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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O CRISTÃO E O NATAL

Por: Pr. Adaylton de Almeida Conceição

O QUE É O NATAL?

Para a religião cristã é a festa que lembra o nascimento de Jesus. Esta festividade teve seu inicio dentro deste contexto religioso, durante o século IV de nossa era, e desde então se estendeu por todo mundo. A palavra que dá origem a “Natal” ou “Natividade“, e que significa “Natalício”, quer dizer, “Nascimento”.

A “Enciclopédia Americana” (edição 1944) diz que: “A Natividade (ou o Natal) não foi celebrado nos primeiros séculos da Igreja Cristã; já que geralmente o costume do cristianismo era celebrar – não o nascimento, mas – a morte das pessoas importantes. Em memória desse acontecimento (o nascimento de Cristo) foi instituído uma festa no século IV. No século V, a Igreja Ocidental ordenou que a mesma fosse celebrada para sempre, no mesmo dia da antiga festa romana em honra ao nascimento do sol (Deus Sol), já que não se conhecia a data exata do nascimento de Cristo”.

O QUE DIZ O VATICANO?

Numa informação jornalística transmitida pela Agencia DyN para a Argentina, com data de 16/01/87, lemos no jornal El Clarim, publicado na cidade de Buenos Aires, o seguinte: “A primeira noticia que se tem conhecimento da Natividade (Natal) de 25 de Dezembro, aparece durante o papado de São Julio (337-352). A data certamente vem do calendário romano, onde se celebrava a Páscoa ou Festa dos pães sem fermento (Êxodo capitulo 12), se celebra na primavera (conforme as estações da Terra de Israel), o que seria nos meses de março/abril, e as primeira chuvas começam, conforme o calendário hebreu, nos meses de setembro/outubro (mês de Tishri)”.
Por isso entendemos que os pastores estavam durante todo esse período no campo, já que o começo das chuvas, anunciando o inverno, indicaria que os rebanhos deviam ser guardados e protegidos das inclemências do tempo, no seu redil. Os pastores que escutaram a majestosa noticia do nascimento do Messias, Redentor e Salvador, realmente estiveram no campo, de vigília, cuidando de seus rebanhos, porém não era o mês de dezembro, mas entre os meses de março e outubro.

O Dicionário Bíblico (edição 1977) diz que: “A Terra Santa se caracteriza por duas estações: a chuvosa ou inverno (que vai desde novembro até abril), e a seca ou verão (desde maio até outubro). A chuva forte e fria cai em dezembro e janeiro. É frequente ver tempestades de granizo, com algumas geadas, acompanhadas de ventos que sopram do norte vindo do deserto”.

É praticamente IMPOSSÍVEL que os pastores, aos quais se refere o livro de Lucas, tenham estado em um 24 de dezembro, pastoreando suas ovelhas, pela simples razão de ser tempo de chuva e frio intenso, durante o qual os rebanhos eram guardados para sua proteção.

Jesus, o Messias e Cristo, nasceu entre os meses de março e outubro, provavelmente entre os anos 7 a.C. e 4 a.C.; esta é a conclusão dos eruditos bíblicos.

COISAS QUE CONVÉM LEMBRAR

A Bíblia, que é a Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo, não nos deixou nenhuma data exata, para recordar ou comemorar o nascimento do Senhor, Messias e Redentor.

Se isso tivesse sido importante, o Mestre teria instruído a seus discípulos para que se lembrassem do momento de tal acontecimento.

A Bíblia, não nos diz, em nenhuma parte , que os discípulos festejavam de alguma forma o nascimento do Senhor.

A Palavra de Deus nos ensina que devemos celebrar a “Ceia do Senhor”, compartilhando o pão e o vinho, anunciando sua morte até que Ele regresse para buscar seus fiéis.

A vitória do Rei Jesus, não se marcou na data do seu nascimento, e sim no Calvário, derrotando as potestades das trevas com sua entrega (foi fiel até a morte e morte de cruz – Filipenses 2.8), e na sua gloriosa ressurreição para toda a eternidade.

DE ONDE VEM A ARVORE DE NATAL?

O Teólogo Hebert Armstrong na sua síntese “A pura Verdade Sobre o natal” (edição 1976), assim nos relata: “Ninrode, neto de Cão, filho de Noé, foi o verdadeiro fundador do sistema babilônico. Sistema de competição organizada, de impérios e governos humanos, do sistema econômico de lucro, o qual se apoderou do mundo desde aquele período. Ninrode foi um dos que participou da construção da Torre de Babel, a Babilônia original, Nínive e muitas outras cidades. Organizou o primeiro reino desde mundo. O nome Ninrode é derivado da voz hebraica “marad”, que significa “rebelar”.

