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domingo, 18 de julho de 2010

Estudo do Pentateuco

Estudo dos cinco livros do Pentateuco
por Nelson Martins Filho (Pastor e Mestre)

Introdução

Antecipadamente, fazemos questão de deixar bem claro que, a nossa opinião é bastante concisa em relação a inspiração e revelação de Deus, acerca do cânon bíblico, principalmente ao que se refere ao nosso foco de análise, - O Pentateuco - , ou seja os cinco livros que o compõe de forma individual.
O que trataremos em seguida são fundamentos bíblicos, teorias e arqueologias que, tentarão nos dar uma visão mais acertada no que se refere a autoria e a historicidade do Pentateuco, tendo em vista, as diversas correntes literárias, tanto da baixa como da alta critica, no tocante a estes discutidos assuntos no meio teológico e cientifico.
Analisemos as questões.

Síntese do Pentateuco

Os cinco primeiros livros da bíblia formam um só bloco chamado Pentateuco, (penta = cinco, teucos = volumes).
São eles:
1 - Gênesis (criação)
2 - Êxodo (saída do povo)
3 - Levítico (leis e rituais)
4 - Números (por causa do recenseamento do povo),
5 - Deuteronômio (deuteros = segunda, nomos = lei) repetição de todas as leis.

Estes livros eram a base da tradição judaica, o fundamento da religião. O conjunto deles era designado de “Torah”, a lei, o Livro de Moisés. Mesmo alguns grupos que se afastaram dos judeus conservaram o Pentateuco, como os samaritanos. Quanto à interpretação, no principio todos acreditavam ter sido escrito integralmente por Moisés. Havia uma tradição segundo a qual ele foi escrito por Deus e entregue á Moisés pelos anjos. Entretanto, só alguns trechos é o que se sabe, foram escritos pelo próprio Moisés, (Mandamentos, batalha dos amalequitas...). Até a idade média, entretanto, prevaleceu a idéia da autoria mosaica, embora alguns estudiosos, por esse tempo, já desconfiassem disso. Foi no século XVIII que começou o trabalho da critica literária, estimulada pelos achados arqueológicos e descobertas científicas, o que proporcionou um estudo mais cientifico do texto. Descobriu-se que há uma diversidade de estilos, de vocabulários (Javé (Yahweh)=Eloi=Deus, Sinai=Horebe), de tendências teológicas (mais atrasadas ou mais evoluídas). Estes indícios levaram alguns autores a discutir sobre a origem do Pentateuco. A princípio, pensou-se em uma coleção de documentos independentes. Outros entendiam como uma seqüência lógica: houve um documento base ao qual outros foram acrescentados. O certo é que encontraram finalmente e distinguiram claramente quatro fontes principais. Isto foi um grande choque para a Igreja Católica, porque veio romper uma tradição de muitos anos. Além do mais, estas novidades foram descobertas por críticos racionalistas, que não deixaram de usar aquelas para seus propósitos contrários a religião. Os exegetas católicos ainda não chegavam a este ponto de estudo critico, mas eles reconheceram a validade de certos argumentos e passaram a estudar. O iniciador foi o Padre Lagrange, mas não teve muita aceitação na época, por isso, abandonou seus estudos. Os comentários de outros autores não tratavam de questões criticas (não eram críticos), mas apenas explicavam. Assim foi em 1943, quando o Papa Pio XII na Encíclica Divino Afflante Spiritu, deu uma abertura maior aos teólogos. Só aí se começaram a estudar abertamente e com profundidade os gêneros literários, coisa que os protestantes há tempos já faziam. Deste modo, a exegese católica começou atrasada. E a “Formgeschichte” (História das formas), que os protestantes já utilizavam, somente em 1967 foi aceita por Paulo VI. Antes era heresia.

O que nos leva a acreditar que Moisés escreveu o Pentateuco?

É necessário pôr em evidência que Moisés tinha condições técnicas de escrever aqueles livros. Notemos que ele foi educado na corte egípcia, que era historicamente e academicamente muito desenvolvida. Ele teve em primeira mão conhecimento de geografia do Egito e da Península do Sinai, com bastante tempo – 40 anos vagando e mais 40 além desses para redigir a obra. Na mesma época de Moisés, havia escravos incultos trabalhando nas minas de turquesas do Egito escrevendo nas paredes, demonstrando assim a importância da escrita nos tempos de Moisés. A evidência interna aponta Moisés como autor do Pentateuco, porque descreve Moisés como autor de certas partes do escopo:
“Moisés escreveu todas as palavras do Senhor”. (Ex. 24.04);
“E tomou o livro da aliança, e leu o livro”. (Ex 24.07);
“Disse mais o Senhor a Moisés: Escreve estas palavras, porque, segundo o teor destas palavras, fiz aliança contigo e com Israel”. (Ex 34.27).
Muitas outras referências revelam a mesma coisa, ou seja, a autoria de Moisés. Não só as evidências internas das Escrituras deixam claro que Moisés é o autor do Pentateuco, mas também em outros livros do antigo testamento:
Js 08.32 relata: “...Da lei de Moisés, que já este havia escrito...”.
Entre outras referencias do A.T. temos I Rs 02.03 e II Rs 14.06 e Js 23.06, onde é atribuída a Moisés a autoria do Pentateuco. A tradição Judaica crê com convicção que Moisés é o autor. O livro apócrifo de Eclesiástico, escrito por volta de 180 a. C., afirma:
“Tudo isto é o livro da aliança do Deus altíssimo, a Lei que Moisés promulgou para ser herança das Assembléias de Jacó (Eclesiástico 24.23);
O Talmude, Baba bahra, um comentário judaico sobre os primeiros cinco livros (200 a.C), juntamente como os escritos do historiador famoso Flavio Josefo (66 d.C) e Filo (20 d.C) também concordam. A tradição do cristianismo primitivo também concorda que Moisés redigiu o Pentateuco. Os escritos de Junilio (527-565 d.C.) e Leôncio de Bizâncio (VI séc. d.C.) juntamente com os pais da Igreja, Melito (175 d.C), Cirilo de Jerusalém (d48-386 d.C) e Hilário (366 d.C.) ensinam que Moisés escreveu o Pentateuco. Juntemos a isso o testemunho do N.T. Os apóstolos acreditavam que “Moisés nos deixou escrito” (Mc 12.19), como fazia Paulo, que falando de uma passagem no Pentateuco disse: “Moisés escreveu...” (Rm 10.05). Contudo, o problema com relação a autoria dos cinco livros primeiros da Bíblia está praticamente resolvido, pelo menos na visão do Deus-homem, Jesus Cristo. Jesus deixou claro que Moisés escreveu estes livros do Pentateuco (conforme Mc 07.10; 10.03-05; 12.26; Lc 05.14; 16.29-31; 24.27; Jô 07.19,23). Em Jo 05.45-47, Jesus afirma – “Não penseis que eu os acusarei perante o Pai; quem vos acusa é Moisés em quem tendes firmado a vossa confiança. Porque se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos como crereis nas minhas palavras?”
Os que advogam que Moisés não é o autor normalmente sustentam a idéia de que não existe nenhuma ação sobrenatural de Deus no mundo, nem jamais houve. Assim, seria absurdo acreditar em todas as informações históricas escritas sobre a criação do mundo, a travessia do Mar Vermelho, Deus falando a Moisés, e mesmo a evidência histórica de que Moisés, um profeta de Deus, foi o primeiro a escrever o relato. Então, segundo esses indivíduos, a idéia toda não seria mas que um história. Por causa do seu ponto de vista preconceituoso, falham, não considerando a evidência verdadeira dos fatos – este tipo de raciocínio é falso. Primeiro, examina-se a evidencia e depois se determina a causa. O simples exame da evidencia não significa que concordamos com as conclusões de alguém, mas significa que não rejeitamos por ignorância. Segundo, nos últimos 50 anos descobertas arqueológicas têm provado muitas das afirmações do A. T., sustentando a probabilidade da autoria de Moisés (Conforme evidências que exigem veredicto vol. 01 e 02- Ed. Candeia). Isto porque na maioria dos achados demonstram que, somente alguém que viveu na época em que a Bíblia afirma ter Moisés vivido, poderia ter sabido e escrito sobre os fatos destes livros. Quando todas essas evidências são consideradas em conjunto, a autoria mosaica do Pentateuco mostra-se de fato. Partamos para análise individual de cada livro do Pentateuco.

Titulo: O livro de Gênesis
Autor: Tradicionalmente, Moisés
Data: Cerca de 1440
Versículo chave: Gn 01.01

Introdução
Criticas severas da parte dos estudiosos, tem recebido o livro de Gênesis, no que diz respeito ao seu autor e a historicidade do que nele está inserido. O fato é que, quando se busca o entendimento daquele livro esbarramos numa série de problemas a ele relacionados, que são tratados em artigos separados. Quando esses artigos passam a dar exames aos problemas, faz com que, outras informações sejam acrescentadas sobre os assuntos do livro. A historicidade dos acontecimentos narrados antes do tempo de Abraão é um bom exemplo e talvez seja o assunto que traz maior dificuldade nesse Livro.
Estudemos esse precioso livro...

Titulo

Gênesis significa, “origem, nascimento”, é o nome dado pela Septuaginta grega ao primeiro livro do Pentateuco. Ele é a primeira seção da Tora ou Livro da Lei. No Talmud judeu esse livro é chamado pelo nome de “o livro da criação”. Seu titulo em hebraico é chamado de Bere´shîth (começo), vocábulo derivado das palavras iniciais do livro. Em português originou-se da septuaginta (grego gênesis), por intermédio da Vulgata Latina. Em conformidade com o conteúdo do livro, o vocábulo Gênesis significa “começo”.

Propósito

Gênesis provê um alicerce essencial para o restante do Pentateuco e para a revelação bíblica subseqüente. Preserva o único registro fidedigno a respeito do começo do universo, da humanidade, do casamento, do pecado, das cidades, dos idiomas, das nações, de Israel e da historia da redenção. Ele foi livro escrito conforme o propósito de Deus. O intuito foi para dar ao Seu povo, segundo o concerto tanto no AT como no NT, uma compreensão fundamental de si mesmo, da criação, da raça humana, da queda, do julgamento, do concerto e da promessa da redenção, através do descendente de Abraão.

I – A importância do livro

Entre outros aspectos do Livro de Gênesis, destacam-se com maior evidência o teológico, literário e o histórico.

1 – O teológico

Evidentemente que, o Livro de Gênesis é um livro de grande teologia, e por esse fato, não temos como negar nele estar “o começo de toda aquela matéria“. É nesse livro, que foram inseridos de Deus seus principais conceitos, como, um Ser Supremo, Onipotente e extremamente sábio, além do tratamento teológico as questões da origem do mundo, homem, pecado, e aos problemas da queda do homem do estado de graça, do plano de redenção, do julgamento e da providencia divina. Evidencia também, como um remanescente da raça humana que foi providencialmente poupado e preparado, de maneira tal, para permitir o crescimento do plano de redenção, sob a direção do Pai, para toda a humanidade.

2 – O literário

Ainda que, muitos estudiosos ponham em dúvidas a veracidade dos fatos e conteúdos do livro de Gênesis, é ainda considerado uma das maiores obras literárias de todas as épocas. Moisés quando escreveu esse livro, descreveu com bastante vigor as atividades de Deus como guia da criação e da história. Não se evidencia nenhum prejuízo a unidade do tema, uma vez que, os contos individuais são narrados de maneira interessante e intensa, existindo um entrelaçamento inteligente. Nesse livro, em geral são evitados os detalhes necessários, seguindo-se um plano lógico. As personagens são apresentadas como seres reais, passíveis de faltas e de virtudes.
O escritor cuidou de ver a vida por dois lados: 

a - No exterior – considerou o lado material:
b - No interior – considerou os desejos, as ambições, as alegrias, as tristezas, o amor e o ódio.

Uma rara combinação do simples com o complexo emana dos assuntos tratados nesse livro. Porque os temas vitais para o homem, envolvendo suas profundas necessidades e aspirações, são tratados de maneira extremamente simples quase infantil, podemos aceitar que, a mensagem do livro pode muito bem ser entendida até mesmo pelo menos instruído. O fato do livro de Gênesis ser mencionados como referências em outros tantos livros das Sagradas Escrituras põe em destaque a sua importância literária, mesmo porque, é considerado por alguns dos estudiosos como o Alicerce dos outros livros do Pentateuco.

3 – O histórico

Como história, os primeiros capítulos de Gênesis ilustram somente o status da cosmologia hebraica daquela época. Do cap. 12 em diante, por outro lado, o caráter histórico do livro é fortalecido. A autenticidade da história patriarcal e do autor é evidente nesses capítulos. Nem as falhas na história de Abraão, nem os pecados crassos dos filhos de Jacó (dentre os quais os pecados de Levi, o progenitor da raça sacerdotal), foram ocultados. O mesmo autor, cujos princípios morais são tão censurados pelos antagonistas de Gênesis, com relação ao relato sobre a vida de Jacó, produz na história de Abraão uma figura de grandeza moral que somente poderia ter-se originado em fatos reais.
A fidelidade do autor se manifesta principalmente:
1 – na descrição da expedição dos reis da Alta Ásia para a Ásia Acidental;
2 – nos relatos a respeito de Melquedeseque (Gn 14 );
3 – na descrição dos detalhes envolvidos na compra de um cemitério hereditário (Gn 23).
4 – na genealogia das tribos árabes (Gn 25)
5 – na genealogia de Edom (Gn 36);
6 – e nos impressionantes detalhes que são entretecidos com as narrativas gerais.

No relato de José, a história patriarcal entra em contato com o Egito; e, quanto as narrativas fornecidas pelos escritores clássicos antigos, bem como, os monumentos do Egito, acrescentam esplendidas confirmações. Como exemplo, podemos observar no relato apresentado em Gn 47.13-26, que descreve como os Faraós se tornaram proprietários de todas as terras, exceto aquelas pertencentes aos sacerdotes, é confirmado pelos escritos de Heródoto (11.84). submetendo-se o livro de Gênesis a um exame minucioso, outros dados similares podem ser encontrados. Do ponto de vista crítico, Gênesis é considerado uma fonte primária da história antiga.

II – Composição

A unidade de composição do livro de Gênesis principalmente, como todos os outros do Pentateuco, tem sido tema de polemica entre os críticos. Como a unidade desse livro esta intimamente relacionada com o problema da autoria, estudemos duas linhas de pensamento:
1 - ponto de vista conservativo e
2 - ponto de vista crítico.

1 – A visão conservativa

Moisés tinha contatos imediatos com Deus. A teoria conservadora defende que Moisés escreveu o livro tendo recebido como revelação o conteúdo direto de Deus. Esses conservadores embasam suas opiniões diante dos seguintes argumentos:
a – em vistas as evidências internas que provam que Moisés escreveu pelo menos uma algumas porções dos livros do Pentateuco, lhes pareciam aceitável assumir que ele tenha escrito a obra toda inteira, inclusive o livro de Gênesis.
b – A matéria tratada de Êxodo a Deuteronômio exige uma subestrutura como Gênesis. Sentindo essa necessidade Moises talvez tenha usado o material disponível da época e feito uma compilação dessa matéria na forma de tradição antiga.
c – Passagens como João 05.46, em que, Jesus se refere aos “escritos de Moisés”, podem ser interpretadas como escritos meramente atribuídos a Moisés. Por outro lado, essas passagens podem igualmente ser interpretadas como pronunciamentos da autoria mosaica desses escritos.
d – A Comissão Bíblica da Igreja Católica sugere que, embora Moisés seja o autor do Pentateuco, talvez ele tenha empregado pessoas para trabalhar sob sua direção como compiladores. Esta seria uma maneira de explicar as diferenças estilísticas do livro.

2 – A visão crítica

Empregando o método de análise do texto,. Os críticos modernos afirmam que pelo menos três fontes distintas serviam de base para o livro de Gênesis: P, E e J.
Alguns fanáticos nos estudos das fontes literárias, tem fragmentado essas fontes em sub-fontes, contudo, como essas sub-fontes não os tem conduzido a nenhuma conclusão importante, nos limitaremos ao tratamento das três fontes citadas acima, as quais foram provavelmente baseadas no tradicional. A fonte P (S), de caráter basicamente formal e estatístico, relata o tipo de material que os sacerdotes cultivavam, como, por ex., Levitico 01.16. Contudo, momentos de grandeza são também encontrados nesta fonte, a saber, Ct 01. P é a fonte mais recente das três, provavelmente pertencendo ao período entre os séc. V e VI a.C. A fonte E e a fonte J se distinguem principalmente pelo emprego respectivo dos nomes Elohim e Jeovah para Deus. Além desta diferença, o documento E se apresenta intimamente relacionado em suas partes, formando assim um todo sólido. O documento J., por outro lado, não apresenta a mesma solidez, mas é de natureza meramente complementar, fornecendo detalhes nos pontos em que E se torna abrupto e deficiente. A fonte E, pertence provavelmente ao séc. VIII a.C.; e a fonte J, ao séc. IX. Os críticos modernos reivindicam que essas fontes foram subsequentemente combinadas pela mão de um autor final cujo nome é desconhecido. Os antagonistas, do ponto de vista critico, batem na tecla, de que, Gênesis foi escrito por um único autor, más que o uso de dois nomes diferentes para Deus não deve ser atribuído à origem do livro em duas fontes distintas, más aos diferentes significados desses nomes. Talvez essa observação seja plausível com referencia aos nomes de Deus, todavia as diferenças de estilo e vocabulário que claramente distinguem porções do livro de Gênesis ainda permanecerão misteriosas se essa explicação for aceita.

3 – A data, o lugar, quando ocorreu a escrita e autoria.

a - A data e o lugar da escrita
Os estudiosos que aceitam autoria mosaica do livro de Gênesis são compelidos a explicar algumas passagens da obra como notas de rodapé adicionadas posteriormente pelos copistas. (Ex. Gn 12.06; 13.07; 14.17 e partes de 36.09-43). O lugar de origem do livro sugerido por eles é a península do Sinai. Os críticos que não reivindicam autoria mosaica oferecem datas tentativas somente para as fontes individuais, como mencionado anteriormente. Quanto à cópia final. Só se sabe que foi compilada depois do exílio, afirmam eles. O local da compilação é desconhecido. É salutar considerar e que traz credibilidade, também os seguintes argumentos:
b - Quando ocorreu a escrita
O livro de Gênesis, evidentemente, fazia parte do único escrito original (a Tora – Lei ou Livro da Lei de Moisés) e possivelmente terminado por Moisés no ermo do Sinai. Depois de Gn 01.01-02 (concernente a criação dos céus e da terra, o livro, evidentemente, abrange milhares de anos envolvidos na preparação da terra para ser habitada pelos humanos e depois abrange o período desde a criação do homem até o ano em que José faleceu. A data tradicional do êxodo do Egito se encontra no meio do décimo quinto século a.C. (1 Rs 06.01) e afirma que Salomão tenha iniciado a construção do templo “ no ano 480 a.C, depois de saírem os filhos de Israel do Egito”. Entende-se que Salomão tenha iniciado a construção em cerca de 960 a.C. datando assim o êxodo em 1440 a.C.
c – O autor do livro
Deus é o autor da Bíblia, más Ele inspirou Moisés a escrever o Livro de Gênesis. De onde obteve Moisés as informações que registrou em Gênesis? Algumas talvez tenham sido obtidas diretamente por revelação divina, por transmissão oral, uma vez que, ele Moisés tinha contatos imediatos com Deus. É possível também que Moisés possuísse documentos escritos preservados por seus antepassados como valiosos registros sobre as origens da humanidade. Não há dúvidas de que Moisés é o escritor. O Livro da Lei de Moisés, e referencias similares aos cinco primeiros livros da Bíblia, dos quais, Gênesis é um, são encontradas muitas vezes a partir dos dias de Josué, sucessor de Moisés. De fato, há cerca de 200 referências a Moisés em 27 dos livros posteriores da Bíblia. Nunca os judeus contestaram que Moisés fosse o escritor. As Escrituras Gregas Cristãs mencionam frequentemente Moisés como sendo o escritor da “Lei”, sendo testemunho culminante o de Jesus Cristo. Moisés escreveu sob ordem direta de Deus e sob Sua Inspiração. Ex 17.14; 34.27; Js 8.31; Dn 9.13; Lc 24.27,44
Alguns cépticos perguntam: Más como é que Moisés e seus predecessores sabiam escrever? Não foi a escrita um desenvolvimento humano posterior?
A arte da escrita evidentemente teve o seu inicio cedo na historia humana, talvez antes do Dilúvio dos dias de Noé. Existe alguma evidência quanto a habilidade primitiva do homem de escrever?
Embora seja, verdade que os arqueólogos têm atribuído datas anteriores a 2370 a.C. para certas tabuinhas de argila que escavaram, tais datas são meras conjunturas. Contudo, deve-se notar que a Bíblia mostra claramente que a construção de cidades, o desenvolvimento de instrumentos musicais e a forja de ferramentas de metal tiveram inicio bem antes do Dilúvio. (Gn 04.17,21,22). É razoável, pois, concluir que os homens teriam pouca dificuldade em desenvolver um método de escrita. Em muitos outros aspectos o Livro de Gênesis, é surpreendentemente coerente com os fatos provados.

