George Whitefield
Pregador ao ar livre
(1714-1770)
Mais de
100 mil homens e mulheres rodeavam o pregador, há mais de duzentos anos,
em Cambuslang, Escócia. As palavras do sermão, vivificadas pelo
Espírito Santo, ouviam-se distintamente em todas as partes que formavam
esse mar humano. É-nos difícil fazer uma ideia do vulto da multidão de
10 mil penitentes que responderam ao apelo para se entregarem ao
Salvador. Estes acontecimentos servem-nos como um dos poucos exemplos do
cumprimento das palavras de Jesus: "Na verdade vos digo que aquele que
crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que
estas, porque vou para meu Pai" (João 14.12).
Havia
"como um fogo ardente encerrado nos ossos" deste pregador, que era George
Whitefield. Ardia nele um zelo santo de ver todas as pessoas libertas
da escravidão do pecado. Durante um período de vinte e oito dias fez a
incrível façanha de pregar a 10 mil pessoas diariamente. Sua voz se
ouvia perfeitamente a mais de um quilômetro de distância, apesar de
fraco de físico e de sofrer dos pulmões. Não havia prédio no qual
coubessem os auditórios e, nos países onde pregou, armava seu púlpito
nos campos, fora das cidades. Whitefield merece o título de príncipe dos
pregadores ao ar livre, porque pregava em média dez vezes por semana, e
isso fez durante um período de trinta e quatro anos, em grande parte
sob o teto construído por Deus - os céus.
A vida de George Whitefield era um milagre. Nasceu em uma taberna de bebidas
alcoólicas. Antes de completar três anos, seu pai faleceu. Sua mãe
casou-se novamente, mas a George foi permitido continuar os estudos na
escola. Na pensão de sua mãe, fazia a limpeza dos quartos, lavava roupa e
vendia bebidas no bar. Estranho que pareça e apesar de não ser salvo,
interessava-se grandemente pela leitura das Escrituras, lendo a Bíblia
até alta noite preparando sermões. Na escola era conhecido como orador:
Sua eloquência era natural e espontânea, um dom extraordinário de Deus,
dom que possuía sem ele mesmo saber.
Custeou os
próprios estudos em Pembroke College, Oxford, servindo como garçom em
um hotel. Depois de estar algum tempo em Oxford, ajuntou-se ao grupo de
estudantes a que pertenciam João e Carlos Wesley. Passou muito tempo,
como os demais do grupo, jejuando e esforçando-se para mortificar a
carne, a fim de alcançar a salvação, sem compreender que "a verdadeira
religião é a união da alma com Deus e a formação de Cristo em nós."
Acerca da
sua salvação, escreveu algum tempo antes de morrer: "Sei o lugar onde...
Todas as vezes que vou a Oxford, sinto-me impelido a ir primeiro a este
lugar onde Jesus se revelou a mim, pela primeira vez, e me deu o novo
nascimento".
Com a
saúde abalada, talvez pelo excesso de estudo, George voltou a casa para
recuperá-la. Resolvido a não cair na indiferença, inaugurou uma
classe bíblica para jovens que, como ele, desejavam orar e crescer na
graça de Deus. Visitavam diariamente os doentes e os pobres e, frequentemente, os prisioneiros nas cadeias, para orarem com eles e
prestarem-lhes qualquer serviço manual que pudessem. George tinha no
coração um plano que consistia em preparar cem sermões e apresentar-se
para ser separado para o ministério. Porém quando havia preparado apenas
um sermão, seu zelo era tanto, que a igreja insistia em ordená-lo,
tendo apenas vinte e um anos apesar de ser regra não aceitar ninguém para
tal cargo, com menos de 23 anos.
O dia
antes da sua separação para o ministério, passou-o em jejum e oração.
Acerca desse fato, ele escreveu: "À tarde, retirei-me para um alto,
perto da cidade, onde orei com instância durante duas horas, pedindo a
meu favor e também por aqueles que estavam para ser separados comigo. No
domingo, levantei-me de madrugada e orei sobre o assunto da epístola de
Paulo a Timóteo, especialmente sobre o preceito: 'Ninguém despreze a
tua mocidade'. Quando o ancião me impôs as suas mãos, se meu vil coração
não me engana, ofereci todo o meu espírito, alma e corpo para o serviço
no santuário de Deus... Posso testificar; perante os céus e a terra,
que dei-me a mim mesmo, quando o ancião me impôs as mãos, para ser um
mártir por aquele que foi pregado na cruz em meu lugar".