De alguns escritos antigos, aprendemos que foi este homem quem começou a grande apostasia mundial organizada, que tem dominado o mundo desde os antigos tempos, até os dias de hoje.

Ninrode era perverso, e diz-se que se casou com sua própria mãe cujo nome era Semiramis.

Mas esse jovem morreu de forma prematura, e depois sua nãe-esposa, Semiramis, propagou a perversa doutrina da sobrevivência de Ninrode como um ser espiritual. Ela afirmava que da noite para o dia, surgiu uma grande árvore (da espécie sempre verde) originada de um tronco morto, o qual simbolizava o nascimento de Ninrode a uma nova vida. Ela declarou que em cada aniversario do seu nascimento Ninrode deixaria presentes na árvore. A data do seu nascimento era 25 de dezembro. Este é um dos vários significados da árvore de Natal.

No livro “Respostas a algumas perguntas”, o autor Frederich J. Haskins, diz que “a árvore de Natal vem do Egito, e sua origem é anterior a era cristã”. Muitas IGREJAS não só armam a árvore de natal, mas comemoram a data como se fosse um principio bíblico. Pecado de ignorância.

QUEM É PAPAI NOEL?

Este simpático e risonho personagem das festas natalícias também tem como nome “Santa Claus” e “São Nicolau”, que foi um bispo católico romano do século V que pelas suas ações samaritanas, foi elevado a uma categoria de veneração por parte dos gregos e latinos. Sobre esse tema, a Enciclopédia Britânica (edição 11 volume 19) diz que “São Nicolau, bispo de Mira, é santo venerado pelos gregos e latinos, em 6 de dezembro". Uma lenda diz que presenteava de forma clandestina dotes a três filhas de um cidadão pobre, e assim teve origem o costume de obsequiar presentes em segredo, na véspera do dia de São Nicolau (6 de dezembro), que posteriormente foi mudado o dia de Natal, 25 de dezembro, pela tradição”. Segundo o Dicionário Larouse (edição 1964) o nome de Santa Claus está relacionado com São Nicolau, que nos países anglo-saxônicos é considerado o patrono das crianças.

OS REIS MAGOS

A Bíblia nos relata que nos dias do rei Herodes, vieram uns Magos do Oriente dizendo “onde está o rei dos judeus que nasceu” (Mat. 2.1-2). O vocábulo “mago” que é utilizado nesta parte do relato bíblico, não tem nada que ver com os conceitos relacionados com a adivinhação, espiritismo e ocultismo. Esta palavra vem do grego “magoi”, que por sua vez, vem do persa antigo “magav”. Nos domínios medo-persa, os chamados “magos” constituíam uma casta sacerdotal que se especializavam na astronomia, astrologia e sonhos; eram consultados por reis e ministros, sobre assuntos que os mesmos consideravam importantes para suas funções.

O Comentário Bíblico (editorial Caribe, edição 1980) diz que: “Os magos a que Mateus faz referência, que visitaram a Belém, provinham do Oriente Médio, seguramente de Media ou Pérsia. De alguma forma haviam escutado a promessa de um rei messiânico na Judeia, e ao observar uma nova e brilhante estrela, entenderam que anunciava seu nascimento, e se prepararam para irem ao lugar onde se encontrava”.

O Dicionário Bíblico (editorial Caribe, edição 1977) explica que: “originalmente os magos eram de uma tribo que exercia a religião persa e uma função sacerdotal. Os magos de Mateus 2.1-2, seriam naturais de algum pais como Pérsia, Arábia ou Babilônia, onde viviam judeus desterrados, e onde por meio deles se conhecia a profecia da Estrela de Jacó (Números 24.17).”

Tendo especificado este importante ponto sobre a condição dessas pessoas, também podemos supor e entender que naquele tempo, uma viagem de Media ou Pérsia até Jerusalém, não podia ser feita em uns poucos dias, e ainda mais se tratando de sacerdotes, os quais deviam ir preparados de forma adequada para apresentar-se diante do Rei. Seguramente eles não chegaram a Jerusalém em poucos dias. O relato bíblico no livro de Mateus nos diz que, ao saber da noticia, o rei Herodes mandou assassinar a todas as crianças de até dois anos de idade (Mateus 2.16). Se Jesus tivesse sido um “recém nascido”, apenas os bebés teriam sido mortos.

Portanto, o Messias e Redentor teria mais de um ano e menos de dois, quando estes ministros sacerdotes chegaram ao palácio de Jerusalém.

POR QUE LEVARAM PRESENTES?

O Comentário Bíblico de Adám Clarck, comentando sobre o livro de Mateus 2.11, diz que: “No Oriente, não se acostuma entrar na presença de reis e grandes personagens com as mãos vazias".
Este costume frequentemente é mencionado no Antigo Testamento, e ainda persiste no Oriente”.

