AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL
Prof. Adaylton de Almeida Conceição
INTRODUÇÃO. Entre todas as profecias, da Bíblia, as Setenta Semanas de Daniel merecem destaque especial.
No capitulo nove de Daniel está uma das mais importantes Profecias que devemos estudar na Escatologia, e diz a respeito das SETENTA SEMANAS DE DANIEL. Para se fazer um estudo completo do Apocalipse, Grande Tribulação, ou qualquer outro assunto que fale sobre o tempo do fim (Daniel 8.17) é necessário primeiro estudar as setenta semanas de Daniel, pois esta é uma profecia indispensável à Escatologia.
Daniel tem estreita ligação com Apocalipse. Daniel encerra e sela a profecia, enquanto que Apocalipse abre. Daniel é o Apocalipse do V.T., e Apocalipse, o Daniel do N.T.
O Senhor, através da revelação dada ao profeta Daniel, nos mostra com detalhes eventos que fizeram parte da história da humanidade e outros que ainda ocorrerão.
Dentro desse conjunto de preciosas revelações divinas, as setenta semanas de Daniel têm sido objeto de estudo e servido como um verdadeiro mapa, o qual nos revela que caminhos estão reservados para nós no futuro, dentro do plano perfeito de Deus.
Entre os teólogos não há consenso quanto alguns aspectos, no que concerne à interpretação das setenta semanas de Daniel.
Por exemplo, um grupo segue a interpretação contínua, segundo a qual a septuagésima semana segue a sexagésima-nona, sem nenhum intervalo. Outros, defende a teoria do intervalo, ou seja, 69 semanas já se cumpriram, mas falta o cumprimento da septuagésima semana. Estamos acordes com a interpretação que admite um intervalo entre a semana 69 e a 70.
TEXTO
Daniel 9.24–27: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e profecia, e ungir o Santo dos Santos. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas: as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre as asas das abominações virá o assolador, e isso até a consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.”
O CONTEXTO – A cidade de Jerusalém estava praticamente destruída. Seu povo, inclusive o profeta Daniel, foram levados cativos para a Babilônia, sob as ordens de Nabucodonosor, a quem deveria servir por 70 anos (2 Crônicas 36.17-21; Jeremias 25.11).
Daniel inquieta-se porque os 70 anos de cativeiro são findos e ele não recebe de Deus qualquer palavra sobre a restauração da Cidade Santa e, também, nada sobre a restauração espiritual do povo. Então Daniel intercede pelo seu povo e Deus responde, através do anjo Gabriel.
Calendário bíblico ou profético: mês = 30 dias - ano = 360 dias
O ano bíblico ou profético tem uma duração de 360 dias, pois em Gênesis 7.11 e 8.4 temos “cinco meses” (tempo do dilúvio), e em Gênesis 7.24 e 8.3 a sua quantidade em dias = 150 dias, logo cada mês tem 30 dias. Portanto o ano bíblico ou profético tem 12 X 30 = 360
dias. Em Apocalipse 12.6 e 13.5 a expressão 1260 dias equivale exatamente 42 meses (42 x 30 =1260) ou seja 3 anos e meio.
PARA QUEM ESTÃO DETERMINADAS AS SETENTA SEMANAS?
Em Daniel 9.24 diz: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo (ISRAEL), e sobre a tua santa cidade”. Esta parte das escrituras afirma que este período de tempo irá se cumprir sobre o povo Judeu (o teu povo) e sobre a cidade de Jerusalém (a tua santa cidade). Portanto esta profecia é destinada toda ela para Israel, sendo assim lembramos o leitor "NÃO SE DEVE CONFUNDIR ISRAEL COM IGREJA" .
RAZÕES PORQUE PENSAR EM “SETENTA SETES DE ANOS”:
A palavra Hebraica "SHABUA" (שָׁבוּעַ) empregada no texto de Daniel 9 significa “dias de anos” - Daniel só empregou SHABUA, quando se referia à bem conhecida semana de anos, uso costumeiro, que todo Judeu entenderia.
No calendário Sagrado (Divino) inspirado, os Judeus tinham "um sete de anos", como um "sete de dias" e esta "semana de anos" era tão familiar como semana de dias para os judeus.
