Ética (do grego “ethika”, de “ethos”, comportamento), princípios ou pautas de conduta humana e de maneira imprópria chamada de moral (do latim mores - costumes) e, por extensão, o estudo destes princípios às vezes são chamados de filosofia moral. A ética, como um ramo da filosofia, está considerada como uma ciência normativa, porque se ocupa das normas da conduta humana, e para diferenciar das ciências formais, como as matemáticas e a lógica, e das ciências empíricas, como a física e a química.
Deste modo podemos compreender que o Novo Testamento inclui normas éticas relevantes e profundas. Em verdade, o advento do cristianismo no mundo greco-romano implicou em uma revolução nas normas éticas que por aquele tempo governavam o pensamento dos homens. Paulo, quando visitou Atenas, foi escutado com muita atenção pelos representantes de duas escolas que se confrontavam entre si: os epicureus e os estóicos.
ESTOICISMO
A filosofia do estoicismo se desenvolveu por volta de 300 a.C., durante os períodos helenístico e romano. Na Grécia os principais filósofos estóicos foram Zenon de Citio, Cleantes e Crisipo de Soles. Em Roma o estoicismo era a filosofa mais popular. Segundo os estóicos, a natureza é ordenada e racional e só pode ser boa uma vida levada em harmonia com a natureza. Seus mestres enfatizavam os aspectos éticos. Achavam que o homem deveria ter uma conduta ordenada como a natureza. A virtude máxima é o bem. O homem sábio era aquele que vivia de acordo com a natureza, dominando suas emoções e suportando com serenidade seus sofrimentos. Assim, o termo estoico veio a significar “fortaleza na adversidade”. Na religião eram panteístas. Os filósofos citados por Paulo no Areópago de Atenas respondiam a esta escola de pensamento.
A ética não estava relacionada à religião. No mundo greco-romano o matrimônio era tido em uma baixa estima muito grande, e as relações extra matrimoniais não estavam sancionadas. Willliam Barclay cita as palavras de Demóstenes: "Temos cortesãs para o prazer, temos concubinas para a coabitação diária. Temos esposas para ter filhos legítimos e para que sejam guardiãs zelosas de nossos interesses domésticos. Para o divórcio não se exigia nenhum tramite legal, bastava que o homem despedisse a mulher na presença de duas testemunhas. No templo dedicado a Afrodite exercia-se a prostituição em nome do culto à deusa. Por esta razão o judaísmo ganhou adeptos no meio de tanta imoralidade. Não pregavam apenas uma nova fé, mas viviam de uma maneira saudável. Alguns princípios inovadores do cristianismo:
a) O valor da misericórdia e o amor no tratamento recíproco;
b) A grandeza do perdão;
c) O princípio de igualdade entre os homens (incluindo os escravos);
d) O valor do matrimônio;
e) A dignidade da mulher e as crianças.
EPICUREUS
Escola filosófica grega, fundada por Epícuro (341 - 271 a.C.). O interesse principal foi a ética. Defendiam os princípios hedonistas (crença que ensina que o prazer é o bem supremo). O objetivo da vida humana era alcançar a felicidade através do gozo do prazer e do domínio prudente de si mesmo. Consideravam as crenças religiosas como perniciosas, sem serem ateus. Criam em postergar o prazer imediato em detrimento de uma satisfação mais segura e duradoura no futuro, portanto a vida é boa através da autodisciplina. Negavam a imortalidade da alma. O resultado dessas crenças foi um exagerado individualismo.
|
Pitágoras |
A ética grega
No século VI a.C. o filósofo heleno Pitágoras desenvolveu uma das primeiras reflexões morais a partir da misteriosa religião grega do orfismo. Na crença de que a natureza intelectual é superior à natureza sensual e que a melhor vida é a que está dedicada à disciplina mental, fundou uma ordem semi-religiosa com leis como a simplicidade no falar, no vestir e no comer. Demonstravam suas crenças através de ritos.
OS CÍNICOS
Principalmente o filósofo Antístenes, afirmavam que a essência da virtude, bem único, é o autocontrole, e que isso pode ser inculcado. Os cínicos desprezavam o prazer, que consideravam como o próprio mal, se fosse aceito como guia de conduta. Julgavam todo o orgulho como um vício, inclusive o orgulho na aparência ou limpeza. Dizem que Sócrates disse à Antístenes: "Posso ver teu orgulho através dos furos de tua capa".
OS CIRENAICOS
A escola cirenaica de filosofia, assim denominada devido à cidade de Cirene na qual foi fundada, floresceu entre 400 a.C. e 300 a.C., e tinha como a sua característica distintiva principal o hedonismo, ou a doutrina de que o prazer é o bem supremo. É geralmente afirmado que as suas doutrinas são derivadas de Sócrates e de Protágoras. De Sócrates, pela perversão da doutrina que a felicidade é o bem supremo, e de Protágoras, pela sua teoria relativista do conhecimento.
Aristipo de Cirene foi o fundador da escola, e contava entre os seus seguidores a sua filha, Arete, e o seu neto Aristipo, o Jovem. Os cirenaicos começaram o seu questionamento filosófico concordando com Protágoras de que todo o conhecimento é relativo. A partir desta premissa, afirmavam que apenas se poderia conhecer os nossos sentimentos ou as impressões que as coisas produzem sobre nós. Transferindo esta teoria do conhecimento para a discussão do problema da conduta, e assumindo a doutrina socrática de que o objectivo principal da conduta é a felicidade, concluíram que a felicidade é adquirida pela produção de sensações que dão prazer e pelo evitar de sensações que causam dor.
