“Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas
coisas não há lei.” (Gálatas 5.22-23)
Esta última parte do fruto do espírito é traduzida
geralmente por temperança ou domínio próprio, no grego trata-se do termo
“enkrateia” definido pelo Léxico Grego de Strong da seguinte forma: enkrateia,
autocontrole (virtude de alguém que domina seus desejos e paixões, esp. seus
apetites sensuais).
Definição Bíblica: A palavra original traduzida por
“temperança” aparece somente em três passagens no NT: Gl 5.22, At 24.25 e 2 Pe
1.6. Em Gálatas é usada para designar a última seção do fruto nônuplo do
Espírito. Em Atos Paulo empregou o termo ao discorrer com Félix acerca “da
justiça, e da temperança, e do juízo vindouro”. Em 2 Pedro a palavra é incluída
na lista das qualidades que todo cristão deve desenvolver: “Acrescentai à vossa
fé a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, a temperança, e à
temperança, a paciência, e à paciência, a piedade”.
A ideia principal de "temperança" é força, poder ou
domínio sobre o ego, inclusive petulância, arrogância, brutalidade, egoísmo e vanglória.
É o controle sobre si mesmo sob a orientação do Espírito Santo.
A falta de temperança leva as pessoas a cometerem excessos pois leva a dar vazão aos vários desejos pecaminosos da carne. O melhor antídoto que se pode ter contra isso é estar cheio do Espírito Santo, porque desta maneira estaremos sob
seu controle. Ele nos ajuda a dominar nossas fraquezas, e a submetermo-nos à sua
vontade.
TEMPERANÇA (DOMÍNIO PRÓPRIO) - FRUTO DO ESPÍRITO
SANTO
“Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais
vale controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade”. Provérbios 16.32
Temperança significa ter moderação em suas
atitudes, ter equilíbrio, e é um termo oriundo do latim. Temperança é uma das
virtudes universais, e é a que faz com que as pessoas moderem seus desejos e
vontades, como as paixões, alimentos, bebidas, e etc. Ter temperança é ter uma
virtude, ou qualidade, de quem modera tudo que faz de quem não toma atitudes
apenas pelas suas vontades, é alguém que sabe equilibrar, que tem parcimônia ao
agir. Temperança significa equilibrar, colocar sob limites, "moderar a
atração dos prazeres, assegurar o domínio da vontade sobre os instintos e
proporcionar o equilíbrio no uso dos bens criados”. “Autocontrole”
Domínio próprio, portanto, é a capacidade de
efetiva que o cristão deve ter de controlar seu corpo e sua mente. Quando fez o
homem, Deus deu-lhe o privilégio de dominar sobre todas as coisas: “também
disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha
ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela
terra.” (Gênesis 1.26). O salmista relembra esta competência humana, ao dizer
que Deus deu ao homem domínio sobre todas as obras das suas mãos e dos seus
pés: “Tu o fizeste dominar sobre as obras das tuas mãos; sob os seus pés tudo
puseste: Salmos 8.6. Esta competência, no entanto, nem sempre se realiza quando
se trata de homem dominar a si mesmo. Embora possa estar em nós desejar fazer o
bem, nem sempre o fazemos.
Afinal, como aprendemos também com Paulo, na nossa carne,
não habita bem nenhum, “Pois o querer o bem está em cada um de nós; não, porém,
o efetuá-lo, porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse
faço” (Romanos 7.18-19). Outro versículo em Provérbios: 25.32, nos adverte:
“Como a cidade com seus muros derrubados, assim é quem não sabe dominar-se”;
que perigo! Somos desafiados a buscarmos o “domínio próprio” sobre nossos
“sentimentos e desejos”. Ter domínio próprio é fazer com que os sentimentos
bons sejam fortalecidos e canalizados para que possam ser aperfeiçoados.
A temperança na vida do cristão
Aquele que está em Cristo é plenamente capacitado a
nutrir apenas sentimentos nobres e abençoadores e a repreender todo sentimento
destrutivo e maligno. Da mesma maneira é preciso buscar da parte de Deus esse
domínio sobre nossos desejos quando forem de origem perniciosa e percebermos
que a consumação do mesmo será uma afronta a santidade de Deus. Muitas pessoas
se tornam absolutamente escravas de “sentimentos e desejos” e sofrem consequências trágicas por isso.