"Em certos casos era mais importante ainda; seis anos os judeus estariam livres para arar e plantar, mas o 7º seria um sábado solene de repouso para a terra (Lv 25.3, 4). Sete sábados de anos era o grande ano jubileu comemorado de 50 em 50 anos (Lv 25.8, 9). Nada poderia ser mais importante para os judeus do que esta "semana de anos".
Daniel pensava não somente em anos em vez de dias, mas um definido múltiplo de 7 (Dn. 9.1, 2).
Pelo argumento da razão podemos dizer que:
- Todo contexto da profecia exige que os "setenta setes" sejam de anos, porque, se fosse 70
setes de dias (490 dias) daria pouco mais de um ano e, considerado todos os eventos desta profecia, toma-se improvável e sem apoio esta interpretação.
- Por toda a regra de bom senso e lealdade em interpretação os "Setenta setes" devem ser interpretados como "de anos" e não como "de dias".
AS SETENTA SEMANAS SE DIVIDEM EM 3 PARTES:
A INTERPRETAÇÃO
PRIMEIRA PARTE: Daniel 9.25 - Sete Semanas ou 49 anos
De acordo com Daniel 9.25, Jerusalém seria edificada e restaurada da destruição que o império Babilônico causou a santa cidade (Daniel 1.1, II Reis 24.1), esta ordem foi dada pelo Rei Artaxerxes a Neemias aproximadamente no ano 445 a.C., e nesta mesma data iniciou-se a contagem da primeira divisão, e terminou aproximadamente no ano 397 a.C., o que é relativo a 49 anos (7 semanas de anos), onde no final deste período a santa cidade estava totalmente reconstruída .Daniel 9.25. Esta palavra se cumpriu literalmente no período previsto.
SEGUNDA PARTE: O segundo período corresponde à 62 semanas ou 434 anos que iniciaram depois deste período (49 anos) e iriam passar até a vinda do MESSIAS, quando Ele entraria em Jerusalém, Mi. 21.1-11. Depois desse tempo o messias seria tirado (morto).
Dn. 9.26 - "... depois das 62 semanas será tirado ou morto o Ungido e mais não estará, e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão determinados assolações."
Até aqui constam-se dois períodos da visão de Daniel correspondentes à 69 semanas ou 483 anos. Resta ainda uma semana ou 7 anos de castigo sobre o povo Judeu, E QUE ESTÁ INTERROMPIDO PELA IGREJA.
Entre a 69ª semana e a 70ª há um período de tempo chamado de "intervalo", de "parêntesis", quando o cumprimento das SETENTA SEMANAS é interrompido. Neste intervalo antes do cumprimento última semana, algumas coisas acontecerão, estes fatos estão registrados no v. 26. São eles:
lº) A morte do Ungido;
2º) a destruirão da cidade;
3º) e do santuário pelo povo do príncipe que havia de vir, que aconteceu no ano 70 d.C., quando o general Tito, destruiu totalmente a cidade de Jerusalém, e quando os judeus foram dispersos por todo o mundo;
4º) A guerra que iria até o fim;
5º) As desolações que estavam determinadas.
Cristo morreu uma semana depois que se cumpriram 69 semanas. A cidade e o santuário foram totalmente destruídos. Os judeus nunca tiveram sossego. A terra da Palestina ficou desolada, abandonada, foi transformada num deserto, até 1943, quando começou a reviver, Esse reviver da terra prometida, com Israel transformado-se em nação livre, indica que o tempo do fim indicado no v. 26, chegou. Estamos começando a entrar na era do tempo do fim.
TERCEIRA PARTE: O último período da profecia, a tão conhecida SEPTUAGÉSIMA
SEMANA DE DANIEL, ou ainda, 7 anos que restam, os quais só se cumprirão com o aparecimento do anticristo no período da Grande Tribulação, após o Arrebatamento da Igreja tendo assim o cumprimento total da visão profética que o Senhor deu ao seu servo Daniel para o povo judeu (Dn. 9.27; Ap. 11.7; 13.5).
