A expressão: "Até aqui" parece-nos um marco referente ao passado. Cinquenta, setenta anos se passaram, e "até aqui nos ajudou o Senhor!"
Por meio de pobreza e riqueza, doença e saúde, em casa ou fora, em terra
ou mar, em honra ou desonra, em oração ou tentação — "até aqui nos
ajudou o Senhor"!
É agradável olhar para trás contemplando uma longa alameda de árvores. É
bonito vê-las erguendo-se como colunas de um templo, fechando a abóbada
com seu arco de ramos. Da mesma forma, contemple as alamedas de seus
anos passados e veja-os cobertos pelos ramos verdes da misericórdia de
Deus, e os troncos, como os fortes pilares da Sua fidelidade e amor que
sustentam as suas alegrias.
Não há aves cantando nas ramagens? Certo que haverá muitas, e todas elas cantam a misericórdia recebida "até aqui".
Mas esta expressão aponta também para diante. Pois quando alguém chega a
um certo marco e escreve: "Até aqui", ele ainda não chegou ao fim;
ainda há distâncias a percorrer. Mais provas, mais alegrias, mais
tentações, mais triunfos; mais orações, mais respostas; mais labores,
mais vigor, mais lutas, mais vitórias; e então vem a doença, idade,
enfermidade e morte.
E agora, é o fim? Não! Há mais ainda — acordar semelhante a Jesus,
tronos, harpas, cânticos, vestes brancas, a face do Salvador, a
companhia dos santos, a glória de Deus, a plenitude da eternidade, a
sempiterna bem-aventurança. O crente, tenha bom ânimo, e com grata
confiança erija o seu "Ebenézer", pois Quem te ajudou até aqui, Te
ajudará até ao fim.
Quando lido lá na plena luz do Céu, que visão gloriosa e maravilhosa não
desenrolará ante os seus olhos agradecidos, o seu "até aqui".
Os pastores dos Alpes têm o bonito costume de terminar o dia cantando
uns para os outros uma canção de despedida. O ar é tão cristalino, que a
canção ecoa por longas distâncias. Quando a noite começa a cair, eles
tomam as ovelhas e as vão conduzindo montanha abaixo, cantando: "Até
aqui nos ajudou o Senhor. Louvemos o Seu nome!"
Finalmente, como suave cortesia, cantam um ao outro a amistosa
despedida: "Boa-noite! Boa-noite!" As palavras são levadas pelo eco, e
de lado a lado vão repercutindo mansa e docemente, até morrer a música à
distância.
Assim também, falemos um com o outro dentro da noite, até que as sombras
fiquem cheias de muitas vozes, encorajando a hoste de peregrinos. Que
os ecos se ajuntem, até que uma verdadeira massa sonora de "aleluias"
chegue em ondas até ao trono de Safira. E quando romper a manhã, nos
encontraremos ante o mar de vidro, cantando com a hoste dos remidos: "Ao
que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a
honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos"!
"E outra vez disseram: Aleluia." (Ap 19.3)
Será meu canto eterno ali: "Jesus guiou-me até aqui."
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