Prof. Adaylton de Almeida Conceição
INTRODUÇÃO: Tudo
o que existe em nosso universo veio a existir pelo poder da palavra. Deus
falou, e nosso mundo veio a existir. Quando ele formou o homem, a mais elevada
das criaturas terrestres, Deus o abençoou com a capacidade de se comunicar.
Podemos falar, e até mesmo escrever, porque Deus nos deu o dom da linguagem.
Quando o diabo usou palavras mentirosas para tentar Eva, ela e seu esposo
caíram em pecado (Gênesis 3). Quando os homens abusaram da boa dádiva da
comunicação para se exaltar e desobedecer a Deus, ele confundiu suas línguas
para forçar povos diferentes a se separar e povoar a terra, como ele tinha
ordenado anteriormente (Gênesis 11:1-9; veja 9:1).
Mesmo que os homens tenham freqüentemente abusado
de suas palavras, a capacidade de se comunicar ainda é uma bênção. Quando o
próprio filho de Deus veio ao mundo, ele foi descrito como a Palavra (João
1:1). É pela proclamação de sua mensagem, o evangelho, que chegamos a
conhecê-lo e a obedecê-lo. "E, assim, a fé vem pela pregação, e a
pregação, pela palavra de Cristo" (Romanos 10:17).
Os discípulos de Jesus têm a responsabilidade de
ensinar o evangelho a outras pessoas. Paulo encorajou Timóteo a cumprir esta
missão: "Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não,
corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2
Timóteo 4:2). "E o que de minha parte ouviste através de muitas
testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir
a outros" (2 Timóteo 2:2). Ou seja, o uso da línga para o bem do
homem e a glória de Deus.
A língua, portanto, é uma força poderosa. Pode ser
usada para o bem, como Deus pretendia, para exprimir amor e oferecer salvação.
Ela também pode ser usada para o mal, com efeitos desastrosos que conduzem à
condenação. Estas duas possibilidades são claramente contrastadas em Tiago
3:1-12. Consideremos este importante texto e suas aplicações em nossas vidas.
A língua pode ser um canal de benção ou de
maldição. Pelo poder da língua podemos edificar vidas ou destruí-las. A bíblia
nos mostra esta verdade através de algumas figuras:
a) A LINGUA COMO
CHICOTE – Jó 5:21 – A Bíblia nos ensina que através da língua açoitamos as
pessoas ou podemos ser açoitados por elas. A língua pode ser usada como um
chicote que fere a alma das pessoas. Mas Deus promete proteger seus filhos do
açoite da língua.
b) A LÍNGUA
COMO PENA – Sl 45:1 – A língua é comparada à pena de um escritor. Esta
figura nos leva a pensar no uso correto da língua. Quando usamos a língua para
falar bem das pessoas a língua pode ser comparada a uma pena na mão de um
exímio escritor.
c) A LINGUA
COMO FLECHA - Jr 9:8 – Quando a língua é usada para falar mentiras e
enganos, a Bíblia a compara com uma flecha mortífera. A mentira e o engano são
venenos mortíferos que podem ser lançados contra as pessoas.
d) A LÍNGUA COMO
ESPADA – Sl 57:4 – Pessoas abrasadas tem língua que pode ser4 comparada com
espadas. Estar perto delas pode nos queimar devido ao fogo que sai de sua
língua.
e) A LÍNGUA COMO NAVALHA
– Sl 52:2-4 – A língua é comparada com uma navalha quando é usada para:
intentar o mal, quando traça enganos, quando é usada por pessoas que amam mais
o mal do que o bem, pessoas que amam mais a mentira do que o falar conforme a
retidão. Quando alguém faz uso de palavras devoradoras sua língua corta como
uma navalha.
"Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se
alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o
corpo"" (3:2).