Os lábios
de Whitefield foram tocados pelo fogo divino do Espírito Santo na
ocasião da sua separação para o ministério. No domingo seguinte, naquela
época de gelo espiritual, pregou pela primeira vez. Alguns se queixaram
de que quinze dos ouvintes enlouqueceram ao ouvirem o sermão. O ancião,
porém, compreendendo o que se passava, respondeu que seria muito bom,
se os quinze não se esquecessem da sua "loucura" antes de chegar o outro
domingo.
Whitefield
nunca se esqueceu nem deixou de aplicar a si as seguintes palavras do
Doutor Delaney: "Desejo, todas as vezes que subir ao púlpito, considerar
essa oportunidade como a última que me é dada de pregar, e a última
dada ao povo de ouvir". Alguém assim escreveu sobre uma de suas
pregações: "Quase nunca pregava sem chorar e sei que as suas lágrimas
eram sinceras. Ouvi-o dizer: 'Vós me censurais porque choro. Mas, como
posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas
almas mortais estarem a beira da destruição? Não sabeis se estais
ouvindo o último sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade
de chegar a Cristo!" Chorava, às vezes, até parecer que estava morto e
custava a recuperar as forças. Diz-se que os corações da maioria dos
ouvintes eram derretidos pelo calor intenso de seu espírito, como prata
na fornalha do refinador.
Quando
estudante no colégio de Oxford, seu coração ardia de zelo e pequenos
grupos de alunos se reuniam no seu quarto, diariamente; eles eram
movidos, como os discípulos logo depois do derramamento do Espírito
Santo, no Pentecostes. O Espírito continuou a operar poderosamente nele e
por ele durante o resto da sua vida, porque nunca abandonou o costume
de buscar a presença de Deus. Dividia o dia em três partes: oito horas
sozinho com Deus e em estudos, oito horas para dormir e as refeições,
oito horas para o trabalho entre o povo. De joelhos, lia, e orava sobre
as leituras das Escrituras e recebia luz, vida e poder. Lemos que numa
das suas visitas aos Estados Unidos, "passou a maior parte da viagem a
bordo, sozinho em oração". Alguém escreveu sobre ele: "Seu coração
encheu-se tanto dos céus que anelava por um lugar onde pudesse agradecer
a Deus; e sozinho, durante horas, chorava comovido pelo amor consumidor
do seu Senhor". Suas experiências no ministério confirmavam a sua fé na
doutrina do Espírito Santo, como o Consolador ainda vivo, o poder de
Deus operando atualmente entre nós.
A pregação
de George Whitefield era feita de forma tão vivida que parecia quase
sobrenatural. Conta-se que, certa vez pregando a alguns marinheiros,
descreveu um navio perdido num furacão. Tudo foi apresentado em
manifestações tão reais que, quando chegou ao ponto de descrever o barco
afundando, alguns marinheiros pularam dos assentos, gritando: "Às
baleeiras! Às baleeiras!". Em outro sermão falou acerca dum cego andando
na direção dum precipício desconhecido. A cena foi tão real que, quando
o pregador chegou ao ponto de descrever a chegada do cego à beira do
profundo abismo, o camareiro-mor, Chesterfield, que assistia, deu um
pulo gritando: "Meu Deus! ele desapareceu!"
O segredo,
porém, da grande colheita de almas salvas não era a sua maravilhosa voz
nem a sua grande eloquência. Não era também porque o povo tivesse o
coração aberto para receber o Evangelho, porque era tempo de grande
decadência espiritual entre os crentes.
Também não
foi porque lhe faltasse oposição. Repetidas vezes Whitefield pregou nos
campos, porque as igrejas fecharam-lhe as portas. Às vezes nem os
hotéis queriam aceitá-lo como hóspede. Em Basingstoke foi agredido a
pauladas. Em Staffordshire atiraram-lhe torrões de terra. Em Moorfield
destruíram a mesa que lhe servia de púlpito e arremessaram contra ele o
lixo da feira. Em Evesham, as autoridades, antes de seu sermão,
ameaçaram prendê-lo, se pregasse. Em Exeter, enquanto pregava a dez mil
pessoas, foi apedrejado de tal forma que pensou haver chegado para ele a
hora, como o ensanguentado Estevão, de ser imediatamente chamado à
presença do Mestre. Em outro lugar, apedrejaram-no novamente, até ficar
coberto de sangue. Verdadeiramente levava no corpo, até a morte, as
marcas de Jesus.