Dominando-nos diante das circunstâncias: Além dos sentimentos, vontades e desejos,
que nós podemos controlar, em grau maior ou menor, existem as circunstâncias da
vida, situações que não criamos, mas que nos atingem. Quando nos enredam, elas podem provocar desânimo ou quaisquer outros sentimentos perigosos. Diante delas podemos perder o
autocontrole, talvez partindo para reações inadequadas, seja de desespero, seja com
violência, seja com agressividade verbal, até mesmo agressividade física, etc...
Como podemos ver, a temperança, ou domínio próprio,
consiste no poder de auto dominar-se, não cedendo as nossas próprias paixões ou
desejos, esmurrando o corpo para que não ame a preguiça, refreando a língua e
as ações e principalmente as reações, controlando as faculdades mentais e emocionais. Temperança é o poder
para rejeitar a nossa vontade e fazer a vontade de Deus. Temperança é “já não
sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2.20).
O homem sem Deus, apesar de conhecer o bem e o mal
(Gn 3.22), é quase que totalmente incapaz de rejeitar o mal e escolher o bem com plena consciência de que está acertando no propósito.
“Ele (Deus) vos deu vida, estando vós mortos nos
vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos
filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora,
segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas
Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e
estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, -
pela graça sois salvos” (Efésios 2.1-5)
Em contraste com as obras da carne, o fruto do
espírito possibilita uma vida digna e honrosa diante de Deus e da sociedade.
Com as virtudes do fruto do Espírito, o crente torna-se participante do caráter
e da natureza de Cristo. Estas virtudes são demonstradas no relacionamento com
Deus (amor, alegria e paz), no relacionamento com as pessoas (longanimidade,
benignidade e bondade) e na nossa conduta (fé, mansidão e temperança).
TEMPERANÇA, QUALIDADE DE QUEM É MODERADO.
A temperança pode significar virtude pela qual o
homem consegue refrear a sua língua como também a moderação no comer e no
beber. A temperança é uma necessidade para o bom viver do cristão e uma
demonstração de que realmente provamos o novo nascimento. É o Espírito Santo
que produz a temperança como parte do fruto do Espírito que se manifesta
através de nove virtudes na vida daqueles que se dedicam em buscar o
crescimento espiritual através da oração e do estudo da Palavra de Deus. Porém,
como tudo na vida, existe um preço a ser pago para alcançarmos as virtudes
produzidas pelo fruto do Espírito, mas com ele em nosso coração conseguiremos
controlar as próprias paixões, tornando-nos moderados em nossas atitudes e
decisões.
TEMPERANÇA,
NECESSIDADE DE AUTOCONTROLE.
Nas palavras – Existe um ditado que diz: “não
devemos falar tudo o que sabemos, mas sim, sabermos tudo o que falamos”.
Encontramos na Bíblia diversos exemplos de pessoas mal sucedidas porque falaram
demais. Você lembra de alguém? (Sl 34.13; PV 13.3; Tg 1.26).
Nas ações –
O crente deve sempre se ocupar com coisas boas e a melhor terapia é ler a
Bíblia, ouvir e cantar cânticos cristãos, andar com pessoas que compartilham da
mesma fé e fugir da aparência do mal (Ts 5.22). Onde você estiver pense e viva
como Jesus.
Nos
pensamentos - A falta de temperança nos leva a ceder à tentação, a naufragar no
pecado e a sofrer suas consequências, muitas vezes, pelo resto da vida. Muitas
vezes, quando percebemos o erro, já é tarde demais, pois o pecado já foi
consumado (2 Sm 11.1-4).
A temperança atuando nas diversas áreas de nossa
vida
a) Controle
da língua.
A temperança começa com o controle da língua, e o apóstolo Tiago nos informa o quão difícil é realizá-lo: "Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo." (Tg 3.2). Se você não controla sua
língua, sua fala, sua conversa, não controla nada mais em sua vida. Se você
realmente deseja o fruto da temperança, peça ao Espírito Santo para controlar
sua língua.
b) Moderação nos hábitos cotidianos.
Em I Coríntios
6.12-20, aprendemos a importância de honramos a Deus através do nosso corpo.
Nessa passagem, trata-se não só a respeito da imoralidade sexual, mas também
sobre qualquer outra prática que desonre o corpo e, consequentemente, desonre a
Deus. A glutonaria e a bebedice são hábitos pecaminosos contra os quais somos
advertidos na bíblia (Pv 23.20, 21).
c) Auto domínio da mente.