De todas as tentações que enfrentamos, a mais persistente e difícil é a
tentação de dizer alguma coisa que não devemos. Algumas pessoas lutam para
eliminar palavrões e piadas sujas de seu falar (Efésios 4:29). Outros,
despreocupadamente, mostram desrespeito pelo nome do Senhor, proferindo frases
como “Meu Deus!”, ou “Meu Deus do Céu!” sem parar para pensar que eles estão
tratando o nome do Santo Deus como se não fosse nada mais do que uma expressão
comum de surpresa ou desgosto. Deus merece nosso completo respeito (Salmo
111:9-10). Muitos usam a língua para espalhar boatos e fazer acusações sem
fundamento (Provérbios 16:28; 1 Timóteo 5:13). Deste modo, eles podem destruir
a reputação de pessoas boas, criar discórdia entre irmãos, e até impedir a divulgação
do evangelho (1 Coríntios 3:3; 1 Tessalonicenses 2:15-16). Tais pessoas não são
seguidoras de Cristo, mas do diabo, o
pai das mentiras e o maior acusador de todos (João 8:44; Apocalipse
12:9-10; 22:8). E todos nós batalhamos contra a tentação de falar antes de
pensar, talvez uma palavra áspera ou crítica usada desnecessariamente, talvez
uma expressão de raiva ou ódio. Uma simples palavra mal empregada pode levar
uma nação à beira da guerra, destruir uma amizade de toda a vida, desfazer uma
família, arruinar um casamento ou esmagar o auto-respeito de uma criança. "Todo
homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se
irar" (Tiago 1:19).
"Ora, se pomos
freios na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro.
Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos
ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do
timoneiro. Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes cousas.
Vede como uma fagulha põe em brasa tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é
mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e
contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência
humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno" (3:3-6).
A língua é um pequeno membro do corpo, mas exerce
um poder destruidor que ultrapassa todos os outros. Como o leme de um navio ou
freio na boca de um cavalo, este pequeno membro é incrivelmente poderoso. Como
uma faísca pode iniciar um fogo que destruirá uma floresta, assim a língua
descontrolada pode destruir uma alma e criar uma miséria terrível para outros.
O leme é uma peça de madeira ou metal que é
instalada na popa de uma embarcação cuja finalidade é controlar o navio. O leme
determina a direção que o navio vai tomar. O navio é um grande objeto que é
conduzido por um pequeno instrumento que está debaixo do controle do timoneiro.
Assim o navio enfrenta os ventos contrários e navega obedecendo a direção do
leme. Da mesma forma que o leme, sendo pequeno, pode conduzir um
transatlântico, a língua sendo um pequeno músculo pode controlar todo o corpo
levando-o a seguir a direção que a língua dá a ele.
O freio é uma peça de metal, colocada na
boca de um animal para possibilitar o controle de todo o seu corpo. Um cavalo,
que é um animal grande pode ser controlado por um pelo freio que é um pequeno
instrumento. Da mesma forma, a língua, sendo um pequeno instrumento pode
controlar um grande corpo.
TIAGO E A LINGUA DESENFREADA.
Tiago fala que aquele que não refreia a língua está
enganando a si mesmo e sua religião não tem valor algum. Neste versículo
encontramos a palavra grega chalinagôgôn, e significa “levar com um freio ou cabresto, refrear”.
A idéia é que o homem tem que colocar um freio em sua própria boca, não em
outra pessoa. Se um cristão não consegue refrear sua língua, então toda e
qualquer atitude de devoção sua nada mais é que um teatro, pois não tem valor (mataios)
algum para Deus. No grego, mataios, significa “vão, vazio,
inútil, improdutivo”.
Diante de todas essas imagens podemos concluir que
o assunto da disciplina no uso da língua é de grande importância. O mal uso da
língua pode comprometer seriamente o nosso testemunho cristão. Vejamos o que
diz Tg 1:26. O mal uso da língua desacredita totalmente nossa religião. Quem
faz mal uso da língua, na verdade engana-se a si mesmo.
O grande desafio que este ensino nos apresenta é
que é muito difícil para uma pessoa comum não tropeçar em nenhuma palavra.
