MARTINHO LUTERO |
O grande reformador
(1483-1546).
JOÃO HUSS |
No
cárcere, sentenciado pelo Papa a ser queimado vivo, João Huss disse:
"Podem matar o ganso (na sua língua, 'huss' é ganso), mas daqui a cem
anos, Deus suscitará um cisne que não poderão queimar".
Enquanto
caía a neve, e o vento frio uivava como fera em redor da casa, nasceu
esse "cisne", em Eisleben, Alemanha. No dia seguinte, o recém-nascido
era batizado na Igreja de São Pedro e São Paulo. Sendo o dia de São
Martinho, recebeu o nome de Martinho Lutero.
Cento e
dois anos depois de João Huss expirar na fogueira, o "cisne" afixou, na
porta da Igreja em Wittenberg, as suas noventa e cinco teses contra as
indulgências, ato que gerou a Grande Reforma. João Huss enganara-se em
apenas dois anos, na sua predição.
Para dar o valor devido à obra de Martinho Lutero, é necessário notar algo das trevas e confusão dos tempos em que nasceu.
Calcula-se
que, pelo menos, um milhão de albigenses foram mortos na França, a fim
de cumprir a ordem do Papa, para que esses "hereges" fossem cruelmente
exterminados. Wyclif, "a Estrela da Alva da Reforma", traduzira a Bíblia
para a língua inglesa. João Huss, discípulo de Wyclif, morrera na
fogueira, na Boêmia, suplicando ao Senhor que perdoasse aos seus
perseguidores. Jerônimo de Praga, companheiro de Huss e também erudito,
sofrera o mesmo suplício, cantando hinos, nas chamas, até o último
suspiro. João Wessália, notável pregador de Erfurt, fora preso por
ensinar que a salvação é pela graça; seu frágil corpo fora metido entre
ferros, onde morreu quatro anos antes do nascimento de Lutero. Na
Itália, quinze anos depois de Lutero nascer, Savonarola, homem dedicado a
Deus e fiel pregador da Palavra, foi enforcado e seu corpo reduzido a
cinzas, por ordem da Igreja Romana.
Em tempos
assim, nasceu Martinho Lutero. Como muitos dos mais célebres entre os
homens, era de família pobre. Dizia ele: "Sou filho de camponeses; meu
pai, meu avô e meu bisavô eram verdadeiros camponeses". A isso
acrescentava: "Há tanta razão para vangloriarmo-nos de nossa
ascendência, quanto há para o Diabo se orgulhar da sua linhagem
angélica".
Os pais de
Martinho, para vestir, alimentar e educar seus sete filhos,
esforçavam-se incansavelmente. O pai trabalhava nas minas de cobre; a
mãe, além do serviço doméstico, trazia lenha às costas, da floresta.
Os pais,
não somente se interessavam pelo desenvolvimento físico e intelectual
dos filhos, mas também do espiritual. O pai, quando Martinho chegou à
idade de compreender, ensinou-o a ajoelhar-se ao lado da sua cama, à
noite, e rogava a Deus que fizesse o menino lembrar-se do nome de seu
Criador (Eclesiastes 12.1)..
A sua mãe
era sincera e devota; ensinou seus filhos a considerarem todos os monges
como homens santos, e a sentirem todas as transgressões dos
regulamentos da igreja como transgressões das leis de Deus. Martinho
aprendeu os Dez Mandamentos, o "Pai Nosso", a respeitar a Santa Sé na
distante e sagrada Roma, e a olhar, tremendo, para qualquer osso ou
fragmento de roupa que tivesse pertencido a algum santo. A base da sua
religião formava-se mais em que Deus é um juiz vingativo, do que um
amigo de crianças (Mateus 19.13-15). Quando já era adulto, Lutero
escreveu: "Estremecia e tornava-me pálido ao ouvir alguém mencionar o
nome de Cristo, porque fui ensinado a considerá-lo como um juiz
encolerizado. Fomos ensinados que devíamos, nós mesmos, fazer
propiciação por nossos pecados; que não podemos fazer compensação
suficiente por nossa culpa, que é necessário recorrer aos santos nos
céus, e clamar a Maria para desviar de nós a ira de Cristo."
O pai de
Martinho, satisfeitíssimo pelos trabalhos escolares do filho, na vila
onde morava, mandou-o, aos treze anos, para a escola franciscana na
cidade de Magdeburgo.
O moço
apresentava-se frequentemente no confessionário, onde o padre lhe
impunha penitências e o obrigava a praticar boas obras, para obter a
absolvição. Esforçava-se incessantemente para adquirir o favor de Deus,
pela piedade, desejo esse que o levou mais tarde à vida de convento.
