O QUE É TENTAÇÃO?
A tentação é um
estímulo ou indução a um ato que pareça atraente, ainda que seja inapropriado
ou contradiga alguma norma ou convenção social sendo, consequentemente,
proibido. A definição de tentação pode ser aplicada a uma ampla gama de ações,
por exemplo, o desrespeito a uma restrição alimentar, a trapaça, a ostentação
de artigos de luxo, a procrastinação.
DEFININDO TENTAÇÃO
Na oração modelo encontrada no capítulo 6 desse
mesmo Evangelho, entre outras coisas, Jesus ensinou-nos a pedir: “...e não nos deixes cair em
tentação...”, o que nos permite dizer que a tentação em si não é pecado. Se
o fosse, certamente a oração seria diferente.
No novo dicionário Aurélio, entre as definições apresentadas para “tentação” há
uma que diz ser “desejo veemente”. Logo, resistir uma tentação é resistir a um
desejo muito forte.
Tentação é
o esforço do diabo para tentar persuadir, seduzir, e induzir alguém a fazer
especialmente algo sensualmente agradável ou imoral. É aquela voz dentro da
gente que diz: “Vá em frente, fulano, nada vai acontecer… Ninguém vai ficar
sabendo não!”.
A tentação é a causa da morte
espiritual da vida de cada cristão. Mas, através do exemplo de Jesus,
aprendemos que é possível enfrentar a tentação e sair vitorioso desse conflito espiritual.
"Quais foram os significados e os propósitos das
tentações de Jesus?"
Após Seu
batismo, Jesus foi "levado pelo Espírito ao deserto, onde, durante
quarenta dias, foi tentado pelo diabo" (Lucas 4.1-2). As três tentações de
Jesus no deserto foram um esforço de seduzir e transferir a Sua fidelidade de
Deus a Satanás. Vemos uma tentação semelhante em Mateus 16.21-23 onde Satanás,
através de Pedro, tenta Jesus a renunciar a cruz à qual estava destinado. Lucas
4.13 nos diz que após as tentações no deserto, Satanás "o deixou até
ocasião oportuna", o que aparenta indicar que Jesus foi tentado outras
vezes por Satanás, embora novos incidentes não sejam registrados. O ponto
importante é que, apesar de várias tentações, Ele nunca pecou.
Que Deus tinha um propósito ao permitir
que Jesus fosse tentado no deserto é evidente pela declaração "foi levado pelo Espírito ao
deserto". Uma finalidade é assegurar-nos de que temos um sumo
sacerdote capaz de Se relacionar conosco em todas as nossas debilidades e
fraquezas (Hebreus 4.15) porque Ele mesmo foi tentado em todos os pontos nos
quais também somos. A natureza humana do Nosso Senhor permite que Ele
compreenda as nossas próprias fraquezas por ter sido submetido à fraqueza
também. "Porque, tendo em vista o que ele mesmo sofreu quando tentado, ele
é capaz de socorrer aqueles que também estão sendo tentados" (Hebreus 2.18).
A palavra grega traduzida "tentado" aqui significa "pôr à
prova". Então, quando somos colocados à prova e testados pelas
circunstâncias da vida, podemos ter certeza de que Jesus entende e se
solidariza como alguém que sofreu as mesmas provações.
Embora Jesus tenha sido tentado várias vezes, ele
enfrentou um teste especialmente severo logo depois que foi batizado. Lucas
recorda este evento (Lucas 4.1-13), mas seguiremos a história conforme Mateus a
conta: "A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para
ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites,
teve fome" (Mateus 4.1-2). Pelo fato que foi o Espírito que levou
Jesus para o deserto mostra que Deus pretendia que Jesus fosse totalmente
humano e sofresse tentação.
Uma Ponte Para a História
Ninguém
cairia numa tentação que não parecesse ser de alguma forma boa ou prazerosa. As
tentações sempre prometem algo bom, mas no final acabam machucando mais do que
esperávamos.