Tiago nos fala que uma pessoa que não tropeça em palavras é uma pessoa perfeita
(v.2). Perfeita na concepção de Tiago, é uma pessoa madura, de plena estatura
moral e espiritual. De acordo com esta afirmação, se uma pessoa for capaz de
controlar sua língua pode se considerar madura em Cristo e habilitada para
realizar toda boa obra.
Com isso Tiago não quer dizer que os lideres
(pastores e lideres em geral), sejam pessoas perfeita no falar. Segundo ele
“todos tropeçam no falar”. Mas o que se espera de líderes é que vigiem para que
não saiam de sua boca palavras que depreciem ou maltratem as outras pessoas.
Tiago
1.19-27
A carta de Tiago é
muito prática. O apóstolo não vê o cristianismo como mera contemplação, mas na
ação firmada naquilo que a Palavra de Deus afirma. Nesta parte Tiago começa com
uma afirmação importantíssima: “Meus
irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para
falar e tardios para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de
Deus.” (v.19,20).
Um dos grandes desafios
da igreja é vivenciar a unidade de forma concreta. É possível que Tiago
estivesse observando alguns pontos de contenda entre os irmãos, fruto do
egoísmo de estar sempre em evidência. Geralmente somos nós mesmos os maiores
culpados por alguns problemas que ocorrem na igreja. E por que? Porque não
sabemos ouvir as pessoas. Ouvir é tão importante quanto falar. Em Provérbios
19:11 podemos ler o seguinte: “A
sabedoria do homem lhe dá paciência.”. E em Provérbios 14:29 temos a
seguinte afirmação: “O homem paciente dá
provas de grande entendimento.”
Como eu posso me tornar
melhor entendedor das pessoas em minha vida? Ouvindo as pessoas que estão ao
meu redor. E não apenas por escutá-las, mas por ouvi-las. Em Provérbios 18:13
podemos ler: “Quem responde antes de
ouvir mostra que é tolo e passa vergonha”. Isto é bem claro! Não avalie o
que as pessoas fazem ou o que você ouve até ouvir tudo. Deus nos deu dois
ouvidos e uma boca – o que significa que você deve ouvir duas vezes mais do que
falar. Por isso Tiago adverte: “Sejam
todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se”. O
texto literalmente diz que o homem deve ser rápido em ouvir, que vem do grego tachys,
ou seja rápido, depressa, ligeiro; e lento em falar e irar-se, que no grego é a
palavra bradys, ou seja, lento, demorado.
Notamos que no versículo 19, o apóstolo
reitera pela terceira vez: "meus
amados irmãos!"
Ele não exclui quem quer que fosse da
exortação: 'Todo o homem':
1º Deveriam ser prontos a ouvir;
2º Tardios a falar, e;
3º Tardios a irarem-se.
O apóstolo reitera alguns cuidados que
os irmãos deveriam ter quanto a paciência. O homem paciente está pronto a
ouvir! Esta recomendação tem dois aspectos dentro do contexto que Tiago
procurou transmitir:
a) Eles ouviriam prontamente a mensagem que
estava sendo transmitida por meio da carta, e;
b) Quanto fossem inteirados dos problemas
existentes no seio da igreja ( Tg 2:1 -4), não partiriam para julgamentos
precipitados, antes estariam prontos a ouvirem um pouco mais. Seriam pacientes.
As recomendações deste versículo soam
como um freio à concupiscência de alguns, que eram atraídos a falarem
precipitadamente ( Tg 1:13 -14).
Tiago utiliza o mesmo principio que
Paulo ao exortar o homem a examinar a si mesmo. Este com poucas palavras, de
maneira direita e incisiva.
20 “Porque
a ira do homem não opera a justiça de Deus.”
Este versículo esclarece o versículo 15.
A abordagem de Tiago tem inicio com a declaração: “Bem-aventurado aquele que suporta a provação” (v. 12). Este homem
receberá de Deus o prometido, a coroa da vida, o que é pertinente ao homem
livre do pecado.