EISENACH |
Para
conseguir a sua subsistência em Magdeburgo, Martinho era obrigado a
esmolar pelas ruas, cantando canções de porta em porta. Seus pais,
achando que em Eisenach passaria melhor, mandaram-no para estudar nessa
cidade, onde moravam parentes de sua mãe. Porém esses parentes não o
auxiliaram, e o moço continuou a mendigar o pão.
Quando
estava a ponto de abandonar os estudos, para trabalhar com as mãos,
certa senhora de recursos, D. Ursula Cota, atraída por suas orações na
igreja e comovida pela humilde maneira de receber quaisquer restos de
comida, na porta, acolheu-o entre a família. Pela primeira vez Lutero
sentira fartura. Mais tarde, ele referia-se à cidade de Eisenach como a
"cidade bem amada". Quando Lutero se tornou famoso, um dos filhos da
família Cota cursava em Wittenberg, onde Lutero o recebeu na sua casa.
Domiciliado
na casa da sua extremosa mãe adotiva, D. Ursula, Martinho
desenvolveu-se rapidamente, recebendo uma sólida educação. Seu mestre,
João Trebunius, era homem culto e de métodos esmerados. Não maltratava
os alunos como os demais mestres. Conta-se que, ao encontrar os moços da
sua escola, cumprimentava-os tirando o chapéu, porque "ninguém sabia
quais seriam dentre eles os doutores, regentes, chanceleres e reis..." O
ambiente da escola e no lar era-lhe favorável para produzir um caráter
forte e inquebrantável, tão necessário para enfrentar os mais temíveis
inimigos de Deus.
Martinho
Lutero era mais sóbrio e devoto que os demais rapazes da sua idade.
Acerca deste fato, D. Ursula, na hora da morte, disse que Deus tinha
abençoado o seu lar grandemente desde o dia em que Lutero entrara em sua
casa.
Logo
depois, os pais de Martinho alcançaram certa abastança. O pai alugou um
forno para fundição de cobre e depois passou a possuir mais dois. Foi
eleito vereador na sua cidade e começou a fazer planos para educar seus
filhos. Mas Martinho nunca se envergonhou dos dias da sua provação e
miséria; antes reconhecia que fora a mão de Deus dirigindo-o e
qualificando-o para a sua grande obra.
- Como
poderia alguém, depois de homem feito, encarar fiel e destacadamente as
vicissitudes da vida, se não aprendesse por experiência enquanto era
jovem?
Erfurt - Catedral Thuringius |
Havia
dentro dos muros de Erfurt, cem prédios que pertenciam à igreja,
inclusive oito conventos. Havia, também uma importante biblioteca, que
pertencia à universidade, e aí Lutero passava todo o tempo de que podia
dispor. Sempre suplicava fervorosamente a Deus que o abençoasse nos
estudos. Dizia ele: "Orar bem é a melhor parte dos estudos." Acerca dele
escreveu certo colega: "Cada manhã ele precede seus estudos com uma
visita à igreja e uma prece a Deus".Seu pai, desejoso de que seu filho
se formasse em direito e se tornasse célebre, comprou-lhe a caríssima
obra: "Corpus Juris".
Mas a alma
de Lutero suspirava por Deus, acima de todas as coisas. Vários
acontecimentos influenciaram-no a entrar para a vida monástica, passo
que entristeceu profundamente seu pai e horrorizou seus companheiros de
universidade.
Primeiro,
achou na biblioteca o maravilhoso Livro dos livros, a Bíblia completa,
em latim. Até aquela ocasião, supunha que as pequenas porções escolhidas
pela igreja para serem lidas aos domingos, constituíssem o todo da
Palavra de Deus. Depois de uma longa leitura, exclamou: "Oh! se a
Providência me desse um livro como este, só para mim!" Continuando a ler
as Escrituras, o seu coração começou a perceber a luz, e a sua alma a
sentir ainda mais sede de Deus.
A essa
altura, quando se bacharelou, os estudos custaram-lhe uma doença que o
levou às portas da morte. Assim, a fome pela Palavra de Deus ficou ainda
mais enraizada no coração de Lutero. Algum tempo depois da sua doença,
em viagem para visitar a família, sofreu um golpe de espada, e duas
vezes quase morreu antes de um cirurgião conseguir pensar-lhe a ferida.
Para Lutero, a salvação da sua alma ultrapassava qualquer outro anelo.
Certo dia,
um de seus íntimos amigos na Universidade foi assassinado. "Ah!"
exclamou Lutero, horrorizado, "o que seria de mim se eu tivesse sido
chamado desta para a outra vida tão inopinadamente!"
Mas, de
todos esses acontecimentos, o que mais o abalou em espírito, foi o que
experimentou durante uma terrível tempestade, quando voltava de visitar
seus pais. Não havia abrigo próximo. Os céus estavam em brasa, os raios
rasgavam as nuvens a cada instante. De repente um raio caiu ao seu lado.