Herbert Armstrong, diz que: “Os magos não estavam instituindo um novo costume cristão de trocar presentes para honrar o nascimento de Jesus Cristo, eles simplesmente atuaram de acordo com um antigo costume oriental, que consistia em levar presentes ao apresentar-se diante de um rei”. Esta compreensão de época, nos explica que estes sacerdotes ao levarem presentes a Jesus, o reconheciam como Rei e Senhor.

Compare com os presentes que se faz atualmente, e verá que não tem nenhuma relação com o significado do nascimento de Jesus. Inclusive, nem sequer se menciona seu nascimento quando se oferece ou recebe um presente no Natal.

CONCLUSAO

Como Ministros do Evangelho, temos ensinado que nossa vitória está na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Temos o exemplo do Apóstolo Paulo, que em todas suas mensagens, coloca ênfase no significado da morte e ressurreição de Cristo. Bom seria que seguíssemos seu exemplo, e que o Natal que se constituiu mais em uma festa pagã, que numa comemoração do nascimento do Salvador Jesus, onde o lema é beber, embriagar-se, comer e presentear tivesse outro significado. Porém se perguntássemos a aqueles que tanto falam e comemoram o Natal: “Que significado tem em sua vida o nascimento de Cristo?” Não creio que eles saibam como responder, pois em sua grande maioria, não tem a mínima noção de quem é Jesus Cristo.

Espero que cada cristão saiba aproveitar este momento para anunciar o real significado do nascimento e morte de Jesus Cristo, e que as pessoas possam ser convencidas pelo Espírito Santo do pecado, da justiça e do juízo, permitindo que Cristo possa nascer em cada coração.

Que Deus os abençoe rica e abundantemente.

www.adayltonalm.spaceblog.com.br
Pastor Adaylton Almeida Conceição é Jornalista Profissional, Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia, Escritor, Psicanalista Clinico e Sexólogo, Pós Graduado em Ciências Políticas.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A IMPORTANCIA DA SABEDORIA HUMILDE

Texto: Tiago 1.5; 3.13-18.

O QUE É SABEDORIA?

A palavra sabedoria provém do termo grego sophia, com 71 ocorrências no NT, 44 só nas epístolas paulinas. Ela possui muitos equivalentes, tanto no hebraico, como no grego, que podem ser compreendidos como: entendimento, discernimento, inteligência, capacidade de entender e pensar, percepção, instrução para formar hábitos adequados de comportamento, disciplina, prudência, conselhos, entre tantos outros.

Tiago enxerga a sabedoria como sendo uma necessidade para as pessoas, mas faz questão de mostrar os tipos de sabedoria que podemos encontrar à nossa volta. E para o apóstolo, mais do que ter, ou não, sabedoria, é imprescindível saber a quem pedir, é preciso utilizá-la. 

Tiago 1.5 "Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada".
"... tem falta de sabedoria (leipetai sophias). Aqui há uma combinação que podemos transliterar como: “Se alguém não chega á estatura ou medida da sabedoria”. Peça (aiteitö). Aqui temos o presente do imperativo ativo de aiteö,que persista em pedir”. A Deus (para tou theou).

Para Tiago, o mestre cristão com um quadro de fundo judeu, a sabedoria é uma coisa praticas. Não é a especulação filosófica ou o conhecimento intelectual; sua esfera são coisas da vida. Os estoicos definiam a sabedoria como “o conhecimento do humano e o divino”.  A sabedoria cristã é um conhecimento tal que passa que passa à ação nas decisões e relações pessoais da vida cotidiana.

Tiago propõe que os cristãos busquem a sabedoria vinda da parte de Deus: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida.” (v.5). Esta sabedoria não é conhecimento científico ou teológico. É possível que Tiago tenha em mente a visão do Antigo Testamento sobre a sabedoria, em que a fonte dela é o conhecimento do Senhor.

A sabedoria perfeita de Deus

A sabedoria de Deus, de modo geral, pode ser definida como “um entendimento adquirido sobre Deus e as suas verdades reveladas, que como consequência nos traz uma aplicação prática na nossa vida em todas as suas esferas (Jó 10.4; 26.6; Pv 5.21; 15.3), revelando a .sabedoria de Deus ao mundo através do nosso testemunho, cuja base é, antes de tudo, o temor a Deus, que envolve obediência à Sua Palavra.” Essa sabedoria em tudo contrasta com a sabedoria do mundo. A sua essência e a sua fonte estão somente em Deus (Jó 12.13ss; Is 13.2; Dn 2.20-23). Em Jesus temos o seu modelo perfeito. Essa sabedoria está ao nosso alcance e deve ser buscada.

