma mensagem de Deus. O que você vê nesta história que você acha que ajudará Pedro a compreender a mensagem? (Pedro ora. Como em nossa última história, pedia ajuda ao Espírito Santo é crítico para compreender a Bíblia.)
B. Leia Atos 10.11-14. Lembre-se de que Pedro estava com fome. Quem Pedro pensa que está fornecendo a comida? (Deus! Ele diz “De modo nenhum, Senhor!”)
1. Quando Deus te ordena fazer alguma coisa, que desculpa você dá para dizer “De modo nenhum”? (Se você revisar Levítico 11.2-31 ou Deuteronômio 14.3-20, descobrirá que a Bíblia diz de forma inequívoca para não comer o que estava no lençol.)
a. Qual é o problema de Pedro? (Ele tem um conflito entre as palavras de Deus. A mensagem de Deus no passado está em conflito direto com a mensagem de Deus agora.)
b. Pedro está usando princípios de interpretação bíblica? (Até agora não. Ele está apenas negando a nova revelação, como sendo inconsistente com a antiga.)
C. Leia Atos 10.15-17. Por que você acha que isto foi repetido três vezes? (Para que Pedro não “interpretasse” isto e ficasse meio confuso sobre o que foi dito na mensagem mais recente de Deus.)
1. Por que Atos 10.17 diz que Pedro estava “refletindo no significado da visão”? O significado não é óbvio? Ele estava com fome e o Senhor lhe disse para comer um réptil. O que há de tão complicado nisso? (Não há nada de complicado nisso. Não é apetitoso, mas não é complicado.)
2. Alguém já chegou para você e disse: “Este verso na Bíblia é claro. Por que você não o segue”?
a. Pedro começou a jornada da interpretação Bíblica? (Sim. Pedro está refletindo – contemplando – porque ele tinha duas mensagens de Deus que estavam em conflito direto uma com a outra. Em tais casos, é necessário olhar mais profundamente, e ele estava começando a olhar.)
b. Na lei americana temos um princípio de interpretação que diz que em casos de conflito direto a lei que vale é a lei mais recente. Isto também é verdade com relação à Bíblia? A mensagem “coma o réptil” era a mais recente. (Pedro não acha que este é um princípio de interpretação muito confiável. Se achasse, ele não estaria refletindo.)
D. Leia Atos 10.18-20. Por que o Espírito Santo teve que dizer a Pedro para não hesitar em ir com estes homens? Será que eles pareciam homens rudes ou perigosos, que poderiam roubá-lo?
E. Leia Atos 10.27-29. Pedro compreendeu a visão do lençol com os animais impuros? (Sim.)
1. A visão deve ser tomada pelo seu significado aparente? Ou ela é figurativa? (Pedro tinha um claro conflito entre as mensagens de Deus. Quando os homens de Cornélio chegaram, Pedro compreendeu que Deus não estava falando sobre comer animais, mas sobre associar-se com os gentios.)
a. Como Pedro compreendeu isso? (Duas coisas. Primeiro, o contexto. O homem que chegou à sua casa ajudou-o a compreender. Segundo, o Espírito Santo (Atos 10.19-20) o ajudou a compreender.)
F. Que novas lições sobre interpretação da Bíblia encontramos aqui? (Algumas declarações bíblicas que parecem ser claras acabam sendo um problema quando as comparamos com outras mensagens de Deus. Nestes casos, precisamos cavar mais fundo. Algumas declarações de Deus são figurativas, e não literais.)
G. Quantas vezes você está cavando mais fundo porque a mensagem da Bíblia não está em conflito com outra parte da Bíblia, mas sim com está em conflito com as tuas preferências pessoais? Ou está em conflito com a nossa predisposição para pecar? (Deveríamos cavar bem fundo na Bíblia para embasar todas as nossas crenças. Porém, ouço pessoas contradizerem a Bíblia ou darem desculpas para o pecado dizendo: “Eu nasci assim”. “Meus pais sempre fizeram assim”. Sem dúvida que todos os que estão lendo este comentário nasceram, ou desenvolveram ao longo da vida, algumas inclinações pecaminosas sérias e fortes. Sei que isto aconteceu comigo. O verdadeiro cristão resiste ao pecado e não celebra ou dá desculpas para o pecado.)
H. Amigo, quando você encontra textos bíblicos que não entende, ou textos bíblicos que parecem estar em conflito, você cava mais fundo na Bíblia? Você vai decidir se livrar daquilo que encobre a verdade, buscando a ajuda do Espírito Santo, aprendendo o contexto e consultando especialistas na Bíblia?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ÉTICA CRISTÃ