O segredo
de tais frutos na sua pregação era o seu amor para com Deus. Quando
ainda muito novo, passava noites inteiras lendo a Bíblia, que muito
amava. Depois de se converter, teve a primeira daquelas experiências de
sentir-se arrebatado, ficando a sua alma inteiramente aberta, cheia,
purificada, iluminada da glória e levada a sacrificar-se, inteiramente,
ao seu Salvador. Desde então nunca mais foi indiferente em servir a
Deus, mas regozijava-se no alvo de trabalhar de toda a sua alma, e de
todas as suas forças, e de todo seu entendimento. Só achava interesse
nos cultos e escreveu para sua mãe que nunca mais voltaria ao seu
emprego. Consagrou a vida completamente a Cristo. E a manifestação
exterior daquela vida nunca excedia a sua realidade interior, portanto,
nunca mostrou cansaço nem diminuiu a marcha durante o resto de sua vida.
Apesar de
tudo, ele escreveu: "A minha alma era seca como o deserto. Sentia-me
como encerrado dentro duma armadura de ferro. Não podia ajoelhar-me sem
estar tomado de grandes soluços e orava até ficar molhado de suor... Só
Deus sabe quantas noites fiquei prostrado, de cama, gemendo, por causa
do que sentia, e ordenando, em nome de Jesus, que Satanás se apartasse
de mim. Outras vezes passei dias e semanas inteiros prostrado em terra,
suplicando para ser liberto dos pensamentos diabólicos que me distraíam.
Interesse próprio, rebelião, orgulho e inveja me atormentavam, um após
outro, até que resolvi vencê-los ou morrer. Lutei até Deus me conceder
vitória sobre eles".
George
Whitefield considerava-se um peregrino errante no mundo, procurando
almas. Nasceu, criou-se e diplomou-se na Inglaterra. Atravessou o
Atlântico treze vezes. Visitou a Escócia quatorze vezes. Foi ao País de
Gales várias vezes. Visitou uma vez a Holanda. Passou quatro meses em
Portugal. Nas Bermudas, ganhou muitas almas para Cristo, como nos demais
lugares onde trabalhou.
Acerca do
que sentiu em uma das viagens à colônia da Geórgia, Whitefield escreveu:
'Foram-me concedidas manifestações extraordinárias do alto. Cedo de
manhã, ao meio-dia, ao anoitecer e à meia-noite, de fato durante o dia
inteiro, o amado Jesus me visitava para renovar-me o coração. Se certas
árvores perto de Stonehourse pudessem falar, contariam acerca da doce
comunhão, que eu e algumas almas amadas desfrutamos ali com Deus, sempre
bendito. Às vezes, quando de passeio, a minha alma fazia tais incursões
pelas regiões celestes, que parecia pronta a abandonar o corpo. Outras
vezes sentia-me tão vencido pela grandeza da majestade infinita de Deus,
que me prostrava em terra e entregava-lhe a alma, como um papel em
branco, para Ele escrever nela o que desejasse. De uma noite nunca me
esquecerei. Relampejava excessivamente. Eu pregara a muitas pessoas e
algumas ficaram receosas de voltar a casa. Senti-me dirigido a
acompanhá-las e aproveitar o ensejo para as animar a se prepararem para a
vinda do Filho do homem. Oh! que gozo senti na minha alma! Depois de
voltar, enquanto alguns se levantavam das suas camas, assombrados pelos
relâmpagos que andavam pelo chão e brilhavam duma parte do céu até
outra, eu com mais um irmão ficamos no campo adorando, orando, exultando
ao nosso Deus e desejando a revelação de Jesus dos céus, uma chama de
fogo!"
- Como se
pode esperar outra coisa a não ser que as multidões, a quem Whitefield
pregava, fossem levadas a buscar a mesma Presença? Na sua biografia há
um grande número de exemplos como os seguintes: "Oh! quantas lágrimas
foram derramadas, com forte clamor, pelo amor do querido Senhor Jesus!