A sabedoria de Deus não é subjetiva, mas objetiva e presente na criação do universo (Pv 3.19ss; 8.22-31; Jr 10.12), no homem (Jó 10.8ss; Sl 104.24; Pv 14.31; 22.2). Ele governa através da Sua sabedoria os processos naturais (Is 28.23-29) e históricos (Is 31.2). Tal sabedoria não pode ser apreendida pelo homem de forma natural (Jó 28.12-21), mas Deus a revela para ele (Jó 28.23,28). Isto é, toda sabedoria desprovida da revelação de Deus torna-se empobrecida, mesmo nos seus melhores aspectos (cf. 1 Co 1.17; 2.4; 2 Co 1.12 – O Novo dicionário da Bíblia, Edições Vida Nova, SP, 1999).

O homem só é realmente sábio quando Deus graciosamente lhes outorga a sua sabedoria, daí a exortação de Tiago para que busquemos essa sabedoria (Tg 1.5-8). Ela esteve presente na vida de Salomão (1 Rs cap. 3ss; Mt 12.42; Lc 11.31), Estevão (At 6.10), Paulo (2 Pe 3.15), José (At 7.10). Essa sabedoria divina é necessária ao ser humano, para que ele possa compreender os oráculos de Deus (Ap 13.18; 17.9), liderar a igreja do Senhor (At 6.3), perceber os propósitos de Deus na redenção (Ef 1.8,9), andar de maneira digna diante de Deus (Cl 1.9; Tg 1.5; 3.13-17).

Muitas pessoas buscam a sabedoria de Deus, esquecendo-se do seu princípio áureo: o temor do Senhor (Sl 111.10; Pv 9.10). É interessante notar, porém, que não tememos a Deus para ter sabedoria, mas o temor do Senhor transforma e guia os nossos pensamentos e ações, tornando-nos justos e retos, e dessa forma se revela a sabedoria de Deus em nós. Nossas ações, quando praticadas no temor do Senhor, são ações dignas e sábias.

“O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência.” (Provérbios 9.10).
O temor do SENHOR é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino.” (Provérbios 1.7).
“Porque o SENHOR dá a sabedoria, e da sua boca vem a inteligência e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos; é escudo para os que caminham na sinceridade...” (Provérbios 2.6,7).

Além destes versículos existem muitos outros no Antigo Testamento que refletem a fonte da sabedoria: Deus. Tiago explica que se pedirmos a Deus sabedoria, Ele nos dará livremente. Aqui a palavra “haplos”, significa também “simplesmente, incondicionalmente, sem barganha”. A ideia é de franqueza, de coração aberto. Deus está pronto para nos ajudar a viver uma vida cristã mais firme e constante. Esta sabedoria representa também o discernimento que o Senhor nos dá para vivermos mais na dimensão espiritual do que na dimensão deste tempo presente.

Deve lembrar como Deus dá liberalmente, generosamente e sem humilhar a ninguém. Os sábios judeus sabiam perfeitamente que o melhor presente do mundo pode perder-se pela forma de ser dado.

Filemon, o poeta grego, chamava a Deus de “aquele que ama os presentes”, não no sentido de que Ele goste de receber presentes, mas de que adorava dá-los. E Deus não lança em cara nada que dá, ou seja, não censura. Dá com todo o esplendor de Seu amor. É interessante a palavra “sem censura” (me oneidizontos). Havia o mal hábito de lançar palavras ferinas junto com o dinheiro, como é ilustrado em Sirac 41.22. Diz mais: “E lhe será dado” (kai dothesetai autöi), aqui significando, não só sabedoria, mas todos os bons dons, incluindo o Espírito Santo.

E finalmente dos versos 6 a 8, Tiago nos dá a principal exigência para termos sabedoria: Fé. “Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá coisa alguma do Senhor, pois tem mente dividida e é instável em tudo o que faz.”.

A fé consiste na confiança em Deus numa entrega total e plena nas mãos de Cristo. Porém, no relacionamento com Deus às vezes passaremos por momentos de dúvida. Porém o oposto da fé não é a dúvida, mas o medo. Por quê? Porque o medo paralisa, tira a perspectiva do alvo. A dúvida nos mostra o risco, e sem o elemento risco não há fé.

Quando Tiago fala em dúvida aqui no texto, a palavra grega é diakrinomenos e significa “dividir, duvidar, vacilar, estar em dúvida consigo mesmo”. 

Tiago 3.13-18 "Ninguém, sendo tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência;  então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.  Não vos enganeis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas".

A SABEDORIA HUMILDE E A FALSA SABEDORIA

O temor do SENHOR é a instrução da sabedoria, e a humildade precede a honra.” Provérbios 15.33.

