Páginas

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A OBRA DE DEUS?

A bíblia demonstra que somente a palavra de Deus pode executar a sua obra, pois tudo que foi criado, obras visíveis e invisíveis, existem por intermédio da palavra de Deus (Hb 11.3). Toda e qualquer obra realizada por Deus, criativa ou redentora, só pode ser executada por meio da sua palavra "Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei" (Is 55.11).
"Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus?" (Jo 6.28)
Há no coração dos homens uma disposição interna em realizar algo para Deus. Deste desejo têm surgido inúmeras religiões com inúmeros serviços e sacrifícios com intuito de agradar a Deus, porém, esquecem que o serviço não torna o homem agradável a Deus.
A pergunta que persiste pelos séculos e incomoda os homens acaba ecoando também entre muitos cristãos: - Qual é a obra de Deus? Como posso executá-la?
Esta mesma pergunta foi feita pelos judeus que seguiam a Cristo quando lhes prometeu alimento que concede vida eterna “Que faremos para executarmos as obras de Deus?" (Jo 6.28).
Ora, se o alimento para a vida eterna estava sendo oferecido por Cristo, sem dinheiro e sem preço, por que inquiriram sobre o que fazer para executar as obras de Deus?
Observamos neles uma grande inversão de valores. A ordem divina é que o homem coma do suor do seu rosto, e neste quesito os judeus buscavam um dádiva de Deus. Com relação a salvação, que é uma dádiva, queriam trabalhar pelo alimento celestial.
A multidão seguia a Cristo porque se fartaram com pães e peixes. Foram voluntariosos, destemidos, empreendedores e obstinados em seguir a Jesus, porém, estavam enfatuados quanto ao que estava sendo oferecido: buscavam somente sustento para o corpo.
Jesus estava ciente que o povo estava em seu encalço somente por causa dos pães e que não haviam considerado a sua pessoa, que é o pão que dá vida ao mundo. Seguiam a Cristo em busca de um milagre, pura e simplesmente, ou seja, trabalhavam por uma comida perecível.
Jesus estava oferecendo ‘comida’ que é para a vida eterna, gratuitamente, conforme o que foi anunciado por Isaias, mas não ouviram de bom grado “Ó VÓS, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi” (Is 55.1-3).
Do mesmo modo que Isaías orienta os trabalhadores a não gastarem o produto do trabalho naquilo que não podia satisfazer, Jesus orienta os seus seguidores a trabalharem pela comida que permanece “Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou” (Jo 6.26-27).
E o que é necessário ‘fazer’ para conseguir o alimento prometido? Basta ter fome e sede! Não precisa ter dinheiro! Não depende do produto de qualquer labuta! Basta inclinar os ouvidos e ouvir que a aliança se estabelece, sendo concedidas as firmes beneficências.

A Obra de Deus

Os idealizadores da pergunta: “Que faremos para executarmos as obras de Deus?" (Jo 6.28), eram homens carnais, pois ainda não haviam crido em Cristo. Buscavam-no somente porque comeram pães e peixes a fartar, mas não estavam dispostos a considerar a doutrina de Cristo.
Jesus alertou-os para que deixassem de labutar pela comida que perece (pães e peixes), pois estavam seguindo o Mestre somente porque comeram pão a fartar. Ou seja, estas coisas seriam acrescentadas naturalmente, porém, aquele era o momento de buscar o reino dos céus e a sua justiça "Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Lc 12.31).
Eles não compreendiam as coisas espirituais (1 Co 2.14). Após uma breve análise da pergunta é possível demonstrar que estavam equivocados em quererem executar as obras de Deus.
O primeiro erro embutido na pergunta deles consiste na ideia de que é possível ao homem executar a obra de Deus. Seguiam o mesmo erro dos seus pais que foram resgatados do Egito, visto que eles também propuseram fazer a obra de Deus, como se lê: "E tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos, e obedeceremos" (Êx 24.7).
Uma mente carnal entende que Deus quer que o homem execute a sua obra, pois não compreendem que ao homem compete somente descansar na promessa d’Ele. Basta qualquer homem dar ouvido à palavra do Senhor para que Deus realize a sua obra, que é: “Creia naquele que ele enviou”.
Observe a resposta e como Jesus corrige o foco da pergunta dos seus inquiridores: “A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou” (Jo 8.29).

Jesus demonstra que:
a) a obra é de Deus, e;
b) a obra é específica, ou seja, não compete ao homem realizá-la.