O grande dramaturgo irlandês William Butier Yeats uma vez escreveu: “Toda
tentação vencida representa uma nova reserva de energia moral. Toda prova
suportada e resistida com um espírito correto torna a alma mais nobre e mais
forte do que era antes.” Em cada tentação há a oportunidade de crescimento em
Cristo que, se rejeitada, não poderá ser recuperada. Ao se preparar para
explorar a história da lição desta semana, mantenha em mente que foi o hábito
de Jesus de resistir ao diabo e a Sua iniciativa de sempre fazer a vontade de
Deus no lugar da sua que O capacitou a enfrentar as tentações no deserto e a
sair vitorioso.
AS FASES DA TENTAÇÃO
DE JESUS
As tentações de Jesus seguem três
padrões que são comuns a todos os homens. A primeira tentação diz respeito à
concupiscência da carne (Mateus 4.3-4), a qual inclui todos os tipos de desejos
físicos. O Nosso Senhor teve fome, e o diabo o tentou a transformar pedras em
pão, mas Ele respondeu citando Deuteronômio 8.3. A segunda tentação foi acerca
da soberba da vida (Mateus 4.5-7), e aqui o diabo tentou usar uma passagem da
Escritura contra Ele (Salmo 91.11-12), mas novamente o Senhor respondeu com a
Escritura em sentido contrário (Deuteronômio 6.16), afirmando que seria errado
abusar de Seus próprios poderes.
A terceira tentação foi acerca da concupiscência dos olhos (Mateus 4.8-10), e
se algum atalho ao Messias fosse possível, evitar a paixão e crucificação para as
quais Ele originalmente veio seria a forma. O diabo já tinha o controle sobre
os reinos do mundo (Efésios 2.2), mas estava pronto a dar tudo a Cristo em
troca de Sua lealdade. O mero pensamento quase causa a natureza divina do
Senhor a tremer, e Ele responde agressivamente: "Retire-se, Satanás! Pois
está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’"
(Mateus 4.10, Deuteronômio 6.13)
A TENTAÇÃO DE JESUS É O MODELO DA
TENTAÇÃO DO CRENTE
A partir da tentação de Jesus podemos
compreender o que significa a tentação para nós. Há na Bíblia duas grandes
histórias de tentação. No começo da história sagrada há a tentação dos nossos primeiros
pais, Adão e Eva (Gn 3); mais adiante a narrativa da tentação de Jesus (Mt
4.1-11; Mc 1.12,13 e Lc 4.1-13).
- A primeira
tentação trouxe como resultado a queda do homem.
- A segunda
tentação trouxe a queda de Satanás.
Adão e Eva
foram tentados no Jardim do Éden e caíram. Jesus foi tentado no deserto e
triunfou, ou seja, ou Adão é tentado em nós, e nós caímos, ou Jesus é tentado
em nós e Satanás é quem cai.
A tentação de
Jesus se repete, na verdade, o padrão da tentação dos nossos primeiros pais.
Veja Gn 3.6; 1Jo 2.15,16 e Mt 4.1-11.
“Vendo a mulher que a
árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar
entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gn 36)
“Não ameis o mundo nem
as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos
olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo”(1Jo 2.15, 16)
Observem um
detalhe: de Gênesis a Mateus há um intervalo de cerca de 1500 anos. De Mateus a
primeira carta de João há um intervalo aproximadamente de 50 anos. Mas é
impressionante que os conceitos são os mesmos, a matriz existencial é a mesma,
a leitura que fazem do ser humano e a luta com as forças transcendentes é a
mesma. Só o resultado que é diferente, pois Jesus venceu a tentação.
A TENTAÇÃO DE JESUS PASSO A PASSO
FOI O ESPÍRITO SANTO QUE LEVOU JESUS AO DESERTO (MT
4.1)
Mateus deixa claro que foi o próprio
Espírito Santo que o levou ao deserto para ser tentado. Não partiu de Satanás
tal atitude. Jesus não foi guiado ao deserto por uma força maligna, mas foi
conduzido pelo Espírito Santo. Foi pela expressa vontade de Deus que esta crise
se produziu na vida de Jesus. Não é que o Senhor queria ver se Jesus cairia ou
não, mas uma demonstração da impossibilidade da Sua queda.
À semelhança de Adão, Jesus foi
tentado, com uma diferença: Adão foi tentado no Jardim do Éden e caiu, Jesus
foi tentado no deserto e venceu a Satanás.