Uzias tinha somente 16 anos quando seu pai foi assassinado e ele subitamente se tornou rei de Judá, no oitavo século antes de Cristo. A história de seu reinado, que é registrada em 2 Crônicas 26, ensina uma lição poderosa sobre a importância da humildade. Uzias começou bem. Ele respeitava o Senhor e sua palavra; e Deus o abençoou abundantemente. O reino se expandiu e o rei fiel conseguiu dominar seus inimigos de todos os lados. Sua reputação se espalhou a outros países. Uzias se fortaleceu.
Então, tudo mudou. "Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu transgressões contra o Senhor, seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso" (2 Crônicas 26.16). Uzias era um homem especialmente escolhido por Deus para conduzir seu povo. Durante muitos anos, Uzias serviu o Senhor fielmente. Porém não estava autorizado a entrar no templo para queimar incenso. Esse papel estava reservado para outros homens escolhidos por Deus, os sacerdotes, que serviam no templo. Uzias, não estando mais contente com o desempenho do papel que Deus lhe havia dado, tentou assumir uma função extra e foi fortemente repreendido por seu erro.
O sacerdote Azarias e 80 outros sacerdotes seguiram Uzias até o templo e desafiaram seu ato presunçoso. Uzias enraiveceu-se e Deus respondeu imediatamente ao seu erro. O rei ficou leproso ali mesmo no templo diante dos olhos dos sacerdotes. Eles imediatamente o atiraram fora do templo, e Uzias correu da casa de Deus, percebendo que o Senhor tinha punido sua arrogância. Seu filho assumiu os negócios do Estado e deixou o leproso Uzias isolado em sua casa pelo resto de sua vida. A vida abençoada de um grande homem foi arruinada por um ato de desobediência, pela falta de humildade.

A HUMILDADE É FUNDAMENTAL PARA NOSSA COMUNHÃO COM DEUS

Quando Jesus pregou o sermão que define o caráter do verdadeiro discípulo, suas palavras iniciais foram diretas ao coração: "Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mateus 5.3). Ele continuou a pregar durante mais três capítulos, mas muitos ouvintes não o ouviram porque nunca passaram da linha de partida. Mesmo hoje, a maior parte da mensagem do evangelho cai em ouvidos surdos de homens e mulheres arrogantes que não querem mesmo reconhecer a posição de Jesus como Senhor.
Mas Jesus não reduziu os padrões. Ele não abriu uma porta extra para entrarem os arrogantes ou os "quase" humildes. Ele manteve intacto o seu requisito fundamental porque ele reflete a exigência eterna de Deus. Deus nunca aceitou o homem cheio de orgulho que pensava fazer as coisas a seu próprio modo. Ao contrário de toda a sabedoria dos homens carnais, tendentes a adquirir poder e posição, Deus aceita exclusivamente os humildes. Uma geração depois de Uzias, o profeta Miquéias pegou perfeitamente a ideia quando ele citou as palavras de Deus: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e o que é que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus" (Miquéias 6.8). As Escrituras deixam perfeitamente claro que não há  outra maneira de caminhar com Deus. Ou andamos humildemente com nosso Deus, ou não andamos de modo nenhum com ele!
Jesus andou no meio de homens carnais e enfrentou tremendo desafio. Como poderia ele capturar seus corações para moldá-los como os servos humildes que o Pai quer? Não foi uma tarefa fácil. Ele falava frequentemente de humildade, e mostrava em sua vida de serviço o que significa elevar os outros acima de nós mesmos. Quem poderia exemplificar melhor a humildade voluntária do que o próprio Deus, que deixou sua habitação celestial para servir e mesmo morrer pelos homens pecadores? (Esta é a essência do apelo irresistível de Paulo em Filipenses 2.3-8).
Há exemplos que mostram claramente como Jesus ressaltava a humildade para seus apóstolos. O um deles está em Mateus 18.1-4. Os apóstolos frequentemente disputavam entre si sobre a grandeza. Dois deles uma vez foram tão ousados a ponto de pedir que fossem colocados acima de seus colegas no reino. Jesus respondeu à atitude deles chamando uma criança. Enquanto estes homens crescidos olhavam, Jesus começou a pregar um sermão memorável: "Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus" (Mateus 18.3-4).

COMO A ARROGÂNCIA IMPEDE AS BENÇÃOS DE DEUS.