A obra de Deus consiste em que os homens ‘creiam n’Aquele que Ele enviou’, o Verbo encarnado. É por isso que a palavra do Senhor é anunciada em todos os tempos, para que creiam n’Ele, pois a obra de Deus (fé) vem somente pelo ouvir, ‘... e o ouvir pela palavra de Deus’ (Rm 10.17).
A bíblia demonstra que somente a palavra de Deus pode executar a sua obra, pois tudo que foi criado, obras visíveis e invisíveis, existem por intermédio da palavra de Deus (Hb 11.3). Toda e qualquer obra realizada por Deus, criativa ou redentora, só pode ser executada por meio da sua palavra "Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei" (Is 55.11).
Quando Moisés pegou o livro da aliança e leu aos ouvidos do povo era para que confiassem em Deus, pois por intermédio da palavra de Deus teriam vida "E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem" (Dt 8.3).
Quando Jesus multiplicou os cinco pães e os dois peixes, Ele tinha o fito de dar a entender ao povo que o homem não terá vida por intermédio do pão material, antes só terá vida por intermédio da palavra de Deus.
Desde Moisés o povo andava atrás de alimento para sustento do corpo físico, pois ainda não haviam compreendido que a vida que Deus quer conceder aos homens é proveniente da palavra que sai da boca do Senhor.
Por labutarem por coisas pertinentes a esta vida o povo de Israel ficavam focados somente no que viam e não confiavam em Deus: rejeitaram ouvir a sua palavra, depois rejeitaram o Verbo encarnado "E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos" (Ex 20.19). O que era para vida entenderam que lhes traria morte! Que falta de confiança! Enquanto Deus oferece vida em abundância através da sua palavra, buscavam somente alimento para sustento da carne.
Como não creram na palavra que saiu da boca de Deus, Deus enviou o seu Filho Unigênito, o Verbo de Deus encarnado para que, por intermédio d’Ele os homens obtivessem vida "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16; Jo 1.4).
Cristo foi enviado por Deus na condição de pão vivo para que os homens obtivessem vida (Jo 6.51), e Jesus levou a efeito este objetivo, anunciando a palavra de Deus "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" (Jo 6.38); "Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6.40; Jo 5.24).
Após a multiplicação dos pães Jesus concita os seus seguidores a deixarem de trabalhar pelo alimento que perece, antes deviam trabalhar pela comida que permanece, e que tal comida haveria de ser concedida de graça “... a qual o Filho do homem vos dará” (Jo 6.27). Cristo anunciou ser o pão da vida, entregue para que os homens obtivessem vida.
Enquanto Jesus é o alimento que concede vida aos homens, o seu sustento era fazer especificamente a vontade do Pai e realizar a sua obra "Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra" (Jo 4.34).
Somente Cristo pode realizar a obra de Deus! Por quê? Porque Ele é a palavra encarnada que faz o que é aprazível ao Pai (Is 55.11). Jesus veio para que os homens cressem nos escritos do Pai, a obra de Deus por excelência, e para isso, anunciou aos homens as palavras de Deus: fez a sua vontade e obra "Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?" (Jo 5.47); "Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida" (Jo 3.34).
Após esta análise, conclui-se que a obra de Deus é específica, e consiste em que os homens creiam no Verbo de Deus “A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou” (Jo 6.29).
Neste sentido profetizou Isaías, demonstrando que Deus haveria de conceder aos homens a paz, ou seja, aquela que excede a todo entendimento, uma vez que Deus haveria de realizar nos homens (em nós) todas as suas obras "SENHOR, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras" (Fl 4.7; Is 26.12).
Deus estabeleceu a paz em Cristo. É Deus que realiza a obra redentora, pois os que creem são obras d’Ele, ‘... feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas’ (Ef 2.10).
Conclui-se através do que o apóstolo Paulo escreveu que, tanto ‘a obra de Deus’ quanto às ‘boas obras’ são proveniente de Deus, por intermédio de Cristo.
Após regenerado, compete aos cristãos andarem nas boas obras certos de que Deus já as preparou para este objetivo. Em Cristo toda a jactância é excluída! (Rm 3.27)
O cristão é obra de Deus conforme se lê: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17).
E como os cristãos foram criados? O apóstolo Tiago responde: "Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas" (Tg 1.18). Deus gerou de novo os que creem por intermédio da sua palavra, pois toda obra de Deus só existe e se sustêm pela sua palavra.
A obra de Deus decorre da sua vontade concretizada através da sua palavra! Ele assim o fez para constituir as suas novas criaturas em louvor da sua glória e graça (Ef 1.6 e 12).
Qualquer que ouve a palavra da verdade, o evangelho da salvação que é poder de Deus para todos que creem, recebe de Deus poder para ser feito filhos de Deus, deixando de ser filho de Adão (Jo 1.12; Rm 1.16), e é selado com o Espírito Santo da promessa.
Tudo é por graça somente, pois o cristão é salvo por meio da fé (evangelho) que uma vez foi dada aos santos (Jd 1.3; Ef 2.8). A verdade do evangelho, também denominada fé, é dom de Deus, o que dispensa as obras e a jactância (Ef 2.9).
Se alguém convocar para fazer a obra de Deus, muito cuidado, pois é bem provável que quem faz este convite não compreenda ainda qual é a obra de Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você é muito bem-vindo. Deixe seu comentário para podermos ir melhorando.