O TEMPO QUE O SENHOR ESTEVE NO
DESERTO (MT 4.1, 2)
O evangelista Mateus nos diz que o
Senhor foi levado ao deserto para ser tentado e depois de 40 dias e 40 noites
teve fome. O deserto é um lugar desconfortável, severo e agressivo. Era o
deserto de Jericó, um lugar ermo, cheio de montanhas e cavernas, de areia
escaldante durante o dia e frio intenso durante a noite. O deserto era lugar de
solidão. Os grandes homens caíram não em lugares ou momentos públicos, mas na
arena da solidão e nos bastidores dos lugares secretos. O deserto é o lugar das
maiores provas e também das maiores vitórias. O deserto é o campo de
treinamento de Deus.
O texto nos diz que o Senhor esteve
no deserto por 40 dias e 40 noites. O número 40 é o número da provação. Quarenta
dias durou o dilúvio (Gn 7.12), o jejum de Moisés no Sinai (Êx 34.28), a
caminhada de Elias até o Horebe (1Rs 19.8). Quarenta anos Israel permaneceu no
deserto (Sl 95.10). Israel esteve 400 anos no Egito, isso é 40×10. Quarenta
dias e quarenta noites Jesus foi tentado por Satanás no deserto. Em Marcos
1.12,13 nos diz assim:
“E logo o Espírito o impeliu para o deserto, onde permaneceu quarenta
dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, mas os anjos o
serviam”.
O PROPÓSITO DE JESUS SER TENTADO
Por que o Espírito Santo impeliu
Jesus ao deserto para ser tentado? Qual era o propósito?
O texto começa dizendo “A seguir” –
ou seja, após o batismo de Jesus foi levado ao deserto para ser tentado. Há uma
relação íntima entre o batismo e a tentação. No primeiro Jesus se dedicou ao
caminho da cruz. Já no segundo, o diabo lhe apresentou meios pelos quais Ele
podia efetuar seu ministério sem precisar ir à cruz.
Em primeiro lugar, Jesus foi
tentado para provar a sua perfeita humanidade. A Bíblia nos fala que o Filho de
Deus encarnou, ou seja, tornou-se como um de nós. Jesus foi 100% homem e 100%
Deus. Mas quem foi tentado foi Jesus homem e não Jesus Deus. Porque o homem é
tentado, mas a Deus ninguém tenta. Veja o que nos diz Tiago 1.13: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou
tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a
ninguém tenta”.
A Bíblia também nos diz que Jesus
tornou-se semelhante a nós em todas as coisas, exceto no pecado. Conf. com Hb
4.15:
“Porque não temos sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas
as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado”.
Jesus passou por tudo isso para nos
mostrar que em tudo Ele foi tentado, mas não para nos mostrar que podemos ficar
sem pecar. Pelo contrário, Ele conhece as nossas fraquezas e se comparece de
nós, mesmo que venhamos a pecar. Aliás, tanto o texto de Hebreus 4.15, quanto
1Jo 1.7-10, 2.1, 2 que nos diz:
Em segundo lugar, Jesus foi
tentado para vencer o diabo. Hernandes Dias Lopes nos diz que lutamos com um
inimigo derrotado. O evangelista Marcos nos diz que o Senhor Jesus venceu
Satanás o amarrando e roubando-lhe os seus bens. Veja o que ele nos diz:
“Ninguém
pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo;
e só então lhe saqueará a casa”. (Mc 3.27)
Isto é, o Senhor tirou de Satanás o
domínio que ele tinha nessa terra. Jesus está libertando aqueles que estavam
sob o seu domínio e os transportando para o Seu Reino. Paulo escrevendo aos
Colossenses nos diz assim:
Jesus venceu Satanás no deserto,
triunfou sobre todas as suas investidas. Esmagou sua cabeça na cruz, triunfou
sobre ele definitivamente. Satanás é um inimigo limitado e está debaixo da
autoridade absoluta de Jesus.
“Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava
de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o
na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2.14, 15).
AS OFERTAS DE SATANÁS
A Bíblia nos diz que Satanás tentou
Jesus os quarenta dias. Quando lemos o texto aqui em Mateus a impressão que
temos que o tentador só o tentou no final, mas não foi assim que ocorreu. Há
dois textos que nos mostram isso:
“E logo o Espírito o impeliu para o deserto, onde permaneceu quarenta
dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, mas os anjos o serviam” (Mc 1.12, 13).