Podemos tirar algumas conclusões claras e importantes do ensinamento da Bíblia, mostrando o porquê a falta de humildade impede as bênçãos de Deus. Considere como o orgulho é absolutamente oposto às qualidades e comportamentos que Deus quer que demonstremos.
Sem humildade, não serviremos a outros como deveríamos, porque aqueles que são arrogantes e egoístas querem ser servidos, e não servir.
Sem humildade, não seremos seguidores. Os orgulhosos querem ser chefes e cobiçam a posição e a influência de outros. Este foi o problema que Arão e Miriã tiveram em Números 12, e o mesmo pecado que custou as vidas de quase 15.000 pessoas, em Números 16.
Sem humildade não buscaremos realmente a verdade. O homem orgulhoso pensa que já conhece as respostas, e não quer depender de quem quer que seja, nem mesmo do próprio Deus. A arrogância também impede nosso entendimento da verdade. Se não queremos admitir a necessidade de mudança, ou não queremos aceitar o fato que alguma outra pessoa sabe mais do que nós, nosso orgulho será um bloqueio fatal para o estudo eficaz da Bíblia.

Sem humildade, não reconheceremos nossos próprios defeitos. Somos até capazes de enganar nossos próprios corações para não vermos nosso próprio pecado. Saul fez isto quando defendeu sua desobediência na batalha contra os amalequitas. Ele argumentou que tinha obedecido o Senhor e que o povo tinha errado (1 Samuel 15.20-21). Deus não aceitou esta desculpa esfarrapada, e não aceita a nossa.
Um outro problema relacionado com a arrogância  e a falta de humildade é a dificuldade em aceitar a correção. Provérbios 15.31-33 mostra a consequência de tal orgulho: "Os ouvidos que atendem à repreensão salutar no meio dos sábios têm a sua morada. O que rejeita a disciplina menospreza a sua alma, porém o que atende à repreensão adquire entendimento. O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e a humildade precede a honra." Provérbios 12.1 é mais direto: "Quem ama a disciplina ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é estúpido."

O MODELO DE JESUS

"Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus" (Mateus 18.3-4).
Outro  exemplo dado por Jesus, ainda mais tocante, é registrado em João 13.1-17. Quando se preparavam para partilhar a refeição da Páscoa, Jesus aproveitou o momento para ensinar uma lição necessária. Os apóstolos jamais esqueceriam esta noite, e Jesus não perdeu a oportunidade para ensinar. Ele tomou uma toalha e  água e foi, de discípulo em discípulo, lavando seus pés. Isto era, por costume, serviço dos servos mais humildes, mas aqui o Criador do universo estava se humilhando diante de simples galileus. Quando terminou, ele voltou-se para os apóstolos e perguntou? "Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes" (João 13.12-17).
Não é de se admirar que outros homens inspirados falassem da importância da humildade. Tiago disse: "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós... Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará" (Tiago 4.6)
“Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.” Tiago 3.13.

A pergunta — "Quem entre vós é sábio e entendido?" — é de fato um desafio: se você diz ser sábio, demonstre sua sabedoria pelas obras que a verdadeira sabedoria produz. Muitos comentaristas acham que a pergunta de Tiago dirige-se especialmente aos mestres mencionados no versículo 1. Mas nem sophos (sábio, “pessoa sábia”) nem epistêmõn (“instruído”, “cheio de entendimento”) são aplicados como títulos ao mestre. Eles aparecem juntos várias vezes na Septuaginta, uma vez em referência às qualidades que os líderes devem possuir (Dt 1.13,15), mas também é aplicado a todo o Israel (Dt 4.6; Dn 5.12 aplica-os ao profeta). Está claro que Tiago considera a “sabedoria” uma virtude à disposição de todos (1.5), e mesmo 3.1 realmente não se dirige a mestres, mas àqueles que queriam se tomar mestres. Portanto, a exortação de Tiago é melhor compreendida como se fosse dirigida a todos os crentes em geral, mas especialmente àqueles que se orgulhavam de seu conhecimento superior.

É necessário observar os três elementos que compõe o versículo: "Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria".

Mostre pelo seu bom trato – (trato: tratamento; ajuste, pacto, tratado; convivência; passadio, alimentação; procedimento, modos, etc). Aquele que se sentisse sábio e entendido deveria ter uma boa convivência, bons modos e procedimento;

As suas obras – ‘as obras’ constituem o motivo pela qual alguém se gaba; observe que ‘bom trato’ não é ‘boas obras’ (aquelas que são feitas em Deus), e que ‘boas obras’ também não é ‘as suas obras’, que o versículo faz referência; a pessoa que estivesse se gloriando deveria mostrar a sua realização (suas obras);

•Em mansidão de sabedoria – Porém, deveria demonstrar as suas obras segundo a sabedoria descrita no versículo dezessete: em mansidão de sabedoria que do alto vem.

“...sábio e entendido...”. (sophos kai epistemön). ‘Sophos’ se usa para definir o mestre prático (v.1), e ‘epistemön’ de um experto, uma pessoas destra e cientifica com um tom de superioridade.