III – Conteúdo

O esboço do livro de Gênesis pode ser apresentado de várias maneiras:

1 – Esboço histórico

O livro é dividido em duas partes principais:
a – a historia primordial – cap. 01 – 11 – Tratam dos assuntos de natureza universal, tais como, a origem da terra e a origem da raça humana;
b – a historia patriarcal – cap. 12 – 50 – Relatam a historia dos antepassados de Israel. Cerca de dez histórias são apresentadas no livro (02.04; 05.01; 06.09; 10.01; 11.10,27; 25.12,19; 36.1; 37.1), dentre as quais algumas se ocupam de personagens importantes, a saber, Terá, Isaque, Jacó e José; Algumas histórias tratam de importantes categorias, trais como, terra e céu, ou os filhos de Adão e os filhos de Noé; outras tratam de personagens como Ismael e Esaú. Apesar de não oferecer um tratamento profundo sobre as dificuldades sugeridas pelo texto, este esboço é eficaz, pois enfatiza a direção de Deus na história da humanidade e mostra como Ele usou diversas pessoas para cumprir Seus propósitos finais.

2 – Esboço temático

Divide o livro em quatro assuntos principais:
a - livro do principio (Cap. 01-11)
b - livro da fé (cap. 12-25)
c – livro da luta (cap. 26-35)
d – livro da direção (cap. 36-50)

3 – Esboço detalhado do Conteúdo:

a – historia da criação (cap. 1.1; 2.3)
01 – Criação do céu e da terra (1.1-23)
02 – Criação dos seres viventes (01.24; 2.3)
b – Historia humana (02.04; 11.32)
01 – Criação do homem (02.04-17)
02 – Criação da mulher (02.18-25)
03 – Queda do homem (03.01-24)
04 – Multiplicação da raça humana: Caim e Abel (04.01-07)
05 – O primeiro homicídio (04.08-26
06 – A genealogia de Sete (05.01-32)
07 – A corrupção do gênero humano (06.01-12)
08 – A pena do dilúvio (06.13;08.22)
09 – O pacto de Deus com Noé (09.01-29)
10 – Os descendentes de Noé (10.01-32)
11 – Uma língua universal (11.01-06)
12 – A confusão das línguas (11.07.32)
c - História dos patriarcas: a escolha de Abraão, Isaque, Jacó e Judá (12.1; 23.20)
01 – Abraão entra na Terra Prometida (11.27.14-24)
02 – pacto e promessa de um filho (15.01;18.16)
03 – a historia dos patriarcas (18.17;19.23)
04 – destruição de Sodoma e Gomorra (19.24-38)
05 – Sara, Isaque e Ismael (20.01; 23.20)-
d – Isaque (24.01; 26.35)
01 – Isaque e Rebeca casam-se (24.1-67)
02 – Morte de Abraão e nascimento dos filhos de Isaque (25.01-34)
03 – Isaque vai a Gerar; renovação das promessas (26.01-35)
e - Jacó (27.01.;36.43)
01 – Jacó trapaceia o irmão e obtém a benção do pai (27.1-46)
02 – Jacó foge para Arã e Deus renova a promessa em Betel (28.1-22)
03 – Os casamentos de Jacó em Arã (29.1-30)
04 – O nascimento dos filhos de Jacó (29.31; 30.24)
05 - Labão faz novo pacto com Jacó (30.25-45)
06 – Retorno de Jacó para a Terra Prometida (31.1; 34.31)
07 – Renovação da promessa em Betel (35.1-29)
08 – Os descendentes de Esaú (36.1-43)
f – Judá e José (37.1; 50.26)
01 – José é vendido por seus irmãos e transportado para o Egito (37.1-36)
02 – Judá e Tamar (38.1-30)
03 – José na casa de Potifar (39.1-23)
04 – José na prisão (40.1-23)
05 – José interpreta os sonhos de faraó (41.1-37)
06 – José como governador do Egito (41.38-57)
07 – Os irmãos de José vão ao Egito pela primeira vez (42.1-38)
08 – Os irmãos de José retornam ao Egito (43.1-34)
09 – A família de José no Egito (44.1; 47.31)
10 – Jacó abençoa seus filhos (48.1; 49.28)
11 – Morte de Jacó e de José (49.29; 50.26)

IV – Teologia

Podemos considerar que a primeira filosofia da história esta em Gênesis. Baseia-se em convicções e não em argumentos. Não é vista tentativa alguma nesse livro, para provar a existência de Deus, ou que de fato, tenha Ele agido conforme o relato do autor.

1 – Pontos de vistas sobre a doutrina

Á respeito da doutrina de Deus, desse livro destacam-se certos pontos de vistas, que são considerados importantes:
a – Deus é o único e supremo monarca do universo e de Seu povo. É mantido um monoteísmo latente, preparando o alicerce para declarações tais como: a de Deus (06.04)
b – Deus é Onipotente.
Através de Sua poderosa palavra, Ele pode criar o que bem desejar. (Fl 02.13)
c – Deus é onisciente (Pv 15.03)
Ele soube o local do esconderijo de Adão e Eva no Jardim, bem como o fato de que Sara riu dentro da tenda. Ele esta também presente longe da casa ancestral, como Jacó surpreendidamente descobre em Gn 28.16.
d – Deus é extremamente sábio
Ele criou um universo integrado, no qual todas as coisas demonstram perfeita eficiência segundo o uso e o propósito designados.
e – Deus tem profunda misericórdia e amor por sua criação.
Isto é evidente principalmente no que se refere ao homem, obra-prima da criação. Deus não só criou o homem, más providenciou-lhe tudo aquilo que ele precisava para sobreviver. O homem caiu do estado de graça, mas Deus preparou um plano de redenção; guiou e protegeu o caminho dos patriarcas para que esse plano fosse cumprido.
f – Deus se revelou a Seu povo.
Ás vezes num sonho (31.11), outras vezes através de um misterioso agente, “o Anjo do Senhor”, (31.11).

2 – Noção da natureza do homem

Interessante que este livro também mostra uma clara noção da natureza do homem:
a – O homem é uma criatura dotada de parte material e parte imaterial.
b – O homem é uma criatura dotada de livre arbítrio: pode dizer “sim” ou “não” as tentações.
c – O homem foi criado como um ser superior, obra-prima de Deus, livre de qualquer mancha. Más aí! O homem caiu do estado de graça. A história da queda, por sua vez embora soe estranha para muitos ouvidos modernos, ainda é objeto de estudo em ética e em religião. O autor de Gênesis observou que um grande desastre poderia emergir de uma desobediência aparentemente trivial.
d – O homem será restaurado: os dois elementos básicos para a redenção são: graça da parte de Deus e fé da parte do homem. Gn 15.16 declara que Abraão creu nas promessas do Senhor: ”E creu ele no Senhor, e foi-lhe imputado isto por justiça”. Esta passagem figura proeminentemente no desenvolvimento da teologia de Paulo. (Rm 4.3,9,22,23)

V – Descobertas Arqueológicas

O mundo de Gênesis tem sido desvendado através das descobertas arqueológicas modernas. As civilizações nos arredores da Palestina estão sendo descobertas com todas as riquezas e variedades. A existência de povos tais como os horitas e os hurrianos (até recentemente eram apenas nomes) têm sido confirmados. A civilização dos amoritas, enterradas há muitos séculos, esta emergindo lentamente. Atualmente pode-se afirmar que os hititas foram poderosos conquistadores que influenciaram o curso da história no passado. Temas como a criação, paraíso, dilúvio são achados também em muitas mitologias do mundo. Tabletes de barro encontrados na Mesopotâmia contem muitos mitos cujos temas e detalhes também estão presentes no livro de Gênesis.

1 - Semelhança entre registros hebraicos e babilônicos;

Na história da criação há algumas semelhanças entre os registros hebraicos e os babilônicos:
a – Ambas as historias registra um caos antigo.
b – Até o mesmo o nome para esse caos é semelhante em cada língua.
c - Segundo os dois relatos, houve luz antes de os astros ser criados.
d – Há paralelismo também nas crônicas do dilúvio: os deuses mandaram a inundação, mas salvaram um homem que construiu um navio para se abrigar da tempestade. O homem testa o término da catástrofe soltando pássaros e oferece sacrifícios quando tudo esta terminado.

2 – Diferenças entre as narrativas hebraicas e babilônicas

Nota-se algumas diferenças drásticas entre as narrativas hebraicas e babilônicas:
a – A historia hebraica mantém um monoteísmo latente; os outros relatos são de natureza politeísta.
b – Os princípios morais registrados na historia hebraica são extremamente mais altos que os das outras civilizações. Descobertas espetaculares na cidade de Ur dos Caldeus são de grande importância para o conhecimento da historia da civilização, todavia de menos relevância direta para as narrativas bíblicas. É mister observar que, num local não muito distante de Ur, os escavadores encontraram evidência de uma inundação de comparável tamanho. No entanto, dizem os críticos, isso não prova a historicidade de Gn 06-08, pois foi provado que muitas vezes na historia diferentes áreas da Mesopotâmia foram inundadas. O mundo cultural dos Patriarcas tem sido iluminado pelos achados do segundo milênio a.C. em Nazu (perto da moderna Kirkuk). Foram encontrados nessa localidade inúmeros documentos que ilustram detalhadamente diversos costumes patriarcais. Eis uma situação como exemplo: quando a estéril Sara deu á Abraão sua escrava Hagar, para que, concebesse filhos, ela estava fazendo exatamente a mesma coisa que as mulheres de Nazu faziam. A única diferença era o fato de que as últimas eram proibidas de maltratar suas escravas. O ato da venda dos direitos de progenitura feito por Esaú, bem como os problemas de Jacó na obtenção da esposa de sua escolha, são entendidos com mais clareza através desses tabletes (tabletes de Nazu).

VI – Considerações finais

Esta introdução referiu-se a alguns problemas peculiares do livro de Gênesis, tais como autoria e historicidade. Essas questões tem sido objeto de controvérsias entre os eruditos, todavia nada tem sido tão polemico no livro como o tema da criação. Há um estridente conflito entre o ponto de vista da ciência moderna e o relato deste livro sobre as origens do mundo. Gênesis registra com exatidão a criação, os começos da historia da humanidade e a origem do povo hebreu, bem como, o concerto entre Deus e os hebreus através de Abraão e os demais patriarcas. O Senhor Jesus atestou a fidedignidade história de Gênesis como Escritura divinamente inspirada (Mt 19.4-6; 24.37-39; Lc 11.51; 17.26-32; Jô 07.21-23; 08.56-58) e os apóstolos (Rm 04; 1 Co 15.21-22,4; 45.47;2 Co 11.03; Gl 03.08; 04.22-24,28; 1 Tm 02.13-14; Hb 11.04-22; 2 Pe 03.04-06; Jd 7,11).
Sua historicidade continua confirmada pelas descobertas arqueológicas modernas. Moisés foi notavelmente bem preparado, pela educação (At 7.22) e por Deus, para escrever (a sua autoria não é mencionada em nenhuma parte de Gênesis) esse incomparável livro.

VII – Vários livros do N.T. fazem menção de Gênesis

Ao analisarmos a bíblia encontramos várias citações do livro de Gênesis, em vários capítulos e versículos dos livros do Novo Testamento, que assim estão representados:
Mt 19.04 (Gn 01.27); 19.26 (Gn 18.14); 24.38 (Gn 07.07)
Mc 10.06 (Gn 01.27); 10.07ss (Gn 02.24); 10.27 (Gn 18.14)
Lc 01.37 (Gn 18.14); 17.27 (Gn 07.07); 17.29 (Gn 19.24); 17.31 (Gn 19.26)
Jo 01.51 (Gn 28.12)
At 03.25 (Gn 22.18); 07.03 (Gn 12.01) 07.05 (Gn 17.08;48.04); 07.06ss (Gn 15.03 ss); 07.08 (Gn 17.10 ss; 21.04) 07.09 (Gn 37.11; 39.02 ss;21;45.04); 07.10 (Gn 39.21;41.40 ss; 43.46); 07.11 (Gn 41.54 ss; 42.05); 07.12 (Gn 42.02); 07.13 (Gn 45.01); 07.16 (Gn 50.13); 07.45 (Gn 17.08; 48.04)
Rm 04.03,09 (Gn 15.06); 04.11 (Gn 17.11); 04.17 (Gn 17.05); 04.18 (Gn 15.05) 04.22 (Gn 15.06); 09.27 (Gn 21.12); 09.09 (Gn 18.10); 09.12 (Gn 25.23).
I Co 06.16 (Gn 02.24); 11.07 (Gn 05.01); 15.45,47 (Gn 02.07)
II Co 09.03 (Gn 03.13)
Gl 03.06 (Gn 15.06); 03.08 (Gn 13.03; 18.18); 03.16 (Gn 12.07; 13.15; 17.07 ss; 22.18; 24.07); 04.20 (Gn 21.10)
Ef 05.31 (Gn 02.24)
Cl 03.10 (Gn 02.24)
Hb 04.03 ss.; 4.10 (Gn 02.02); 06.07 (Gn01.11 ss); 06.08 (Gn 03.17 ss); 06.13 (ss (Gn 22.16 ss) 07.01 (Gn ss (Gn 14.17 ss) 07.03 (Gn 14.18); 07.04,06 ss (Gn 14.20); 11.04 (Gn 04.04); 11.05 ss (Gn 05.24); 11.08 (Gn 12.01); 11.09 (Gn 23.04); 11.12 (Gn 22.17;32.12); 11.13 (Gn 23.04); 11.17 (Gn 22.01 ss); 11.18 (Gn 21.12); 11.21 (Gn 47.31); 12.16 (Gn 25.33)
Tg 02.21 (Gn 22.02,09); 02.23 (Gn 15.06); 03.09 (Gn 01.26)
Ap 02.07 (Gn 02.09;03.22); 05.05 (Gn 49.11); 09.02 (Gn 19.29); 09.14 (Gn 15.18); 10.05 (Gn 14.19,22); 12.09 (Gn 03.01); 14.10 (Gn 19.24); 16.12 (Gn 15.18); 19.20 (Gn 19.24); 20.02 (Gn 03.01) 20.10 (Gn 19.24); 21.08 (Gn 19.24) 22.01 ss (Gn 02.09 ss; 03.22); 22.14 (Gn 02.09;03.22;49.11); 22.19 (Gn 02.09;03.22)

Titulo: O livro de Êxodo
Autor: Tradicionalmente, Moisés
Data: Cerca de 1440 a.C.
Palavra chave: Ex 3.18; 06.06-08

Introdução

O livro de Êxodo, assim como, o livro de Gênesis tem sido bastante questionado pelos críticos que em muitos pontos quanto a sua autenticidade. Entre tantos outros pontos, um deles, por exemplo, é o numero de pessoas que deixaram o Egito, o êxodo. Não existe nos registros egípcios nenhuma informação da saída de um grande numero de pessoas daquele país. Sabemos que, é bem possível que as grandes derrotas, como foi o caso do Egito para Israel, (Jeovah) não fossem historicamente registradas. A autoria, as datas e locais referente a escrita, são outros motivos de polêmicas. Analisemos o livro para conhecermos fatos.

Esboço

I - Composição
1 – Autoria e data
2 – Tema
3 - O relacionamento com os demais livros do Pentateuco
4 – A visão literária

II – Historicidade

III- Áreas em destaques
1 – Livramento e redenção do povo hebreu da terra do Egito
2 – O pacto que Deus estabelece com o Seu povo todo
3 – A lei que Deus através de Moisés passou ao povo
4 – O culto a Deus, reverencia, participações e o tabernáculo

IV – Conteúdo

V - Seção Legal
1 – Leis dadas antes do Sinai
2 – Os dez mandamentos
3 – O livro do Pacto
4 – Regulamentações para o Tabernáculo e Estabelecimento do Sacerdócio
5- O decálogo ritual

Milagres

Título

O titulo hebraico original chama-se We´elleh ou as vezes Shemôth, nomes derivados de suas palavras iniciais “Estes são os nomes“, ou, mais abreviadamente, “nomes dos”, pois esta seção da Tora começou com os nomes dos patriarcas que desceram do Egito. (Ex 01.01). Em português, o termo êxodo é a forma latinizada (Vulgata) Exodus que se derivou da Septuaginta (LXX – tradução das Sagradas Escrituras do hebraico para o grego) versão grega do Antigo Testamento (ex = fora + hodos = caminho = “Saídas”)

I – Composição

1 – Autoria e data
A autoria de Êxodus, assim como, ocorre com os outros livros do Pentateuco, é questão que divide opiniões entre os estudiosos.
Focalizando os fatos podemos perceber dois pontos de vistas divergentes:
A – ponto de vista conservativo;
B – ponto de vista da escola crítica.

a – Visão conservativa

Essa corrente defende que o livro de Êxodo, assim como, todo o Pentateuco foi escrito por “Moisés”, cujo nome significa “tirado das águas“, e é, a figura central de Êxodo. Admitem que, Moisés tenha usado fontes antigas, orais ou escritas, mais a despeito disso é o único autor dos cinco primeiros livros da Bíblia. A linha de pensamento desses estudiosos tem como lastro algumas passagens do livro Êxodo que, não deixam duvida:
1 – Ex 17.14; 34.27 – Deus que mandou Moisés escrever
2 – Ex 24.04 - Moisés escreveu
3 – Jô 05.46-47 – é Cristo quem declara que Moisés escreveu
4 –Mc 07.10 – Cristo atribui também Ex 20.12 e 21.17 a Moisés
5 – Mc 12.26 – Jesus se refere ao “Livro de Moisés”, contudo os conservadores admitem que neste trecho talvez Jesus estivesse se referindo a tradição judaica que atribuía a Moisés a responsabilidade pelo conteúdo do livro. A autoria mosaica implicaria uma data provavelmente no séc. XIII.

b – Visão da crítica

Estes estudiosos afirmam que, o resultado da compilação dos documentos J, E, D e P (S), onde cada um deles consistia em uma narrativa e numa série de leis. O documento J formado pelas antigas narrativas afraemitas, e seu autor revela interesse pelo reino judaico e seus heróis (850 a.C). A palavra Yahweh (Jeová) é usada neste documento para referir-se a Deus. O documento E tem nele inserido as antigas narrativas afraemitas originadas por volta de 750 a.C. O escritor de E demonstra interesse pelo reino do Norte de Israel e por seus heróis. Ele emprega o vocábulo Eloim em lugar de Yahweh (Jeová), para referir-se a Deus. O documento D, também chamado Código Deuteronômico, foi encontrado no templo em 621 a.C. Esse documento aborda o fato de que o amor é a razão mesma do servir, e salienta a doutrina de um único altar. O código sacerdotal ou documento P (S) originou-se por volta de 500 a.C. Esse documento evidencia uma preferência por números e genealogias, distinguindo-se dos outros também quanto ao seu ponto de vista sacerdotal e ritualístico. Os críticos esclarecem que as fontes de Êxodo, além de distintas entre si, datam de um período bastante posterior aos eventos narrados. Eles acentuam também que o livro não só revela o trabalho de diferentes indivíduos, mas de diferentes escolas de registros históricos. Cada documento tem o seu ponto de vista individual, assim como, cada evangelho sinótico apresenta sua própria visão da vida de Cristo. Certo erudito disse que o livro de Êxodo era como uma grande sinfonia, a qual se pensou produzir uma harmonia uníssona, mas agora tem sido demonstrado que, em virtude de seus elementos intensamente discordes entre si, a harmonia produzida por ser ainda mais rica

c – Visão aceitável

Mas, podemos aceitar quanto Moisés realmente, através de eventos variados e de encontros face a face com Deus, recebeu a revelação daquelas coisas que Deus desejava que ele soubesse. Sob a inspiração do Espírito Santo, Moisés comunicou ao povo hebreu, tanto na forma oral como escrita, esta informação que lhe foi revelada. Isto a tradição conservadora data a morte de Moisés em algum termo ao redor de 1400 a.C. Dessa forma, é provável que o livro de Êxodo tenha sido compilado nos quarenta anos anteriores, durante a caminhada no deserto (1440 a.C)

2 – O tema

Deus redime seu povo e estabelece seu pacto. Por isso o livro é chamado de “o coração do Pentateuco”. O ponto central é Ex 03.18, que dá base à “teologia da história”. É o momento em que Deus entra na historia de seu povo. Em Êxodo, Deus não apenas fala. Ele age. É o Deus que age. Ele redime Israel para si e vem habitar no seu meio, numa nuvem de Glória. Deus ensinou a Israel as suas justas exigências através dos mandamentos, convencendo, assim, o próprio povo de Israel do seu estado pecaminoso. Deus providenciou também uma maneira de restaurar a comunhão com Seu povo, através do ministério sacerdotal do Senhor Jesus.

3 – O que se relaciona com os demais livros do Pentateuco

A narrativa de Êxodo esta intimamente relacionada com Gênesis, pois continua a história dos descendentes dos patriarcas do ponto em que Gn 50 parou, embora um tempo considerável tenha passado entre a morte de José e os primeiros eventos de Êxodo (1.7), período durante o qual o povo de Israel fora levado a posição de servidão. Depois de descrever a emigração do Egito, o livro relata a entrega da lei e da construção do tabernáculo. As regras para o sacrifício que seguem formam a primeira parte de Levítico.
Êxodo não tanto um livro independente quanto uma porção arbitrariamente definida de uma seção do Pentateuco que abrange três livros. A divisão entre Êxodo e Levítico é semelhante aquela entre I e II Samuel ou entre I ou II Reis.

4 – A visão Literária

Como obra literária, Êxodo é inferior a Gênesis, embora algumas qualidades similares de estilo narrativo intenso e vigoroso estejam evidentes em certas porções. A despeito de algumas incertezas, este livro constitui valiosa fonte de história política e cultural. O conteúdo de Êxodo esta dividido em partes quase iguais entre narrativa e seção legal. Os primeiros dezenove capítulos são quase inteiramente narrativas, com exceção de pequenas seções legais, a saber, 12.14-27.42-49; 13.1-16. O restante do livro trata solidamente da lei, com exceção do capitulo 24, que descreve o reconhecimento do pacto, e dos capítulos 32-34, que descrevem a rebelião do povo, a intercessão de Moisés e a renovação do pacto.