DEFINIÇÃO DE ÉTICA

Ética (do grego “ethika”, de “ethos”, comportamento), princípios ou pautas de conduta humana e de maneira imprópria chamada de moral (do latim mores - costumes) e, por extensão, o estudo destes princípios às vezes são chamados de filosofia moral.
A ética, como um ramo da filosofia, está considerada como uma ciência normativa, porque se ocupa das normas da conduta humana, e para diferenciar das ciências formais, como as matemáticas e a lógica, e das ciências empíricas, como a física e a química.
Deste modo podemos compreender que o Novo Testamento inclui normas éticas relevantes e profundas. Em verdade, o advento do cristianismo no mundo greco-romano implicou em uma revolução nas normas éticas que por aquele tempo governavam o pensamento dos homens. Paulo, quando visitou Atenas, foi escutado com muita atenção pelos representantes de duas escolas que se confrontavam entre si: os epicureus e os estóicos.

ESTOICISMO

A filosofia do estoicismo se desenvolveu por volta de 300 a.C., durante os períodos helenístico e romano. Na Grécia os principais filósofos estóicos foram Zenon de Citio, Cleantes e Crisipo de Soles. Em Roma o estoicismo era a filosofa mais popular. Segundo os estóicos, a natureza é ordenada e racional e só pode ser boa uma vida levada em harmonia com a natureza.
Seus mestres enfatizavam os aspectos éticos. Achavam que o homem deveria ter uma conduta ordenada como a natureza. A virtude máxima é o bem. O homem sábio era aquele que vivia de acordo com a natureza, dominando suas emoções e suportando com serenidade seus sofrimentos. Assim, o termo estoico veio a significar “fortaleza na adversidade”. Na religião eram panteístas. Os filósofos citados por Paulo no Areópago de Atenas respondiam a esta escola de pensamento.
A ética não estava relacionada à religião. No mundo greco-romano o matrimônio era tido em uma baixa estima muito grande, e as relações extra matrimoniais não estavam sancionadas. Willliam Barclay cita as palavras de Demóstenes: "Temos cortesãs para o prazer, temos concubinas para a coabitação diária. Temos esposas para ter filhos legítimos e para que sejam guardiãs zelosas de nossos interesses domésticos. Para o divórcio não se exigia nenhum tramite legal, bastava que o homem despedisse a mulher na presença de duas testemunhas. No templo dedicado a Afrodite exercia-se a prostituição em nome do culto à deusa. Por esta razão o judaísmo ganhou adeptos no meio de tanta imoralidade. Não pregavam apenas uma nova fé, mas viviam de uma maneira saudável. Alguns princípios inovadores do cristianismo:

a) O valor da misericórdia e o amor no tratamento recíproco;
b) A grandeza do perdão;
c) O princípio de igualdade entre os homens (incluindo os escravos);
d) O valor do matrimônio;
e) A dignidade da mulher e as crianças.

EPICUREUS

Escola filosófica grega, fundada por Epícuro (341 - 271 a.C.). O interesse principal foi a ética. Defendiam os princípios hedonistas (crença que ensina que o prazer é o bem supremo). O objetivo da vida humana era alcançar a felicidade através do gozo do prazer e do domínio prudente de si mesmo. Consideravam as crenças religiosas como perniciosas, sem serem ateus. Criam em postergar o prazer imediato em detrimento de uma satisfação mais segura e duradoura no futuro, portanto a vida é boa através da autodisciplina. Negavam a imortalidade da alma. O resultado dessas crenças foi um exagerado individualismo.

Pitágoras
A ética grega

No século VI a.C. o filósofo heleno Pitágoras desenvolveu uma das primeiras reflexões morais a partir da misteriosa religião grega do orfismo. Na crença de que a natureza intelectual é superior à natureza sensual e que a melhor vida é a que está dedicada à disciplina mental, fundou uma ordem semi-religiosa com leis como a simplicidade no falar, no vestir e no comer. Demonstravam suas crenças através de ritos.

OS CÍNICOS

Principalmente o filósofo Antístenes, afirmavam que a essência da virtude, bem único, é o autocontrole, e que isso pode ser inculcado. Os cínicos desprezavam o prazer, que consideravam como o próprio mal, se fosse aceito como guia de conduta. Julgavam todo o orgulho como um vício, inclusive o orgulho na aparência ou limpeza. Dizem que Sócrates disse à Antístenes: "Posso ver teu orgulho através dos furos de tua capa".