A ESCATOLOGIA DESTA DIVISÃO: Esta terceira divisão, a última das setenta semanas de Daniel é ainda futura, ainda não se cumpriu, devido o povo Judeu não estar na cidade santa (Daniel 9.24), e como já foi escrito, esta profecia irá se cumprir sobre o povo Judeu, e este povo precisa estar na cidade santa, e como mostramos na segunda divisão, os Romanos invadiram Jerusalém aproximadamente no ano 70 d.C, e expulsaram os Judeus da santa cidade, e os mesmos foram dispersos para muitas nações (Ezeq. 36.19-20, S. Lucas 21.24), e nesta data esta profecia teve de ser interrompida na sua 69 ordem; pois o povo Israelita não se encontrava na cidade de Jerusalém, e para que esta profecia se cumpra é necessário que o povo do Profeta Daniel (Judeus) estejam em Jerusalém. Esta última semana não pode ter se cumprido em hipótese alguma, pois nesta última semana (7 anos) os Judeus iriam fazer um acordo com o assolador (anticristo) e este assolador seria destruído, porém isto ainda não aconteceu, Israel ainda não fez este acordo com o inferno (Isaías 28.15-18), e muito menos o anticristo foi destruído, sendo assim posso afirmar que esta última semana de Daniel ainda não se cumpriu. Esta profecia permanece interrompida.
Este período terminará com a volta do Messias, com poder e glória, para Seu reinado milenar (Ap 20.1-6). Esta semana, ou sete anos, será dividida em dois períodos distintos de três anos e meio, ou 1.260 dias, ou 42 meses. Já vimos que o anticristo fará uma aliança com Israel por todo o período de sete anos, mas na metade desse tempo quebrará o acordo e fará cessar a adoração a Deus (Daniel 9.27; Ap 11.2; 12.6; 12.14; 13.5).
O FIM DO TEMPO DOS GENTIOS. Esta última semana só irá iniciar quando acabar o Tempo dos Gentios (Lucas 21.24), este período de que falou o Senhor Jesus Cristo, é o tempo em que Deus separou para salvar os Gentios, e convertê-los a Cristo sem pecado algum, mediante a morte do Senhor na Cruz. É o período em que a Graça de Deus é oferecida aos pecadores, e se esta última semana não fosse interrompida, com certeza as setenta semanas de Daniel já estariam totalmente cumpridas, e desta forma não haveria salvação para ninguém, e este é o maior motivo pelo qual esta profecia foi interrompida. Cristo Jesus quer Salvar a todo aquele que nele Crer, antes do verdadeiro desastre que esta última semana trará ao mundo, antes que o anticristo venha assombrar a todo. Isto mostra o amor de Deus em seu ponto máximo. E antes que esta última semana tenha seu início, o tempo dos Gentios irá se cumprir com o arrebatamento da igreja, com a salvação plena daqueles que aceitaram a Cristo, com um dos maiores propósitos de Deus sendo alcançado.
A GRANDE TRIBULAÇÃO
Há muitos estudos sobre o tema da Grande Tribulação, e lamentavelmente, muitas vezes, em vez de esclarecer, confunde mais as pessoas. Lendo alguns escritos sobre o tema, vemos que muitos não fazem distinção entre “as tribulações e sofrimentos geral do povo de Deus”, e o período específico da Grande Tribulação como está escrito no Antigo e no Novo Testamento.
O conceito de “tribulação” supõe um tempo de pressões, aflições, angustias de coração e perturbações em geral. Em consequência, uma situação de tribulação é uma experiência comum da raça humana que resulta do seu pecado e rebelião contra Deus e do conflito entre Deus e Satanás no mundo.
Durante a Grande Tribulação, veremos que o povo judeu (Israel) terá um papel preponderante, conforme já vimos, é o cumprimento da 70ª semana de Daniel. Também veremos que a besta fará um pacto com os judeus, ainda que as Escrituras não especifiquem muito bem as condições desse pacto, mas nos deixam ver que é algo como “promessa de proteção”. Esse pacto será interrompido depois de três anos e meio (Daniel 9.27), e ela (a besta - o anticristo) começará a perseguí-los. Tal fato dará inicio a Segunda parte do período dos sete anos da Grande tribulação.