“Os
que amam a Deus são aqueles que foram chamados segundo o seu propósito de fazer
convergir em Cristo todas as coisas; estes não estão sujeitos ao pecado e têm
direito à coroa da vida; antes eram sujeitos ao pecado, e, portanto, alijados
da vida que há quando se está em Deus”.
Nestes versículos podemos observar que dois
temas são desenvolvidos paralelamente:
a) Não deveriam errar nas questões
conceituais. Se Deus não muda, como conciliar ‘boa dádiva’ com ‘o tentar com o
mal’?
b) A maldição do pecado só recai sobre
aqueles que não perseveram, e, portanto, não são bem-aventurados.
Aqui no parágrafo (b) vemos qual o tipo de ‘pecado’ que leva o cristão a
morte.
O cristão que for atraído e engodado
pela sua própria concupiscência (um exemplo prático que o apóstolo Tiago
utiliza é a precipitação em falar (v. 19), não suportando a tentação, teria em
si mesmo os elementos necessários a concepção da concupiscência.
É questão de tempo para a concupiscência
tomar corpo e dar à luz o pecado e do pecado advém à morte!
O pecado que dá luz à morte é o lançar
mão da ira.
Deus diz: “Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a
recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo” ( Hb
10:30 ).
Aquele que não suporta a tentação, que
advém de uma cobiça e se põe a falar incontidamente, acabará se inflamando em
sua própria ira. Este morrerá, visto que deixou de se sujeitar a justiça de
Deus, que é pela fé.
Aquele que sai a vingar-se a si próprio
está trilhando o mesmo caminho de Davi quando induzido por Nabal “Agora, pois, meu senhor, vive o SENHOR, e
vive a tua alma, que o SENHOR te impediu de vires com sangue, e de que a tua
mão te salvasse; e, agora, tais quais Nabal sejam os teus inimigos e os que
procuram mal contra o meu senhor” ( 1Sm 25.26 ).
O apóstolo Tiago prevendo que alguém
poderia ficar indignado frente aos problemas que seriam relacionados nos
versículo 1 a 5 do capítulo 2, antecipa-se e demonstra que, se alguém não
adotasse o comportamento do versículo 19, incorreria em não estar sujeito a
justiça de Deus, que é por meio da fé em Cristo.
Quem se deixar levar pela própria cobiça
não suporta a provação, e passa a agir por conta própria alimentando
sentimentos facciosos e soberbos, ações pertinentes a ira do homem.
Recomendações
v. 21 Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia,
recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas
almas.
Já que a justiça de Deus não coaduna com
a ira do homem, o apóstolo concita os ouvintes a lançarem fora toda impureza e
todo vestígio do mal. A imundície e superfluidade de malícia são descritas em
Tiago três, treze a dezesseis.
A amarga inveja e o sentimento faccioso
geralmente advêm da incontinência em falar e da pressa em vingar uma causa
própria.
A prontidão em falar acintosamente e a
ira não é próprio daqueles que são mansos, ou seja, a palavra do evangelho deve
ser recebida em mansidão.
Tiago mais uma vez
adverte os cristãos: “Portanto,
livrem-se de toda impureza moral e da maldade que prevalece, e aceitem
humildemente a palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvá-los.”.
Como cristãos a nossa vida deve falar mais que o nosso discurso. Não podemos
ser praticantes da Palavra vivendo um estilo de vida corrompido. Neste
versículo podemos encontrar alguns vocábulos que apontam para esta ideia. Tiago
diz, “livrem-se”, em que no grego aparece como apothemenoi e que significa “pôr para fora, despojar-se”,
uma metáfora que indica o ato de tirar roupas. O cristão deve se livrar de tudo
aquilo que impede o crescimento espiritual e uma vida mais comprometida.
Por isso Tiago traz a
afirmação: “livrem-se de toda impureza moral e da maldade que prevalece”.