No mundo de hoje, há
muitas atrações e passatempos aparentemente inofensivo com o objetivo de
afastar-nos de nossas responsabilidades para com Deus. O que lemos, vimos, ou
ouvimos causa impacto na nossa mente, e por isso precisamos da ajuda do
Espírito Santo a fim de conservá-la pura (Fp 4.8). Acima de tudo Deus deseja
que sejamos santos! Esta idéia é enfatizada inúmeras vezes ao longo da Bíblia.
O Espírito Santo trabalha em nosso interior, aperfeiçoando a santidade e
tornando Cristo uma realidade em nossa vida.
Somente o Espírito Santo pode fazer com que um
homem tenha autocontrole.
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas
convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por
nenhuma delas.” (1 Coríntios 6.12)
A temperança é um mandamento para o Cristão:
“Porque convém que o bispo seja irrepreensível como
despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem
espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do
bem, moderado, justo, santo, temperante” (Tito 1.7-8 RC)
“por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa
diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;
com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança;
com a perseverança, a piedade;” (2 Pedro 1.5-6)
RECABITAS, UM EXEMPLO DE TEMPERANÇA: Ainda que não
fosse proibido o consumo de vinho entre os judeus na época de Jeremias, os
recabitas, em obediência aos seus antepassados, não aceitaram a proposta do profeta:
“Mas habitamos em tendas, e assim obedecemos e fazemos conforme tudo quanto nos
ordenou Jonadabe, nosso pai” (Jr. 35.10). Os princípios desses homens foram
reconhecidos e recompensados pelo Senhor, pois serviram de instrução para os
habitantes de Judá daquele tempo (Jr. 35.18,19). Isso porque a atitude dos
recabitas deveria servir de exemplo para os líderes de Judá. Se o mandamento de
um homem, Jeonadabe, era respeitado e obedecido pela sua família, por mais de
duzentos anos, porque o povo de Judá não fazia o mesmo em relação aos
princípios do Altíssimo? Se as palavras de homens eram colocadas em tal
patamar, por que não as palavras do Senhor, expressas pelos profetas
repetidamente? A dedicação que determinadas pessoas têm pelas tradições
familiares, e mesmo por suas religiosidades, devem servir de reflexão para os
cristãos, a fim de que esses possam atentar para o valor da Eterna Palavra de
Deus
O que é glutonaria?
O significado de Glutonaria segundo nossos
conceitos, fala da tendência humana desregrada de se alimentar em demasia, em
excesso.
Na Bíblia encontramos muitas vezes, e
religiosamente a classificamos como um dos vícios capitais. A conceituação
bíblica de glutonaria aparece na carta de são Paulo aos Gálatas. Vejamos em
Gálatas 5,16, 21: “Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a
cobiça da carne.... as invejas, as bebedices, glutonarias (as orgias), e coisas
semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni,
que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus”.
... Fugi da prostituição!
Por que a prostituição é tão perigosa? Veja o
restante do texto de 1 Co. 18: "...Qualquer outro pecado que uma pessoa
cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o
próprio corpo.".
Em I Co 6.18 existe uma advertência a respeito da
prostituição. O apóstolo Paulo nos ensina que aquele que se prostitui peca
contra o seu próprio corpo. A gravidade está em dois pontos:
1º) I Co 6.19 diz que o corpo do crente é templo do
Espírito Santo, ou seja, Deus habita em nosso corpo desde quando aceitamos a
Jesus como Senhor e Salvador de nossas vidas.
2º) Onde Deus habita não pode haver imundície; isto
significa que devemos ser santos (Hb 12.14; I Pe1.15 e 16).
CONCLUSÃO: Jesus é o maior exemplo de temperança
para o cristão. Pois ele, muito embora tenha sido tentado em tudo, não pecou
(Hb. 4.15). Com base na experiência da tentação de Jesus, registrada em Lc.
4.1-13, podemos aprender, para o desenvolvimento da temperança, que é
fundamental o contato contínuo com o Espírito Santo. A mente do cristão deva
estar voltada para Deus, edificada pela Palavra do Senhor e pela oração, na
prática de disciplina do domínio próprio. PENSE NISSO!
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R.I.P. |
Pr. Adaylton Conceição de Almeida (Th.B.; Th.M.; Th.D.)
Ass. de Deus em Santos (Ministério do Belém) - São
Paulo.
BIBLIOGRAFIA
Adaylton de Almeida Conceição – Ser Manso e Humilde