Lutero, tomado de grande susto, e sentindo-se perto do Inferno,
prostrou-se gritando: "Sant'Ana, salva-me e tornar-me-ei monge!"
Lutero
chamava a esse incidente "A minha estrada, caminho de Damasco" e não
tardou em cumprir a sua promessa feita a Sant'Ana. Convidou então os
seus colegas para cearem com ele. Depois da refeição, enquanto eles se
divertiam com palestras e música, repentinamente anunciou-lhes que dali
em diante poderiam considerá-lo como morto, pois ia entrar para o
convento. Debalde os seus companheiros procuraram dissuadi-lo do seu
plano. Na escuridão da mesma noite, o moço, antes de completar vinte e
dois anos, dirigiu-se ao convento dos agostinianos e bateu. A porta
abriu-se e Lutero entrou. O professor admirado e festejado, a glória da
universidade, aquele que passara os dias e as noites curvado sobre os
livros, tornara-se irmão agostiniano!
MOSTEIRO DE ERFURT |
O mosteiro
dos agostinianos era o melhor dos claustros de Erfurt. Seus monges eram
os pregadores da cidade, estimados por suas obras entre os pobres e
oprimidos. Nunca houve um monge naquele convento mais submisso, mais
devoto, mais piedoso, do que Martinho Lutero. Submetia-se aos serviços
mais humildes, como o de porteiro, coveiro, varredor da igreja e das
celas dos monges. Não recusava mendigar o pão cotidiano para o convento,
nas ruas de Erfurt.
Durante o
ano de noviciado, antes de Lutero ser feito monge, os seus amigos
fizeram tudo para dissuadi-lo de confirmar esse passo. Os companheiros,
que convidara para cearem com ele, quando anunciou a sua intenção de ser
monge, ficaram no portão do convento dois dias, esperando que ele
voltasse. Seu pai, vendo que seus rogos eram inúteis e que todos os seus
anelantes planos acerca do filho iam fracassar, quase enlouqueceu.
Assim se
justificou Lutero: "Fiz a promessa a Sant'Ana, para salvar a minha alma.
Entrei para o convento e aceitei esse estado espiritual somente para
servir a Deus e ser-lhe agradável durante a eternidade."
JEJUM |
Quão
grande, porém, era a sua ilusão. Depois de procurar crucificar a carne
pelos jejuns prolongados, pelas privações mais severas, e com vigílias
sem conta, achou que, embora encarcerado na sua cela, tinha ainda de
lutar contra os maus pensamentos. A sua alma clamava: "Dá-me santidade
ou morro por toda a eternidade; leva-me ao rio de água pura e não a
estes mananciais de águas poluídas; traze-me as águas da vida que saem
do trono de Deus!" Certo dia Lutero achou, na biblioteca do convento, uma
velha Bíblia latina, presa à mesa por uma cadeia. Achara, enfim, um
tesouro infinitamente maior que todos os tesouros literários do
convento. Ficou tão embevecido que, durante semanas inteiras, deixou de
repetir as orações diurnas da ordem. Então, despertado pelas vozes da
sua consciência, arrependeu-se da sua negligência: era tanto o remorso,
que não podia dormir. Apressou-se a reparar o seu erro: fê-lo com tanto
anseio que não se lembrava de alimentar-se.
Então,
enfraquecidíssimo por tantos jejuns e vigílias, sentiu-se oprimido pelas
apreensões até perder os sentidos e cair por terra. Aí os outros monges
o acharam, admirados novamente de sua excepcional piedade! Lutero
somente voltou a si depois de um grupo de coristas o haver rodeado,
cantando. A suave harmonia penetrou-lhe o coração e despertou o seu
espírito. Porém ainda assim lhe faltava a paz perpétua para a alma;
ainda não havia ouvido cantar o coro celestial: "Glória a Deus nas
maiores alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!"
Nessa
altura, o vigário geral da ordem agostiniana, Staupitz, visitou o
convento. Era homem de grande discernimento, e devoção enraizada;
compreendeu logo o problema do jovem monge; ofereceu-lhe uma Bíblia na
qual Lutero leu que "o justo viverá da fé". Por quanto tempo tinha ele
anelado: "Oh! se Deus me desse um livro destes só para mim!" - e agora o
possuía!
Na leitura
da Bíblia achou grande consolação, mas a obra não podia completar-se em
um dia. Ficou mais determinado do que nunca a alcançar paz para a sua
alma, na vida monástica, jejuando e passando noites a fio sem dormir.
Gravemente enfermo, exclamou: "Os meus pecados! Os meus pecados!" Apesar
da sua vida ter sido livre de manchas, como ele afirmava e outros
testificavam, sentia sua culpa perante Deus, até que um velho monge lhe
lembrou uma palavra do Credo: "Creio na remissão dos pecados". Viu então
que Deus não somente perdoara os pecados de Daniel e de Simão Pedro,
mas também os seus.