“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo
mesmo Espírito, ao deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo.
Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome” (Lc 4.1, 2).
Satanás é um ser oportunista. Ele é
como um vírus oportunista que ataca quando a nossa imunidade está baixa. Se a
nossa imunidade espiritual estiver baixa ele irá atacar com todas as forças,
embora ele ataque todos os dias, mas se a nossa imunidade espiritual estiver
baixa ele irá triunfar sobre nós. Temos como exemplo Davi que caiu em
adultério. Era tempo de guerra e ele estava em casa. O resto você já conhece.
A TRÍPLICE TENTAÇÃO DE JESUS
Com base no texto
de Mt 4.1-11, vemos a tríplice tentação de Jesus.
PRIMEIRA TENTAÇÃO - A TENTAÇÃO DO DESERTO
A tentação do
deserto é a conhecida tentação de transformar pedras em pães. Após jejuar
quarenta dias e quarenta noites, diz a Bíblia que Jesus teve fome. Então o
tentador se aproximando dele disse: “Se tu és o filho de Deus mande que estas
pedras se transformem em pães.”
A primeira tentação foi de ordem física (Mt
4.2-4)
Depois de
jejuar quarenta dias e quarenta noites na solidão do deserto, embora Marcos nos
diga que Jesus estava com as feras – naquele deserto havia hienas, lobos,
serpentes, chacais, panteras e leões.
A afirmação do diabo: "Se és o Filho de
Deus, manda que estas pedras se transformem em pães" (4.3)
O
diabo é um mestre das coisas aparentemente lógicas. Jesus estava faminto; ele
tinha poder para transformar as pedras em pão. O diabo simplesmente sugeriu que
ele tirasse vantagem de seu privilégio especial para prover sua necessidade
imediata.
As questões: Era verdade que Jesus necessitava de alimento para
sobreviver. Mas a questão era como ele o obteria. Lembre-se de que foi Deus
quem o conduziu a um deserto sem alimento. O diabo aconselhou Jesus a agir
independentemente e encontrar seus próprios meios para suprir sua necessidade.
Confiará ele em Deus ou se alimentará a seu próprio modo? Há aqui,
também, uma questão mais básica: Como Jesus usará suas aptidões? O grande poder
que Jesus tinha seria usado como uma lâmpada de Aladim, para gratificar seus
desejos pessoais? A tentação era ressaltar demais os privilégios de sua
divindade e minimizar as responsabilidades de sua humanidade. E isto era
crucial, porque o plano de Deus era que Jesus enfrentasse a tentação na área de
sua humanidade, usando somente os recursos que todos nós temos a nossa
disposição.
A resposta de Jesus: "Está escrito: Não só
de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (4.4)
Em cada teste, Jesus se
voltava para as Escrituras, usando um meio que nós também podemos empregar para
superar a tentação. A passagem que ele citou foi a mais adequada naquela
situação. No contexto, os israelitas tinham aprendido durante seus 40 anos no
deserto que eles deveriam esperar e confiar no Senhor para conseguir alimento,
e não tentar conceber seus próprios esquemas para se sustentarem.
Lições:
1. O diabo ataca as nossas fraquezas. Ele não se
acanha em provar nossas áreas mais vulneráveis. Depois de jejuar 40 dias,
Jesus estava faminto. Daí, a tentação de fazer alimento de uma maneira não
autorizada. Satanás escolhe justamente aquela tentação à qual somos mais
vulneráveis, no momento. De fato, as tentações são frequentemente ligadas a
sofrimento ou desejos físicos.
2. A tentação parece razoável. O errado freqüentemente
parece certo. Um homem "tem que comer”. Muitas pessoas sentem que
necessidades pessoais as isentam da responsabilidade de obedecer às leis de
Deus.
3. Precisamos confiar em Deus. Jesus precisava de
alimento, sim. Porém, mais do que isso, precisava fazer a vontade do Pai. É
sempre certo fazer o certo e sempre errado fazer o errado. Deus proverá o que
ele achar melhor; meu dever é obedecer-lhe. É melhor morrer de fome do que
desagradar ao Senhor.
SEGUNDA TENTAÇÃO - A TENTAÇÃO DO
PINÁCULO
A segunda tentação é de ordem espiritual e
psicológica (Orgulho) (Mt 4.5-7).