Impureza aqui vem do grego ryparia, e significa “sujeira, imundície”. A palavra era usada para descrever roupas sujas, bem como uma
conduta moral impura e vulgar. E maldade vem do grego kakia, e significa mal,
maldade, malícia. Esta palavra também pode ser traduzida como “iniquidade”.
Desta forma, impureza e maldade representam uma postura indigna para aquele que
se chama cristão.
A atitude correta é
aceitar “humildemente a palavra implantada”, ou seja, acolher os preceitos
divinos, vivendo por eles. O vocábulo emphytos, e indica que o evangelho
de Cristo passa a dominar o nosso ser por inteiro, formando em nós uma nova
perspectiva de vida. Esta palavra implantada nos leva a desfrutar da obra da
salvação em toda sua plenitude.
22 E
sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos
discursos.
Tiago solicita um compromisso com a
palavra do evangelho. O compromisso com a palavra se estabelece quando o
ouvinte resiste as tentações, é paciente, e manso. Este não esta se enganado a
si mesmo.
E
diz mais no versículo 23 "Porque,
se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que
contempla ao espelho o seu rosto natural;"
Dos versos 23 a 25
Tiago tenta demonstrar o contraste entre o que ouve e pratica a Palavra e
aquele que é apenas um ouvinte sem fortes convicções. Aquele que é apenas
ouvinte é comparado “...a um homem que olha a sua face num espelho
e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência.”
(v.23,24). Já aquele que ouve e pratica é como “o homem que observa atentamente a lei perfeita, que traz a liberdade,
e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando-o,
será feliz naquilo que fizer.” (v.25). Podemos ver aqui um contraste claro
entre o “esquecer” do verso 24 e o “perseverar” do verso 25. E o que diferencia
o ouvinte do praticante? A obediência. Jesus no sermão da montanha faz a
distinção entre o sábio e o insensato, ou seja, aquele que vive e o que não
vive na prática da sua palavra (Mt. 7:24-27).
É interessante notar que aquele que
pratica vive na lei da liberdade e que é perfeita. Mas que lei é esta? Paulo
escrevendo às igrejas da Galácia, disse: “Foi
para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se
deixem submeter novamente a um jugo de escravidão...Irmãos, vocês foram
chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade
da carne; ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor.” (Gl.
5:1,13). A lei da liberdade é a lei do Espírito, em que somos dirigidos por Ele
de forma a cumprimos a vontade de Deus em nossa vida.
Esta é a segunda comparação que Tiago
faz.
Ele estabelece uma hipótese: “Se...”. Aquele que duvida é comparado
à onda do mar, e o ouvinte que não pratica é semelhante a quem contempla o
próprio rosto através de um espelho. A comparação se firma no versículo
seguinte: 24 Porque se contempla a si
mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era.
Através das comparações Tiago demonstra
dois perigos:
a) O ouvinte esquecido ou relapso, e;
b) Ouvinte sem fé, que é levado de uma a
outra parte “...porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada
pelo vento, e lançada de uma para outra parte” (v. 6).
25 Aquele,
porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não
sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no
seu feito.
O apóstolo faz uma ressalva: “Aquele, porém...”.
O ouvinte que recebe a palavra com fé e
a pratica, este é o que atenta bem para a mensagem do evangelho, a lei
perfeita.
A lei que não deixa
alternativa de escolha não é perfeita. A lei perfeita deixa alternativa entre
cumprir e o não cumprir
Cuidado Social: No
verso 27 podemos encontrar esta indicação apontando para os órfãos e viúvas. A
palavra grega episkeptesthai significa
“olhar, cuidar, visitar, auxiliar”. Geralmente esta palavra era usada indicando
a visita aos enfermos. O cuidados aos órfãos e viúvas está prescrito no Antigo
Testamento como forma de imitar o próprio cuidado de Deus com estas pessoas
(Êx. 22:22; Dt. 10:18; 14:29; 24:17,19-21; 26:12,13; 27:19). Podemos ler o
Salmo 68:5 que diz: “Pai dos órfãos e
juiz das viúvas é Deus em sua santa morada.”. Em Isaías podemos ver o
profeta dizer: “Lavem-se! Limpem-se!
