Ao falar da necessidade do novo nascimento Cristo demonstrou que ser judeu, fariseu, mestre ou religioso, não habilita ninguém a ter acesso ao reino de Deus.
A Função dos Milagres
"Havia entre os fariseus um homem chamados Nicodemos, um dos principais dos Judeus. Este foi ter com Jesus de noite, e disse: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus. Pois ninguém poderia fazer estes sinais miraculosos que tu fazes, se Deus não fosse com ele" ( Jo 1.1-2)
Entre os Judeus havia um mestre do judaísmo de nome Nicodemos. Ele era fariseu e foi encontrar-se com Jesus à noite. Neste encontro, surpreendentemente Nicodemos chamou Jesus de ‘Rabi’, ou seja, Mestre. Tal reconhecimento vindo da parte de um juiz, ou de um mestre em Israel era para deixar qualquer um dentre os homens lisonjeado.
Mas, por que Nicodemos chamou Jesus de Mestre? Em sua abordagem inicial Nicodemos fez a seguinte afirmação: “Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele” ( Jo 3.2 ).
Nicodemos entendeu que Jesus era mestre por causa dos milagres que estavam sendo realizados. Nicodemos ao ter noticia dos milagres realizados por Jesus entendeu que Ele era Mestre, porém, um mestre enviado por Deus, o que tornava Jesus distinto de todos os outros mestre em Israel.
Quem poderia realizar os milagres que Jesus estava realizando sem o auxilio do dedo de Deus? O próprio Nicodemos responde: Ninguém poderia realizar estes sinais que Tu fazes! A análise de Nicodemos é totalmente válida, e a conclusão também ( Jo 5.36 ).
Nicodemos venceu uma grande barreira ao concluir que Jesus era Mestre vindo de Deus, e esta conclusão impulsionou Nicodemos a ter um encontro com Cristo à noite. Outros fariseus tiveram encontro com Cristo à luz do dia, porém, movidos de hipocrisia, querendo pegar Jesus nalguma contradição.
Após analisar a pessoa de Jesus através dos milagres que Ele operava, Nicodemos foi até Jesus e expôs a sua conclusão:
Jesus era Mestre;
Enviado por Deus;
Ninguém poderia realizar tais milagres, se Deus não estivesse com ele.
Nicodemos não foi atrás de um milagre, antes queria saber mais sobre a doutrina d'Aquele que operava milagres.
Sabemos que Deus possui todo poder, e que milagres não são maravilhas superior a própria obra da criação. Não há milagres que supere a obra criativa de Deus, tais como: a vida, o universo, etc. Tudo é um milagre, pois todas as coisa foram operadas maravilhosamente através do poder de Deus.
A função precípua de um milagre é despertar o homem a conhecer o seu Criador. Qualquer uso ou discurso que se faz fora desta tônica desvirtua o 'testemunho' que Deus dá acerta d'Ele, para que o homem procure se aproximar de Deus ( Hb 2.4 ).
Milagres não é o primordial na vida do homem, antes é preciso ter em mente que os milagres são a confirmação de Deus do que foi anunciado pelos profetas e por Cristo. É preciso crer em Deus que opera maravilhosamente, e não nas maravilhas operadas. O homem precisa estar focado na mensagem de Deus, e não nas maravilhas que Dele procedem.
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3)
Embora reconhecesse Jesus como sendo Mestre da parte de Deus, Nicodemos desconhecia a doutrina de Cristo. O milagre foi à causa primária da conclusão de Nicodemos de que Cristo havia sido enviado por Deus, porém, Nicodemos precisava ouvir a doutrina do Mestre enviado .
Nicodemos estava focado na qualidade de Mestre daqueles que era enviado de Deus e operava milagres que ninguém poderia operar, se Deus não fosse com Ele “... porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele” (Jo 3.1).
Qual não foi a surpresa de Nicodemos quando Cristo lhe respondeu: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3).
A estratégia de evangelismo de Jesus é a mesma adotada por João: os milagres tinham a função de demonstrar aos homens que Jesus era o enviado de Deus. Uma vez que Nicodemos já havia reconhecido que Cristo era Mestre enviado por Deus “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus...”, Jesus chama a atenção de Nicodemos para o primordial, o novo nascimento “... e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31).
Os milagres deixam de ter importância quando a verdade vem à tona e Nicodemos pergunta: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?” (Jo 3.4). Nicodemos não contesta a informação dada pelo Mestre enviado por Deus, antes se preocupou em entender a dinâmica do ‘novo nascimento’, ou da doutrina de Cristo.
Por estar vetado o reino dos céus àqueles que não nasceram de novo, Nicodemos ficou preocupado, uma vez que ele já era velho. Haveria um milagre extraordinário que tornaria possível Nicodemos voltar ao ventre materno para que ele pudesse nascer de novo, mesmo sendo velho?
O fariseu Nicodemos, seguidor de um seguimento mais severo da religião judaica, ao ser informado que não tinha direito de ver o Reino de Deus, deveria soar no mínimo como absurdo. Nicodemos poderia ter rejeitado de pronto a doutrina de Jesus, já que ele, além de ser fariseu, era um representante do melhor da nação e da religião judaica.
Fica claro que ser judeu ou gentil, ser fariseu ou de qualquer outro seguimento religioso, ser mestre ou leigo, ser juiz ou réu, não habilita ninguém a ter acesso ao Reino de Deus. Antes, todos, indistintamente necessitam nascer de novo.
Em nossos dias há muitas pessoas que querem conhecer Cristo através de milagres e maravilhas, mas que não buscam a sua palavra “Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” (Jo 5.47).