Esta segunda
tentação está ligada a primeira, pois Jesus disse que confiava plenamente no
Pai, então Satanás habilmente usa a própria palavra de Deus contra Jesus para
tentar induzi-lo a se jogar do pináculo do templo para que o Pai o amparasse. E
para isso ele cita o Salmo 91.12. Satanás sugere a Jesus a provar a Sua fé em
Deus, submetendo Sua promessa a um teste, isso não passava de um grande
sofisma.
A Segunda
proposta apresentada a Jesus foi no sentido de que Ele provasse sua divindade
pulando do pináculo do templo. Olhando superficialmente, a proposta de satanás
não passava de uma tremenda infantilidade. Sugerir aquele que veio do céu que
pule do pináculo do templo não fazia nenhum sentido. Mesmo porque além de não
ser algo pecaminoso, não haveria nenhuma dificuldade para Jesus fazê-lo.
A afirmação do diabo: "Então,
o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe
disse: Se és filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus
anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te sustentarão nas suas
mãos, para não tropeçares nalguma pedra" (4.5-6). Jesus tinha replicado à
tentação anterior dizendo que confiava em cada palavra do Senhor. Aqui Satanás
está dizendo: "Bem, se confia tanto em Deus, então experimenta-o. Verifica
o sistema e vê se ele realmente cuidará de ti." E ele confirmou a tentação
com um trecho das Escrituras.
As questões: A questão é: Jesus confiará sem
experimentar? Desde que Deus prometeu preservá-lo do perigo, é certo criar um
perigo, só para ver se Deus realmente fará como disse?
A resposta de Jesus: "Também
está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus" (4.7). A confiança verdadeira
aceita a palavra de Deus e não necessita testá-la.
O diabo cita a Escritura; ele põe como isca no seu
anzol os versículos da Bíblia. Pessoas frequentemente aceitam qualquer
ensinamento, se está acompanhado por um bocado de versículos. Mas cuidado! O
mesmo diabo que pode disfarçar-se como um anjo celestial (2 Coríntios 11.13-15)
pode, certamente, deturpar as Escrituras para seus próprios propósitos. O diabo
fez três enganos:
1. Não tomou todas as Escrituras. Jesus replicou
com: "Também está escrito". A verdade é a soma de tudo o que Deus
diz; por isso precisamos estudar todos os ensinamentos das Escrituras a
respeito de um determinado assunto para conhecer verdadeiramente a vontade de Deus.
Segundo, ele tomou a passagem fora do contexto. O Salmo 91, no contexto,
conforta o homem que confia e depende do Senhor; ao homem que sente necessidade
de testar o Senhor nada é prometido aqui. Terceiro, Satanás usou uma passagem
figurada literalmente. No contexto, o ponto não era uma proteção física, mas
uma espiritual.
2. Satanás é versátil. Jesus venceu em uma área,
então o diabo se mudou para outra. Temos que estar sempre em guarda (1 Pedro 5.8).
3. A confiança não experimenta, não continua pondo
condições ao nosso serviço a Deus, e não continua exigindo mais prova. Em vista
da abundante evidência que Deus apresentou, é perverso pedir a Deus para fazer
algo mais para dar prova de si.
TERCEIRA TENTAÇÃO – A TENTAÇÃO DO
PINÁCULO
A Segunda proposta apresentada a
Jesus foi no sentido de que Ele provasse sua divindade pulando do pináculo do
templo. Olhando superficialmente, a proposta de satanás não passava de uma
tremenda infantilidade. Sugerir aquele que veio do céu que pule do pináculo do
templo não fazia nenhum sentido. Mesmo porque além de não ser algo pecaminoso,
não haveria nenhuma dificuldade para Jesus fazê-lo.
A terceira
tentação é de ordem religiosa – apostasia. (Mt 4.8-10)
A terceira tentação foi a apostasia.
A isca é o desejo de poder. Poder total sobre um mundo que jaz no maligno.
Jesus é convidado a fazer um acordo com o maligno, para que Ele, Jesus,
reinasse por meio de intrigas, de guerras, através do mal. Mas Jesus não veio
para estabelecer um reino terreno como muitos pensam; mas estabelecer o Reino
de Deus dentro do coração dos homens.