II – Historicidade

Grande são os problemas da historicidade, rota percorrida e data do Êxodo. Embora os pesquisadores não tivessem descoberto nenhuma prova direta desse evento, uma série de evidências indiretas tem ajudado a esclarecer muitos detalhes. Os primeiros doze capítulos descrevem principalmente ocorrências da última parte do segundo milênio a.C. no Egito. Os eventos referentes aos demais capítulos, ocorreram na península do Sinai. Um tratamento mais detalhado, concernente a história, localidade geográfica e cronologia é apresentado no presente artigo. Nesta seção, limitamo-nos a apresentar um breve sumário de alguns aspectos importantes ressaltados pelos peritos no assunto:

1 – Embora considerável porção reflita aspectos da vida e história, escassos são os detalhes que poderiam indicar o tempo preciso dos eventos narrados;
Em nenhuma ocasião o rei do Egito é mencionado pelo nome. “Faraó” ou “rei do Egito “.são as duas formas empregadas para referir-se a esse governante. Acredita-se que a data do êxodo poderia ser determinada caso fosse descoberto que Faraó morreu afogado. Todavia, esse detalhe não tem sido esclarecido, e o texto de Êxodo nem mesmo indica que o rei necessariamente morreu afogado, más somente que sofreu grande derrota, seus carros de guerra e sua carruagem afundaram, e seus capitães favoritos se afogaram.

2 – A declaração de Êxodo 01.08, “Entrementes, se levantou novo rei sobre o Egito, que, não conhecera á José”, sugere fortemente que a expulsão dos hicsos ocorreu no período a morte de José e o nascimento de Moisés. Neste caso, seria fácil entender porque o novo rei teria uma atitude hostil em relação aqueles que ele associava aos hicsos, que também eram asiáticos e dominaram o Egito durante um considerável período de tempo.

3 – A referência as cidades de Píton e Ramessés em Ex. 01.11 têm sido apontadas como prova de que os eventos descritos não poderiam ter ocorridos até 19ª dinastia, considerando que os primeiros reis que levaram o nome de Ramsés pertenciam àquela dinastia. Contudo, é possível que os nomes originais tenham sido substituído no texto pelos conhecidos posteriormente. A despeito do fato de que os Ramsés não reinaram até a 19 dinastia, poderia ter existido uma cidade com o nome de Ramessés, poiso culto do deus "RE ou RA", alcançou proeminência em muitos períodos da história egípcia antiga, e “mss” era sufixo comum para os nomes pessoais.

4 – a opressão egípcia é descrita como muito severa. Comprovando este fato, abundantes evidência do período da 18 e 19 dinastia ilustram a crueldade dos egípcios em relação aos escravos e estrangeiros.
O sinal hieroglífico representativo de um estrangeiro é a figura de um homem atado e com um ferimento sangrento na cabeça. Tal sinal é usado até mesmo em conexão com nomes de honrados reis estrangeiros com quais os egípcios faziam acordos. Portanto há evidencias de crueldade dos egípcios em relação aos estrangeiros as quais ajuntam os eventos relatados no inicio de Êxodo. No passado pensava-se que as grandes pirâmides do Egito eram resultado do trabalho dos hebreus durante a opressão, contudo essa idéia não é pertinente: as pirâmides provavelmente foram levantadas pelo menos mil anos antes da época do Êxodo.

5 – Pesquisadores questionam a historicidade do Êxodo e do evento do Mar Vermelho, com base no fato de que as ruínas do Egito antigo mencionam tais ocorrências. Essa objeção, todavia, baseia-se numa concepção errônea da natureza da arqueologia egípcia. Muitos dos registros cotidianos e das ruínas das casas do Egito antigo estão embaixo da bacia de água no Delta. A região onde a maioria das pessoas viveu. Embora abundantes, as ruínas do Egito antigo consistem principalmente em sepulcros e monumentos construídos no deserto para celebrar conquistas e vitórias egípcias. Derrotas como a partida dos israelitas e o insucesso do Faraó em recaptura-los dificilmente resultariam na construção de monumentos.

6 – Outras questões são levantadas em relação a historicidade do livro de Êxodo, tais quais:
a – Ex 01.054 declara que o número de pessoas que desceu para o Egito era setenta, contudo estudiosos observam que esse é um número meramente aproximado. b – A historicidade do cap. 01 tem sido questionada com base no fato de que uma grande multidão, tal qual a dos israelitas, requeria mais do que duas parteiras para salvar a vida dos meninos hebreus.
c – Há algumas objeções em relação a historia de Moisés narrada no cap. 2. Alguns estudiosos sugerem que a historia do salvamento de Moisés através do cesto de junco seja um da historia de Sargon que também fora salvo através de barco. Outros observam que a historia de Sargon, é de origem mesopotâmica e dificilmente teria servido de base para uma historia egípcia. Além disso, para as comunidades que viviam as margens do rio, esse incidente pode ser comparado ao de uma criança abandonada na porta de uma casa atualmente e a existência de histórias com esse tema poderia ser perfeitamente independente.
d – Aparentemente há uma contradição em relação ao nome do sacerdote de Mídia, que é chamado de Reuel em Ex 02.18 e de Jetro em Ex 03.01. Segundo os críticos, esses nomes devem ter pertencido a documentos diferentes, e o uso de ambos comprova a combinação desses documentos.

III – Assuntos que merecem destaque:

1 – O livramento e redenção dos hebreus da terra do Egito. O livramento dos israelitas do poder opressivo é um dos aspectos acentuado, pois esse fato condicionou a mente dos israelitas para as eras vindouras e estabeleceu um débito permanente de gratidão para com Aquele que os livrou da escravidão. Metaforicamente esse livramento salienta a importância da redenção da escravidão do pecado na vida de todo aquele que é remido por intermédio de Cristo, representado pelo cordeiro pascal (Ex 12.1-14). 2 – O estabelecimento do pacto de Deus com o seu povo. O pacto fundamentou-se no fato de que Deus, tendo redimido Seu povo, tinha o direito de esperar dele aliança e lealdade. (referencias a redenção sobre o qual o pacto se baseia: Ex 19.04-06; 20.02; 22.21; 23.9-15). Para Deus, os remidos se tornaram o povo de Seu pacto, e Ele prometeu protege-los e dirigi-los. Em troca, eles deveriam obedecer á Sua lei.
3 – A Lei que Deus deu ao Seu povo através de Moisés. A declaração do pacto inicia-se com o grande sumario da lei moral dos Dez Mandamentos, e apresenta a seguir varias leis importantes para a vida daqueles que são destinados a formar uma nação santa e um povo consagrado a Deus.
4 – O culto a Deus, reverencia, participações e o tabernáculo. Esse tema é referido em Ex. 3.5-6 e nas regras da Páscoa no cap. 12, que estabeleceram na mente das gerações subseqüentes a natureza da redenção de Deus e a necessidade de participação individual e pessoal. A questão de reverencia é tratada especialmente nos cap. 25-31, que descrevem os preparativos para a construção do tabernáculo e a separação dos sacerdotes, e no relato da construção do tabernáculo nos cap. 35-40;

IV - Conteúdo

A – Hebreus no Egito (Ex 01.01; 12.36)

1 – A opressão

a – Os descendentes de Jacó no Egito (Ex 01.15-22
b – Moisés nos é apresentado (Ex 1.15-22)

2 – Preparação dos representantes de Deus (Ex 02.01; 4.31)

a – Nascimento e educação de Moisés (Ex 02.1-10);
b - Moisés mata o egípcio e foge para Mídia (Ex 02.11-22)
c – Moisés é chamado por Deus (Ex 02.23; 03.22)
d – Deus concede poderes a Moisés (Ex 04.01.-17)
e – Moisés regressa aoa Egito (Ex 04.18-31)

3 – Moisés tenta tirar o povo do Egito

a - Moisés e Arão falam ao Faraó (Ex 05.01-05)
b – Faraó intensifica a opressão (Ex 05.06-14)
c – Moisés rejeitado por Israel e encorajado por Deus (Ex 05.15; 06.13)
d – Genealogias de Moises e Arão (Ex 06.14-27)
e – Moises fala novamente a Faraó (Ex 06.28; 7.3)

4 – Deus envia as pragas dez pragas (Ex 07.14; 11.10)

a – As águas tornam-se em sangue (Ex 7.14-25)
b – Rãs (Ex 08.01-15)
c – Piolhos (Ex 08.16-19)
d – Moscas (Ex 08.20-32)
e – Pestes nos animais (Ex 09.01-07)
f – Ulceras nos homens e nos animais (Ex 09.08-12)
g – Chuvas de pedras (Ex 09.13-35)
h – gafanhotos (Ex 10..01-20)
i – Trevas (Ex 10.21-29)
j – A morte dos primogênitos é anunciada (Ex 11.01.10)

5– A Páscoa é constituída (Ex 12.01.28)

6 – A décima praga é concluída: morte dos primogênitos (Ex 12.29-36)

B – Os hebreus no deserto (Ex 12.37; 18.27)
1 – A saída dos israelitas do Egito (Ex 12.37-51)
a – Consagração dos primogênitos (Ex 13.01-16)
b – Deus guia o povo pelo caminho (Ex 13.17-22)

2 – O Faraó busca reconquistar Israel (Ex 14.01; 15.21)
a – Perseguição contra Israel (Ex 14.01-14)
b – Travessia do Mar Vermelho (Ex 14.15-25)
c – Os egípcios perecem no mar (Ex 14.26-31)
d – Hino da vitória (Ex 15.01-21)

3 – No deserto as experiências (Ex 15.22; 18.27)
a - As águas amargas tornam-se doces (Ex 15.22-27)
b - Deus manda o Maná (Ex 16.01.36)
c - A água da rocha de Refidim (Ex 17.01-07)
d - Amaléque ataca os israelitas (Ex 17.08-16)
e – Jetro visita e aconselha a Moisés (Ex 18.01-27)

C – Os hebreus no Monte Sinai (Ex 19.01; 40.38)

1 – O Pacto Divino é estabelecido (Ex 19.01; 40.38)

a - Preparação do pacto (Ex 19.25)
b – Os dez mandamentos (Ex 20.01-16)
c – O temor do povo
d – Leis acerca dos altares (Ex 20.22-26)
e – Leis acerca dos escravos (Ex 12.01-11)
f – Lei acerca da violência (Ex 21.12-36)
g – Lei acerca da violência (Ex 22.01.15)
h - Leis civis e religiosas (Ex 22.16-31)
i - O testemunho falso e a injúria (Ex 23.01-05)
j – Deveres dos juizes (Ex 23.06-09)
k – O ano de descanso (Ex 23.10-11)
l – O sábado (Ex 23.12-13)
m – As três festas (Ex 23.14-19)

2 – A divina promessa (Ex 23.20-33)

3 – Deus fez aliança com Israel (Ex 24.01-11)

4 – As instruções de Deus no Monte (Ex 24.12; 31.18)

a – Moisés e os anciãos sobem o Monte Sinai (Ex 24.12-18
b – Direções para a construção do tabernáculo (Ex 25.01; 27.21)
c – Direções quanto ao sacerdócio (Ex 28.1; 29.46)
d – Instruções suplementares (Ex 30.01; 31.18)

5 – Um povo idólatra

a – O bezerro de ouro (Ex 32.01-06)
b – A ira de Deus (Ex 32.07-10)
c – Moises intercede pelo povo (Ex 32.11-24)
d – Moises manda matar os idólatras (Ex 32.25-29)
e – A segunda intercessão de Moisés (EX 32.30-35)
f - O anjo de Deus guiará o povo (Ex 33.01-23)

6 - O pacto restabelecido (Ex 34.02; 35.3)

a - As segundas tabuas da lei (Ex 34.01-09)
b – A Lei. Desdobramento do Decálogo (Ex 34.12-28)
c – As Três festas (Ex 34.18-28)
d – O rosto de Moisés resplandece (Ex 34.29-35)
e – O sábado (Ex 35.01-03)

7 – Construção do tabernáculo (Ex 35.04; 40.38)

a - Ofertas para o tabernáculo (Ex 35.4.29)
b – Obreiros para o tabernáculo (Ex 35.30; 36.07)
c – As partes do tabernáculo (Ex 36.08; 38.20)
d – Os custos do tabernáculo (Ex 38.21-31)
e – As vestes dos sacerdotes (Ex 39.01-31)
f – Os utensílios do tabernáculo são terminados e apresentados (Ex 39.32-43)
g – Deus manda Moisés levantar o tabernáculo (Ex 40.01-15)
h – O tabernáculo é levantado (Ex 40.16-33)
I – Manifestação divina de aprovação (Ex 40.34-38)

V – A seção legal

As leis do livro de Êxodo tem como objetivos principais:
a – estabelecer regras detalhadas para a conduta das pessoas em muitas situações, originando ordem e justiça entre os homens.
b – Regular o relacionamento dos redimidos com Deus.
Outros códigos de lei tem sido descobertos, alguns bem mais antigos que o de Êxodo, como o Código de Hamurabi, rei da Babilônia, encontrado em 1901 (XVIII a.C) - um código sumérico cerca de 02 séculos mais antigo, e um outro babilônico mais velho ainda; o código Hitita (XIV a.C), e as leis Assírias (XII a.c).
Um exame da natureza desses códigos em relação a Êxodo demonstra que uma diferença principal entre esses códigos e Êxodo é o fato de que os outros códigos são estritamente seculares, exceto quando ocasionalmente mencionam os privilégios ou responsabilidades dos sacerdotes. Êxodo, por outro lado, é pesadamente religioso: inclui regras para sacrifícios, festivais anuais e outros serviços religiosos.

1 – As duas leis em Êxodo

Algumas semelhanças são também encontradas entre as leis de Êxodo e as de certos códigos, como por exemplo, a existência de dois tipos de lei, casuística e apodictica, nos códigos hititas e nas leis da Ásia Menor.
a - Leis casuísticas
Essas leis também chamadas de leis de sentença, referem-se a situações específicas, e formulam uma sentença á qual o criminoso deve ser submetido em tais situações. Estas leis geralmente iniciam com a partícula “se” introduzindo a descrição geral da situação. Ocasionalmente a partícula “se” ocorre, acrescentando detalhes mais específicos da situação e introduzindo juntamente uma declaração da pena apropriada.
b - Leis apodicticas
Essas leis consistem em declarações categóricas sobre os crimes, geralmente sem se referir á pena, como nos dez mandamentos, más também acrescentando-a em certas ocasiões e simplesmente terminando a declaração com a frase “ele ser morto”, ou precedendo-a com a frase “amaldiçoado seja aquele que...” Albert Alt, o estudioso que sugeriu a divisão das leis do Antigo Testamento, nesses dois tipos, é de opinião que as leis casuísticas do Pentateuco, foram extraídas das leis cananitas, enquanto as leis apodícticas são de origem especificamente judaica. Alegando que ambos os tipos de leis são encontrados também nos tratados hititas e nas leis da Ásia Menor, Mendenhall refuta essa declaração. As porções seculares das leis indicam contatos com as leis de períodos anteriores; contudo, segundo os conservadores, esse fato não coloca em questão a autenticidade das leis recebidas por Moisés.

2 – Principais grupos de seções legais de Êxodo

As seções legais de êxodo são extensivas e detalhadas. Os principais grupos são:
a – As leis dadas antes no Sinai.
b – Os Dez Mandamentos.
c – O livro do Pacto.
d – Regulamentações para o tabernáculo e estabelecimento do sacerdócio.
e – O Decálogo ritual.

2.1 - As leis dadas antes no Sinai
(compreendem a Lei da Páscoa, a Lei da Consagração dos primogênitos e a Lei do Maná). Em Ex 12.03-13 – O senhor deu ordens explicitas quanto a cerimônia da Páscoa e em Ex l1.13-49 e 13.01-16, estabeleceu regras permanentes a respeito do grande festival anual e da consagração dos primogênitos. A Lei do Maná, em Ex 16.16; 23.33, estava relacionada á necessidade imediata de regular a arrecadação e o uso da comida.

2.2 – Os Dez Mandamentos ou Decálogo (em hebraico, as Dez Palavras), estão contidos em Ex 20.01.-17, e são repetidos com pequenas diferenças em Dt 05.06-21. O caráter especial dos Dez Mandamentos, dizem os estudiosos bíblicos, reside:
a - No fato de que eles foram “escritos pelo dedo de Deus” nas tábuas de pedra (Ex 31.18; 32.16; Dt 09.10)
b – No fato de que foram recitados para a nação de Israel, como um todo
Isto esta implícito em Ex 20.18-19, e é explicitamente declarado em Dt 05.04. Os Dez Mandamentos distinguem-se das outras seções legais quanto a seu caráter sintético e formal de apresentar as leis. Esta seção consiste em um sumário das leis éticas, com poucos detalhes explicativos. Pena nenhuma é mencionada para a infração dos mandamentos. A questão da originalidade dos Dez Mandamentos tem sido motivo de controvérsia entre os eruditos. Willhausen e outros críticos afirmam que os Dez Mandamentos representam uma forma desenvolvida de lei, que dificilmente teria existido até o tempo do ultimo reino israelita. A diferença de redação entre o mandamento de Sabá em Ex 20.08-11, e sua contrapartida em Dt 05.12-15, indica que o mandamento original era ou mais longo, incluindo assim ambas as formas, ou mais resumido, sendo apresentado, portanto, em forma de sinóptico. Os que acreditam na plena inspiração das escrituras afirmam que os Dez Mandamentos incluem todas as palavras de ambas as passagens.

Quanto a enumeração, há três formas principais:
1 – a enumeração de Josefo (Antiq.III.c.6, séc.5)
2 – a enumeração do Talmude;
3 – a enumeração de Agostinho.


A maioria das igrejas protestantes não-luteranas e a igreja grega seguem a enumeração de Josefo, o historiador. A igreja católica romana e a maioria dos luteranos seguem a enumeração de Agostinho.
A disposição dos mandamentos nas tábuas tem sido motivo de polêmica:
1 – Agostinho sugeriu que os três primeiros mandamentos estavam na primeira tabua, e os outros sete na segunda;
2 – Calvin o sugeriu que os quatro estavam na primeira e seis na segunda.
3 – Filo e Josefo afirmaram explicitamente que havia cinco mandamentos em cada tabua.

2.3 – O livro do Pacto corresponde á porção de Ex 20.22 a 23.33.
Essas leis abordam uma variedade de assuntos religiosos, morais, comerciais e humanitários. O livro do Pacto inicia-se com uma reiteração da advertência contra a idolatria e segue com as instruções sobre tipos de altares (ex 20.24; 16). Princípios humanitários proporcionam o tema da próxima seção, na qual são tratados problemas de relacionamento entre mestre e servo, preservação de propriedades de danos pessoais e preservação específicos contra imoralidade, bestialismo, espiritismo, hostilidade ao fraco e oprimido, etc. Esse livro ainda consiste basicamente em leis casuísticas, contudo seu propósito não é o de fornecer um conjunto completo de leis para todos os diferentes tipos de problemas que possam eventualmente surgir, e, sim, indicar o tipo de punição que deve ser efetuado em algumas situações comuns.

2.4 – Regulamentações para tabernáculo e o estabelecimento do sacerdócio estão contidas entre ex 25.01 e 31.17. Durante os 40 dias e 40 noites que Moises permaneceu no Monte, o Senhor deu-lhe instruções quanto ao sistema israelita de adoração. Planos para a construção do tabernáculo, bem como, de sua mobília e utensílios, foram estabelecidos com precisão. Segue uma descrição do uso e da natureza de implementos usados pelos sacerdotes, tais como: a bacia de bronze para as sagradas oblações, e a preparação do perfume e do óleo sagrados (Ex 30.17-38). Depois de seguidas instruções desses versos, homens contemplados com o Espírito de Deus eram apontados para construir e toda a sua mobília. (Ex 31.01). As descrições do santuário, do sacerdócio e da forma do culto são seguidas por aquelas dos tempos e períodos sagrados (Ex 31.12). Sobre tempos sagrados há aqui referencia somente ao sábado, e outros regulamentos são apresentados no que concerne ás suas origens. A preparação do tabernáculo devia ter começado quando Deus entregou a Moisés as tabuas da lei, se o seu progresso não tivesse sido interrompido pelo ato de idolatria por parte do povo, e pelo seu conseqüente castigo pela ofensa, o que é o tema da narrativa nos cap. 32.35. Contraria e se opõe a tudo o que tinha sido feito por Jeová para Israel e na presença de Israel, a terrível apostasia deste último manifesta da maneira mais melancólica, como um significante fato profético, que incessantemente repetido na historia de gerações subseqüentes. A narrativa disso, esta intimamente ligada aos relatos precedentes a misericórdia e gratuita fidelidade de Jeová de um lado, e a descarada ingratidão de Israel do outro, intimamente associadas. Esta conexão forma a idéia central de toda a história da teocracia. Somente após a narrativa desse significativo evento é que o relato sobre a construção e o término do tabernáculo pode proceder (Ex 35; 40). Tal relato se torna mais circunstancial a medida que o assunto mesmo ganha maior importância. Acima de tudo, é fielmente demonstrado que tudo fora executado segundo os mandamentos de Jeová. Na História descritiva de Êxodo um plano fixo de conformidade com os princípios apresentados antes, é consistente e visivelmente carregado – através de todo o livro, dando-nos assim a mais certa garantia da unidade de ambos: livro e autor.

5 – O Decálogo Ritual

(consiste em um grupo de leis dado em Ex 34.10-28). Alguns dos Dez Mandamentos e algumas das ordenanças religiosas do livro do Pacto são repetidos neste trecho, exceto as leis casuísticas. A relação do Decálogo Ritual aos textos paralelos é assunto polemico. A teoria de que esta passagem é a mais antiga do que os Dez Mandamentos propriamente ditos é bastante aceita.