Pouco
tempo depois destes acontecimentos, Lutero foi ordenado padre. A
primeira missa que celebrou foi um grande evento. O pai,
irreconciliável, desde o dia em que o filho abandonara os estudos de
advocacia até aquela ocasião, assistiu à primeira missa, vindo a cavalo
de Mansfield, com uma boa oferta para o convento, acompanhado por vinte e
cinco amigos.
quarto de Martinho em Wittenberg |
Um dos
pontos iluminantes da biografia de Lutero é a sua visita a Roma. Surgiu
uma disputa renhida entre sete conventos dos agostinianos e decidiram
deixar os pontos de dissidência para o Papa resolver. Lutero, sendo o
homem mais hábil, mais eloquente e altamente apreciado e respeitado por
todos que o conheciam, foi escolhido para representar o seu convento em
Roma.
Fez a
viagem a pé, acompanhado de outro monge. Nesse tempo Lutero ainda
continuava a dedicar-se fiel e inteiramente à Igreja Romana. Quando, por
fim, chegaram ao ponto da estrada onde se avistava a famosa cidade,
Lutero caiu em terra e exclamou: "Saúdo-te, santa cidade!"
Os dois
monges passaram um mês em Roma, visitando os vários santuários e os
lugares de peregrinação. Lutero celebrou missa dez vezes. Lastimou, ao
mesmo tempo, que seus pais ainda não tivessem morrido a fim de poder
resgatá-los do Purgatório! Um dia, subindo a Santa Escada de joelhos,
desejando a indulgência que o chefe da igreja prometia por esse ato,
ressoaram nos seus ouvidos como voz de trovão, as palavras de Deus: "O
justo viverá da fé". Lutero ergueu-se e saiu envergonhado.
Depois da
corrupção generalizada que viu em Roma, a sua alma aderiu à Bíblia mais
que nunca. Ao chegar novamente ao seu convento, o vigário geral insistiu
em que desse os passos necessários para obter o título de doutor, com o
qual teria o direito de pregar. Lutero, porém, reconhecendo a grande
responsabilidade perante Deus e não querendo ceder, disse: "Não é de
pouca importância que o homem fale em lugar de Deus... Ah! Sr. Dr.,
fazendo isto, me tirais a vida; não resistirei mais que três meses." O
vigário geral respondeu-lhe: "Seja assim, em nome de Deus, pois o Senhor
Deus também necessita nos céus de homens dedicados e hábeis".
O coração
de Lutero, elevado à dignidade de doutor em teologia, abrasava-se ainda
mais do desejo de conhecer as Sagradas Escrituras e foi nomeado pregador
da cidade de Wittenberg. Os livros que estudou e as margens cheias de
anotações que escreveu em letras miúdas, servem aos eruditos atuais como
exemplo de como cuidadosa e minuciosamente estudava tudo em ordem.
Acerca da
grande transformação da sua vida, nesse tempo, ele mesmo escreve:
"Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o
estudo da Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo consta
que a justiça de Deus se revela no Evangelho (vv. 16,17). Eu detestava
as palavras: a justiça de Deus, porque, conforme fui ensinado, eu a
considerava como um atributo do Deus santo que o leva a castigar os
pecadores. Apesar de viver irrepreensivelmente, como monge, a
consciência perturbada me mostrava que era pecador perante Deus. Assim
odiava a um Deus justo, que castiga os pecadores... Senti-me ferido de
consciência, revoltado intimamente, contudo voltava sempre para o mesmo
versículo, porque queria saber o que Paulo ensinava. Contudo, depois de
meditar sobre esse ponto durante muitos dias e noites, Deus, na sua
graça, me mostrou a palavra: 'O justo viverá da fé.' Vi então que a
justiça de Deus, nesta passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe
de Deus pela fé, como dádiva."
A alma de
Lutero dessa forma saiu da escravidão; ele mesmo escreveu assim: "Então
me achei recém-nascido e no Paraíso. Todas as Escrituras tinham para mim
outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a
'justiça de Deus'. Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as
recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do
Paraíso."
Depois
dessa experiência, pregava diariamente; em certas ocasiões, pregava até
três vezes ao dia, conforme ele mesmo conta: "O que o pasto é para o
rebanho, a casa para o homem, o ninho para o passarinho, a penha para a
cabra rnontês, o arroio para o peixe, a Bíblia é para as almas fiéis. " A
luz do Evangelho, por fim, tomara o lugar das trevas e a alma de Lutero
abrasava por conduzir os seus ouvintes ao Cordeiro de Deus, que tira
todo o pecado.