Nicodemos foi além dos milagres operados por Cristo “porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele”, e suportou a doutrina de Cristo, mesmo ela demonstrando que a sua condição não lhe dava direito ao reino dos céus.
Ao falar da necessidade do novo nascimento Cristo demonstrou que ser judeu, fariseu, mestre ou religioso, não habilita ninguém a ter acesso ao reino de Deus. É sobre estes aspectos que comentaremos o novo nascimento: Por que devemos passar pelo novo nascimento? O que é esse novo nascimento? O homem consegue nascer de novo sem a participação de Deus?
Ao preocupar-se em como um velho poderia nascer novamente, vemos que Nicodemos despiu-se de seus méritos e posições. Ele poderia ter perguntado como era possível alguém na posição de juiz, ou de mestre, nascer de novo, mas diante de Jesus, Nicodemos viu a sua real posição: um homem já velho, que carecia de salvação (novo nascimento)!
“Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3)
A resposta de Jesus a abordagem de Nicodemos é taxativa e universal.
É taxativa porque se não for satisfeita a exigência, não há como o homem ver o Reino de Deus. É universal por englobar toda humanidade.
Visto que o novo nascimento é uma necessidade que abrange todos os homens, podemos inferir que a salvação não diz de uma restauração moral, nem tão pouco de uma restauração física. Se assim fosse, os homens de moral mais elevada não necessitariam do novo nascimento.
Através da declaração de Jesus vemos que, tanto aqueles que possuem, quanto os que não possuem qualidades e méritos, precisam do novo nascimento. Nicodemos é um exemplo claro desta verdade.
Nicodemos era membro do Sinédrio, supremo tribunal dos Judeus (Jo 3.1). Ele era um dos mestres em Israel (Jo 3.10). Era membro também de uma das mais severas seitas do judaísmo, o farisaísmo (Jo 3.1). Perante a sociedade, os da seita do farisaísmo eram tidos por justos pelo comportamento distinto que apresentavam (Mt 5.20).
Mas, apesar de todas as suas qualidades pessoais (moral, caráter e comportamental), Nicodemos precisava nascer de novo, assim como qualquer outro homem desprovido de qualidades e méritos.A abordagem de Jesus deixa evidente que os valores que os homens tanto primam (prezam) seguir não operam e nem mesmo promovem o novo nascimento.
Jesus demonstrou que todos os homens precisam do novo nascimento, ou seja, é imprescindível o novo nascimento para se ver e ter acesso ao Reino de Deus.
Desta forma, verifica-se que o novo nascimento não está vinculado aos princípios em que as relações humanas se firmam.
O homem procura aprovação na religião, na sua origem, no comportamento, na moral, no caráter, na justiça própria, na justiça humana e até mesmo através dos sacrifícios, mas estas coisas também não promovem o novo nascimento.
Geralmente as religiões propõem uma melhora ou uma mudança no caráter e no comportamento do homem, o que é proveitoso para as relações humanas, porém, tal proposta não possui valor algum na obtenção da salvação.
Nicodemos era o melhor que a sociedade da época podia apresentar, mas a resposta de Jesus deixa implícito que o Reino de Deus não é conquistado por questões pertinentes a este mundo.
“Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Poderá voltar ao ventre da sua mãe e nascer?” (Jo 3.4)
A resposta de Jesus mudou as convicções de Nicodemos sobre como alcançar a salvação, visto que, até aquele momento ele acreditava que tinha direito ao reino de Deus por ser descendente (filho) de Abraão ( Mt 3.9 ; Jo 8.33).
Quando ele soube que era necessário um novo nascimento para ter acesso ao o reino de Deus, questionou: Como pode um homem velho nascer novamente? É possível que ele volte ao ventre materno para novamente nascer?
Ao preocupar-se em como um velho poderia nascer novamente, vemos que Nicodemos despiu-se de seus méritos e posições. Ele poderia ter perguntado como era possível alguém na posição de juiz, ou de mestre nascer de novo, mas diante de Jesus, Nicodemos viu a sua real posição: um homem já velho, que carecia de salvação (novo nascimento)!
A conjectura de Nicodemos é descartada: ‘Poderá voltar ao ventre materno, e nascer?’, uma vez que o novo nascimento não tem relação com a descendência humana (maternidade ou paternidade).
Mesmo após ser descartada a conjectura de Nicodemos, ela nos auxilia na compreensão do sentido exato da palavra ‘nascer’ quando empregada por Jesus neste capítulo.
Quando Jesus falou da necessidade do novo nascimento, a ideia primária da palavra ‘nascer’ permaneceu a mesma (foi preservada).
Nascer ou nascimento refere-se à chegada de um novo ser ao mundo. Diz do início de uma nova vida neste mundo pleno da mesma vida que há em seus pais (natureza).
Se Nicodemos entendeu que, para ocorrer o novo nascimento era preciso voltar ao ventre materno, podemos inferir que o sentido exato da palavra 'nascer' utilizado por Jesus não diz de uma reforma na natureza do homem. Ela também não diz de uma possível recuperação moral e comportamental do homem. Não diz de uma conformidade. Não diz de uma reversão de atitude. Não é uma revitalização de uma vida que se extingue etc.
Quando Jesus disse que é preciso nascer de novo, ele falou da vinda de um novo ser a existência, pleno da vida que há em Deus, e de posse da natureza divina.
Jesus falou de uma ‘nova geração’, ou seja, de uma nova criação. Da mesma maneira que a palavra nascimento diz da vinda de um ser ao mundo, pleno da vida que há em seus pais, o novo nascimento diz da criação de um novo ser pleno da vida que há em Deus.
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