Removam suas más obras para longe da minha vista! Parem de fazer o mal,
aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos
direitos do órfão, defendam a causa da viúva.” (Is. 1:16,17). Os cristãos
que desejam ser reconhecidos como filhos de Deus devem imitar a conduta dEle.
Viúva
- "chera” (χήρα) -
“viúva”, ocorre em Mt 28.13 (em alguns textos); Mc 12.40.42,43; Lc 2.37; 4.25;
4.26 (literalmente, “uma mulher, uma viúva”); Lc 7.12: 18.3,5; 20.47; 21.2,3;
At 6.1; 9.39,41; 1 Tm 5.3 (duas vezes); 1 Tm 5.4,5,11; 5.16 (duas vezes); Tg
1.27; em 1 Tm 5.9, diz respeito a “viúvas” anciãs, reconhecidas para receberem
apoio ou sustento da igreja (cf. 1 Tm 5.3,16).
A Verdadeira Religião
Tiago escreveu um dos livros mais práticos da
Bíblia que fala sobre a importância de mostrar fé ativa e obediente, e de
deixar a palavra de Deus entrar nas profundezas do coração.
A ênfase
neste parágrafo é sobre o autoengano (1:22,26). Se um crente é enganado porque
o diabo o engana é uma coisa, mas se ele peca porque engana-se a si mesmo, é
uma coisa muito mais séria.
“Se alguém supõe ser religioso, deixando
de refrear a língua, antes, enganando o seu coração, a sua religião é
vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta;
Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se
incontaminado do mundo” Tiago 1.26-27.
Religião aqui deve ser entendida não
como um corpo de doutrinas, mas de uma postura adequada diante de Deus, ou
seja, qual a forma verdadeira de culto que agrada a Deus. Tiago nos adverte
que se pensamos ser religiosos sinceros, mas não atentamos para as três
verdades aqui descritas nossa religião é vã.
Tiago neste texto fala sobre a religião verdadeira
("pura e sem mácula"), este termo traz algumas implicações:
1 - Falar em religião verdadeira, implica que há religião falsa.
Nem toda expressão religiosa é boa. Nem todos os caminhos levam a Deus. A ideia pós-moderna de que religião não é importante, é equivocada. O homem não chegará a Deus seguindo uma religião falsa, tanto quanto um homem que comprou uma passagem para Ramos poderia chegar a Roma.
2 - Falar em religião pura em sem mácula implica haver
religião misturada (verdade e erro sendo ensinados juntamente).
Milhões de pessoas se dizem
RELIGIOSAS, a prova disto é a quantidade enorme de Religiões no mundo, acrescente se a estas as que vão
sendo criadas pelos homens, mesmos os ATEUS que dizem não professar nenhuma
religião, são religiosos, pois escolheram não servir aquele que os criou e
servem aos seus próprios pensamentos. Existem basicamente dois tipos de religiões
, a religião humana, criada pelos homens, com suas próprias regras e que
não leva as pessoas para Deus, o máximo que podem alcançar é praticar algumas
boas ações, e o segundo tipo de religião , é a criada por Deus , El e
estabeleceu que para qualquer ser humano se RE LIGAR a Ele, precisa reconhecer Jesus
Cristo como o meio, ligação entre Deus e os homens. Os homens criaram muitas
religiões, Deus criou um somente, Jesus Cristo.
Como saber se a nossa religião é
verdadeira?
E a resposta de Tiago é que:
I - Uma das maiores implicações da religião verdadeira é que ela renova em nós a imagem de Deus
E a resposta de Tiago é que:
I - Uma das maiores implicações da religião verdadeira é que ela renova em nós a imagem de Deus
A verdadeira religião se expressa na vida do
cristão por meio do cuidado com os necessitados: "visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações".