Lutero
levou o povo a considerar a verdadeira religião, não como uma mera
profissão, ou sistema de doutrinas, mas como vida em Deus. A oração não
era mais um exercício sem sentido, mas o contato do coração com Deus que
cuida de nós com um amor indizível. Nos seus sermões, Deus revelou o seu
próprio coração a milhares de ouvintes, por meio do coração de Lutero.
Convidado a
pregar durante uma convenção dos agostinianos, não deu uma mensagem
doutrinai de sabedoria humana, como se esperava, mas fez um discurso
ardente contra a língua maldizente dos monges. Os agostinianos, levados
pela mensagem, elegeram-no diretor sobre onze conventos!
Lutero não
somente pregava a virtude, mas praticava-a, amando verdadeiramente o
próximo. Nesse tempo, a peste vinda do Oriente, visitou Wittenberg.
Calcula-se que a quarta parte do povo da Europa, inclusive a metade da
população alemã, foi ceifada pela morte. Quando professores e estudantes
fugiram da cidade, instaram que Lutero fugisse também, porém ele
respondeu: - "Para onde hei de fugir? O meu lugar é aqui: o dever não me
permite ausentar-me do meu posto até que Aquele que me mandou para aqui
me chame. Não que eu deixe de temer a morte, mas espero que o Senhor me
dê ânimo". Assim ele ministrava à alma e ao corpo do próximo durante um
tempo de aflição e de angústia.
A fama do
jovem monge espalhou-se ate longe. Entretanto, sem o reconhecer,
enquanto trabalhava incansavelmente para a igreja, já havia deixado o
rumo liberal que ela seguia em doutrina e prática.
Em outubro
de 1517, Lutero afixou à porta da Igreja do Castelo em Wittenberg, as
suas 95 teses, o teor das quais é que Cristo requer o arrependimento e a
tristeza pelo pecado e não a penitência. Lutero afixou as teses ou
proposições para um debate público, na porta da igreja, como era costume
nesse tempo. Mas as teses, escritas em latim, foram logo traduzidas em
alemão, holandês e espanhol. Antes de decorrido um mês, para surpresa de
Lutero, já estavam na Itália, fazendo estremecer os alicerces do velho
edifício de Roma. Foi desse ato de afixar as 95 teses da Igreja de
Wittenberg, que nasceu a Reforma, isto é, que tomou forma o grande
movimento de almas que em todo o mundo ansiavam voltar para a fonte
pura, a Palavra de Deus. Contudo Lutero não atacara a Igreja Romana, mas
antes, pensou fazer a defesa do Papa contra os vendedores de
indulgências.
Em agosto
de 1518, Lutero foi chamado a Roma para responder a uma denúncia de
heresia. Contudo, o eleitor Frederico não consentiu que fosse levado
para fora do país; assim Lutero foi intimado a apresentar-se em
Augsburgo. "Eles te queimarão vivo", insistiram seus amigos. Lutero,
porém, respondeu resolutamente: "Se Deus sustenta a causa, ela será
sustentada".
A ordem do
núncio do Papa em Augsburgo foi: "Retrate-se ou não voltará daqui".
Contudo Lutero conseguiu fugir, passando por uma pequena cancela no muro
da cidade, na escuridão da noite. Ao chegar de novo em Wittenberg, um
ano depois de afixar as teses, era o homem mais popular em toda a
Alemanha. Não havia jornais nesse tempo, mas fluíam da pena de Lutero
respostas a todos os seus críticos para serem publicadas em folhetos. O
que escreveu dessa forma, hoje seriam cem volumes.
O célebre
Erasmo, da Holanda, assim escreveu a Lutero: "Seus livros estão
despertando todo o país... Os mais eminentes da Inglaterra gostam de
seus escritos..."
Quando a
bula de excomunhão, enviada pelo Papa, chegou em Wittenberg, Lutero
respondeu com um tratado dirigido ao Papa Leão X, exortando-o, no nome
do Senhor, a que se arrependesse. A bula do Papa foi queimada fora do
muro da cidade de Wittenberg, perante grande ajuntamento do povo. Assim
escreveu Lutero ao vigário geral: "No momento de queimar a bula, estava
tremendo e orando, mas agora estou satisfeito de ter praticado este ato
enérgico". Lutero não esperou até que o Papa o excomungasse, mas deu
logo o pulo da Igreja Romana para a Igreja do Deus vivo.
Porém, o
imperador Carlos V, que ia convocar sua primeira Dieta na cidade de
Worms, queria que Lutero comparecesse para responder, pessoalmente, aos
seus acusadores. Os amigos de Lutero insistiam em que recusasse ir. -Não
fora João Huss entregue a Roma para ser queimado, apesar da garantia de
vida da parte do imperador?! Mas em resposta a todos que se esforçavam
por dissuadi-lo de comparecer perante seus terríveis inimigos, Lutero,
fiel à chamada de Deus, respondeu: "Ainda que haja em Worms, tantos
demônios quantas sejam as telhas nos telhados, confiando em Deus, eu aí
entrarei". Depois de dar ordens acerca do trabalho, no caso de ele não
voltar, partiu.