A Grande Tribulação tem como principal objetivo o povo judeu, porém o resto do mundo também sofrerá (Jeremias 25.29-32). Deus entrará em juízo com seu antigo povo para prová-lo. Lendo Ezequiel 20.33-38, vemos que Deus diz em duas oportunidades, que entrará em juízo com os judeus.
Em Deuteronômio 4.29,30, Israel é advertida a fim de que se voltasse ao Senhor, quando se encontrasse no período de tribulação dos últimos dias. Este tempo específico é objeto de atenção especial pelo profeta Jeremias. Em Jeremias 30.1-10, prediz que o tempo de tribulação será precedido pelo regresso parcial dos filhos de Israel a sua terra: “ Pois eis que vem os dias, diz o Senhor, em que farei voltar do cativeiro o meu povo Israel e Judá, diz o Senhor. Tornarei a trazê-los à terra que dei a seus pais, e a possuirão” (v. 3).
Logo depois, nos versículos 4 – 7, vemos a descrição do período de tribulação que virá sobre eles depois de regressarem à terra prometida.
A Grande tribulação abarca um período de sete anos, dividido em duas fases de três anos e meio. A descrição mais detalhada da Grande Tribulação se encontra em Apocalipses capítulos 6 ao 18.
A Grande Tribulação, também conhecida como “os quarenta e dois meses” (Apoc. 11.2; 12.6; Dan. 7.25), será o tempo da justiça divina (Apoc. 15.6). As forças da natureza que operam nos céus entrarão em convulsão (Mat. 24.29.Ageu 2.6). Através da Bíblia vemos que muitas vezes os céus são mencionados como palco de tremendos acontecimentos.
A MANIFESTAÇÃO DO MESSIAS
A volta de Jesus é certa, não depende das pessoas acreditarem ou não. Ele disse que iria voltar. Jesus voltará!
Em contraste como arrebatamento, onde não existe evidência de que o mundo verá a glória de Cristo, a Segunda vinda de Cristo será visível e gloriosa. Cristo mesmo descreveu sua vinda como um relâmpago que resplandece desde o oriente até o ocidente (Mateus 24.27). Assim como a ascensão em Atos 1.11 é visível, sua Segunda vinda será visível, e Cristo “virá como haveis visto ir ao céu” (Atos 1.11).
A Segunda vinda de Cristo, também é para julgar a terra (Sal. 96.13). Este tema do Juízo das Nações é muito importante realçar que o mesmo acontecerá mil anos antes do Juízo Final, visto que, entre um e o outro há um espaço de mil anos.
Sabemos que nesse momento, a população da terra estará muito reduzida (Mateus 24.21,22; Daniel 8.24). Vimos que durante a Grande Tribulação houve grandes cataclismos que provocaram muitas mortes.
Nesta manifestação do Messias, o Anticristo e o Falso Profeta, serão agarrados e lançados no lago de fogo e enxofre (Apoc. 19.19-20) enquanto que o resto de sua tropa será exterminada pelo Messias (Apoc. 19.21).
Saiba que o Altíssimo está no controle de tudo e de todos. Mesmo nos momentos mais difíceis.
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(Th.B.Th.M.Th.D.)
www.adayltonalm.spaceblog.com.br
= O Prof. Adaylton de Almeida Conceição, foi Ministro do Evangelho, tendo exercido seu ministério no Amazonas e por mais de vinte anos trabalhou como Missionário na Argentina e Uruguai. Escritor, Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia, Pós graduado em Ciências Políticas, Psicanalista e Jornalista Profissional. Foi o Diretor da Faculdade Teológica Manancial.
Nota do autor do blog: Foi meu um dos meus professores e responsável por minha graduação em Teologia.
BIBLIOGRAFIA
Adaylton de Almeida Conceição - Introdução à Escatologia (Ed. Manancial)
As setenta semanas de Daniel-http://www.jdso7.com.br/index.php?pagina=1313196836
Israel S. Reis - Cálculo das Setenta Semanas de Daniel...
Jesiel Rodrigues - Setenta semanas de Daniel
Nelson Salviano da Silva -AS SETENTASEMANAS DE DANIEL
Rodrigo M. de Oliveira - As 70 semanas de Daniel
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