OS CIRENAICOS

escola cirenaica de filosofia, assim denominada devido à cidade de Cirene na qual foi fundada, floresceu entre 400 a.C. e 300 a.C., e tinha como a sua característica distintiva principal o hedonismo, ou a doutrina de que o prazer é o bem supremo. É geralmente afirmado que as suas doutrinas são derivadas de Sócrates e de Protágoras. De Sócrates, pela perversão da doutrina que a felicidade é o bem supremo, e de Protágoras, pela sua teoria relativista do conhecimento.

Aristipo de Cirene foi o fundador da escola, e contava entre os seus seguidores a sua filha, Arete, e o seu neto Aristipo, o Jovem. Os cirenaicos começaram o seu questionamento filosófico concordando com Protágoras de que todo o conhecimento é relativo. A partir desta premissa, afirmavam que apenas se poderia conhecer os nossos sentimentos ou as impressões que as coisas produzem sobre nós. Transferindo esta teoria do conhecimento para a discussão do problema da conduta, e assumindo a doutrina socrática de que o objectivo principal da conduta é a felicidade, concluíram que a felicidade é adquirida pela produção de sensações que dão prazer e pelo evitar de sensações que causam dor.

O prazer, portanto, é o objectivo principal na vida. O homem bom é aquele que obtém ou luta por obter o máximo de prazer e o mínimo de dor. A virtude não é um bem por ela própria: é apenas boa como um meio de obter prazer.


OS MEGÁRICOS

Eram seguidores de Euclides. Propuseram que ainda que o bem pudesse ser chamado de sabedoria, Deus ou razão é uno e o bem é o segredo final do universo que só pode ser revelado mediante o estudo lógico.

OS PLATÔNICOS

Eram seguidores de Platão. Segundo Platão, o bem é um elemento essencial da realidade. O mal não existe em si próprio, é apenas um reflexo imperfeito do real, que é o bem. a alma humana é composta pela virtude do intelecto que é a sabedoria, pela vontade que é o valor e a capacidade de agir e pelas emoções que é a temperança ou o autocontrole.

O HOMEM É UM SER ÉTICO

A ética está situada no código de regras ou princípios morais que governam a conduta, com referência ao bem e ao mal e suas tendências. Assim, a conduta ética vem simplesmente ser a conduta de acordo com determinadas normas.
Ao contrário dos animais brutos, o ser humano está dotado por Deus de uma mente capaz de raciocinar e de um arbítrio ou uma vontade responsável. O animal já nasce feito, segue em sua conduta as leis da herança e adapta-se pelo instinto às situações, enquanto que o ser humano é feito progressivamente, escolhendo continuamente seu futuro entre um leque de possibilidades, deliberando sobre os valores ou os bens a obter, que lhe servem como motivação para atuar ou lhe impulsiona à uma decisão em cada momento de sua existência.

O CRENTE E A ÉTICA CRISTÃ

Cristo está no centro da história da salvação para toda a humanidade, dividindo a própria história em duas partes, ou seja, antes e depois de Cristo, e a geografia (à esquerda e à direita de Cristo), de tal forma que o destino definitivo de todo ser humano depende unicamente da seguinte assertiva: CRER ou NÃO CRER.
A ética cristã está afirmada na vida eterna, a vida divina, de tal forma que a vida do cristão é "participante da natureza divina" pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina (II Pedro 1:4), ou seja, da conduta moral de Deus.

ÉTICA TEOCRÁTICA OU TEOLÓGICA

Nós chamamos de Ética teocrática ou teológica a que identifica o bem com a vontade santa de Deus. Incluindo a ética hebraica e a Cristã. O elemento comum é a conduta humana e suas normas. Elabora-se um sistema de bom comportamento, considerando-se temas da vida pessoal e social e as responsabilidades cívicas. Está fundamentada no caráter do próprio Deus, tal como se revela em sua palavra.

AS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA CRISTÃ

A revelação verbal de Deus é o fundamento epistemológico para a ética cristã. Não há regras para cada questão em particular da vida do cristão, mas contém todas as premissas e princípios necessários para a formulação de uma cosmovisão que orientará na estrutura da ética cristã.
Na revelação da Palavra de Deus é que tiramos os conceitos de Deus acerca do mundo, da humanidade e de como definir o que é certo e errado.
Deus exerce sua autoridade sobre todas as áreas e esferas da existência humana.