Na sua
viagem para Worms, o povo afluía em massa para ver o grande homem que
teve coragem de desafiar a autoridade do Papa. Em Mora, pregou ao ar
livre, porque as igrejas não mais comportavam as multidões que queriam
ouvir seus sermões. Ao avistar as torres das igrejas de Worms,
levantou-se na carroça em que viajava e cantou o seu hino, o mais famoso
da Reforma: "Ein Feste Berg", isto é: ''Castelo forte é nosso Deus". Ao
entrar, por fim, na cidade, estava acompanhado de uma multidão de povo
muito maior do que a que fora ao encontro de Carlos V. No dia seguinte
foi levado perante o imperador, ao lado do qual se achavam o delegado do
Papa, seis eleitores do império, vinte e cinco duques, oito margraves,
trinta cardeais e bispos, sete embaixadores, os deputados de dez cidades
e grande número de príncipes, condes e barões.
É fácil
imaginar que o reformador era um homem de grande coragem e de físico
forte para enfrentar tantas feras que ansiavam despedaçar-lhe o corpo. A
verdade é que passara uma grande parte da vida afastado dos homens e,
mais ainda, achava-se fraco da viagem, na qual foi necessário que um
médico o atendesse. Entretanto mostrou-se corajoso, não na sua própria
força, mas no poder de Deus.
Sabendo
que tinha de comparecer perante uma das mais imponentes assembleias de
autoridades religiosas e civis de todos os tempos, Lutero passou a noite
anterior de vigília. Prostrado com o rosto em terra, lutou com Deus,
chorando e suplicando. Um dos seus amigos ouviu-o orar assim: "Oh! Deus
todo-poderoso! a carne é fraca, o Diabo é forte! Ah! Deus, meu Deus, que
perto de mim estejas contra a razão e a sabedoria do mundo! Fá-lo, pois
somente tu o podes fazer. Não é a minha causa, mas sim a tua. - Que
tenho eu com os grandes da terra? É a tua causa, Senhor, a tua justa e
eterna causa. Salva-me, oh! Deus fiel! Somente em ti confio, oh! Deus!
meu Deus... vem, estou pronto a dar, como um cordeiro, a minha vida. O
mundo não conseguirá prender a minha consciência, ainda que esteja cheio
de demônios, e, se o meu corpo tem de ser destruído, a minha alma te
pertence, e estará contigo eternamente..."
Conta-se
que, no dia seguinte, na ocasião de Lutero transpor a porta para
comparecer perante a Dieta, o veterano general Freudsburgo, colocou a
mão no ombro do Reformador e disse-lhe: "Pequeno monge, vais a um
encontro diferente, que eu ou qualquer outro capitão jamais
experimentamos, mesmo nas nossas conquistas mais ensanguentadas.
Contudo, se a causa é justa, e sabes que o é, avança no nome de Deus, e
não temas nada! Deus não te abandonará" - O grande general não sabia que
Martinho Lutero vencera a batalha em oração e que entrava somente para
declarar-lhes que a havia vencido de maiores inimigos.
Quando o
núncio do papa exigiu de Lutero, perante a augusta assembleia, que se
retratasse, ele respondeu: "Se não me refutardes pelo testemunho das
Escrituras ou por argumentos - desde que não creio somente nos papas e
nos concílios, por ser evidente que já muitas vezes se enganaram e se
contradisseram uns aos outros - a minha consciência tem de ficar
submissa à Palavra de Deus. Não posso retratar-me, nem me retratarei de
qualquer coisa, pois não é justo nem seguro agir contra a consciência.
Deus me ajude! Amém."
De volta
ao seu aposento, Lutero levantou as mãos ao Céu e exclamou com o rosto
todo iluminado: "Está cumprido! Está cumprido! Se eu tivesse mil
cabeças, preferiria que todas fossem decepadas antes de me retratar".
A cidade
de Worms, ao receber as notícias da ousada resposta de Lutero ao núncio
do papa, alvoroçou-se. As palavras do reformador foram publicadas e
espalhadas entre o povo que afluiu para honrá-lo.
Apesar de
os papistas não conseguirem influenciar o imperador a violar o
salvo-conduto, para que pudessem queimar numa fogueira o assim chamado
herege, Lutero teve de enfrentar outro grave problema. O edito de
excomunhão entraria imediatamente em vigor; Lutero por causa da
excomunhão, era criminoso e, ao findar o prazo do seu salvo-conduto,
devia ser entregue ao imperador; todos os seus livros deviam ser
apreendidos e queimados; o ato de ajudá-lo em qualquer maneira era crime
capital.