Sabedoria é um assunto típico da literatura hebraica. Há três livros no Antigo Testamento que se enquadram na categoria de “livros de sabedoria”. 
Ao contrário do que acontecia com os gregos, a sabedoria para os judeus era sempre prática, vivencial e se focalizava em como aplicar ä vida as verdades de Deus. Por isso Tiago desafia seus leitores a mostrarem pelas suas obras que tipo de sabedoria eles têm.

UM NOVO CONCEITO DE SABEORIA

Sabedoria em Tiago tem mais que ver com uma conduta que reflete a natureza e a vontade de Deus do que com um intelecto aguçado. Tiago lança um desfio: “Quem é sábio e tem entendimento entre vocês?” Tanto sabedoria como entendimento andam bem juntos. Sabedoria direciona os passos, e entendimento informa o destino das decisões. Segundo Tiago, ela é demonstrada pelo bom procedimento. A questão não é o quanto sabemos na nossa mente, mas quanto esse conhecimento é refletido no nosso procedimento.

Conforme Dibelius destaca, a exortação de Tiago à “pessoa sábia” parece desajeitada, pelo fato de ele combinar duas ideias nela: a sabedoria deve produzir obras e a sabedoria deve ser caracterizada pela humildade. A primeira ideia dá-nos uma forte lembrança da exigência anterior de Tiago, no sentido de que a fé se manifesta em obras. A verdadeira sabedoria, assim como a fé real, é uma qualidade prática e vital que tem a ver tanto (ou mais) com o modo pelo qual vivemos como com aquilo que pensamos ou dizemos. Neste sentido, Tiago é fiel ao conceito veterotestamentário da sabedoria como um modo de vida, a atitude e conduta típicas de uma pessoa piedosa. Mas Tiago está muito mais interessado na segunda ideia mencionada acima, as qualidades que devem ser manifestadas pela sabedoria. Em mansidão de sabedoria deve ser entendido como um qualificativo de obras. Estas devem ser praticadas “em mansidão” que caracteriza a “sabedoria” ou nasce dela (vendo o genitivo como descritivo ou indicador de origem). Mansidão (praütês), na mente da maioria dos gregos, dificilmente era uma virtude a ser buscada: ela sugeria um rebaixamento servil e ignóbil. Mas Jesus, que pessoalmente foi “manso” (Mt 11.29), pronunciou uma bênção sobre aqueles que fossem mansos (Mt 5.5). Tal mansidão cristã envolve uma compreensão sadia acerca de nossa falta de méritos diante de Deus e uma respectiva humildade e falta de orgulho no trato com nossos semelhantes.

“Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade.” 3.14.

O problema encontra-se no coração do homem e a língua torna evidente este mal “...sentimento faccioso em vosso coração...”.
Este versículo demanda um exercício de interpretação de texto para uma melhor compreensão. Observe:

Uma pergunta – “Quem entre vós é sábio e entendido?”. O contexto nos mostra que só quem quer ser mestre se considera sábio e entendido;
Uma determinação a quem respondesse afirmativamente que é sábio e entendido – “Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria”. A determinação do apóstolo só é cabível a quem presume ser sábio e entendido; porém, a determinação é impossível de ser cumprida por quem se arroga na condição de sábio e entendido;

Uma conclusão – “Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração...”. Este versículo é uma conclusão do apóstolo, e aponta os elementos que consta do coração daqueles que se acham sábios e entendidos. Observe que o argumento fica inconsistente quando se tenta combinar a primeira e a segunda parte do versículo ao se enfatizar a partícula ‘se’: “Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso...”, e; “...não vos glorieis, nem mintais contra a verdade”. O indivíduo pode se gloriar de uma alta posição, porém, jamais alguém vai querer se gloriar de ser invejoso e faccioso. A Bíblia Vida Nova da Editora Vida Nova reza o seguinte: “Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade”. Para enfatizar a partícula ‘se’, trocam o ‘não’ pelo ‘nem’, o que dá a entender que alguém se gloria em ser invejo e faccioso (‘glorieis disso’, disso o quê?).

A pergunta persiste: quem é sábio e entendido? Um sábio e entendido deve mostrar através do seu bom comportamento suas obras em mansidão de sabedoria. Quando alguém que se diz sábio e entendido não consegue cumprir com a determinação anterior, só pode estar acometido de amarga inveja e um sentimento faccioso no coração.

A determinação é clara e precisa: “...não vos glorieis nem mintais contra a verdade”.