IV – Os milagres

O livro de Êxodo descreve um dos grandes períodos de miraculosa intervenção divina nas Escrituras.
1 – A Classificação dos Milagres
Os milagres deste livro podem ser classificados em três grupos:
a – milagres que provaram aos israelitas que Moisés tinha sido realmente enviado por Deus.
b – milagre das pragas que caíram sobre o Egito como castigo.
c – milagres de providência e proteção divina no deserto.
O milagre da sarça ardente, primeiro incidente de ordem sobrenatural do livro de Êxodo, não pertence a nenhum desses três grupos. Nesse incidente, Deus comunicou-se particularmente com Moisés, revelando-lhe a sua missão.

1.1 - Milagres que provaram a autenticidade da missão de Moisés
Eis que encontramos entre os milagres que dão autenticidade a missão de Moises, o seguinte:
a – a transformação da vara em serpente e vice-versa;.
b – o fenômeno da mão de Moisés que repentinamente se tornou leprosa e foi restaurada em seguida.
c – o fenômeno da transformação da água em sangue.

1.1.2 – O caráter sobrenatural dos fenômenos
Com exceção da décima, as pragas do Egito até certo ponto consistiram em fenômenos que poderiam ocorrer naturalmente naquela região.  Contudo, quatro aspectos peculiares dessas pragas provam o caráter sobrenatural desses fenômenos, a saber:
a – a intensidade – foram fenômenos extremamente severos;
b – a aceleração – aconteceram num curto período de tempo.
c - a especificação – a terra de Gosén não foi atingida por certas pragas;
d – a predição – Moisés podia prever quando a praga ocorreria.
O caráter miraculoso da décima praga consistiu na intervenção divina fornecendo instruções aos israelitas sobre como proceder para que a vida dos seus primogênitos fosse poupada.

1.2 – Milagres de proteção e providencia divina no deserto
Eis que entre os milagres de proteção e providencia divina no deserto, encontramos:
a – a travessia do Mar Vermelho;
b – a coluna de nuvem durante o dia, e a coluna de fogo a noite, que guiaram o povo de Israel no deserto.
c – a provisão de água em Mara e Refidim.
d - provisão de alimento: codornizes e o Maná.
e – a entrega dos Dez Mandamentos.

VII – Considerações finais

Embora tenhamos feito uma análise profunda do Livro de Êxodo acima, é aceitável a possibilidade da cronologia do êxodo (a saída do povo) tenha ocorrido da seguinte forma:

1 – A saída do Egito

1875 a.C. - Jacó e família entram no Egito - Gn 46.1-6, 26-27. Seriam os faraós Senusert II e III. Deveriam ser hicsos. Os hicsos eram asiáticos seminômades de origem semítica. Usavam carruagens puxadas por cavalos, uma nova arma naquela época. Muito provavelmente os hicsos (reis pastores) favoreceram o povo de Deus e que foi sua expulsão que causou a opressão pelos egípcios. 1804 a.C. - Morte de José aos 110 anos (1914-1804 a.C.) - Gênesis 50.26 e Êxodo 1.6. Foram anos de prosperidade em Gósen. Vejamos Êxodo 1.7.
1750 a.C. - Surge um novo rei (Êx 1.8), Amosis I que teria deposto os hicsos. Amosis I foi o primeiro rei da 18ª dinastia do Egito. Foi um período de 125 anos de escravidão.
1525 a.C. - Nascimento de Moisés (tirado das águas) - Êx 2.1-10 (Tutmés I era faraó e Hatshepsut a princesa que adotou Moisés).
1485 a.C. - Fuga de Moisés para Midiã aos 40 anos - Êx 2.11-22; At 7.23 (Tutmés III)
1445 a.C. - Êxodo do Egito - Êx 12.37-41; At 7.30 - 430 anos depois da entrada no Egito; 305 anos (1750-1445) ou 125 anos (1570-1445) de escravidão. O faraó que endureceu seu coração foi Amenófis II - Êx 4.21; 7.3,13,23; 8.15,19.32; 9.7,12,34,35; 10.1,20,27; 11.10; 14.4,17. Há alguns teólogos que acham que era Ramssés II, colocando o êxodo, evento histórico, entre 1290 e 1240 a.C.
1444 a.C. - Chegada ao Monte Sinai, três meses depois da saída (Êx 19.1). Saída do Monte Sinai, onze meses e vinte dias depois da chegada (Nm 10.11,12)

2 – Por que a preferência do êxodo em 1445 a.C.?

1445 a.C é a data preferível do que à data de 1290 a.C., pois combina com 1Reis 6.1, que ocorreu em 965 a.C.; com Juízes 11.26, que indica 300 anos de residência em Canaã antes de Jefté; e com Atos 13.17-20 que indica que Israel passou 450 anos em Canaã antes de Samuel, que morreu por volta de 1020 a.C. A data de 1290 a.C. é dada por alguns por causa de Êxodo 1.11 (a construção das cidades de Pitom e Ramsés), mas o nome “Ramsés” deriva do deus-sol “Ra”, e possivelmente foi usado bem antes do nascimento desse particular faraó popular e forte (1.11; 12.37). Antes de ser nome deste faraó, uma pessoa histórica, foi aplicado a outras pessoas.

3 - A figura de Moisés

Moisés é a figura humana dominante no livro (o sujeito do livro é Deus). Seus 120 anos (Dt 34.7) dividem-se em três períodos de 40 anos (At 7.23,30,36):
1 - 40 anos no Egito – Segundo filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi. Formação religiosa no lar paterno (Êx 2.9-10); formação intelectual, política, militar na corte de faraó.
2 - 40 anos no deserto de Midiã - Casado com Zípora, filha de Jetro (Reuel), o sacerdote (Êx 2.11-3.1); com ela tem dois filhos, Gérson e Eliézer (Êx 18.1-4).
3 - 40 anos liderando o povo. Agiu como servo do Senhor (Dt 34.5; Hb 3.5); como profeta (Dt 34.10,11); como sacerdote (Êx 32.11,14,30; 33.11; Nu]m 12.6-8); como juiz (Êx 18.13); como ensinador (Êx 18.16; Dt 4.5); como líder e legislador (Êx 14.15; Jo 1.17; At 7.36).

4 - A religião do Egito

As divindades mais importantes tinham imensos templos. Seus sacerdotes, bem como os sábios e encantadores magos (Êx 7.11), exerciam grande poder sobre o povo e os políticos egípcios. A circuncisão era um dos seus ritos mais notáveis. Aliás, esta prática era comum aos povos antigos. Todas as religiões praticadas no Egito criam na vida após morte. Por isso havia tantos preparativos para o sepultamento. Os faraós e os ricos construíam grandes túmulos para preservar suas múmias e guardar seus bens materiais que eles acreditavam iriam acompanhá-los na vida futura.

5 - O motivo das dez pragas

Houve quatro razões pelas quais pragas que fustigaram o Egito:
a - Livrar o povo de Deus da escravidão.
b - Demonstrar o poder de Deus aos egípcios e a Israel.
c - Castigar os egípcios por sua crueldade.
d - Desmascarar as divindades egípcias.

6 – O significado das dez pragas:

a - Sangue - Êx 7.14-25 - contra Knum - guardião do Nilo, e Haspi - espírito do Nilo
b - Rãs - Êx 8.1-15 - contra Hect - deus da ressurreição (com aspecto de rã)
c - Piolhos - Êx 8.16-19 - Provavelmente contra o escaravelho sagrado (inseto)
d - Moscas - Êx 8.20-32 - Idem
e - Peste nos animais - Êx 9.1-7 - contra Hator - deusa mãe (com forma de vaca); Apis – o touro do deus Ptá, que era símbolo da fertilidade, e Mnevis, o touro sagrado de Heliópolis
f - Úlceras - Êx 9.8-12 - contra Imotep, o deus da medicina
g - Saraiva - Êx 9.13-35 - contra Nut, a deusa do céu; contra Ísis, a deusa da vida, encontra Set, o protetor das colheitas
h - Gafanhotos - Êx 10.1-20 - contra Ísis, deusa da vida; contra Set, o protetor das colheitas
i - Trevas - Êx 10.21-29 - contra Rá, Aten, Atum, Horus, todos eles deuses do sol
j - Morte do primogênito - Êx 11.1-12.36 - contra a divindade do faraó; contra Osíris, o deus da vida.

Assim se vê que em cada praga Deus humilhou as divindades egípcias. Como já fizemos um estudo sobre a páscoa, não vamos comentar este tópico. Mas lembremos a grande lição de Êxodo: o livramento vem pelo sangue. Comparemos com Hebreus 9.22, e lembremos da cruz de Jesus.

7 - Cristo Revelado

Moisés é um tipo de Cristo, pois ele liberta da escravidão. Arão funciona como um tipo de Jesus revelado. Mesmo assim como o sumo sacerdote (28.1) faz intercessão junto ao altar do incenso (30.1). A Páscoa indica que Jesus é o Cordeiro de Deus que foi oferecido pela nossa redenção (12.1-22). As passagens “EU SOU” no evangelho de João encontram a sua origem primeira no livro de Êxodo. João afirma que Jesus é o Pão da Vida;
Moisés fala de duas maneiras do pão de Deus: o maná (16.35) e os pães da proposição (25.30).
João nos conta que Jesus é a luz do Mundo;
No tabernáculo, o candelabro serve como fonte de luz permanente (25.31-40). O Espírito Santo em Ação. No Livro de Êxodo, o óleo representa, de forma simbólica, o Espírito Santo. Por exemplo, o óleo da unção é um tipo do Espírito Santo, o qual é utilizado pra preparar tanto os fiéis como os sacerdotes para o culto divino (30.31). O Fruto do Espírito Santo está listado em Gl 5.22,23. Uma listagem paralela também pode ser encontrada em Ex 34.6,7, que descreve os atributos de Deus como compassivo, clemente, longânimo, bom, fiel, e perdoador. As referências mais diretas ao Espírito Santo podem ser encontradas em 31.3-11 e 35.30-36.1, quando cidadãos individuais são capacitados a tornarem-se exímios artífices. Através da obra capacitadora do Espírito Santo. As habilidades naturais destas pessoas foram enriquecidas e aumentadas a fim de que executassem as tarefas necessárias com excelência e precisão.

8 – Quadro comparativo das idades

Idade comparada dos anti-diluvianos, dos patriarcas e da era do reino

De Adão a Noé............................................... 900 - 1000 anos
De Noé a Abraão............................................ 200 - 600 anos
Os patriarcas................................................... 100 - 200 anos
Era do Reino..................................................... 70 anos em média


9 – Quadro cronológico dos patriarcas

Cronologia dos Patriarcas:

a. C      -      Fato         -       Livro
2166 - nascimento de Abraão - Gn 11.26
2066 - nascimento de Isaque - Gn 21.05
2006 - nascimento de Jacó - Gn 25.26
1991 - morte de Abraão com 175 anos - Gn 25.07
1915 - nascimento de José - Gn 30.23-24
1898 - José vendido ao Egito com 17 anos - Gn 37.02,28
1886 - Isaque morre aos 180 anos - Gn 35.28
1876 - Jacó muda-se para o Egito, c/ 130 anos, José c/39 anos - Gn 47.09
1859 - Jacó morre c/147 anos (17 anos após entrar no Egito) - Gn 47.28
1805 - José morre aos 110 anos - Gn 50.26

10 – Quadro dos eventos de Gênesis que levaram ao Êxodo

Eventos de Gênesis que levaram ao Êxodo

Fatos  -  Livros

Os sonhos de José prediziam sua ascensão ao poder - Gn 37.05-10
Os invejosos irmãos de José vendem-no ao Egito - Gn 37.27 ss
No Egito, José é lançado na prisão - Gn 41
José torna-se a segunda autoridade do Egito - Gn 41.42 ss
A fome força Jacó e sua família a migrar de Canaã para o Egito - Gn 46
Israel, nação pequena, é escrava der um Faraó que não conhecera José - Ex 01
Aparecimento de Moisés - Ex 02
Israel, saiu do Egito com 3 milhões de pessoas (600 mil são guerreiros) - Nm 01.46

VIII - Citações de Êxodo no Novo Testamento

Mt 05.21 (Ex 20.13); 05.27 (Ex 20.14); 05.38 (Ex 21.24); 15.04 (Ex 20.12; 21.17); 19.19 (Ex 20.12); 22.32 (Ex 03.06); 26.28 (Ex 24.08)
Mc 07.10 (Ex 20.12;21.17);10.19 (Ex 20.12-16); 12.26 (Ex 03.06; 14.24 (Ex 24.08)
Lc 02.23 (Ex 13.12); 18.20 (Ex 20.12-16); 20.37 (Ex 03.06); 22.20 (Ex 24.08)
Jo 06.31 (Ex 16.04); 19.36 (Ex 12.46)
At 03.13 (Ex 03.06); 04.24 (Ex 20.11); 07.06 ss (Ex 02.22); 07.07 (Ex 03.12); 07.15 (Ex 01.06; 07.17 (Ex 01.07 ss); 07.19 (Ex 1.9 ss; 01.18); 07.20 (Ex 02.02); 07.21 (Ex 02.05,10); 07.23 (Ex 02.11); 07.24 (Ex 02.12); 07.27ss (Ex 02.13 ss); 07.29 (Ex 02.15,22); 07.30 (Ex 03.03; 07.32 (Ex 03.06); 07.33 (Ex 03.05); 07.34 (Ex 02.24; 03.07 ss. 10); 07.35 (Ex 02.14; 07.36 (Ex 07.03); 07.40 (Ex32.1,23); 07.41 (Ex 32.4,6); 07.44 (Ex 25.01,40); 07.51 (Ex 33.03,05); 13.17 (Ex 06.01,06); 14.15 (Ex 20.11) 23.05 (Ex 22.28)
Rm 07.07 (Ex 20.14,17); 09.15 (Ex 33.19); 09.17 (Ex 09.16); 09.18 (Ex 07.03; 09.12; 14.04,17); 13.09 (Ex 20.13 ss. 17)
1 Co 05.07 (Ex 12.21) 10.07 (Ex 32.06); 11.25 (Ex 24.08)
2 Co 03.03 (Ex 31.18; 34.01); 03.07,10,13,16 (Ex 34.29 ss; 34 ss); 3.18 (Ex 24.17); 08.15 (Ex 16.18)
Ef 06.22 (Ex 20.12)
Hb 08.05 (Ex 25.40; 09.20 (Ex 24.08); 09.23 (Ex 02.02); 09.24 (Ex 02.11); 09.28 (Ex 12.21 ss); 12.19 (Ex 19.16); 12.20 (Ex 19.12 ss)
Tg 02 11 (Ex 20.13 ss)
1 Pe 02.09 (Ex 19.05 ss; 23.22)
Ap 01.04 (Ex 03.14); 01.06 (Ex 19.06); 01.08 (Ex 03.14); 03.05 (Ex 32.33); 04.01 (Ex 19.16,24); 04.05 (Ex 19.16); 04.08 (Ex 03.14); 05.10 (Ex 19.06); 08.05 (Ex 19.16); 08.07 (Ex 09.24); 08.08 (Ex 07.19) 09.03 ss (Ex 10.12,15); 11.06 (Ex 07.17.19); 11.15
(Ex 15.18); 11.17 (Ex 03.14); 11.19 (Ex 19.16); 14.07 (Ex 20.11); 15.03 (Ex 34.10)
15.05 (Ex 40.34); 15.08 (Ex 40.34 ss); 16.02 (Ex 09.09 ss); 16.03 (Ex 07.20); 16.04 (Ex 07.20); 16.05 (Ex 03.14; 16.10 (Ex 10.22); 16.13 (Ex 08.03); 16.18 (Ex 19.16); 16.21 (Ex 09.24)


Titulo: Livro de Levitico
Autoria: Tradicionalmente, Moisés
Data: 1445 a 1405 a.C
Versículo-chave: Lv 11.44,45
Palavra-chave: Santidade de Deus: vós sereis santos, Porque “Eu Sou Santo”

Introdução

O livro de Levítico é um livro que descreve os sistemas de adoração e conduta levítica. Fala da Santidade de Deus e a Sua exigência para que, os sacerdotes, levitas e do povo do antigo Israel assim se apresente: santos. Trata-se de um livro como todos do Pentateuco, que é motivo de polemicas e criticas, em relação a vários pontos. Por essa razão, analisemos os fatos.

Título

O titulo Levítico derivou-se da Vulgata Latina Leviticus, que por sua emprestou o vocábulo da Septuaginta (LXX) grega (Leuitikon). Seu nome em hebraico é Wayyiqra, que é a palavra inicial do livro e significa: “Ele chamou”. Entretanto, o que mais representa o conteúdo do livro de Levítico, são os títulos que o representam conforme é também conhecido na Mishnah, “lei dos sacerdotes”, “ livro dos sacerdotes“ e “lei das oferendas”; na Pesh, de “o livro dos sacerdotes” e no Talmude, de “lei dos sacerdotes”.

I – A caracterização geral.

Na formação do Pentateuco, o livro de Levítico é o terceiro; finda principalmente a legislação sacerdotal sobre um considerável numero de assuntos, conforme se pode ver na lista a seguir:
1 – Os sacrifícios (Lv 01.01; 6.7)
2 – O sacerdócio (Lv 06.08-10)
3 – As purificações (Lv Caps. 11-15)
4 – As estações sagradas (Lv caps.16-23)
5 – O preceito acerca da ingestão de carnes (Lv cap. 17)
6 – As questões que envolvem o casamento e castidade (Lv cap. 18)
7 - O ano sabático e o ano do jubileu (Lv cap. 25)
8 – Os votos e os dízimos (Lv cap. 27)

Os eruditos liberais não acreditam na autoria mosaica desse tipo de material. Eles pensam que o livro representa os labores do sacerdócio, no decurso de muitos séculos;
Os sacerdotes levíticos teriam reunidos e compilado esse material, com base em costumes posteriores. Aqueles eruditos designam fontes de materiais como esses de P, a forma inglesa abreviada de “priestly”; Nós traduzimos essa abreviatura por “S”, do termo português “sacerdotal”. Os estudiosos liberais datam esse material do séc. VI a.C., quando o sacerdócio levítico consolidou sua organização e sua produção literária. O código de santidade seria o verdadeiro responsável pelos caps. 17 – 26 do livro de Levítico. Acredita-se que, o livro de levítico em sua forma presente (resultante da compilação), veio à tona tão posteriormente quanto 500 a.C. (a questão da data discutiremos a seguir). O judaísmo ortodoxo e os historiadores encontram muito valor no livro de Levítico, mas, no tocante á aplicação de princípios ali exarados, há pouca utilidade em nossos dias, exceto no que diz respeito aos tipos simbólicos. Isto serve de ilustração sobre como algo importantíssimo na fé e pratica religiosa pode vir a tornar-se obsoleto, conforme o avanço no conhecimento.

II – A data e a autoria da escrita

A autoria do livro não é atribuída a Moisés em nenhuma passagem do livro. Aqueles que acreditam na plena inspiração das Escrituras dizem: “Devemos o conteúdo do livro à divina revelação dada a Moisés no Sinai”. Essa atitude não resolve o problema da autoria de levitico, más serve como base para a teoria conservantista que tenta resolvê-lo. Para os críticos, a questão da autoria do livro se esclarece através da teoria documentária que envolve a composição do Pentateuco como um todo.

1 – A visão conservantista

Embora o livro não registre o nome do seu autor, uma comparação entre Ex 40.01-17 e Nm 01.01, sugere que essas leis pertencem ao primeiro mês do segundo ano depois do êxodo. Por conseguinte, o contexto dessas leis é claramente a revelação dada por Deus a Moisés no Sinai. Por outro lado, a declaração de Lv 16.01, de que a lei para o Dia da Expiação fora dada depois da morte de Nadabe e Abiu, recontada no cap. 10, mostra que o material não fora organizado com ênfase na cronologia, más na lógica. Talvez um escritor tenha organizado o material mosaico do qual Levitico é constituído, mas não há razão para acreditar que o próprio Moises não tenha preparado as leis. Os conservadores acrescentam que o ponto de vista crítico envolve a existência de um autor posterior, de caráter fraudulento, que inventou um cenário histórico para todas as leis e narrativas a fim de atingir seus objetivos.