Lembre-se da parábola do bom samaritano: aquele que amou o seu próximo foi, não o líder religioso, mas o inimigo que parou e socorreu o necessitado.
Deus ama o órfão e a viúva, símbolo de todos os desamparados e esquecidos, e deseja cuidar deles por meio de sua Igreja. Se somos cristãos verdadeiros, devemos ter o mesmo cuidado que ele tem.
Lembre-se da parábola do bom samaritano: aquele que amou o seu próximo foi, não o líder religioso, mas o inimigo que parou e socorreu o necessitado.
Deus ama o órfão e a viúva, símbolo de todos os desamparados e esquecidos, e deseja cuidar deles por meio de sua Igreja. Se somos cristãos verdadeiros, devemos ter o mesmo cuidado que ele tem.
II – Sua religião molda em você o caráter de Deus,
ou seja, Santidade? (veja Tg 1.27)
"a
si mesmo guardar-se incontaminado do mundo"
Tiago diz que religião sem santificação é falsa, mentirosa e maculada.
O autor de Hebreus ensina a mesma verdade quando diz: "Segui (...) a santificação, sem a qual, ninguém verá o Senhor" (12.14)
Tiago diz que religião sem santificação é falsa, mentirosa e maculada.
O autor de Hebreus ensina a mesma verdade quando diz: "Segui (...) a santificação, sem a qual, ninguém verá o Senhor" (12.14)
Você tem
crescido em santidade? tem odiado e abandonado o pecado e crescido em fazer o
que agrada a Deus?
III – Sua religião leva você a ter o mesmo critério
que Deus tem no trato com os outros, ou seja, não olhar as aparências? (veja Tg 2.1-5)
É fácil
amar o rico cheiroso e desprezar o pobre andrajoso? É mais um dos que adulam os
ricos e poderosos e desprezam o pobre?
A primeira
manifestação de uma adoração sincera é manter a língua refreada.
Quantos “santos fofoqueiros” e quantas “santas faladoras” encontramos nos
arraiais evangélicos. O próprio Jesus nos adverte em Mateus 12.37 “Porque pelas tuas palavras serás justificado,
e pelas tuas palavras serás condenado”. Isso tem faltado a muitos
seguidores de Jesus: sobriedade no falar, piedade no relacionamento com o mundo
e austeridade nas palavras.
O termo hebraico para palavra é “Dabar”,
que significa a extensão de nossa personalidade. O judeu entendia que o que uma
pessoa é ela fala. O seu caráter fica explicito nas palavras. “A boca fala do que o coração está cheio”.
O cristão verdadeiro não fala por falar, ele não aumenta, ele não difama, ele
não sente satisfação em passar para outros notícias desagradáveis, não exulta
com infâmias, não julga pois não tem esse direito.
A segunda
manifestação de verdadeira adoração a Deus é “Visitar os órfãos e as viúvas nas
suas aflições”. Muitos cristãos são levados a pensar que o culto que agrada a Deus é
só o momento de culto na igreja. Tiago não nos ensina só uma religião mística,
de contemplação, que a tantos faz bem, mas que isoladamente não prova
muita coisa.
“Visitar os órfãos e as viúvas nas suas
aflições” é manifestar simpatia e solidariedade aos que sofrem privações
(materiais, físicas, emocionais e espirituais). As pessoas não são somente
almas para salvar, mas reais, concretas, com necessidades em todas as áreas da
vida. A palavra visitar no grego é “episképtomai”, que significa olhar, cuidar,
visitar, auxiliar”. “visito para socorrer”. E isso não é só manifestar solidariedade
ou orar.
É uma visita para prover as
necessidades da pessoa integral. Convenhamos que é bem mais fácil falar ou orar
do que desembolsar bens e dinheiro, levar ao médico, ajudar nas tarefas do lar,
etc. A oferta que agrada a Deus é socorrer os necessitados. Em Atos 10.38 lemos
sobre Jesus “...com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte,
fazendo o bem e curando todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele”. Jesus
de Nazaré andou fazendo o bem.
