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terça-feira, 7 de agosto de 2018

ARGUMENTO SOBRE DEUS (7)

Argumento contra a ideia de um universo eterno

Este é um argumento de origem árabe, (também conhecido como “Kalam”), contém argumentos de que o mundo não pode ser infinitamente antigo, e portanto, tem de ter sido criado por Deus. Ele contesta a teoria que a maioria dos ateus deseja manter: a de que o universo surgiu a partir de um todo de matéria auto-sustentada em mudança infinita, em um tempo eterno. Este tipo de argumento tem tido um apelo amplo e duradouro entre muçulmanos e cristãos. Sua forma é simples e direta:

1. Seja o que for que venha a existir, precisa de uma causa para que possa existir.

2. O universo começou a existir.

3. Portanto, o universo tem uma causa.

Vejamos a primeira premissa. A maioria das pessoas considera a primeira premissa não apenas como provavelmente verdadeira, mas como certa e obviamente verdadeira.

E a segunda premissa? É verdadeira? O universo – a coleção de todas as coisas restritas ao espaço e ao tempo – teria começado a existir num determinado momento? Essa premissa nos últimos séculos recebeu um forte apoio da ciência natural, principalmente com a cosmologia do Big Bang. Mas há também argumentos filosóficos a favor dela. Vejamos.

Se o universo não começou a existir, teríamos um passado infinito. Surgem algumas questões para pensarmos: Por que algo (o universo) que não tivera início, teria um fim? Por que algo que tivera um “passado infinito”, teria um “futuro finito”?

Será que uma tarefa infinita poderia ser realizada ou completada? Se, para alcançar determinado fim, etapas infinitas tivessem de antecedê-lo, será que algum dia poderemos alcançar o fim? É claro que não – nem mesmo em um tempo infinito. Isso porque o “tempo infinito” não teria fim, assim como as etapas. Em outras palavras, nunca alcançaríamos o fim da sequência. A tarefa infinita nunca poderia e nunca seria completada.

Se o universo nunca teve início, ele sempre teria existido. Então, seria infinitamente antigo. Mas, para isso ser verdade, uma quantidade infinita de tempo teria de ter passado antes do dia de hoje, por exemplo. E um número infinito de dias deveriam ter sido completados para que o dia atual pudesse acontecer. Entretanto, isso cria um paralelo idêntico ao problema da tarefa infinita, pois, se o dia de hoje foi alcançado, então uma seqüência infinita de eventos históricos o teria levado a este ponto no presente. Isto significa que se a tarefa foi completada até este ponto do presente, o todo do passado precisa ter acontecido. Contudo, uma sequência “infinita” de etapas nunca poderia ter alcançado esse momento presente. Logo, ou o dia atual não foi alcançado, ou o processo para que isso acontecesse não foi infinito. É muito óbvio que o dia de hoje está acontecendo, portanto, o processo para alcançá-lo não foi infinito. Em outras palavras, o universo teve início, portanto ele tem de ter uma causa para que viesse a existir, ou seja, um Criador.

Primeira questão: Como podemos saber que a Causa geradora do universo ainda existe? Talvez, ela tenha dado início ao universo e deixado de existir.

Resposta: Lembremos que buscamos uma Causa para a existência espaço-temporal. Essa Causa criou todo o universo de espaço e de tempo, e estes, em si mesmos, têm de ser parte dessa criação. Portanto, a Causa não pode ser outro ser espaço-temporal; ela tem de estar, de alguma maneira, fora dos limites e das limitações do espaço e do tempo. É difícil compreender a um Ser assim. Mas sabemos que um ser que pertence ao nosso universo, certamente deixará de existir um dia; chega um instante no tempo em que este é fatalmente afetado por algum agente externo. Contudo, essa realidade é apropriada para nós e para os seres que estão limitados ao espaço e ao tempo. Um Ser que não esteja limitado não pode deixar de ser, mas tem de existir eternamente.

Segunda questão: Mas essa Causa seria Deus, um Ser, e não simplesmente uma coisa?

Resposta: Suponhamos que a causa do universo tenha existido eternamente e que NÃO fosse pessoal; que ela teria dado origem ao universo não por escolha própria (visto não poder escolher), mas simplesmente por existir (ou por acaso). Nesse caso, seria difícil imaginar um universo que não fosse infinitamente antigo, uma vez que todas as condições necessárias para a existência dele (contidas nessa coisa) existiriam por toda a eternidade. Mas de acordo com o argumento que estamos estudando, o universo não pode ser infinitamente antigo. Portanto, a hipótese de uma causa eterna impessoal parece levar a uma contradição. Então, qual a solução para a questão? Um universo que tenha surgido como resultado de uma escolha pessoal. Uma causa eterna poderia ter dado início a um efeito temporalmente limitado. Como já dito, uma causa que gera seres inteligentes e capazes de raciocinar, não poderia ser algo irracional e não-inteligente; e sendo algo racional e inteligente (em maior escala que o seu efeito), não seria simplesmente uma coisa, mas um Ser.

Terceira questão: Os cristãos crêem que irão viver para sempre com Deus. Logo, eles crêem num futuro infinito. Por que então o passado não pode ser sem fim?

Resposta: É diferente. Os cristãos acreditam que sua vida com Deus nunca irá terminar. Entretanto, isso só pode ser verdade se toda a realidade criada teve início num determinado momento. O futuro infinito que aguarda os cristãos será operado pelo Ser que está fora das limitações do espaço e do tempo, pela mesma causa que gerou o espaço e o tempo. O que se encontra limitado ao espaço e ao tempo é a matéria, não Deus. A matéria não é capaz de ser autossuficiente, nem de por si mesma possuir uma existência infinita, (sendo que sua eternidade seria causada pelo ACASO). Nada existe eternamente pelo acaso! Somente Deus é capaz de ser autossustentável e existir eternamente. Ele pode sim, nos levar para uma nova dimensão criada, que não esteja limitada ao espaço e ao tempo, no futuro. Os cristãos não estarão na eternidade na mesma dimensão criada que conhecemos hoje, e que está limitada a tais condições.

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