2 – A visão critica

Segundo a teoria documentária, Levítico é inteiramente produto de P, a fonte mais recente do Pentateuco, e de S, o código de Santidade. O documento P (S), ou Código Sacerdotal, originou-se por volta de 500 a.C., mas sua redação prolongou-se até o séc. IV a. C. Os documentos J, E e D, juntamente com P, que serviram de base para a composição do Pentateuco, não foram usados pelo compilador de Levítico. O documento (S) originou-se por volta de 570 a.C., por um autor “semelhante a Ezequiel” em pensamento e forma de expressão”. Devido ao fato de que Ezequiel trata, até certo ponto, do tema da santidade, o de que muitas das leis de “S” são paralelas às leis encontradas no livro de Ezequiel, alguns dos eruditos sugerem que Ezequiel tenha compilado “S”.  Não obstante, há mais probabilidade de ambos, Ezequiel e “S”, tenham sido derivados das mesmas fontes de leis e costumes para satisfazer circunstâncias semelhantes. As leis de “S”, como as de “P”, consistem na compilação de leis conhecidas e na classificação de costumes existentes, que até aquela época não haviam registrado na literatura. Muitas das práticas legais são conhecidas de outros códigos mais antigos, embora os detalhes variem em alguns pontos. A data de “S” (570 a.C) mencionada anteriormente é uma sugestão baseada nas evidências internas e na intima associação com Ezequiel, todavia a questão da prioridade em tempo entre Ezequiel e “S” não é definida. O material de “S” foi incorporado a Levitico pelo compilador de “P” por volta de meados do séc. v a.C., que adicionou ao material, comentários e notas próprias, a fim de atribuir a “S” o estilo de “P”.  A despeito disso, o caps. 17-26, que constituem o Código de Santidade, distinguem-se do Código Sacerdotal em muitas formas. No material “S” as leis são colocadas num quadro de exortação no qual as passagens têm por lema a santidade de Jeová e a necessidade de santidade por parte de Seu povo, que deve guardar seus estatutos. Israel deve lembrar-se da intervenção divina e evitar a infiltração de coisas impuras, principalmente a idolatria cananita. O tema da santidade é tratado também em outros códigos, mas em nenhum outro é tão difundido como nessa passagem de Levitico. Alguns problemas discutidos em “P” são também encontrados em “S” ocasionalmente com tratamentos diferentes. Os caps. De “S” possuem uma estrutura unificada: iniciam com leis de sacrifícios e terminam com uma exortação. Os assuntos tratados nesses capítulos são extremamente variados, estendendo-se de comida animal, pureza sexual, santidade sacerdotal e calendário festivo, a detalhes de sacrifícios e de leis morais e religiosas. Examinando o livro de um ponto de vista formalista, alguns críticos concluem que Levítico é o resultado de estágios sucessivos de composição. M. Noth afirma que somente os capítulos 08-10 pertencem ao documento “P”. O restante do livro pertence a tradição oral, ou a outras fontes desconhecidas. Ele ainda declara que há numerosos detalhes no livro que diferem drasticamente dos relatos do documento “P”. Acrescenta ainda que tais diferenças levam-no a concluir que as porções não-narrativas do livro possuem história independente, tendo sido inseridas posteriormente nas partes narrativas. Ele e outros críticos que defendem esse ponto de vista, atribui as regulamentações culturais e rituais a tradição oral.

III – Seus propósitos

A condição para que Jeová habite no meio do povo israelita, está exposta no livro de Levítico como um conjunto de leis e regulamentos os quais devem eles devem seguir. Com esse propósito o livro apresenta uma série de leis cultuais, civis e morais. Outros assuntos, como relações sociais, higiene e medicina, são trazidos a esfera da religião nesse livro. Lv 26.11-12 asseguram que o povo desfrutará da companhia de Jeová se obedecer a Seus estatutos e guardar Seus mandamentos. Portanto, o objetivo de Levítico era regular a vida nacional em toda a sua conduta e consagrar a nação de Israel a Deus.

IV - Conteúdo

A legislação do Sinai, cujo inicio se encontra em Êxodo, tem no livro de Levítico o registro mais prolongado é desenvolvido. O livro exibe um progresso histórico da legislação, consequentemente não se deve esperar uma exposição sistemática da lei nesse material. Há, contudo, certa ordem a ser observada, que se fundamenta na natureza do assunto em questão. De modo geral este livro está inteiramente associado ao conteúdo do livro de Êxodo, que conclui a descrição do santuário ao qual esta associada toda forma de culto externo descrita em Levítico.

A – Direções para aproximar-se de Deus (Lv 01.01; 16.34)
1 – Direções para sacrifícios sacerdotais (Lv 01.; 07.38)
a – Holocausto (Lv 01.01-17)
b – Oferta de manjares (Lv 02.01-16)
c – Sacrifícios da paz (Lv 03.01-17)
d – Sacrifícios pelos erros dos sacerdotes (Lv 04.01-12)
e – Sacrifícios pelos erros do povo (Lv 04.13-21)
f – Sacrifícios pelos erros de um príncipe (Lv 04.22-26)
g – Sacrifícios pelo erro de uma pessoa comum (Lv 04.27-35)
h – Sacrifícios pelos pecados ocultos (Lv 05.01-13)
i – Sacrifícios pelo sacrilégio (Lv 05.14-16)
j – Sacrilégios pelos pecados de ignorância (Lv 05.17-19)
l – Sacrifícios pelos pecados voluntários (Lv 06.01.-07)
m – Lei acerca dos holocaustos (Lv 06.08-13)
n – Lei acerca de oferta dos manjares (Lv 06.14-18)
o – A oferta na consagração dos sacerdotes (Lv 06.19-23)
p – Lei acerca da expiação pelo pecado (Lv 06.24-30)
q – Lei acerca da expiação pela culpa (Lv 07.01-10)
r – Lei acerca dos sacrifícios pacíficos (Lv 07.11-21)
s – Deus proíbe comer gordura e sangue (Lv 07.22-27)
t – A porção dos sacerdotes (Lv 07.28-38)

2 – Direções para consagração sacerdotal (Lv 08.01; 9.24)
a – A consagração de Arão e seus filhos (Lv 08.01-36)
b – Arão oferece sacrifícios por si mesmo e pelo povo (Lv 09.01-24)

3 – Direções sobre a violação sacerdotal (Lv 10.01-20)
a – Nadabe e Abiu morrem diante do Senhor (Lv 10.01-11)
b – Lei sobre as coisas santas (Lv 10.12-20)

4 – Direções para a purificação sacerdotal (Lv 11.01; 15.33)
a – Animais limpos e imundos (Lv 11.01-47
b – A purificação da mulher após o parto (Lv 12.01-08)
c – Leis acerca da praga da lepra (Lv 13.01-59)
d – Leis acerca do leproso depois de curado (Lv 14.01-32)
e – Leis acerca de lepra numa casa (Lv 14.33-57)
f – Leis acerca das excreções do homem e da mulher (Lv 15.01-33)

4 – Direções para o Dia da Expiação (Lv 16.01-34)
a – Instruções sobre como Arão devia entrar no santuário (Lv 16.01-10)
b – O sacrifício pelo próprio sumo sacerdote (Lv 16.11-14)
c – O sacrifício pelo povo (Lv 16.15-28)
d – Festa anual das Expiações (Lv 16.29-34

B – Direções para manter um relacionamento com Deus (Lv 17.01; 27.34)
1 – Direções para preservar a santidade (Lv 17.01; 22.33)
a – O lugar do sacrifício (Lv 17.01-09)
b – A proibição de ingerir sangue (Lv 17.10-16)
c – Casamentos ilícitos (Lv 18.01-18)
d – Uniões abomináveis (Lv 18.19-30)
e – Repetição de diversas leis (Lv 19.01-37)
f – Pena para diversos crimes (Lv 20.01-27)
g – Leis acerca dos sacerdotes (Lv 21.01-24)
h – Leis acerca de comer e oferecer sacrifícios (Lv 22.01.-33)

2 – Direções acerca das festas religiosas (Lv 23.01-25)
a – As festas solenes do Senhor (Lv 23..26-44)
b – O dia da Expiação (Lv 23.36-44)
3 – Direções para o tabernáculo e para o acampamento (Lv 24.01-23)
a – Lei acerca das lâmpadas (Lv 24.01-04)
b – Pães da proposição (Lv 24.05-09)
c – Pena para o pecado de blasfêmia (Lv 24.10-23)
3– Direções sobre a terra (Lv 25.01-55)
a – O ano sabático (Lv 25.01-07)
b – O ano jubileu (Lv 25.08.22)
c – Redenção da terra (Lv 25.23-34)
d – Não tomar usura dos pobres (Lv 25.35-38)
e – Escravidão (Lv 25.39-55)
4 – Promessas e advertências (Lv 26.01-46)
5 – Instruções sobre votos e dízimos (Lv 27.01-34)

V – Explicação sobre as Leis e a Expiação

1 – Leis sacrificiais

A – Holocaustos

O Holocausto era um sacrifício voluntário oferecido com a finalidade de assegurar ao ofertante o favor de Jeová. A oferenda consistia na queima de um animal. Ex. do seu uso encontram-se em ISm 13.09; 17.09; Sl 20.02

B – A oferta

A oferta de manjares, similarmente ao holocausto, era um sacrifício voluntário. Assim como um inferior oferece um presente a seu superior, como expressão normal de sua submissão e lealdade, também o devoto piedoso fazia ofertas a Deus. A eficácia do ato, no entanto, consistia no envolvimento de renúncia por parte do ofertante, daí a razão de ofertar comida.

C – A oferenda de par

A oferenda de par era também voluntária e expressava a humildade e submissão do ofertante em relação ao seu Divino Senhor.  Esse sacrifício, o único que podia ser comido por um sacerdote leigo, era motivado por um sentimento de apreciação e servia como expressão pública e moral de gratidão.
Peculiar a esta oferenda era o fato de que o animal não fazia expiação. (Lv 04.20,26,31,35 etc.).

D – A oferenda do pecado

A oferenda do pecado visava a expiação pela transgressão de algum mandamento e designava o sacrifício oferecido. “O sangue era o preço exigido para acalmar a ira divina.”

E – A oferta da culpa

A oferta da culpa envolvia a compensação de um dano causado pelo pecado. A compensação deveria ser feita diretamente à pessoa prejudicada ou ao santuário, por ocasião do sacrifício.

2 – Leis de purificação

– Animais puros e impuros
Essa era uma lei dietética que classificava como puros os alimentos considerados benéficos á saúde, como impuros os considerados nocivos.

B – Regulamentações sobre a lepra

A regulamentação sobre a lepra é encontrada nos caps. 13 e 14 do livro de levítico. Médicos modernos argumentam que a doença descrita nesses capítulos não é exatamente o mal de Hansen atualmente conhecido.

3 - O Dia da Expiação

A Expiação anual ensina que a culpa não é removida pela purificação individual dos vários pecados e impurezas. Um grande sacrifício cobrindo todas as impurezas deveria ser feito para acalmar a ira divina.

VI – A importância do livro

Boa parte da história hebraica é abrangida no valioso livro de Levítico, uma vez que, nele esta uma fonte informativa dos costumes nacionais, sagrados e seculares. Como documento religioso, Levítico é um livro indispensável para o judaísmo pós exílico. Mesmo atualmente, os judeus ortodoxos aí encontram suas regulamentações. Levítico segundo Hartford-Battersby, é o monumento literário do sacerdócio hebreu. Este livro fornece também um alicerce para todos os outros livros da Bíblia. Quaisquer referências as oferendas sacrifíciais, cerimônias de purificação ou regulamentação sobre o ano sabático e o ano do jubileu são explicadas em Levítico. Em Mt 22.40, Jesus disse que toda a lei e os profetas dependiam de Dt 06.05 e Lv 19.19. Ao curar o leproso, Jesus instruiu a seguir a lei concernente a lepra (Lv 14). Os apóstolos consideravam Levítico um livro divinamente inspirado, relacionado (profeticamente) à doutrina cristã. Por exemplo: os sacerdotes e sacrifícios associados ao tabernáculo prenunciam o trabalho de Cristo em relação ao céu (Hb 03.01; 04.14-16; caps. 09 e 10). A afinidade entre Levítico e o Novo Testamento se torna óbvia no livro de Hebreus, considerado por alguns um comentário sobre Levítico no N.T. De modo geral, os rituais e as idéias do livro influenciaram profundamente o cristianismo, e mesmo uma leitura casual do Novo Testamento evidencia tal influência.

VII – Subsídios

A – O que pensa F. Duane Lindsay (Leviticus in: The Bible knowledge commentary, 1985 pp 163-214. As crianças judias tinham como primeiro livro a ser estudado, o de Levitico, más, para os cristãos costuma ser o último do Bíblia. Esse livro é mencionado no N.T. por cerca de quarenta vezes, deveria traduzir para os crentes do novo Pacto, um grande significado, uma maior atenção. Mesmo desconsiderando o sentido dos tipos sacrifícios de Leviticos, este livro contém extensas revelações acerca do caráter de Deus – mormente de Sua santidade, de Seu amor selecionador e de Sua graça. Ademais, provê ricas lições acerca da vida santificada que Deus espera de Seu povo. Muitas passagens do Novo testamento, incluindo alguns conceitos-chaves da epístola aos Hebreus, não podem ser devidamente avaliadas se não tivermos um claro entendimento de suas contrapartidas no livro de Levitico

B – A Convicção

O santo Deus de Israel, Yahweh, falou ao povo de Israel, através de Moises, e proveu a Sua presença no tabernáculo (Ex. 40.34-38). A proximidade de Deus exigia todas essas normas, para que houvesse orientações e disciplina. Havia expiação, para que houvesse perdão, e havia a presença divina, para que houvesse comunhão com Deus. Em Cristo, porem, tudo isso foi substituído pela encarnação do Logos (Jô 01.01,14,18), e essa é a mensagem que, o Novo Testamento atribui ao antigo livro de Levítico.

C – Ritos especiais para propósitos especiais
1 – Quadro dos tipos

RITUAL

OFERTAS

Consagração de sacerdotes:
Ex. 29; Lv 8 Carneiro não-castrado queimado; carneiro para ordenação e rituais para oferta de pecado
Consagração do tempo:
II Cr. 29 70 touros; 100 carneiros não castrados; 200 cordeiros machos para ofertas queimadas
Desconsagração do nazireu
Nm 08.14-17 Cordeiro com 01 ano queimado; diversas ofertas de grãos; ovelha fêmea de 01 ano para oferta do pecado.
Purificação – juramento quebrado
Nm 06.09-12 Diversas aves sacrificadas; aves e um cordeiro macho sacrificial de 01 ano p/ofertas de pecado
Purificação – leprosos
Lv 14.12-20 Aves sacrificadas p/ofertas queimadas e o mesmo para ofertas de pecado
Purificação - pessoas com hemorragias: Lv 15.14-15;29.30 Cordeiro de 01 ano queimado (aves para os pobres); o mesmo para ofertas de pecado
Purificação após o nascimento de crianças: Lv 12.06-08 1/10 de efa de cevada oferecido em ritual, sem óleo e sem incenso. Efa = aprox. 4 litros
Teste do ciúme - Nm 05.15-16 1/10 de efa de farinha de trigo fina, ofertas de grãos
Ofertas diárias de grãos para sacerdotes: Lv 06.19-23 1/10 de efa de farinha de trigo fina, sem óleo e sem incenso, para ofertas de pecado
Ofertas de pecado para os pobres:
Lv 05.11-13 1/10 de efa de farinha de trigo fina; duas rolas ou dois pombinhos

VIII – As citações no Novo Testamento

Mt 05.43 (Lv 19.18) no 8.04 (Lv 13.49); 19.19; 22.39 (Lv 19.18)
Mc 01.44 (Lv 14.39); 12.31, 33 (Lv 19.18)
Lc (02.22 (Lv 12.06); 02.24 (Lv 12.08) 05.14 (Lv 13.49); 10.27 (Lv 19.18); 10.28 (Lv Lv 18.05); 17.14 (Lv 13.49)
At 03.23 (Lv 23.29)
Rm 13.09 (Lv 19.18)
II Co 06.16 (Lv 26.11 ss)
Gl 03.12 (Lv 18.05); 05.14 (Lv 19.18)
Hb 06.19 (Lv 16.02,12); 13.11,13 (Lv 16.27); 13.15 (Lv 07.12)
Tg 02.08 (Lv 19.18)
I Pe 01.16 (11.44 ss;19.02;20.07)
Ap 08.05 (Lv 16.12) 15.01,06, 08 (Lv 26.21); 18.02 (Lv 17.07); 21.09 (Lv 26.21)

Titulo: O livro de Números
Autor: Tradicionalmente, Moisés
Data: Cerca de 1405 a.c
Palavra-Chave: O fracasso do Homem e a fidelidade de Deus
(peregrinação no deserto)
Versículo chave: Nm 14.08-09

Introdução
Cronologicamente. Números é uma continuação da história relatada no livro de Êxodo. Depois de uma estada de aproximadamente um ano no Monte Sinai, período durante o qual Deus estabeleceu seu concerto com Israel, deu a Moisés a lei e o modelo do Tabernáculo, e instruiu-o a respeito do conteúdo de Levítico, os israelitas se prepararam para continuar sua viagem á terra que Deus lhes prometera como descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Pouco antes de partirem do Monte Sinai, no entanto, Deus mandou numerar todos os homens de guerra (Nm 01.02-03). Dezenove dias depois, a nação partiu de lá, numa curta viagem para Cades-Barnéia (Nm 10.11). Números registra a grave rebelião de Israel em Cades, e seus 39 anos subsequentes de julgamento no deserto, até quando Deus conduziu toda uma nova geração de israelitas ás planícies de Moabe, á beira do Rio Jordão, do lado oposto a Jericó e à Terra Prometida (Canaã).
Analisemos este livro...

Título
O titulo de Números surgiu primeira de versões gregas (Septuaginta Arithmoi) e latinas (Vulgata, Numeri) e deriva dos dois recenseamentos ou “contagens” do povo registrados no livro (Nm caps. 01,3 e 26).
Ele é o quarto livro da Bíblia e os judeus como sempre intitularam o livro com a palavra inical, Wayyedabbler – “Ele (Jeová disse”, ou mais frequentemente com a quinta palavra – Bemidbar - ), ”no deserto”. O nome Bemidbar é o mais apropriado do que o titulo em português “Números”, uma vez que, apenas uma parte do livro é de natureza estatística, enquanto isso toda ação se dá no deserto.

Propósito principal

A razão do livro de Números ter sido escrito, foi para relatar por que Israel não entrou na terra prometida imediatamente depois de partir do Monte Sinai. O livro trata da fé que Deus requer do seu povo, dos seus castigos e juízos contra a rebelião e do cumprimento progressivo do seu propósito.

Mensagem principal do livro:

O povo de Deus prossegue avante tão somente por confiar Nele e nas suas promessas e obedecer Sua Palavra. Embora a travessia do deserto fosse necessária por certo tempo, não era intenção de Deus que a prova naquele lugar se prolongasse a tal ponto que uma geração inteira de israelitas habitasse e morresse ali.
Do Monte Sinai a Cades significaram trinta e nove anos de aflição e de julgamento, por causa da incredulidade dos israelitas. Todos os israelitas acima de 20 anos pereceram no deserto, com exceção de Josué e Calebe. Nova geração de israelitas chegou aos termos orientais da terra prometida (Nm cap. 13 e 14).

Esboço

I – Composição:

1 - Autoria
2 – Estrutura
3 – Texto
II – Conteúdo
III – Esboço do conteúdo
IV – Teologia
V – Problemas especiais
VI – Bibliografia
I – Composição
1 - Autoria
a – A visão conservantista

Essa corrente dá respaldo a opinião tradicionalista de que o livro de números é de caráter histórico e que foi composto por Moisés. Eles de fato observam que não existe nas Escrituras Sagradas uma declaração direta, de que Moisés escreveu o Pentateuco, más inúmeras passagens indicam que ele escreveu pelo menos parte desse material. (nm 33.02). Admitem que, além de Números, Êxodo e Levitico, Moisés é mencionado na terceira pessoa, embora não de forma direta. É evidente que, esses fatos não sugerem que a composição é de Moisés. Em outras passagens, Nm 21.14 ss e 32.34-42, já nos mostram um outro editor, contudo, declaram os conservantistas, a autoria mosaica, segundo a Bíblia, não requer que toda a palavra seja de Moisés.
b – A visão crítica
Jerônimo, tradutor da Vulgata latina no seco V d.C, foi um dos primeiros estudiosos a questionar a opinião tradicional sobre a autoria do Pentateuco.
A convicção de Jerônimo lastreava-se no fato, de que, a revisão final do Pentateuco havia sido feita por Esdras, embora Moises estivesse associado bastante associado as origens dos materiais.
Os críticos do séc. XIX concordam com Jerônimo até certo ponto.
Eles duvidam seriamente que Moisés tenha contribuído com mais do que uma pequena parcela do material.
Segundo os críticos, Números é o resultado da compilação dos documentos J, P, D e P(S), os quais servem de base para o restante do Pentateuco.
O documento J é constituído de narrativas judias antigas e seu autor revela um interesse pelo reino judeu e seus heróis (850 a.C).
A palavra Yahweh (Jeová) pé usada neste documento para referir-se a Deus. O documento E contém as antigas narrativas efraimitas originadas por volta de 750 a.C.  O escritor E demonstra interesse pelo reino do norte de Israel e seus heróis. Ele emprega o vocábulo Eloim, em vez de Yahweh (Jeová) para referir-se a Deus. O documento D, também chamado de Código Deuteronômico, foi encontrado no templo no 621 a.C.
Há alguma probabilidade de que o autor desse documento seja o sacerdote Hilkiah. O documento “D” ressalta o fato de que o amor é a razão mesma do servir. A doutrina de um único altar é também acentuada neste documento. O Código Sacerdotal, ou documento P, originou-se por volta do ano 500 a.C., contudo sua redação prorrogou-se até o séc. IV a.C. Esse documento evidencia uma preferência por números e genealogias;
Essas fontes estão misturadas no livro de Números. Acredita-se que por volta do séc. V a.C., um editor, talvez Esdras, tenha combinado esse material com histórias da tradição oral, dando origem ao livro.

2 – A estrutura

A estrutura do livro de Números é de natureza mais diversa do que qualquer outro do Pentateuco. Embora o principio fundamental de organização seja cronológico (o livro inicia-se no Sinai e termina nas proximidades da terra Prometida, 38/39 anos mais tarde), muito material parece estar em ordem de assunto.
Por exemplo, Êxodo termina com a glória Shekinah habitando no Tabernáculo que fora construído. Esse evento é recapitulado em Números 09.15; 2, sugerindo o inicio de uma nova seção narrativa. Diante desse fato levanta-se uma dúvida: os eventos dos caps.1 ao 08 ocorreram antes ou depois da construção do tabernáculo?
Esses e vários outros exemplos levaram os críticos a acreditar que Números não constitui uma unidade literária, isto é, a matéria do livro não foi rigidamente organizada de acordo com um principio.
Examinando a forma de Números, os críticos tem concluído que o livro é uma coleção de relatos referentes a vida no deserto combinados com materiais diversos tais como legislação,. Genealogia e narrativas de viagem. Uma observação das transições entre os episódios, ora bruscas, ora suaves, reforça a conclusão dos críticos. A teoria documentária discutida anteriormente neste artigo também favorece essa conclusão.
Segundo essa teoria, Números pode ser dividido da seguinte maneira:
a - J e E, Nm 10.29; 12.15; 20.14-21; 21.02-31; 22.02; 35.05.
b – D Nm 21.33-35
c - P incluí o resto do conteúdo do livro.