Satanás sabendo que Jesus estava
focado no Reino de Deus, então lhe oferece um reino sem cruz, desde que Jesus o
adorasse. Assim o Reino de Deus seria estabelecido sem trabalho ou lágrimas,
nem risco de vida, sob a simples condição de que Jesus lhe prestasse
reverência.
A afirmação do diabo: "Levou-o ainda o
diabo a um monte muito alto, mostrou- lhe todos os reinos do mundo e a glória
deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares" (4.8-9). Que tentação! O diabo
deslumbrava com a torturante possibilidade de reinar sobre todos os reinos do
mundo.
As questões:
1. A questão aqui não era tanto a de Jesus
tornar-se um rei (Deus já lhe tinha prometido isso Salmo 2.7-9; Gênesis 49.10),
mas de como e quando. O Senhor prometeu o reinado ao Filho depois de seu
sofrimento (Hebreus 2.9). O diabo ofereceu um atalho: a coroa sem a cruz. Era
um compromisso. Ele poderia governar todos os reinos do mundo e entregá-los ao
Pai. Mas, no processo, o reino se tornaria impuro. Então as questões são: Como
Jesus se tornaria rei? Você pode usar um meio errado e, no fim, conseguir fazer
o bem?
A resposta de Jesus: "Retira-te Satanás,
porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto"
(4.10).
Nada é bom se é errado, se viola as Escrituras.
Satanás paga o que for necessário. O diabo ofereceu
tudo para "comprar" Jesus. Se houver um preço pelo qual você
desobedecerá a Deus, pode esperar que o diabo virá pagá-lo. (Leia Mateus 16.26).
2. O diabo oferece atalhos. Ele oferece o mais fácil,
o mais decisivo caminho ao poder e à vitória. Jesus recusou o atalho; Ele
ganharia os reinos pelo modo que o Pai tinha determinado. Hoje Satanás tenta as
igrejas a usar atalhos para ganhar poder e converter pessoas. O caminho de Deus
é converter ensinando o evangelho (Romanos 1.16). Exatamente como ele tentou
Jesus para corromper sua missão e ganhar poder através de meios carnais, assim
ele tenta nestes dias.
3. O diabo oferece compromissos por bons propósitos.
Ele testa a profundeza de nossa pureza. Ele nos tenta a usar erradamente as
Escrituras para apoiar um bom ponto ou dizer uma mentira de modo a atingir um
bom resultado. Nunca é certo fazer o que é errado.
CONCLUSÃO
Jesus, ao rejeitar as três propostas de satanás, estava
rejeitando assumir o comando dos três poderes que governavam, governam e
governarão o mundo até o dia de Sua volta. Pois de fato, o inimigo lhe ofereceu
o domínio político (representado pelo monte), o domínio religioso (representado
pelo pináculo do templo) e o domínio econômico (representado pela tentação do
deserto). Jesus rejeitou cada uma delas, pois embora fossem boas não eram as
melhores. Poderiam até resolver algum tipo de problema mas não resolveriam o
problema do pecado.
Jesus nos deixa o exemplo de como
devemos responder às tentações em nossas próprias vidas - com as Escrituras.
As forças do mal vêm sobre nós com uma miríade de tentações, mas todas têm as
mesmas três coisas em sua essência: a concupiscência dos olhos, a
concupiscência da carne e a soberba da vida (1 João 2.16). Só podemos
reconhecer e combater essas tentações ao saturar os nossos corações e mentes
com a verdade. A armadura de um soldado cristão na batalha espiritual inclui
apenas uma arma ofensiva, a espada do Espírito, ou seja, a Palavra de Deus
(Efésios 6.17). Conhecer a Bíblia intimamente vai colocar a espada em nossas
mãos e nos capacitar a ter vitória sobre as tentações.
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Mestre Adaylton de Almeida Conceição (R.I.P.) |
Prof. Pr.
Adaylton de Almeida Conceição – (Th.B.Th.M.Th.D.)
Facebook:
Adayl Manancial
BIBLIOGRAFIA
Adaylton de Almeida Conceição – Cristología – Ed.
Manancial.
Adaylton de Almeida Conceição – O Mistério de
Cristo
Gary Fisher - Como Jesus Venceu a Tentação
Tia Célia –
Enfrentando a Tentação