A ética cristã é absoluta
Ela envolve um padrão absoluto de autoridade. É teocêntrica e oposta à ética secular, que na maioria das vezes é antropocêntrica. A lei de Deus, expressa no Antigo e no Novo Testamento é a norma de conduta para a vida moral do cristão.
Existem três tipos de lei no Antigo Testamento: civil, cerimonial e moral. As leis civil e cerimonial foram limitadas à Antiga Aliança, para estabelecer a teocracia sobre Israel e foram cumpridas na obra real e sacerdotal de Cristo.A lei moral não teve sua limitação nas cerimônias da antiga Aliança.
Os dez mandamentos é o resumo de toda a lei moral de Deus. Temos o resumo da ética do Reino de Deus exposta nele.

A ética cristã é objetiva
Por causa de sua soberania Deus tem o direito de emitir ordenanças, de impopr obrigações e, quando necessário, intervir na consciência dos homens. Deus nos deu, além da consciência, a Escritura Sagrada para regular e estimular o nosso comportamento.

A ética cristã é prescritiva
A ética não apenas descreve, mas também prescreve o que é certo ou errado. Isso envolve um compromisso de coerente submissão e obediência à Palavra de Deus.

OS ELEMENTOS DA AÇÃO ÉTICA

Ação ética é a relação de conformidade e desconformidade com o bem proceder. De modo que, para que a ação esteja eticamente qualificada, tem que ser consciente e responsável.

O ato moral
O ato moral está sujeito ao contexto existencial. Em cada ato moal se expressa o homem inteiro, em sua situação atual e após o jogo dos valores, reais ou imaginários, cuja influência como motivo da ação, só Deus sabe.
Cada decisão humana está condicionada pela herança, pelo ambiente, pela educação, pelos impulsos do consciente e pelo inconsciente.
O livre arbítrio foi danificado em sua base pelo pecado original. O homem nasce egocêntrico, com um amor de si mesmo que chega até mesmo ao ódio de Deus.
Além de sua inclinação congênita para o mal, tudo o que destrói ou diminui o equilíbrio mental, emocional ou o volitivo do homem é um novo impedimento para a liberdade do ato moral ao descompensar o julgamento reto nos valores que influenciam na motivação. Estes impedimentos são a ignorância e o erra, a pressão esterna, incluindo os efeitos da propaganda massiva e a compulsão interna, por doença mental, pelas drogas, etc.

Coloração do Ato Moral

1. MATÉRIA. Toda a dinâmica do ato moral gira em volta de dois eixos: o amor de Deus e o amor do mundo, com suas três concupiscências. Tiago 1:14-15 diz: "Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado: e o pecado, sendo consumado gera a morte." João, em sua epístola completa dizendo: "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele. Porque o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (I João 2:15-17)
É necessário considerar que nenhum objeto é intrinsecamente mau. O sexo, os alimentos, as possessões, o mundo inteiro, é trabalho de Deus e bom em sua essência. Só é pecaminoso o uso indevido dessas coisas por contrariar a vontade de Deus.
2. CONSEQUÊNCIAS. Está muito difundido que está permitido fazer o mal menor, ou induzir à ele, para evitar um mal maior. Por exemplo: induzir uma pessoa a que se embriague para impedir que cometa um assassinato. A única ética correta não é a do menor, mas a de maior bem possível. Todo o contrário é uma falta de obediência à vontade de Deus e uma falta de fé no seu poder.
3. HÁBITO E ROTINA. Na vida espiritual não há capitalista, sendo tudo de graça, o crente vive dia após dia da renda que o poder de Deus lhe vai concedendo a cada momento. Na medida em que nos sentimos fracos em nossa própria força, obtemos sua glória e o poder que Deus nos dá para vencer. Isto não impede que o exercício constante da virtude cá produzindo bons hábitos de conduta. Quando um crente se exercitou por muito tempo em ter as antenas sintonizadas com o Espírito de Deus, ele pode comprovar a cada momento "qual seja a vontade de Deus, que é boa, agradável e perfeita".
A ferrugem do hábito é a rotina. O hábito nos dá a facilidade para as coisas com a destreza e a rapidez necessárias.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A ARCA DE NOÉ PODE TER SIDO ENCONTRADA