Alguns desmaiavam e quando recobravam as forças, ouviam e desmaiavam de
novo. Outros gritavam como quem sente a ânsia da morte. E depois de eu
findar o último discurso, eu mesmo senti-me tão vencido pelo amor de
Deus que quase fiquei sem vida. Contudo, por fim, revivi e, depois de me
alimentar um pouco, estava fortalecido bastante para viajar cerca de
trinta quilômetros, até Nottingham. No caminho, a alma alegrou-se
cantando hinos. Chegamos quase à meia-noite; depois de nos entregarmos a
Deus em oração, deitamo-nos e descansamos na proteção do querido Senhor
Jesus. Oh! Senhor, jamais existiu amor como o teu!"
Então
Whitefield continuou, sem cansar: "No dia seguinte em Fog's Manor, a
concorrência aos cultos foi tão grande como em Nottingham. O povo ficou
tão quebrantado que, por todos os lados, vi pessoas banhadas em
lágrimas. A palavra era mais cortante que espada de dois gumes e os
gritos e gemidos alcançavam o coração mais endurecido. Alguns tinham
semblantes pálidos como a palidez de morte; outros torciam as mãos,
cheios de angústia; ainda outros foram prostrados ao chão, ao passo que
outros caíam e eram aparados nos braços de amigos. A maior parte do povo
levantava os olhos para os céus, clamando e pedindo a misericórdia de
Deus. Eu, enquanto os contemplava, só podia pensar em uma coisa: o
grande dia. Pareciam pessoas acordadas pela última trombeta, saindo dos
seus túmulos para o juízo."
"O poder
da presença divina nos acompanhou até Baskinridge, onde os arrependidos
choravam e os salvos oravam, lado a lado. A indiferença de muitos
transformou-se em assombro, e o assombro, depois, em grande alegria.
Alcançou todas as classes, idades e caracteres. A embriaguez foi
abandonada por aqueles que eram dominados por esse vício. Os que haviam
praticado qualquer ato de injustiça foram tomados de remorso. Os que
tinham furtado foram constrangidos a fazer restituição. Os vingativos
pediram perdão. Os pastores ficaram ligados ao seu povo por um vínculo
mais forte de compaixão. O culto doméstico foi iniciado nos lares. Os
homens foram levados a estudar a Palavra de Deus e a terem comunhão com o
seu Pai, nos céus".
Mas não
foi somente os países populosos que o povo afluiu para o ouvir. Nos
estados Unidos, quando eram ainda um país novo, ajuntaram-se grandes
multidões dos que moravam longe um do outro, nas florestas. O famoso
Benjamim Franklin, no seu jornal, assim noticiou essas reuniões:
"Quinta-feira o reverendo Whitefield partiu de nossa cidade, acompanhado
de cento e cinqüenta pessoas a cavalo, com destino a Chester, onde
pregou a sete mil ouvintes, mais ou menos. Sexta-feira pregou duas vezes
em Willings Town a quase cinco mil; no sábado, em Newcastle, pregou a
cerca de duas mil e quinhentas, e na tarde do mesmo dia, em Cristiana
Bridge, pregou a quase três mil; no domingo, em White Clay Creek, pregou
duas vezes (descansando uma meia hora entre os sermões a oito mil
pessoas, das quais, cerca de três mil, tinha vindo a cavalo. Choveu a
maior parte do tempo, porém, todos se conservaram em pé, ao ar livre".
Como Deus
estendeu a sua mão para operar prodígios por meio de seu servo, vê-se no
seguinte: Num estrado perante a multidão, depois de alguns momentos de
oração em silêncio, Whitefield anunciou de maneira solene o texto: "É
ordenado aos homens que morram uma só vez, e depois disto vem o juízo".