Mas para
Deus é fácil cuidar dos seus filhos. Lutero, regressando a Wittenberg,
foi repentinamente rodeado num bosque por um bando de cavaleiros
mascarados que, depois de despedirem as pessoas que o acompanhavam,
conduziram-no, alta noite, ao castelo de Wartburgo, perto de Eisenach.
Isto foi um estratagema do príncipe de Saxônia para salvar Lutero dos
inimigos que planejavam assassiná-lo antes de chegar a casa.
No
castelo, Lutero passou muitos meses disfarçado; tomou o nome de
cavaleiro Jorge e o mundo o considerava morto. Fiéis servos de Deus
oravam dia e noite pelo reformador. As palavras do pintor Alberto Durer,
exprimem o sentimento do povo: - "Oh! Deus! se Lutero fosse morto, quem
agora nos exporia o Evangelho?"
Contudo,
no seu retiro, livre dos inimigos, foi-lhe concedida a liberdade de
escrever, e o mundo logo soube, pela grande quantidade de literatura,
que essa obra saía da sua pena e que, de fato, Lutero vivia. O
reformador conhecia bem o hebraico e o grego e em três meses tinha
vertido todo o Novo Testamento para o alemão - em poucos meses mais a
obra estava impressa e nas mãos do povo. Cem mil exemplares foram
vendidos, em quarenta anos, além das cinquenta e duas edições impressas
em outras cidades. Era circulação imensa para aquele tempo, mas Lutero
não aceitou um centavo de direitos.
A maior
obra de toda a sua vida, sem dúvida, fora a de dar ao povo alemão a
Bíblia na sua própria língua - depois de voltar a Wittenberg. Já havia
outras traduções, mas escritas em uma forma de alemão latinizado que o
povo não compreendia. A língua alemã desse tempo era um agregado de
dialetos, mas Lutero, ao traduzir a Bíblia, deu ao povo a língua que
serviu depois a homens como Goethe e Schiler para escreverem as suas
obras. O seu êxito em traduzir as Sagradas Escrituras para o uso dos
mais humildes, verifica-se no fato de que, depois de quatro séculos, a
sua tradução permanece como a principal.
Outra
coisa que contribuiu para o êxito da tradução de Lutero, é que ele era
erudito em hebraico e grego e traduziu direto das línguas originais.
Contudo, o valor da sua obra não se baseia tão-somente sobre seus
indiscutíveis dotes literários. O que lhe deu realidade é que ele
conhecia a Bíblia, como ninguém podia conhecê-la, sem primeiro sentir a
angústia eterna e achar nas Escrituras a verdadeira e profunda
consolação. Lutero conhecia intimamente e amava sinceramente o autor do
Livro. O resultado foi que o seu coração abrasou-se com o fogo e poder
do Espírito Santo. Foi esse o segredo de ele traduzir tudo para o alemão
em tão pouco tempo.
Como todo
mundo sabe, a fortaleza de Lutero e da Reforma foi a Bíblia. Escreveu de
Wartburgo para o seu povo em Wittenberg: "Jamais em todo o mundo se
escreveu um livro mais fácil de compreender do que a Bíblia. Comparada
aos outros livros, é como o sol em contraste com todas as demais luzes.
Não vos deixeis levar a abandoná-la sob qualquer pretexto da parte
deles. Se vos afastardes dela por um momento, tudo estará perdido; podem
levar-vos para onde quer que desejem. Se permanecerdes com as
Escrituras, sereis vitoriosos."
Depois de
abandonar o hábito de monge, Lutero resolveu deixar por completo a vida
monástica, casando-se com Catarina von Bora, freira que também saíra do
claustro, por ver que tal vida é contra a vontade de Deus. O vulto de
Lutero sentado ao lume, com a esposa e seis filhos que amava ternamente,
inspira os homens mais que o grande herói ao apresentar-se perante o
legado em Augsburgo.
Nos cultos
domésticos, a família rodeava um harmônio, com o qual louvavam a Deus
juntos; o reformador lia o Livro que traduzira para o povo e depois
louvavam a Deus e oravam até sentirem a presença divina entre eles.
Havia
entre Lutero e sua esposa profundo amor de um para com o outro. São de
Lutero estas palavras: "Sou rico, Deus me deu a minha freira e três
filhos; não me importo das dívidas: Catarina paga tudo." Catarina von
Bora era estimada por todos. Alguns, de fato, censuravam-na porque era
demasiado econômica; mas que teria acontecido a Martinho Lutero e à
família se ela tivesse feito como ele? Dizia-se que ele, aproveitando-se
da doença dela, cedeu o seu prato de comida a certo estudante que
estava com fome. Não aceitava um kreuzer dos seus alunos e recusava
vender seus escritos, deixando todo o lucro para os tipógrafos.
Nas suas
meditações sobre as Escrituras, muitas vezes se esquecia das refeições.