Em Números os nomes divinos Jeová e Eloim são usados alternadamente, fato que dificulta a distinção entre os documentos (J e E). Outro aspecto importante que se deve observar ao examinar a estrutura de Números é a poesia nele contida. Os críticos sugerem que a maioria, senão todos os poemas e fragmentos contidos em Números tenha existido independentemente desse contexto. Por exemplo, o cântico do Poço em Nm 21.17ss tem sido comparado cânticos similares noutras literaturas.  Outras ocorrências de poemas ou fragmentos são encontradas nas seguintes passagens de Números: 06.24-26; 10.35; 12.06-08; 18.24; 21.14-17ss; 21.15ss; 23.07-10; 24.03-09, 15-19. Os fragmentos ocorridos em Nm 12.06-08, (glorificações a Moises como profeta), e em 06.24-26, (benção sacerdotal), são considerados mais recentes do que os outros e possivelmente são fragmentos do documento E, (séc. VIII a.C.), ou a um período posterior. Esses dois documentos revelam influências das classes proféticas e sacerdotais. Na visão literária, os outros poemas através dos séculos se deu por meio de tradição oral. Um processo de transmissão bastante eficaz em se tratando de poesia – o ritmo auxilia a memória.

3 – O texto

O texto de Números parece ser bastante estável. O criticismo textual fundamenta-se nos textos da Revisão Samaritana (RS) da Septuaginta (LXX) e do Texto Massorético (MT). Os textos da RS e da LXX distingue-se do MT – este último é mais sintético, enquanto os outros dois são mais desenvolvidos. O texto massorético foi preservado num clima mais sacerdotal na Babilônia, sendo reintroduzido na Palestina somente nos sécs. II e I a.C. Entre os achados de Quram (1947-1953), foram encontradas porções de um rolo de pergaminho de Números (4Q Num[b]), que exibem um caráter textual bastante interessante: o texto apresenta uma posição intermediária entre o da RS e o da LXX e, frequentemente concorda com as variantes da RS em oposição ao TM. Contudo, em casos nos quais TM e RS concordam com a LXX, esse texto segue a LXX.

F. Cross sugere que este tipo de texto fosse o usado na Palestina nos sécs. V-II a.C.

II – A intenção do livro e o conteúdo.

A intenção aparente do livro foi registrar o inicio do efeito exterior que o pacto exerceu na vida dos israelitas. Números registra as modificações e os ajustamentos na estrutura das estipulações pactuais, bem como, a reação do povo israelita a tais estipulações. Os temas de fé e obediência são centrais em Números, que é considerado “O livro do servir e do caminhar do povo redimido de Deus”. O livro de Números continua a narração da jornada iniciada no livro de Êxodo”, começando como os eventos no segundo mês de segundo ano (Nm 10.11) e terminando como o décimo primeiro mês do quadragésimo ano (Dt 01.03). Os 38 anos de perambulação no deserto procedem do fracasso do povo de Israel, diante da provisão divina para o seu sucesso.

III - Esbço

A – Partida do Sinai (Nm 01.01; 10.10)
A -1 – Preparação no Sinai (Nm 01.01; 09.14)
a – Enumeração das tribos (Nm 01.01-54)
b – Organização do acampamento (Nm 02.01; 04.49)
c – Regulamentações especiais (Nm 05.01; 06.27)
d – enumeração das ofertas dos príncipes (Nm 07.01-89)
e – As lâmpadas do tabernáculo (Nm 08.01-04)
f – A consagração dos levitas (Nm 08.05.26).
g – A Páscoa (Nm 09.01-14)
h – A nuvem guia a marcha dos israeliltas (Nm 09.15-23)
i – As duas trombetas de prata (Nm 10.01-10)

B – Viagem do Sinai a Moabe (Nm 10.11; 21.35)
1 – Do Sinai a Cades-Barnéia (Nm 10.11;14.45)
a – A partida (Nm 10.11)
b – As murmurações dos israelitas (Nm 11.01-35)
c – Rebelião de core, Data e Abiarão (Nm 16.01-50)
d – Floresce a vara de Arão (Nm 17.01.-13)
e – Deveres e direito dos sacerdotes (Nm 18,.01-32)
f – O rito da purificação (Nm 19.01.22)
g – Incidentes no deserto (Ex 20.01;21.35)

C – Nas planícies de Moabe (NM 22.01; 46.13)
1 – Eventos importantes (Nm 22.01; 32.42)
a – Balaão (Nm 22.01; 24.45)
b – Apostasia em Peor (Nm 25.01-18)
c – Recenseamento (Nm 26.01.51)
d – A lei acerca da divisão da terra (Nm 26.52-65)
e - A lei acerca das heranças (Nm 27.01-11)
f – Nomeação de Josué como sucessor de Moisés (Nm 27.12-23_
g – Regulamentações sobre festivais, votos e oferendas (Nm 28.1; 30.17)
h – Ruben e Gade pedem Gileade (NM 32.01-42)
2 – Apêndice (Nm 33.01; 36.13)
a – Itinerário (NM 33.01-56)
b – Instruções antes de entrar na terra (Nm 34.01; 36.13)

IV – A Teologia

Fundamentando-se nos resultados do pacto entre Deus e Israel, o livro de Números exprime um ponto de vista a respeito da natureza do Criador e de sua criação. Segundo o acordo estipulado detalhadamente em Êxodo e Levitico, o povo deveria servir a Deus somente, sem idolatria. Em retorno, Deus lhes protegeria e abençoaria, dando-lhes uma nova terra. Nisso consistia o pacto, entretanto o alvo era nobre demais para a natureza humana e houve uma grande lacuna entre a profissão e a realização desse acordo. O livro expressa a natureza extremamente pecaminosa do homem, o qual não se inclina para Deus a despeito de todas as evidências (no Tabernáculo) e de Seu poder (nas diversas intervenções).
Em face de tudo o que Deus tinha provado ser, o povo não confiou Nele, mas permaneceu apreensivo, orgulhoso e egoísta.
A – Aspectos principais da natureza de Deus
Em relação á natureza de Deus, o livro revela três aspectos principais: Seu caráter fiel, punitivo e santo.
a – Fiel
A fidelidade divina é claramente demonstrada em Números, pois o pacto foi repetidamente quebrado e, apesar de Deus ter todo o direito de abandonar os israelitas ou de destruí-los, Ele cumpriu até o fim seu propósito de fazer o bem à nação de Israel e ao mundo através dela.
b – Punitivo
Entretanto, isso não implica que Deus possuía uma natureza impassível.
Ao contrário, o cap. 14 retrata a ira de Deus e revela Seu caráter pessoal dinâmico e impetuoso.
c – Santo
A santidade de Deus é especialmente acentuada neste livro.
Para aproximar-se de Deus, o homem precisa livrar-se de toda a impureza, pois o impuro não pode existir na presença do Puro. Em se tratando de santidade, há um abismo entre Deus e os homens, entretanto, em Sua graça Deus providenciou um caminho de acesso a Sua santa presença: a purificação.

V – Problemas especiais

1 - Narrativas sobre Balaão
Uma das passagens mais poéticas de Números encontra-se nos caps. 23 e 24.
Esta passagem narra como Balaão foi chamado pelo rei de Moabe para assolar os perigosos guerreiros que ameaçavam o seu território. A narrativa e estranhamente contraditória, pois Deus ordena a Balaão que vá e em seguida o censura por ter ido. Em Nm 31.16, Balaão é acusado de ter conduzido Israel ao pecado. Isto está em desacordo com a história narrada anteriormente, e parece indicar que várias fontes alinhadas juntas de maneira um tanto frouxa. Estudiosos de temas bíblicos, (exegetas), tradicionais têm tentado harmonizar essas referências. Críticos mais recentes consideram Nm 31.16 uma inserção posterior.
2 – Autenticidade do recenseamento
Nm 01.46 e 26.51 declaram que os Hebreus possuíam um exercito de 600.000 homens, quantidade que indicaria uma comunidade total de 2 a 3 milhões de pessoas. Embora não totalmente fora de consideração, esse número não é muito provável, pois nem mesmo os grandes exércitos daquele período (Egito e Assíria) ultrapassavam os 100.000 homens. Além disso, investigações arqueológicas indicam que a população total de Canaã naquele período era menor do que 3.000.000 de pessoas, fato que dificulta a explicação de como os cananeus foram capazes de restringir a conquista dos hebreus as terras altas centrais. A dificuldade em alimentar 3 milhões de pessoas no deserto deve também ser considerada. Os que acreditam na plena inspiração da Bíblia tem refutado estes argumentos e feito tentativas para provar a autenticidade dessas estatísticas baseando-se em estudos de palavras. Na obstante, as soluções sugeridas apresentam numerosos problemas, impossibilitando uma conclusão final.
3 – Avaliação do Período
Há certa discrepância entre avaliação profética e a avaliação pentatêutica desse período da história de Israel.
Am 05.25; Os 02.15; 09.10;11.1-4 e Je 02.02,03 são passagens que mostram que os profetas consideraram esse período um tempo idílico em que Israel manteve um relacionamento saudável e constante com Deus. Por outro lado, acredita-se que o ponto de vista pentateutico foi forçado pelos escritores do documento “P” que, impressionados com o castigo do exílio imposto por Deus, acreditaram que Israel jamais o serviria fielmente. Tentando solucionar esse problema, alguns sugerem que a discrepância seja apenas aparente, pois o ponto de vista otimista dos profetas deve ser considerado à luz do período apóstata em que viveram.
4 – O itinerário da viagem no deserto
As dificuldades em harmonizar os dados bíblicos e em identificar os locais mencionados nas narrativas tem sido obstáculos na reconstrução da viagem através do deserto.
Números 33 sugere que a viagem tenha sido realizada em quatro estágios:
a – Do Egito ao Sinai (Nm 33.03-15);
b – Do Sinai a Eziom-Geber (Nm 33.16-35)
c – DE Eziom-Geber a Cades (Nm 33.36)
d – De Cades a Moabe (Nm 33.36-37)


A despeito dessa reconstrução corresponder com Dt 01.46 e 02.21), há nela algumas dificuldades que devem ser consideradas:
1 – Segundo a reconstrução anterior, o povo hebreu passou 38 anos perambulando no deserto na área de Cades (cf. Nm 13.26 e 20.01). Nm cap.33 não menciona nenhum acampamento durante os anos em Cades, fato que tem levado os críticos a pensar que não houve tal perambulação.
Eles afirmam que Nm 20.01 retoma a narrativa dentro de alguns dias, de onde foram deixadas em Nm 14.45. Derrotados na tentativa de penetrar na terra pelo sul, os hebreus simplesmente mudaram o rumo e entraram pelo leste.
2 – Outra dificuldade é o grande número de acampamentos entre o Sinai e Eziom-Geber, enquanto Nm 11.34 e 12.16 inferem apenas duas paradas numa rota mais direta a Cades.
3 – Outra dificuldade é a ordem para mudar de rumo e “...caminhar para o deserto pelo caminho do Mar Vermelho” (Nm 14.25).
O cap. 33 do livro não reflete esse movimento.
3.1 – A reconstrução da viagem na ótica de J.N. Oswalt
J.N. Oswalt, tentando uma reconstrução do trajeto coerente com os dados bíblicos, sugere o seguinte:
“Talvez Ritma (Nm33.18,19) se refira ao Wadi Abu Retemat, que esta ao sul de Cades.
Assim Ritma, seria o local de acampamento no tempo em que os espias foram enviados.
Se isso for correto então os 17 lugares mencionados nos versículos 19-36, se referem aos 38 anos de perambulação. Isto significa que os hebreus iniciaram sua permanência em Cades (Nm 13.26; 33.36,37), vaguearam na área sul e leste e de lá foram para Eziom-Geber (Nm 33.20-35), terminando em Cades novamente (Nm 20.01;33.36). Frustrados na tentativa de se dirigirem ao nordeste através de Edom para o Mar Vermelho, eles retornaram ao sul novamente (Nm 21.04), entraram em Arabá, ao norte de Eziom,-Gerber, e de lá prosseguiram para Moabe” .

VI – Citações do livro de Números no Novo Testamento

Mt 05.33 (nm 30.02); 09.36 (Nm 27.17)
Mc 06.34 (Nm 07.39;27.27)
Lc 01.15 (Nm 06.03)
At 07.39 (Nm 14.03 ss); 07.51 (Nm27.14); 21.26 (Nm06.05)
ICo 10.05 (Nm 14.06); 10.06 (Nm 11.34)
II Tm 02.19 (Nm 16.04)
Hb 03.02,05 (Nm 12.07); 03.17 (Nm 14.29); 08.02 (Nm 24.06); 12.03 (Nm 16.38; 17.03)
Ap 02.14 (Nm25.01 ss;31.16); 02.20 (25.01 ss)

VII – Subsídios

O arranjo de das tribos de Israel em torno do tabernáculo simbolizava um ideal espiritual:
Deus estava entre o seu povo. A vida religiosa ocupava lugar central em toda a vida e atos de Israel. No Novo Testamento, o simbolismo é ainda mais estreito. A habitação do Espírito Santo é o próprio ser humano: Deus veio armar Sua tenda nos crentes. O homem, individualmente (I C0 6.19), e a igreja, coletivamente, são templo de Deus (Ef 02.20 ss).
Haviam três acampamentos:
1 – Aquele que era do Senhor (o próprio tabernáculo);
2 – Aquele dos levitas, na área imediata do tabernáculo;
3 – Aquele das tribos de Israel.
Um estudioso sério das Escrituras não começará a estudar um de seus livros sem primeiro valer-se de uma introdução (ou introduções). Valemo-nos então, considerando as questões como a composição, autoria, as intenções ou propósitos, o conteúdo, o esboço, a teologia e os problemas especiais entre outros. O livro de Números considerando o seu grande volume, é um dos livros do antigo Testamento menos citados no Novo Testamento. Há apenas 16 referências.
Como vimos no item VII deste estudo, podemos ver uma listagem dessas citações. Uma das razões para esse parco uso do livro de Números no Novo Testamento é que boa parte do seu material é composto por repetições baseadas nos livros de Êxodo, Levitico de Deuteronômio, que os autores do Novo Testamento preferiram usar em suas citações. O quarto capítulo de Números localiza no deserto os acontecimentos historiados no livro (o que explica o título hebraico). O livro narra o que se sucedeu ao povo de Israel, em suas jornadas desde a península do Sonai até a terra Prometida. O livro dá prosseguimento a narrativa sobre Israel após o êxodo, e após as muitas leis registradas no livro de Levitico.

Titulo: Livro de Deuteronômio
Autor: Tradicionalmente, Moisés
Data: cerca de 1405 a.C
Versículo-chave Dt 06.01-03,23
Tema: Renovação do concerto – preparação p/tomar posse da Herança

Introdução

O livro de Deuteronômio completa o Pentateuco, ou seja, os cinco primeiros livros que compõe a Bíblia Sagrada. Como todo livro que forma o Pentateuco, vários dos seus pontos são questionados pelos críticos, mas esses fatos não tiram a sua importância no ponto de vista cristão e nem tão pouco a uma grande corrente de estudiosos conservadores. Nosso intuito é mergulhar nas mais variadas questões, analisando e entendendo esse livro, sempre na esperança encontrar razões mais esclarecedoras. Estudemos o evento.

O titulo

O nome do livro de Deuteronômio em hebraico é “Elleh haddevarim”, “Estas são as palavras”, ou de forma mais simples, Devarim, “Palavras”. A tradição judaica intitula o livro de Deuteronômio de “Mishneh Torah” que significa repetição ou “ Cópia da Lei “. Deuteronômio é a forma portuguesa da palavra grega “segunda lei”, extraída da Septuaginta, (LXX), Dt 17.18 (tradução correta “Esta é a cópia – ou ainda repetição – da lei”). Não se trata o livro de uma segunda lei, ou seja, distinta da Lei dada por Deus no Sinai a Moisés, mas o titulo não totalmente inapropriado, pois em Deuteronômio, esta incluso, entre outros assuntos, uma repetição ou reformulação de grande parte das Leis.

Esboço

I – A composição
II – O propósito
III – O conteúdo
IV – A seção Legal
V – A importância do Livro
VI – A Bibliografia

I – A composição

1 – Autoria
Há mais polêmica em relação á autoria e à data de Deuteronômio do que em relação a qualquer outro livro do Pentateuco.
A maior variedade de opinião encontra-se especialmente entre os que se opõe á autoria mosaica.
a – A visão conservantista
Os que apóiam a visão conservatista da autoria mosaica de Deuteronômio baseiam-se em declarações bíblicas e na tradição judaico-cristã que estava em pleno acordo com relação á autoria deste livro até antes do advento do criticismo. Os argumentos mais fortes em favor da autoria mosaica do livro são as reivindicações do próprio livro, a saber: Dt 31.08-13, 24,26.
Dt 31.09 diz “Esta lei escreveu-a Moisés e a deu aos sacerdotes...” e Dt 31.24, “ Tendo Moisés acabado de escrever integralmente as palavras desta lei num livro...”.
Os escritores do NT atribuíam a autoria do Pentateuco a Moisés, Mt 19.08, indica a posição de Cristo especificamente em ralação ao livro de Deuteronômio. Para os que acreditam na plena inspiração das Escrituras, esses versículos são evidências enfáticas da autoria mosaica de Deuteronômio. Os fatos de que o uso da primeira pessoa predomina e de que Moisés é mencionado por mais de 40 vezes no livro também são apresentados como provas de que ele escreveu Deuteronômio. O relato da morte de Moises não apresenta problema, pois explica-se que os caps. 31-34 foram adicionados depois de sua morte. Alguns afirmam que Moisés escreveu os caps. que constituem a legislação (cap. 12-20), e os caps. 01-12 e 27-30, embora de sua autoria, foram adicionados posteriormente. Quanto aos caps. 31-34, sugerem Eleazar e Josué como possíveis autores. Ambos foram amigos de Moises e, portanto pessoas apropriadas para fazer seu panegírico. Josué se tornou o sucessor de Moises, e alguns supõem que o que atualmente é o apêndice de Deuteronômio tenha sido uma vez o inicio do livro de Josué. É particularmente interessante observar que as expressões “Moisés, servo do Senhor” e “Moises, homem de Deus” não aparecem nos caps. Precedentes nem nos outros livros do Pentateuco. Por outro lado, a expressão “Moisés, servo do Senhor” ocorre várias vezes no livro de Josué, fato que fortalece a probabilidade de que Josué fora o responsável pela composição do apêndice.
b – A visão critica
Os críticos consideram improvável que Moisés tenha escrito Deuteronômio e mantêm que o livro foi composto por um profeta anônimo que escreveu segundo as noções de Moises. A despeito de não apoiarem a teoria da autoria mosaica do livro, os críticos declaram que Deuteronômio pode ser qualificado como um livro mosaico, pois toda lei judia se originou na tradição básica dos tempos em que Moises era o líder do povo. Segundo a teoria documentária de Wellausen, o Código Deuteronômio, ou D (Dt caps 12-26) fo publicado em 621 a.C quando Hilkiah o encontrou no templo durante o reinado de Josias (II Rs 22). Acredita-seque o documento “D” havia sido composto no tempo de sua “descoberta” (por Hilkiah) com o fraudulento propósito de promover reformas religiosas. Atualmente esta teoria tem sido abandonada por falta de evidências. Deuteronômio sumariza, de diversas maneiras, as doutrinas dos grandes profetas do lsec VIII a.C., que também pregaram a absoluta soberania de Deus, Seu relacionamento especial com Israel e conseqüente condenação da idolatria. De fato, Deuteronômio representa Moisés dando uma nova interpretação da lei (para a vida Canaã) no momento em que Israel fazia a transição de um estilo de vida nômade para um permanente. Dessa maneira, o Código Deuteronômico demonstra a adaptação da velha lei às condições de vida posteriores. A forma exata do documento encontrado no tempo do rei Josias tem sido objeto de muita polemica. É evidente que o atual livro de Deuteronômio é resultado da compilação de porções independentes. O mistério da questão consiste em descobrir quando essas porções foram cumpridas. Considerando que a leitura da Lei atemorizou Josias (II Rs 22.11-13), o documento continha pelo menos algumas maldições como as do Dt. 28. É também importante observar que o documento encontrado compeliu Josias a renovar o pacto entre Jeová e o povo de Israel. Isso indicaria que o documento tinha a forma familiar de um tratado e não era muito diferente do atual livro de Deuteronômio, que reflete claramente a estrutura dos antigos tratados e pactos. Alguns críticos acreditam que Deuteronômio é uma súmula da doutrina preservada da Samaria depois de sua queda em 721 a.C. Mesmo os que defendem Jerusalém como o local de origem do livro, matem que sua composição se deu no séc. VIII a.C.
E. Robertson, defendendo uma posição mais conservativa, sugere que o livro tenha sido compilado (a partir de material mosaico) por Samuel. Em resumo, a origem e a data de Deuteronômio constituem um dos mais controvertidos problemas para os críticos bíblicos. Nada de concreto tem sido concluído a esse respeito até o presente momento.

