Que coisa sem sentido é a mágoa. Ela nos impede de aprender e conhecer, e
até mesmo de querer aprender. Quando aquelas mulheres sentaram-se
tristes junto ao sepulcro do Filho de Deus, acaso viram os dois mil anos
de triunfo que chegaram até nós? Não. Elas nada viram senão isto:
"Nosso Cristo se foi!"
O nosso Cristo veio daquela perda que elas sofreram! Milhares de
corações que choram têm tido ressurreição, no meio de sua tristeza; mas
os observadores chorosos olham para o prenuncio de vida que ali
desponta, e nada vêem. O que as mulheres contemplavam como o fim da vida
era exatamente a preparação para a coroação: pois Cristo estava no
silêncio, para que pudesse viver outra vez com toda a exuberância de
poder.
Elas não viam isto. Lamentaram, e choraram, e foram-se; depois voltaram
ao sepulcro, movidas pelo coração. Ainda não passava de um sepulcro —
sem futuro, sem mensagem, sem significado.
Conosco também é assim. O homem senta-se em frente ao sepulcro no seu
jardim, e diz: "Esta tristeza é irremediável. Não vejo nela benefício
algum. Não tirarei dela consolação." Contudo, muitas vezes é nas piores
adversidades que está o poder de Cristo, esperando o momento de entrar
em cena para nos livrar.
Onde parece estar a nossa morte, está o nosso Salvador. Onde termina a
esperança, aí está o mais promissor começo dos frutos. Onde a treva é
mais densa, aí está para raiar a fulgurante luz que não conhece ocaso.
Quando a experiência toda está consumada, nós descobrimos que o jardim
não é desfigurado pela presença do sepulcro. Nossas alegrias se tornam
melhores se há tristeza no meio delas. E as nossas tristezas são
iluminadas pelas alegrias que Deus plantou à sua volta. As flores podem
não ser as de que mais gostamos, mas são flores do coração — amor,
esperança, fé, alegria, paz — estas são as flores plantadas ao redor de
cada sepultura cavada no coração do crente.
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