Ao escrever o comentário sobre o Salmo 23, passou três dias no quarto
comendo somente pão e sal. Quando a esposa chamou um serralheiro e
quebraram a fechadura, acharam-no escrevendo, mergulhado em pensamentos e
esquecido de tudo em redor.
É difícil
concebermos a magnitude das coisas que devemos atualmente a Martinho
Lutero. O grande passo que deu para que o povo ficasse livre para servir
a Deus, como Ele mesmo ensina, está além da nossa compreensão. Era
grande músico e escreveu alguns dos hinos mais espirituais cantados
atualmente. Compilou o primeiro hinário e inaugurou o costume de todos
os assistentes aos cultos cantarem juntos. Insistiu em que não somente
os do sexo masculino, mas também os do feminino fossem instruídos,
tornando-se, assim, o pai das escolas públicas. Antes dele, o sermão nos
cultos era de pouca importância. Mas Lutero fez do sermão a parte
principal do culto. Ele mesmo serviu de exemplo para acentuar esse
costume: era pregador de grande porte. Considerava-se como sendo nada; a
mensagem saía-lhe do íntimo do coração: o povo sentia a presença de
Deus. Em Zwiekau pregou a um auditório de 25 mil pessoas na praça
pública. Calcula-se que escreveu 180 volumes na língua materna e quase
um número igual no latim. Apesar de sofrer de várias doenças, sempre se
esforçava dizendo: "Se eu morrer na cama será uma vergonha para o papa."
Os homens
geralmente querem atribuir o grande êxito de Lutero à sua extraordinária
inteligência e aos seus destacados dons. O fato é que Lutero também
tinha o costume de orar horas a fio. Dizia que se não passasse duas
horas de manhã orando, recearia que Satanás ganhasse a vitória sobre ele
durante o dia. Certo biógrafo seu escreveu: "O tempo que ele passa em
oração, produz o tempo para tudo que faz. O tempo que passa com a
Palavra vivificante enche o coração até transbordar em sermões,
correspondência e ensinamentos".
A sua
esposa disse que as orações de Lutero "eram", às vezes, como os pedidos
insistentes do seu filhinho Hanschen, confiando na bondade de seu pai;
outras vezes, eram como a luta de um gigante na angústia do combate".
Encontra-se
o seguinte na História da Igreja Cristã, por Souer, Vol. 3, pág. 406:
"Martinho Lutero profetizava, evangelizava, falava línguas e
interpretava; revestido de todos os dons do Espírito".
Nos seus
sessenta e dois anos pregou seu último sermão sobre o texto: "Ocultaste
estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos". No
mesmo dia escreveu para a sua querida Catarina: "Lança o teu cuidado
sobre o Senhor, e Ele te susterá. Amém". Isso foi na última carta que
escreveu. Vivia sempre esperando que o papa conseguisse executar a
repetida ameaça de queimá-lo vivo. Contudo não era essa a vontade de
Deus: Cristo o chamou enquanto sofria dum ataque do coração, em
Eisleben, cidade onde nascera.São estas as últimas palavras de Lutero:
"Vou render o espírito". Então louvou a Deus em alta voz: "Oh! meu Pai
celeste! meu Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, em quem creio e a
quem preguei e confessei, amei e louvei! Oh! meu querido Senhor Jesus
Cristo, encomendo-te a minha pobre alma. Oh! meu Pai celeste! em breve
tenho de deixar este corpo, mas sei que ficarei eternamente contigo e
que ninguém me pode arrebatar das tuas mãos". Então, depois de recitar
João 3.16 três vezes, repetiu as palavras: "Pai, em tuas mãos entrego o
meu espírito, pois tu me resgataste, Deus fiel". Assim fechou os olhos e
adormeceu.
Um imenso
cortejo de crentes que o amavam ardentemente, com cinquenta cavaleiros à
frente, saiu de Eisleben para Wittenberg; passando pela porta da cidade
onde o reformador queimara a bula de excomunhão, entrou pelas portas da
igreja onde, há vinte e nove anos, afixara suas 95 teses. No culto
fúnebre, Bugenhangen, o pastor, e Melancton, inseparável companheiro de
Lutero, discursaram. Depois abriram a sepultura, preparada ao lado do
púlpito, e ali depositaram o corpo.
Quatorze
anos depois, o corpo de Melancton achou descanso do outro lado do
púlpito. Em redor dos dois, jazem os restos mortais de mais de noventa
mestres da universidade.
As portas
da Igreja do Castelo, destruídas pelo fogo no bombardeio de Wittenberg
em 1760, foram substituídas por portas de bronze em 1812, nas quais
estão gravadas as 95 teses. Contudo, este homem que perseverou em
oração, deixou gravadas, não no metal que perece, mas em centenas de
milhões de almas imortais, a Palavra de Deus que dará fruto para toda a
eternidade.
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