Uma equipe de exploradores evangélicos afirma ter encontrado os restos da Arca de Noé embaixo de neve e de resíduos vulcânicos no Monte Aratat, situado na Turquia. Mas os arqueólogos e os historiadores estão levando esta alegação com a seriedade que encararam as últimas vezes que a Arca foi “descoberta”: ou seja, nenhuma.
“Não conheço nenhuma expedição realizada para encontrar a Arca que não a tenha encontrado,” disse Paul Zimansky, arqueólogo especializado em Oriente Médio da Stony Brook University, em Nova York.
Membro do grupo de exploradores mostra o interior da estrutura de madeira que seria a Arca de Noé
Exploradores chineses e turcos, de um grupo auto-intitulado Ministérios Internacionais da Arca de Noé anunciaram sua descoberta na semana passada em Hong Kong, onde o grupo está localizado.
“Não é 100% de certeza que esta seja a Arca, mas nós acreditamos que a chance de ser é de 99,9%,” Yeung Wing-cheung, um cineasta que acompanhou os exploradores, disse ao jornal The Daily Mail.

Segredo da arca
O grupo afirma ter encontrado em 2007 e 2008 sete compartimentos de madeira enterrados a 4 mil metros acima do nível do mar, perto do pico do Monte Ararat. Eles voltaram ao local com uma equipe de filmagem em outubro de 2009.
Muitos cristãos acreditam que a montanha turca seja o destino final da Arca, a qual a Bíblia diz ter protegido Noé, sua família, e duplas de todas as espécies animais da Terra durante um dilúvio divino que matou a maior parte da humanidade.
“A estrutura está dividida em espaços diferentes,” descreveu Man-fai Yuen, membro da expedição, em uma declaração oficial do grupo. “Acreditamos que esta estrutura é a mesma descrita nos registros históricos”.
O grupo disse que madeira retirada do local da descoberta – por enquanto, mantido em segredo – foi datada com carbono 14 em 4.800 anos, o que em tese coincidiria com o período do dilúvio indicado pela Bíblia.

Madeira nobre demais
O ceticismo desta nova descoberta da Arca de Noé se estende a pelo menos um estudioso que interpreta a Bíblia literalmente: o biólogo criacionista Todd Wodd, diretor do Center for Origins Research no Bryan College, no Tennessee, que acredita que Deus criou a Terra e todas suas formas de vida a partir do nada há 6.000 anos.
Wood acredita que a Arca jamais será encontrada, porque seria madeira nobre demais. “Se você acabou de sair da arca, e não há árvores ao redor, o que você vai usar para construir sua casa? Você tem um barco enorme de madeira, vai usar isso, claro. Eu acredito que ela foi destruída para ser usada em novas construções”.
Outra razão do ceticismo dos acadêmicos é que o livro do Gênesis nunca especificou qual montanha na Turquia o barco supostamente teria alcançado.
“Toda a ideia é estranha, porque a Bíblia diz que a arca terminou a viagem em algum lygar em Urartu, ‘um antigo reino no leste da Turquia’, mas só muito mais tarde é que Monte Ararat foi identificado como Urartu,” explica Jack Sasson, professor de estudos judaicos e bíblicos da Vanderbilt University, no Tennessee.
Zimansky concorda. “Ninguém associava aquela montanha com a Arca” até o século X, acrescentando que não há evidência geológica de inundações na Turquia há cerca de 4.000 anos.
Os Ministérios Internacionais da Arca de Noé estão “jogando um jogo completamente diferente do que nós,” disse Zimansky. “Eles não têm nenhuma preocupação com os registros históricos, arqueológicos ou geológicos.”

Explicações melhores
Mesmo que os grupo de exploradores tenha realmente encontrado uma estrutura de madeira ou mesmo um barco no Monte Ararat, podem existir outras explicações para a existência do objeto.
Poderia ser, por exemplo, um altar construído por cristãos antigas para celebrar o local onde deveria estar a Arca, diz Zimansky. Mas, mesmo nesse cenário, ele não poderia ter 4000 anos. “A Bíblia não tinha nem sido escrita ainda”.
Sasson acredita que os escritores da Bíblia queriam que a história da Arca de Noé fosse alegórica, e não um relato de eventos históricos. Ao mostrar um cenário no qual a humanidade fosse punida por sua maldade, “eles queriam incutir uma noção de um Deus que nos pede para fazer o bem,” explicou.

Patrimônio Histórico
Os Ministérios Internacionais da Arca de Noé dizem que o governo turco planeja pedir a inclusão do local de descobrimento da Arca de Noé na lista de patrimônios culturais da Unesco. Mas a agência diz não ter recebido nenhuma requisição para incluir uma “Arca de Noé” em sua lista, segundo Roni Amelan, porta-voz da Unesco. Um pedido desses é demorado, acrescento. “Não pode ser feito do dia para a noite”.