- A religião que
cuida apenas das necessidades espirituais, encarando o homem como um ser
descarnado, não é muito proveitosa.
O terceiro aspecto da
religião verdadeira é “guardar-se incontaminado do mundo”. Os dois
conceitos ensinados no verso 27 não podem ser separados. Bondade e santidade
devem andar juntas. Alguém bom que não seja santo cairá quando as tentações
se avolumarem.
Alguém santo que não pratique a bondade
é incoerente. A santidade não pode ser só no semblante doce, mas uma atitude
para com Deus, que inevitavelmente refletirá nas atitudes para com o próximo. Santidade
e insensibilidade não devem caminhar juntas no cristão.
Língua moderada, construtiva somente,
amor ao próximo expresso por atitudes concretas, reais, e não somente
lamentação, e busca da santidade incessante, esta é a religião verdadeira, na
pratica, e não uma religião mística de adoração e contemplação.
Lamentavelmente, muitas igrejas
pouco investem em trabalhos sociais, e as que investem, algumas ainda cometem o
erro de limitar-se apenas a estes trabalhos, deixando de lado uma ajuda mais
específica a alguns membros dessas próprias igrejas.
Para Tiago a religião
pura e imaculada para com DEUS, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas
nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.
1.27 A RELIGIÃO PURA E
IMACULADA. Tiago fala de princípios que definem o conteúdo do verdadeiro
cristianismo.
O amor genuíno pelos necessitados. Nos
dias do NT, os órfãos e as viúvas tinham poucos meios de auto sustento; em
muitos casos, não tinham ninguém para cuidar deles. Esperava-se da parte dos crentes que
lhes demonstrassem o mesmo cuidado e amor que DEUS revela aos órfãos e às viúvas
(ver Dt 10.18; Sl 146.9; Mt 6.32; Dt 24.17; Sl 68.5). Hoje, entre nossos irmãos
e irmãs em CRISTO, há os que precisam de ajuda e cuidados. Devemos procurar
aliviar suas aflições e sofrimentos e, dessa maneira, mostrar-lhes que DEUS tem
cuidado.
Tiago diz que o amor ao
próximo deve estar acompanhado do amor a DEUS, expresso na separação das
práticas pecaminosas do mundo.
“O que
tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e não
será ouvido“. (Provérbios 21.13)
Ao
mesmo tempo, a Bíblia reconhece também que, em muitos casos, a pobreza é
simplesmente fruto de um estilo de vida pecaminoso: “Não ames o sono, para que
não empobreças; abre os teus olhos, e te fartarás de pão”. (Pv 20.13) “A
preguiça faz cair em profundo sono; e o ocioso padecerá fome”. (Pv 19.15)
“Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência cobrirá de
trapos o homem”. (Pv 23.20-21)
É por
isso que o Apóstolo Paulo ensinou que nós não devemos ajudar
aqueles que, podendo trabalhar, não trabalham e acabam empobrecendo por viverem
na iniquidade da preguiça:
“Mandamo-vos,
irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão
que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebestes.
Porque vós mesmos sabeis como deveis imitar-nos, pois que não nos portamos
desordenadamente entre vós, nem comemos de graça o pão de ninguém,
antes com labor e fadiga trabalhávamos noite e dia para não sermos pesados
a nenhum de vós… Porque, quando ainda estávamos convosco, isto vos
mandamos: se alguém não quer trabalhar, também não coma. Porquanto
ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes
intrometendo-se na vida alheia; a esses tais, porém, ordenamos e exortamos por
nosso Senhor Jesus Cristo que, trabalhando sossegadamente, comam o seu próprio
pão”. (II Tessalonicenses 3.6-12)
Resumindo a fé sem obra é MORTA. "Assim
também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma." (Tiago, 2:17)
A igreja
moderna, a igreja de hoje, ou seja, NÓS, simplesmente fingimos que não vemos.
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Pr. Adaylton de
Almeida Conceição (Th.B.Th.B.TH.D.)
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