2 – Estrutura

A estrutura básica de Deuteronômio reflete claramente a forma dos antigos trados ou pactos. O livro (delineado quase exclusivamente na forma de discursos) apresenta primeiramente uma introdução exortatória com alusões históricas, a seguir as leis e finalmente as benções e maldições condicionadas à obediência das estipulações. O livro de Deuteronômio é dotado de vigoroso estilo de oratória, mesmo em se tratando da apresentação das leis. A pesar de bastante peculiar, este estilo reflete alguma influência da literatura profética. Tendências retóricas e preocupações com o culto e com a religião interior lembram as pregações dos sacerdotes levitas.

II – O seu propósito

O livro compreende uma série de discursos proferidos por Moisés. O primeiro desses discursos, considerado uma adição secundária ao livro, relata a viagem de Horebe á Terra Prometida e enfatiza a conquista da Transjordânia. O segundo é o mais importante do livro – contém primeiramente uma exortação de como o indivíduo deve entregar-se de todo o coração ao Deus do Pacto, e em seguida apresenta as leis desse Pacto. O terceiro discurso consiste em um apelo por fidelidade. O livro termina com um apêndice histórico contendo a narrativa dos últimos atos e palavras de Moisés. O propósito de Deuteronômio é persuadir o povo a entrega total ao Deus de Israel, o que significa ama-Lo de todo o coração, de toda a alma fé toda a força (Dt 06.05). Dessa maneira, o livro enfatiza completa união com Jeová, através da qual o povo deve adorar somente Ele, e de modo apropriado.

III – O Conteúdo

A – Primeiro discurso de Moisés) Dt 01.01; 4.43)
1 – Sumario da história de Israel no deserto (Dt 02.01; 03.29)
a – Introdução (Dt 01.18)
b – O fracasso em Cades (Dt 01.19-46)
c – As perambulações e os conflitos no deserto (Dt 02.01; 03.29)

2 – Moisés exorta o povo a obediência (Dt 05.01-43)
B – Segundo discurso de Moisés (Dt 04.44; 26.19)
1 – Repetição da lei com advertências e exortações (Dt 04.44; 11.32)
a – Introdução (Dt 04.44-49)
b – Repetição dos Dez Mandamentos (Dt 5.01-33)
c – O fim da lei é a obediência (Dt 6.01-25)
d – Ordena a destruição dos cananeus e seus ídolos (Dt 7.01-26)
e – Advertências e exortações (Dt 8.01; 11.32)


2 – A legislação que Moisés apresentou ao povo (Dt 12.01; 26.19)
a – condições de benção na terra (Dt 12.01-32)
b – Castigos dos falsos profetas e idólatras (Dt 13.01-18)
c - Animais limpos e imundos (Dt 14.01-29)
d – O ano da remissão )Dt 15.01-23)
e – As três festas: Páscoa, Pentecoste e Tabernáculos (Dt 16.01-17)
f – Os oficiais e seus deveres (Dt 16.18-22)
g – Castigos da idolatria, obediência à autoridade, eleição e deveres de um rei (Dt 17.01-120)

3 – Sumário de profecias sobre a história de Israel e a segunda vinda de Cristo) Dt 27.01; 22.68)
a – As pedras da lei no monte Ebal (Dt 27.01-10)
b – A cerimônia litúrgica (Dt 27.11-26)
c – As benções proferidas no monte Gerazim (Dt 28.01-14)
d – Maldições que serão lançadas na terra (Dt 28.15-68)

C – O terceiro discurso de Moisés: o Pacto Palestino (Dt 29.01; 30.20)
1 – Introdução (Dt 29.01-29)
2 – Declaração do pacto (Dt 30.01-10)
3 – Advertência final (Dt 30.11-20)

D – Apêndice Histórico (Dt 31.01; 34.13)
1 – Ultimas palavras de Moisés e nomeação de Josué (Dt 31.01-30)
a – Últimos conselhos de Moisés aos sacerdotes, aos levitas e a Josué (Dt 31.01-13)
b – Comissão divina a Moisés e Josué: avisos acerca da apostasia (Dt 31.14-23)
c – Moises instrui os levitas (Dt 31.14-30)
2 – Último canto e exortação de Moises (Dt 32.01-47)
3 – Moisés vê a Terra Prometida (Dt 32.48-52)
4 – Moisés abençoa as tribos (Dt 33.01-29)
5 – Morte e sepultamento de Moisés (Dt 34.01-12)

IV – A seção Legal

Os caps. 05 ao 11, introduzindo a seção legal, apresentam os Dez Mandamentos, tratando de modo especial o primeiro mandamento. Os capítulos seguintes expõem as leis que podem ser consideradas nas categorias cerimonial, civil e criminal. Seguindo estas categorias, estão as leis mistas concernentes as famílias e as propriedades. As leis cerimoniais referem-se a lugar de adoração (Dt 12.01-28); idolatria (12.29; 13.18; 16;21; 17.7); alimentos puros e impuros (14.01-21); dízimos (14.22-29); remissão (15.01-18); santificação do primogênito (15.19-23); e festas sagradas (16.01-17). As leis civis tratam de nomeação dos juizes e juízes (Dt 16.18-20; 17.08-13); eleição de um rei (17.14-20); regulamentações referentes aos direitos e rendimentos dos sacerdotes e levitas (Dt 18.01-18); e regras concernentes aos profetas (18.09.22).
As leis criminais referem-se:
a - ao homicida, as cidades de refúgio (Dt 19.01-14);
b - ao falso testemunho (19.15-21);
c - a conduta na guerra (20.01-20);
d - a expiação por uma morte cujo autor é desconhecido (21.01-09);
e - aos crimes puníveis por enforcamento.(21.22,23).
As leis mistas abrangem uma variedade de assuntos, tais como:
a - casamento com uma mulher cativa (Dt 21.10-14);
b - direito de primogenitura (21.15-17);
c - filhos desobedientes (21.18-21);
d - benevolência para com os animais (22.01.-04,06-08);
e - proibições de várias misturas (22.04,9-11);
f - cordas torcidas nas vestimentas (22.12); punição de impureza (22.13-29);
g - expulsão da congregação (23.01-09);
h - rito de purificação no acampamento militar (23.10-15);
i - escravos fugidos (23.16-17); prostituição, usura e votos (23.18-24);
j - ato de recasar depois do divórcio (24.01-04);
k - isenção do recém-casado de servir na guerra (24.05); penhor (24.06, 10-13,17-18);
l - ladrão (24.07);
m - lepra (24.08-09);
n - salários (24.14,15); pais e filhos (24.16);
o - tratamento de estranhos, órfãos e viúvas (24.17-22);
p - castigo excessivo (25.01-03);
q - o boi de arado (25.04);
r - levirato (25.05-10);
s - estupro (25.11,12);
t - pesos e medidas (25.13-16);
u - e destruição de Amaleque (25.17-19).

Os capítulos 26-27 apresentam uma aplicação didática dessas leis. Outra classificação das leis contidas nos caps. 12-26 pode ser feita com base no significado de três palavras chaves, a saber:
a - juízos
b - estatutos
c - e mandamentos.

O juízo é definido como uma regra ou lei estipulada por uma autoridade ou estabelecida por costumes antigos, pela qual o juiz deve guiar-se na solução de certos casos (juízos de Ex 21). O estatuto é definido como uma regra permanente de conduta que difere do juízo no sentido de que não requer um juiz físico no quadro, mas somente a consciência do individuo perante Deus. A distinção entre juízo e estatuto esta delineada em I Rs 06.12, onde Salomão é encorajado a andar nos estatutos de Deus fé a “executar” os Seus Juízos. Exemplos típicos de estatutos são as leis de justiça, purificação, etc. Em relação à palavra “mandamento”, seu significado comum é convenientemente limitado aqui para os propósitos da presente classificação: significa não uma ordem de obrigação permanente, mais uma que pode ser cumprida de uma vez por todas. (Exemplos: a destruição dos santuários pagãos, a nomeação dos juízes e o estabelecimento das cidades e refúgio.)

V – A importância do livro de Números

Os escritos posteriores da historia de Israel do Antigo e o Novo Testamento testifica a grande influência que o livro Deuteronômio exerceu em seus autores. Nos livros de Josué, Juizes, I e II Samuel e I e II Rs, encontram-se numerosas referências reveladoras de que Deuteronômio era conhecido e observado na época. Entre as muitas referências que ilustram a observância das leis de Deuteronômio, encontra-se Js 08.27, que relata o fato de que, quando a cidade de “Ai” foi capturada, “tão-somente os israelitas saquearam para si o gado e os despojos da cidade”(dt 20.14). Outro detalhe que indica a observância da lei de Deuteronômio é o fato de que o corpo do rei da cidade de “Aí”, foi retirado da arvore em que se havia sido enforcado antes do cair da noite (conforme Js 08.29; 10.26-27 com Dt 21.23). Os profetas do séc. VIII a.C. também refletem familiaridade com o livro. As seguintes passagens são alguns exemplos de influencia de Deuteronômio nos escritos de Oséias e Amós:
Quadro de influencia de Deuteronômio nos livros de Oseias e Amós

OSEIAS DEUTERONÔMIO AMÓS

04.04 17.12 03.02
05.10 19.14 02.07-08
08.13; 09.03 28.68
11.03 01.31;32.10
07.06; 09.12
24.12-15; 23.17
No N.T. há igualdade em algumas citações e várias referências ao livro de Deuteronômio. Em Hb 10.28 as palavras de Dt 17.06 são citadas como “a lei de Moises”. Paulo citou Dt 27.26 e 21.23 em Gl 03.10,13, adicionando a introdução “ esta escrito “Semelhantemente Paulo ainda citou partes do Decálogo em Rm 07.07; 13.09; Ef 06.02. Jesus também citou Deuteronômio em várias ocasiões, a saber: Mt 04.01-11; 22.38; Lc 04.01-13; Mc 07.09-12; 10.05, 17-19.

VI – Subsídios

a – Localização
No final do livro de Números, Israel aparece acampado nas planícies de Moabe, prestes a invadir a Terra Prometida. Deuteronômio, pois é uma espécie de discurso de despedida de Moises. Ele narra de novo os poderosos feitos de Yahweh e adverte solenemente contra a desobediência e a distorção dos preceitos do Senhor. A terra de Canaã haveria de apresentar muitas e novas tentações, e somente um povo fortemente alicerçado sobre a legislação mosaica poderia enfrentar com sucesso essas tentações. Moisés requereu lealdade ao pacto como a única salvaguarda da nação, em sua integridade e destino.
b – Discursos
O livro consiste em três discursos de Moisés:
1 - Dt 01.06; 04.40;
2 – Dt caps. 05-28; .
3 – Dt caps. 39 – 30
Os caps. 31 – 34 prosseguem a narrativa que fora interrompida no final do livro de Números.
c - Ensinos distintos
A adoração a Yahweh haveria de ser centralizada em um único lugar, e, paralelamente, os santuários pagãos seriam totalmente destruídos (Cap. 12).
Jerusalém seria o centro da adoração a Yahweh. Os críticos modernos supõem que essa parte do livro seja história autêntica, e não previsões históricas, pelo que datam o livro como se tivesse sido escrito após a construção do templo em Jerusalém. Os estudiosos conservadores, por sua vez, vêem nessa circunstância antecipação e profecia. Alguns identificam Deuteronômio com o “Livro da Lei”, cujo achado impulsionou Josias às suas reformas religiosas, em 621 a.C. (II Rs 22 e 23). Os críticos supõem que o livro repouse sobre tradições antigas, mas que sua data seja compilação relativamente recente. Se assim de fato sucedeu, então, fundamentalmente, Deuteronômio seria uma redescoberta e uma reinterpretação dos ensinos de Moises, á luz de acontecimentos históricos posteriores e de uma nova compreensão desses ensinos.
Os conservadores vêem nisso tudo um avanço, embora procurem preservar a data da escrita do livro nos dias de Moises, considerando esse profeta seu autor.

VII – As citações de Deuteronômio no Novo Testamento

Mt 04.04 (Dt 08.03); 04.07 (Dt 06.16); 04.10 (Dt 06.13); 05.31 (Dt 24.01); 05.48 (Dt 18.13); 18.16 (Dt 19.15); 19.07 (Dt 24.01); 22.24 (Dt 25.05); 22.37 (Dt 06.05); 24.24 (Dt 13.01)
Mc 10.04 (Dt 24.01); 12.19 (Dt 25.05); 12.29 ss (Dt 06.04); 12.32 (Dt 04.35;06.04) 12.33 (Dt 06.05); 13.22 (Dt 13.01); 13.27 (Dt 30.04)
Lc 04. (Dt 08.03); 04.08 (Dt. 06.13); 04.12 (Drt 06.16); 10.27 (Dt 06.05); 18.20 (Dt 05.16,20); 20.28 (Dt 25.05)
At 03.22 (Dt 18.15ss); 05.30 (Dt 21.22 ss); 07.05 (Dt 02.05); 07.14ss (Dt 10.22); 07.37 (Dt 18.15,18); 07.45 (Dt 32.49); 10.34 (Dt 10.17); 10.39 (Dt 21.22ss); 13.19 (Dt 07.01); 20.32 (Dt 33.03ss)
Rm 07.07 (Dt 05.18,21); 10.06-09 (Dt 30.12ss); 10.19 (Dt 32.21); 11.08 (Dt 09.04); 11.11 (Dt 32,21); 12.19 (Dt 32.35); 13.19 (Dt 05.17ss, 21); 15.10 (Dt 32.43)
I Co 05.3 (Dt 22.24); 09.09 (Dt 25.04); 10.20 (Dt 32.17); 10.22 (Dt 32.21)
II Co 13.01 (Dt 19.15)
Gl 03.10 (Dt 27.26); 03.13 (Dt 21.23)
Ef 01.16 (Dt 33.03ss); 06.02ss (Dt 05.16
Fl 02.15 (Dt 32.05)
II Ts 02.13 (Dt 33.12)
I Tm 05.18 (Dt 25.04);05.19 (Dt 19.15)
Tt 02.14 (Dt 14.02)
Hb 01.06 (Dt 32.43); 10.28 (Dt 17.06); 10.30 (Dt 32.35ss); 12.15 (Dt 29.18); 12.18 ss (Dt 04.11);12.19 (Dt 04.12); 12.21 (Dt 09.19); 12.29 (Dt 04.24); 13.05 (Dt 31.06,08)
Tg 02.11 (Dt 05.17ss); 05.04 (Dt 24.15,17); 05.07 (Dt 11.14)
Ap 06.10 (Dt 32.43); 09.14 (Dt 01.07); 09.20 (Dt 32.17); 15.03 (Dt 32.04); 15.04 (Dt 32.04); 16.05 (dt 32.04); 16.12 (Dt 01.07); 17.14 (Dt 10.17); 18.20 (Dt 32.43); 19.16 (Dt 10.17); 22.18ss (Dt 04.02)

VIII – As considerações gerais.

O livro de Deuteronômio consiste nos conselhos de despedida de Moisés, entregues ao povo de Israel em face de sua iminente entrada na terra que lhes fora prometida em pacto. Contém um sumário das perambulações de Israel pelo deserto, importante porque desdobra os juízos morais de Deus sobre aqueles eventos, repete o Decálogo a uma geração que havia crescido no deserto, fornece orientações quanto a conduta de Israel na Terra Prometida e contem so Pacto Palestino (Dt 30.01-09). Esse livro transpira a severidade da lei mosaica. Palavras-chaves: “Não (algum verbo ou alocução verbal)” - vejamos Dt 11.26-28. “Importa observar que, se a Terra Prometida foi dada incondicionalmente a Abraão e aos seus descendentes, como parte do Pacto Abraâmico (Gn 13.15; 15.07), foi debaixo do Pacto Palestino, que era condicional (ver Dt 28.01 – 30.20), que o povo de Israel entrou na terra de Canaã, sob as ordens de Josué.
Tendo violado as condições desse último pacto, a nação de Israel foi primeiramente derrotada (I Rs 12), para em seguida ser mandada ao primeiro exilo (IIRs 17.01-18; 24.01; 25.11). Mas aquele mesmo pacto promete incondicionalmente restauração nacional a Israel, o que ainda está por se cumprir (Gn 15.18).

O que deduzimos do estudo do conjunto do Pentateuco?

Após analisarmos os livros de forma individual, para os quais, foram objetos de consultas vários sites na Internet, assim como, coletâneas especializadas, conforme a listagem inserida na bibliografia geral no final deste serviço vimos que, a vista da dissecagem nos assuntos há confrontos de opiniões, principalmente no que tange a autenticidade do que foi narrado nos respectivos livros, bem como, os seus autores. Assim entendemos que, a despeito de havermos apresentado uma síntese do Pentateuco ao abrir este estudo, que por si, já nos deu uma idéia global do que estudaríamos, cremos que, a análise final abaixo nos coloca a certeza de que o assunto não termina aqui, muito pelo contrário, ainda continuará a ser alvo de criticas e do surgir tantas outras correntes de estudiosos, buscando provar suas razões, enquanto o homem estiver na terra.

1 – Visão geral do Pentateuco

Entendemos que, o primeiro lugar de ordem e de honra entre os livros do Antigo Testamento é de fato, ocupado pelo aquele que os gregos chamam de “Pentateuco“, isto, a obra de cinco tomos. Os hebreus o chamam de “Torah”, ou seja, a Lei, que também o dividiram como os gregos em cinco livros, distinguindo-os com a palavra inicial.
Nós usamos exclusivamente os nomes impostos pelos gregos, (Septuaginta), que de maneira graciosa lhes caracterizaram o conteúdo: Gênesis, Êxodo, Levitico, Números e Deuteronômio.
De fato:
1 - Gênesis narra as origens do Universo e do gênero humano até a formação paulatina do povo de Israel na sua estada no Egito.
2 – Êxodo narra a saída dos israelitas do Egito, conduzidos por Moises aos pés do Sinai, para aí receberem de Deus a sua lei religiosa e civil e ser constituírem, por meio de um pacto sagrado, (“Testamento”), em peculiar “povo de Deus, (Javé)”
3 – Levitico regula o culto religioso à maneira de ritual, dirigido especialmente aos levitas, que formavam o clero consagrado ao serviço do santuário.
4 – Números recebem o nome dos recenseamentos do povo contidos na primeira parte, estendendo-se, depois, em referir fatos e providências legislativas correspondentes a cerca de quarenta anos de vida nômade no deserto da Península Sinaitica.
5 – Deuteronômio ou segunda Lei, emanada pelo fim da jornada no deserto, Moisés retoma a legislação precedente para adaptá-la às novas condições de vida sedentária, em que o povo viria a se encontrar com a conquista iminente da Palestina.
A respeito desses apanhados, captamos de um só lance, tanto a unidade como a variedade do Pentateuco, bem como, a sua importância fundamental para a religião antiga e para a história especial dos hebreus.

2 – As evidências e a tradição judaica nos mostram Moisés como o escritor do Pentateuco.

Não tendo tido acesso as documentações originais e baseados nas informações que tivemos dos livros e sites apropriados ao assunto, pudemos constatar que, desde a mais remota antiguidade, que Moisés protagonista dos últimos quatro livros, foi o autor dos últimos quatro livros do Pentateuco. Já nos livros posteriores da Bíblia citam-lhe várias sentenças com a fórmula:
“Está escrito na Lei de Moises” ou “no livro de Moises”, ou “ no volume da lei de Moises”.
Assim para não falar do livro de Josué, que é a continuação imediata e como que o complemento do Pentateuco (Js 08.31; 23.06, em 1 Rs 02.03; 2 Rs 14.06; 2 Cr 23.18; 25.04; 35.12; ed 03.02; 06.18; em 08.01; 10.03; 13.01; Dn 09.11 etc.).
Os evangelhos nos apresentam a convicção de que Moisés é o autor da lei, difundida e radicada entre os judeus, o próprio Jesus, bem como, os apóstolos admitem-na e a confirmam (vejamos Mt 08.04; Mc 12.26; Lc 20.37, Jô 05.46; At 03.32; 15.21; Rm 10.05 etc.
Entre as testemunhas eloqüentes da fé judaica figuram Filon, José Flavio e com maior crédito e ressonância o Talmud (Tratado Bab Batra, f. 14, 15); entre os cristãos, os Padres da Igreja são unânimes em reconhecer Moisés autor do Pentateuco. Não contraria essa atribuição o fato de que, de Moisés se fale sempre em terceira pessoa; Xenofonte e Julio César (para falar só em nomes célebres) fizeram o mesmo. Nem suscita a menor dificuldade a grande antiguidade de Moisés (cerca do sec. XIV a.C.), pois agora sabemos por documentos originais recentemente descobertos, que naquela época, não só a escrita já era conhecida desde séculos, mas até o próprio alfabeto fenício-hebraico já fora inventado. Nem derrogam esta convicção universal a opinião de alguns, já na Idade Média, de que um trecho breve, como os oito últimos versículos do Deuteronômio, que narram a morte de Moisés , tenha sido acrescentado mais tarde ao Pentateuco. Somente nos tempos modernos é que surgiram dúvidas e negações radicais. A partir do séc. XVIII vem-se fazendo pesquisas perspicazes em três sentidos:
a – A composição: é fruto ou não da união de vários documentos ou de mais escritos originariamente distintos?
b – O autor: de quem são as partes individuais ou os documentos, quem as reuniu num todo, ou seja, de quem é a redação definitiva do atual Pentateuco?
c – A idade: quando viveu cada um dos autores e redatores?
São três questões distintas entre si, mas tão conexas que podem e habitualmente são tratadas como um tema comum: a questão mosaica. Para responder a tais questões elaboraram-se, no séc. XIX, vários sistemas; más prevaleceu sobre todos, no fim do século, o defendido por K.H. Graf (1866) e aperfeiçoado por J. Willheausen (1876-78). Ele distingue no Pentateuco quatro autores ou escritores diferentes: dois narradores denominados pelo uso diferente do nome de Deus, um javista (abreviado J), o outro eloista (E), aos quais se deve a maior parte dos fatos referidos no Gênesis, Êxodo, Números; um deutoromista (D), autor quase exclusivo do Deuteronômio; e um tratado presbiterial (P) ou código sacerdotal, que compreende todo o Levitico e muitas partes narrativas de Gênesis, Êxodo e Números. Esses são os documentos. Para as respectivas datas, segundo a supracitada escola, o código sacerdotal (P) seria posterior ao profeta Ezequiel (primeira metade do séc. VI a. C.), o Deuteronômio teria sido composto pouco antes da reforma religiosa de Josias, ou seja, pelo ano de 621 a.C, o eloísta e o javista seriam mais antigos (séc. VIII e IX). A união de todos esses escritos no atual Pentateuco ter-se-ia realizado no tempo de Esdras (séc. V a.C.). Com tais conclusões, nada mais resta a Moisés do Pentateuco, exceto um outro fragmento, como o Decálogo (Ex 20), incorporado pelos primeiros colecionadores das antigas memórias (J e E) á própria obra. Essa teoria estribada em boa parte no princípio filosófico da evolução, aplicado à religião e a história do povo hebreu, se bem, que tenha encontrado a maior aceitação entre os protestantes, teve na própria Alemanha, fortes opositores entre os críticos de primeira ordem, especialmente ao que se concerne, as datas atribuídas aos supostos documentos que, se na verdade é o ponto revolucionário é, também o mais vulnerável de todo o sistema. Para desmenti-lo neste ponto, surgiram no séc. XX novas escolas, e, novas orientações emergiram do solo com as escavações no Oriente, importantíssimos documentos tais como: o Código de Hamurabi, rei de Babilônia, os arquivos dos heteus, ou hititas, em Bogazkôy, na Ásia Menor e, os poemas ugariticos descobertos em Rãs Shamra, no litoral da Síria, para só mencionar os principais. Eles trazem à luz costumes, instituições e ritos análogos aos do Pentateuco de tempos até mais antigos de Moisés, e que os críticos julgavam próprios de é poça mais recente, e nos revelam fatos que se refletem na vida dos patriarcas (Gn 12), com matizes que poucos séculos atrás l teria sido impossível imaginar. Consequentemente, a brilhante concepção arquitetada por Willhausen acha-se em plena dissolução. Ela resiste ainda tenazmente á analise documentária, ou seja, a distinção de quatro (ou mais) fontes, de cuja fusão teria resultado o Pentateuco. Remetendo, para mais amplas explicações, a tratados especializados de introdução bíblica, ou a comentários mais desenvolvidos, exporemos aqui os fatos objetivos, sobre os quais se quer fundamentar a prova da estrutura compósita do Pentateuco, para indicar depois uma via de solução, e mostrar como esses fatos, quando reduzidos aos seu justo valor, não impedem que Moises possa ser verdadeiramente chamado autor do Pentateuco. A exposição que se auxiliará o leitor a formar uma compreensão mais clara destes livros:

3 - Nomes divinos.