Não vos glorieis – Com relação a gloriar-se, a primeira determinação do apóstolo é oposta: “Glorie-se o irmão de condição humilde (...) o rico, porém, glorie-se na sua insignificância...”; O apóstolo Tiago dá um bom motivo para os irmãos se gloriarem (Tg 1.9-10), e reitera que todos devem estar prontos a ouvir, tardios em falar (Tg 1.19). Se alguém estava procurando a posição de mestre com a intenção de gloriar-se, a determinação é clara: não vos glorieis; pois os mestres receberão maior juízo (Tg 3.1); a língua se gaba de grandes coisas (Tg 3.5); e, quem entre eles era sábio e entendido, a ponto de gloriar-se? (Tg 3.13);
Muitos dentre os cristãos se sentiam mestres, sábios e entendidos, porém a sabedoria que neles estava não vinha de Deus (Tg 3.1 e 13).

A pretensa sabedoria que alguns possuíam não era a sabedoria que vem do alto.
A sabedoria terrena, animal e diabólica é a que está vinculada à velha natureza. Eles ainda eram carnais (1Co 3.3).

v.16 "Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa".

A partir do v. 17, surge a descrição da sabedoria que vem do alto.
Vejamos rapidamente o que significa cada uma dessas características:

Pura é uma sabedoria que não está contaminada pelas imundícias que desagradam a Deus. Pura, em grego, hágnos e o sentido desta raiz contem a ideia de suficientemente puro para acercar-se aos deuses.  

Pacífica porque onde o Senhor está, há paz. A sabedoria diabólica, por outro lado, produz confusão e toda má obra. Moderada: o termo sugere moderação, equilíbrio, gentileza. É uma forma de autêntico cavalheirismo, é fazer aquilo que é justo, mesmo que isso implique em abrir mão de seus direitos.

 A sabedoria divina é ainda cheia de misericórdia. A palavra aqui usada significa “compaixão pelos desgraçados”. Uma pessoa que tenha sabedoria que vem do alto terá profundo interesse pelas pessoas e irá se condoer com os que sofrem. Cheia de misericórdia e de bons frutos tem sido interpretado por alguns como uma redundância: os frutos que a misericórdia produz. No entanto, pode ser mais amplo. Não basta a misericórdia. Além dela, bons frutos devem ser apresentados. Sem parcialidade: a questão da acepção de pessoas tratada no capítulo 2 é aqui retomada. Quando na igreja há atitudes de favoritismo está havendo pecado.

Por tudo isso a sabedoria do alto é sem hipocrisia. A palavra “hipócrita” tem uma origem bem interessante: ela vem das peças teatrais gregas onde o ator representava uma personagem. O hipócrita é aquele que não age com sinceridade, mas toma suas atitudes de acordo com os seus próprios interesses do momento.

“Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz”. V. 18
Ao concluir este capitulo Tiago mostra através deste versículo um vínculo de conexão entre o que temos estado analisando e o que virá nos capítulos finais.
Mais uma vez Tiago tem que colocar nossa fé a prova, esta vez concernente à classe de sabedoria que manifestamos em nossa vida cotidiana.

O apóstolo Tiago chega a uma conclusão: o fruto da justiça semeia-se na paz! O que ele quis dizer?

Não se semeia o fruto, e sim a semente, pois devemos ter em mente que a semente dará o seu fruto no devido tempo. Ou seja, para se obter o fruto da justiça devemos lançar a semente na paz. Mas, qual é a semente que produz o fruto da justiça? Para se obter o fruto da justiça faz-se necessário semear a semente apropriada, que é a palavra de Deus (1Pe 1.23).
Nada bom pode crescer em um ambiente no qual as pessoas estão em constante rivalidade e desacordo.

CONCLUSÃO

Entendemos, que a sabedoria do alto é muito mais que um conhecimento profundo de Deus. Ela se desdobra em ações praticadas pela justiça, mediante um santo proceder, fruto de uma mente renovada pela graça de Deus. É uma sabedoria que não permanece estática diante da revelação de Cristo, mas que reage a essa revelação de maneira positiva, com o intuito de aprender dele para servi-lo. Ela às vezes pode confundir os que se deparam com ela (Mc 6.2), mas a ela ninguém pode resistir (Lc 21.15; At 6.10). Ela deve estar presente nos servos de Deus (At 6.3), como sabedoria dada por Ele (1 Co 1.17), porque somente o poder de Deus ode produzir em nós a verdadeira fé (1 Co 2.1-13). A sabedoria de Deus nos impede de cometer erros terríveis (1 Co 2.8) e nos traz pleno conhecimento dele (Ef 1.17).
A humildade, a pouca solvência faz parte  do plasmar da verdadeira sabedoria oriunda de Deus.

Que sejamos sábios, que sejamos humildes, que sejamos SERVOS DO DEUS ALTÍSSIMO.

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Pr. Adaylton de Almeida Conceição (Th.B.Th.M.Th.D.)


(R.I.P.)
foi meu amigo