Depois de curto silêncio, ouviu-se um grito de horror, vindo dum lugar
entre a multidão. Um pregador presente foi até o local da ocorrência,
para saber o que tinha acontecido. Logo voltou e disse: - "Irmão
Whitefield, estamos entre os mortos e os que estão morrendo. Uma alma
imortal foi chamada à eternidade. O anjo da destruição está passando
sobre o auditório. Clame em alta voz e.não cesse". Então foi anunciado
ao povo que um dentre a multidão havia morrido. Então Whitefield leu a
segunda vez o mesmo texto: "É ordenado aos homens que morram uma só
vez". Do local onde a Senhora Huntington estava em pé, veio outro grito
agudo. De novo, um tremor de horror passou por toda a multidão quando
anunciaram que outra pessoa havia morrido. Whitefield, porém, em vez de
ficar tomado de pânico, como os demais, suplicou graça ao Ajudador
invisível e começou, com eloquência tremenda, a prevenir os impenitentes
do perigo. Não devemos concluir, contudo, que ele era ou sempre solene
ou sempre veemente. Nunca houve quem experimentasse mais formas de
pregar do que ele.
Apesar da
sua grande obra, não se pode acusar Whitefield de procurar fama ou
riquezas terrestres. Sentia fome e sede da simplicidade e sinceridade
divina. Dominava todos os seus interesses e os transformava para glória
do reino do seu Senhor. Não ajuntou ao redor de si os seus convertidos
para formar outra denominação, como alguns esperavam. Não, apenas dava
todo o seu ser, mas queria "mais línguas, mais corpos, mais almas a usar
para o Senhor Jesus".
A maior
parte de suas viagens à América do Norte foram feitas a favor do
orfanato que fundara na colônia da Geórgia. Vivia na pobreza e
esforçava-se para granjear o necessário para o orfanato. Amava os órfãos
ternamente, escrevendo-lhes cartas e dirigindo-se a cada um pelo nome.
Para muitas dessas crianças, ele era o único pai, o único meio de elas
terem o sustento. Fez uma grande parte da sua obra evangelística entre
os órfãos e quase todos permaneceram crentes fiéis, sendo que um bom
número deles se tornaram ministros do Evangelho.
Whitefield
não era de físico robusto: desde a mocidade sofria quase
constantemente, anelando, muitas vezes, partir e estar com Cristo. A
maior parte dos pregadores acham impossível pregar quando estão enfermos
como ele.
Assim foi
que, aos 65 anos de idade, durante sua sétima viagem à América do Norte,
findou a sua carreira na Terra, uma vida escondida com Cristo em Deus e
derramada num sacrifício de amor pelos homens. No dia antes de falecer,
teve de esforçar-se para ficar em pé. Porém, ao levantar-se, em Exeter,
perante um auditório demasiado grande para caber em qualquer prédio, o
poder de Deus veio sobre ele e pregou, como de costume, durante duas
horas. Um dos que assistiram disse que "seu rosto brilhava como o sol". O
fogo aceso no seu coração no dia de oração e jejum, quando da sua
separação para o ministério, ardeu até dentro dos seus ossos e nunca se
apagou (Jeremias 20.9). Certo homem eminente dissera a Whitefield: "Não
espero que Deus chame o irmão, breve, para o lar eterno, mas quando isso
acontecer, regozijar-me-ei ao ouvir o seu testemunho". O pregador
respondeu: "Então ficará desapontado; morrerei calado. A vontade de Deus
é dar-me tantos ensejos para testificar dele durante minha vida, que
não me serão dados outros na hora da morte".
E sua morte ocorreu como predissera.
Depois do
sermão, em Exeter, foi a Newburyport para passar a noite na casa do
pastor. Ao subir para o quarto de dormir, virou-se na escada e, com a
vela na mão, proferiu uma curta mensagem aos amigos que ali estavam e
insistiam em que pregasse.
Às duas
horas da madrugada acordou. Faltava-lhe o fôlego e pronunciou para o seu
companheiro as suas últimas palavras na Terra: "Estou morrendo".
No seu
enterro, os sinos das igrejas de Newburyport dobraram e as bandeiras
ficaram a meia-haste. Ministros de toda a parte vieram assistir aos
funerais; milhares de pessoas não conseguiram chegar perto da porta da
igreja, por causa da imensa multidão. Conforme seu pedido, foi enterrado
sob o púlpito da igreja.
Se
quisermos os mesmos frutos de ver milhares salvos, como George Whitefield
os teve, temos de seguir o seu exemplo de oração e dedicação.
- Alguém
pensa que é tarefa demais? Que diria George Whitefield, junto, agora, com
os que levou a Cristo, se lhe fizéssemos essa pergunta?