Para exprimir a ideia de Deus, a língua hebraica dispõe de muitos termos. O mais freqüente (1440 vezes no Pentateuco, mais de 6800 em toda a Bíblia), é “Javé” (ou “Jeová”, segundo uma pseudo pronúncia introduzida entre os séculos XVI e XIX), nome próprio de natureza, como se disséssemos a divindade; gramaticalmente plural (a forma singular, “Eloah”, é poética e existe só 02 vezes no Pentateuco), quanto ao sentido é singular “El”, de igual valor, mais arcaico e poético, 46 vezes no Pentateuco; “Adonai“ = Senhor, 17 vezes, “Shaddai”, o Onipotente 09 vezes, “ Elion” = o Altíssimo, 06 vezes. A questão mosaica interessa principalmente os dois primeiros nomes. Foi observado (e o primeiro a dar pelo fato foi o médico católico francês Jean Astruc em 1756), que no Gênesis e no inicio do Êxodo capítulos inteiros empregam exclusivamente, ou quase, o nome Javé; outros, ao invés, com a mesma exclusividade e constância rezam Eloim. Assim, por exemplo, em Gn 1, lê-se 33 vezes Eloim, e nunca Javé; em Gn 04, uma vez Eloim fé 10 vezes Javé (em 2-3 diga-se de passagem, estão juntos Javé e Eloim); Em Gn 10.16 nenhum Eloim, 36 vezes Javé (com 02 Adonai); Gn 17, ao invés, 07 Eloim, 01 Javé; em Gn 24 nenhum Eloim, 19 Javé; em Gn 30-35 contra 32 Eloim, 06 Javé. Na tradução, a Vulgata nem sempre conserva distinção. O emprego alternado dos dois nomes divinos não é casual; nem é sem motivo que cessa em Êxodo 06, predominando depois quase exclusivamente Javé; isso esta manifestamente em relação com o que aí se lê; às gerações precedentes Deus se revelava como Shaddai, pois desconheciam o nome sagrado de Javé, revelado pela primeira vez a Moises (Vejamos Êxodo 03.13-15). Compreende-se, pois, porque nas narrativas precedentes o nome usado seja Eloim. Más, como explicar a presença de Javé em tantas partes de Gênesis?
Depois de Jean Astruc, viu-se aqui a prova tangível de duas fontes ou dos autores diferentes, chamados eloístas (sigla E), e outro javista (sigla J). Então vejamos se há razão nisso:

4 - Língua e estilo

No entanto, estão já todos concordes que o argumento dos nomes divinos, por si só, não é suficiente para se distinguirem solidamente fontes ou autores. Este argumento por isso é acompanhado de provas subsidiárias. Com efeito, observam eles, a alteração dos nomes divinos acha-se associada a semelhantes mudanças de vocábulos e construções. Por exemplo,. O ato criador em Gn 01 exprime-se com “bara”, em 2 com “vasar”; os habitantes da Palestina antes dos hebreus são chamados “cananeus” por J, “amoreus” por E; a serva, “sifha” por J, “amah” por E; o patriarca Jacó só em J toma o nome de Israel. A diversidade prolonga-se alem do Gênesis, o monte onde foi promulgada a lei, em J chama-se “Sinai”, em E, “Horeb”; o sogro de Moises em J tem o nome de “Reuel”, em E, de “Jetro”, e assim por diante. Igualmente, mudando os nomes divinos, muda o estilo. J é mais abundante e minucioso; condescendente e popular, não evita os mais chocantes antropomorfos; vivaz e dramático tem um colorido poético, fascinante. E é mais seco, anedótico, um pouco descuidado. Observando-se a diversidade de estilo, descobrem-se mais duas fontes ou autores:
a – um segundo eloísta que, nas partes legislativas, ocupa-se de preferência do culto religioso, donde foi chamado sacerdote e autor do “Código Sacerdotal” (P); e na seção narrativa ele aprecia as estatísticas, anotações cronológicas, fórmulas esquemáticas (exemplo seja a narração da criação Gn 01), a linguagem precisa e quase pedante do jurista.
b – E, enfim, o pregador que escreveu o Deuteronômio (D) num estilo amplo, parentético, cheio de afeto humanitário e de suave insinuação.

5 - Os duplicados

Para provar a pluralidade de autores do Pentateuco surge um terceiro argumento, mais valioso do que os dois antecedentes.
Certos acontecimentos – diz-se – e não poucas leis ocorrem duas e até três vezes em forma pouco diversa.
Assim, a criação do mundo é narrada duas vezes (Gn01.01-02,03 e 2.4-24); duas vezes Agar é expulsa da casa de Abraão (16 e 21); duas vezes acha-se em perigo a honestidade de Sara (12 e 20) e uma terceira a de Rebeca (26); as duas genealogias de Caim (04) e de Sete (05) tem em comum a maior parte dos nomes; no dilúvio (06-08) são entrelaçadas duas narrações distintas. Duas vezes é repetida a vocação de Moisés (Ex 03 e 06), a queda do maná e a pousada das codornizes no deserto (Ex 16 e Nm 11), a prova junto às águas de Meribá (Ex 17 e Nm 20). O preceito das três solenidades anuais é repetido até cinco vezes (Ex 23.14-19; 34.23-26; Lv 23; Nm 28; Dt 16).

6 -Variações das leis

Entre os duplicados legais, especial atenção reclamam os que introduzem uma modificação. A mais célebre e mais grave de tais modificações diz respeito ao lugar do culto (templo e altar). Ex 20.24 parece permitir a ereção de um altar em qualquer lugar, memorável por alguma intervenção divina, e aí imolar vitimas sagradas. Lv 17.03-09 não admite nenhuma matança de animal longe do altar, sobre o qual deve ser derramado o sangue, sendo este altar, em união com o tabernáculo sagrado, o único para todos. Em Dt 12.01-28, segundo a interpretação comum e óbvia, únicos são o templo e o altar, e fora deles não é permitido oferecer sacrifícios a Deus. Permite-se, no entanto, que se matem animais em qualquer lugar, para o uso comum, derramando-0lhes o sangue por terra, ação declarada profana e não mais sagrada. A esta variedade de leis corresponde – observa-se – a prática na historia, conforme vem narrada pela própria Bíblia. De fato, vemos nos livros de Jz 06.24-28; 13.15-23, de 1 Sm 06.09-17; 09.12, 2 Sm 15.07-12; 24.18-25, de 1 Rs 03.02-04; 14.14 etc..., altares erigidos e sacrifícios oferecidos quase por toda a parte, segundo as circunstancias, em harmonia com a lei de Êxodo. Mas, em 2 Rs 22.23, lemos que o rei Josias no sétimo ano de seu reinado (621 a.C.), tendo-se encontrado como que por acaso, no templo, um exemplar da lei, fez dela uma aplicação imediata, que corresponde exatamente às prescrições do Deuteronômio, particularmente acerca da unicidade do santuário e do altar. Trata-se da chamada reforma de Josias, precedida, um século antes, por uma tentativa de Ezequias no mesmo sentido (2 Rs 17.22; 2 Cr 32.12; Is 36.07). Esses fatos.
A supradita escola critica tira daqui as consequências que temos visto:
a - O Deuteronômio, o primeiro a ostentar a lei do altar único, foi composto no séc. VII a.C. pouco antes da reforma de Josias.
b – O Levitico, que já supõe a essa lei, bem como todo o Código Sacerdotal ao qual pertence, é posterior a Josias e ao exílio, acrescentado pouco depois.
c – Os dois escritos narrativos, o Javista e o Eloísta, que já circulavam separadamente, o primeiro desde o século IX na Judéia, o segundo desde o século VIII no reino de Israel, refletem a pratica mais antiga.

7 – Essas consequências sustentam-se?

Será que os fatos acima mencionados, reduzidos aos seus justos limites, não comportam outra explicação?
A solução da questão da autenticidade mosaica do Pentateuco depende da resposta a esses dois quesitos.
Partindo do primeiro argumento, o dos nomes divinos, afirmamos antes de tudo que nem sempre esteve ao arbítrio do escritor usar Javé o Eloim. O matiz sutil de sentido e a associação diferente de ideias contidas nos dois nomes levam, em dadas circunstancias, a usar um com exclusão do outro, e em certas construções o uso, sem razão aparente, ligou-se exclusivamente a um ou ao outro. É daí que se diz: “is Elohim” = homem de Deus, mas “debar Jahvé” = palavra do Senhor, e não o contrário.
O critério dos nomes divinos, portanto, esta sujeito à cautela. Além disso, será que estamos certos de que os nomes divinos, como figuram no texto atual, são originais, isto é, remontam ao próprio autor?
A tese critica o supõe. E é para ela indispensável. Há, porém, boas razões para duvidar. A alternação dos nomes divinos não é particularidade do Pentateuco: constata-se também em outros livros da Bíblia, especialmente no Saltério, onde os primeiros quarenta e os últimos sessenta salmos usam quase exclusivamente Javé, ao passo que os demais cinqüenta, do meio, empregam geralmente Eloim. Ora, (e isto é de importância capital), pode-se demonstrar com vários argumentos que também naqueles salmos, agora eloisticos, originalmente no lugar de Eloim havia Javé. Mais de um salmo da seção já vista é repetido na eloísta (um “duplicado” análogo do Pentateuco) sem outra variante, ou quase, senão justamente esses nomes divinos. Ora, assim como ninguém duvida que os salmos assim repetidos, por exemplo, 13 e 52, sejam do mesmo autor, assim também não está provado que seções javistas e eloístas no Pentateuco devam pertencer a autores diferentes. A língua e o estilo não dependem unicamente do autor, mas também do assunto e do gênero literário. Santo Agostinho ditava os seus trabalhos dogmáticos de modo diverso dos sermões populares. O Deuteronômio, que, é a promulgação oral de uma lei, em reunião pública, não pode ter o estilo lapidar de um código gravado em tábuas, nem as disposições rituais do código sacerdotal tem que se amoldar as leis civis do código da aliança (Ex cc 21-23). A variedade, por maior que seja não se opõe a unicidade substancial do autor. Alem disso, não esta excluído como veremos, o emprego de fontes e de colaboradores que também deixam a sua marca na obra definitivamente concluída. Distinguimos duas espécies dos chamados duplicados:
a – duas vezes ocorre um fato semelhante (duplicado real), ou duas vezes narra-se o mesmo fato (duplicado literário), para a questão da unicidade ou pluralidade de autor, somente a segunda espécie tem valor.
Distinguimos duas espécies dos chamados duplicados: duas vezes ocorre um fato semelhante (duplicado real);
b - duas vezes narra-se o mesmo fato (duplicado literário).
Para a questão da unicidade ou pluralidade de autor, somente a segunda espécie tem valor.
Ora, que, por exemplo, a beleza de Sara tenha excitado duas vezes, em duas cidades diversas, a cobiça de um déspota oriental (Gn 12 e 20) nada tem de improvável. É também verossímil que em quarenta anos mais de uma vez se tenha verificado a passagem das codornizes nas suas migrações através do deserto (Ex 16; Nm 11); estes são duplicados reais. Cumpre examinar, assim, caso por caso. Para a repetição em que o mesmo ato não pareça admissível, isto é, em se tratando de verdadeiros duplicados literários, tem valor a solução que delinearemos mais adiante. É ínsito em toda lei, civil ou religiosa, que, permanecendo inalterados os pontos fundamentais, em muitos outros esteja sujeita a variações com o decorrer do tempo e as mudanças de circunstancias. Nem a lei mosaica podia escapar a essa necessidade quase vital. Mas o próprio texto apresenta a razão das variações observadas no Pentateuco. Desde a primeira legislação no Sinai (Código da Aliança) e a segunda, às margens do Jordão, o Deuteronômio, passam-se cerca de quarenta anos, e, o que mais importa, o povo de Israel, no fim desse período, encontra-se prestes a sofrer uma profunda transformação, ao passar da vida nômade ou pastoril, à sedentária e agrícola. Impunha-se, portanto, uma adaptação do antigo direito às novas condições. Da não observância rigorosa, durante séculos, da lei deuteronômica sobre a unicidade do altar, não prova de per si que não existisse. De resto, um ou outro acréscimo ou modificação pode ter-se introduzido com o tempo nas leis mosaicas sem derrogar ou diminuir a paternidade de Moisés do Pentateuco. A escola critica, portanto não provou, contra o testemunho claro da própria Bíblia, a sua tese de que o Pentateuco em nada pertence a Moisés. Das discrepâncias, quaisquer que seja de vocabulário, de estilo, de leis, dão-se outras explicações conciliáveis com a autenticidade mosaica. No Gênesis, por exemplo, não se lhe opõe a distinção de fontes, pois trata-se de acontecimentos anteriores a Moisés, transmitidos, ao menos em grande parte, oralmente (talvez também, parcialmente, por escrito), as gerações do povo de Israel, cujas memórias o grande legislador teria registrado, deixando as narrações o seu matiz original. Um exemplo claro deste gênero temo-lo no capitulo 14 (expedição de Abraão e o encontro com Melquedeseque), de características tão individuais, que a critica o atribui a uma fonte especial, não pertencente a nenhuma das quatro habituais. No tocante aos quatro livros posteriores, que versam exatamente sobre os tempos de Moises, já indicamos as razões que explicam as particularidades estilísticas de dois grandes documentos legislativos, o Código Sacerdotal e o Deuteronômio.
Outra hipótese, baseada na analogia do Saltério, é a seguinte: o Pentateuco composto inteiramente por Moises, parte baseado em suas recordações e, parte em documentos fornecidos pela tradição e pela carta sacerdotal, propagou-se na sociedade hebraica e durante a transmissão, sofrendo modificações na forma, em nada insólitas na transcrição de obras literárias, chegou com o tempo a receber em dois pontos diversos da área israelita, por exemplo, no reino de Efraim e no reino de Judá duas formas um tanto diferentes, em uma delas, entre outras coisas, o primitivo nome de Javé foi substituído por Eloim. Mais tarde (no reinado de Ezequias ou Josias), quando se sentiu a necessidade ou a oportunidade de unificar as duas recensões, um redator fundiu-as, extraindo ora desta ora daquela, muitas vezes contentando-se com justaposições, sem alterar as feições de cada uma. Destarte explicar-se-iam os fenômenos que levaram a acreditar na existência de fontes diversas.

Conclusão

O homem vive obcecado em descobrir a sua origem, e em razão disso, surgiram muitas correntes de estudiosos gerando diferentes opiniões. A alça de mira da ciência volta-se (podemos imaginar um interesse camuflado) para o questionamento do que declaram as Sagradas Escrituras. Num tempo não muito distante, pudemos contemplar pelo menos duas teorias em questões: Teoria da Evolucionismo – de Charles Darwin e seus adeptos, que tirava autoria do poder divino na criação; destes alguns dissidentes concordavam com Deus como criador de todas as coisas, porém, deixou que tudo se ajeitasse a seu tempo; Teoria do criacionismo, formado pelos cristãos, embora fossem defensores ferrenhos de Deus como criador, e que, mantinha tudo sobre Seu controle permanentemente, tinha entre eles, alguns que concordavam também com os dissidentes evolucionistas. Essas correntes que vem contrariando o que se diz na Bíblia Sagrada, ao longo da história tem caído por terra, isto é, vem sofrendo modificações as quais podem ser comprovadas na vida de renomados cientistas, como exemplos: a vida de Isaac Newton (arianista confesso), Galileu Galillei, Johannes Klepper, Robert Boyle, Michae Faraday, James Clerk Maxwell. Não foi dessa vez, das inúmeras já tentadas que a ciência sobrepôs a Bíblia, ou melhor, Deus, ao ponto de Blaise Pascal - teoria da relatividade – dizer em seu livro “Penseés“. “Se Deus não existir, alguém não perderá nada em Nele acreditar; enquanto se Ele existir, alguém perderá tudo por não acreditar Nele."
Não foi o assunto supra abordado de forma mais detalhada, o que poderá ser feito oportunamente, porém, mereceu registro uma vez que, as idéias evolucionistas de Darwin, causaram e se não for seccionado trará muitos prejuízos para a sociedade vigente e a de futuro. Isto porque, influenciou Adolf Hitler na idealização raça pura germânica, já se encontra em livros escolares como tema de biologia no nível médio (origem do homem).
Nos Estados Unidos, em alguns estados, muitos pais de alunos cristãos revoltaram-se e questionaram as escolas que aceitaram essas medidas.  Entenderam que esses procedimentos estavam contrariando a fé e a religião no país e tirando o que Deus havia declarado nas Sagradas Escrituras. Atentemos para esses fatos.
Outra questão, esta mais antiga, é a razão da polêmica quanto a veracidade da historicidade e autoria do Pentateuco, que de fato foi o motivo de nosso estudo. Encontramos em nossa interpretação do assunto em questão que, Moisés não é o autor do Pentateuco. Ele não é o autor total, embora a tradição judaica afirme que sim.  Como vimos. A escrita sendo utlizada muito antes dele, tanto na Fenícia como na Arábia, e nas escavações arqueológicas foram encontradas a Pedra Roseta e o código de Hamurabi, delimitando assim, que a escrita já existia antes de Moisés, por certo, Moisés compilou materiais acerca da criação do mundo, da criação do homem, mensagens estas que também eram passadas de forma oral de pais para filhos, pois este era um costume utilizado no mencionado período. Outro fator que vem reforçar nossa interpretação é a narrativa da sua própria morte no último capitulo de Deuteronômio, o que pode ser atribuído a Josué ou a algum contemporâneo. Por outro lado, com vimos no inicio dos trabalhos, Moisés era um homem qualificado, estudante das melhores universidades do Egito, com um conhecimento amplo em muitas ciências usadas naquele tempo. Isto nos leva a avaliar que ele reunia todas as qualificações necessárias para escrever e organizar o Pentateuco com a Revelação do Espírito Santo de Deus. O fato é que ninguém pode, com absoluta, certeza afirmar quem escreveu o livro de Gênesis. Gênesis é o alicerce necessário para os escritos de Êxodo a Deuteronômio, e visto que a evidência disponível indica que Moisés escreveu esses quatro livros, é provável que tenha Moisés sido o autor do próprio Gênesis. A evidência apresentada pelo Novo Testamento contribui para essa posição (conforme especialmente Jo 05.46-47; Lc 16.31; 24.44). Na tradição da igreja, o livro de Gênesis tem sido comumente designado como Primeiro llivro de Moisés. Nenhuma evidência em contrário tem sido capaz de invalidar essa tradição. Assim sendo, o próprio Jesus nos afirmou: que nada que esteja encoberto que não venha a tona, por certo se não nos for revelado na terra, será revelado no céu.

Amém.

2 comentários:

  1. QUERO PRABENIZAR OS AMADOS PELO DESENPENHO. QUE DEUS CONTINUE ABENCOANDO.

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    1. Obrigado pela força irmão.
      Volte sempre.
      Dê sugestões,mande artigos, sugira temas.
      O Senhor é nossa vida!
      Graça e paz.

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