O prazer, portanto, é o objectivo principal na vida. O homem bom é aquele que obtém ou luta por obter o máximo de prazer e o mínimo de dor. A virtude não é um bem por ela própria: é apenas boa como um meio de obter prazer.
OS MEGÁRICOS
Eram seguidores de Euclides. Propuseram que ainda que o bem pudesse ser chamado de sabedoria, Deus ou razão é uno e o bem é o segredo final do universo que só pode ser revelado mediante o estudo lógico.
OS PLATÔNICOS
Eram seguidores de Platão. Segundo Platão, o bem é um elemento essencial da realidade. O mal não existe em si próprio, é apenas um reflexo imperfeito do real, que é o bem. a alma humana é composta pela virtude do intelecto que é a sabedoria, pela vontade que é o valor e a capacidade de agir e pelas emoções que é a temperança ou o autocontrole.
O HOMEM É UM SER ÉTICO
A ética está situada no código de regras ou princípios morais que governam a conduta, com referência ao bem e ao mal e suas tendências. Assim, a conduta ética vem simplesmente ser a conduta de acordo com determinadas normas. Ao contrário dos animais brutos, o ser humano está dotado por Deus de uma mente capaz de raciocinar e de um arbítrio ou uma vontade responsável. O animal já nasce feito, segue em sua conduta as leis da herança e adapta-se pelo instinto às situações, enquanto que o ser humano é feito progressivamente, escolhendo continuamente seu futuro entre um leque de possibilidades, deliberando sobre os valores ou os bens a obter, que lhe servem como motivação para atuar ou lhe impulsiona à uma decisão em cada momento de sua existência.
O CRENTE E A ÉTICA CRISTÃ
Cristo está no centro da história da salvação para toda a humanidade, dividindo a própria história em duas partes, ou seja, antes e depois de Cristo, e a geografia (à esquerda e à direita de Cristo), de tal forma que o destino definitivo de todo ser humano depende unicamente da seguinte assertiva: CRER ou NÃO CRER.
A ética cristã está afirmada na vida eterna, a vida divina, de tal forma que a vida do cristão é "participante da natureza divina" pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina (II Pedro 1:4), ou seja, da conduta moral de Deus.
ÉTICA TEOCRÁTICA OU TEOLÓGICA
Nós chamamos de Ética teocrática ou teológica a que identifica o bem com a vontade santa de Deus. Incluindo a ética hebraica e a Cristã. O elemento comum é a conduta humana e suas normas. Elabora-se um sistema de bom comportamento, considerando-se temas da vida pessoal e social e as responsabilidades cívicas. Está fundamentada no caráter do próprio Deus, tal como se revela em sua palavra.
AS CARACTERÍSTICAS DA ÉTICA CRISTÃ
A revelação verbal de Deus é o fundamento epistemológico para a ética cristã. Não há regras para cada questão em particular da vida do cristão, mas contém todas as premissas e princípios necessários para a formulação de uma cosmovisão que orientará na estrutura da ética cristã.
Na revelação da Palavra de Deus é que tiramos os conceitos de Deus acerca do mundo, da humanidade e de como definir o que é certo e errado.
Deus exerce sua autoridade sobre todas as áreas e esferas da existência humana.
A ética cristã é absoluta
Ela envolve um padrão absoluto de autoridade. É teocêntrica e oposta à ética secular, que na maioria das vezes é antropocêntrica. A lei de Deus, expressa no Antigo e no Novo Testamento é a norma de conduta para a vida moral do cristão.
Existem três tipos de lei no Antigo Testamento: civil, cerimonial e moral. As leis civil e cerimonial foram limitadas à Antiga Aliança, para estabelecer a teocracia sobre Israel e foram cumpridas na obra real e sacerdotal de Cristo.A lei moral não teve sua limitação nas cerimônias da antiga Aliança.
Os dez mandamentos é o resumo de toda a lei moral de Deus. Temos o resumo da ética do Reino de Deus exposta nele.
A ética cristã é objetiva
Por causa de sua soberania Deus tem o direito de emitir ordenanças, de impopr obrigações e, quando necessário, intervir na consciência dos homens. Deus nos deu, além da consciência, a Escritura Sagrada para regular e estimular o nosso comportamento.
A ética cristã é prescritiva
A ética não apenas descreve, mas também prescreve o que é certo ou errado. Isso envolve um compromisso de coerente submissão e obediência à Palavra de Deus.
OS ELEMENTOS DA AÇÃO ÉTICA
Ação ética é a relação de conformidade e desconformidade com o bem proceder. De modo que, para que a ação esteja eticamente qualificada, tem que ser consciente e responsável.
O ato moral
O ato moral está sujeito ao contexto existencial. Em cada ato moal se expressa o homem inteiro, em sua situação atual e após o jogo dos valores, reais ou imaginários, cuja influência como motivo da ação, só Deus sabe.
Cada decisão humana está condicionada pela herança, pelo ambiente, pela educação, pelos impulsos do consciente e pelo inconsciente.
O livre arbítrio foi danificado em sua base pelo pecado original. O homem nasce egocêntrico, com um amor de si mesmo que chega até mesmo ao ódio de Deus.
Além de sua inclinação congênita para o mal, tudo o que destrói ou diminui o equilíbrio mental, emocional ou o volitivo do homem é um novo impedimento para a liberdade do ato moral ao descompensar o julgamento reto nos valores que influenciam na motivação. Estes impedimentos são a ignorância e o erra, a pressão esterna, incluindo os efeitos da propaganda massiva e a compulsão interna, por doença mental, pelas drogas, etc.
Coloração do Ato Moral
1. MATÉRIA. Toda a dinâmica do ato moral gira em volta de dois eixos: o amor de Deus e o amor do mundo, com suas três concupiscências. Tiago 1:14-15 diz: "Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado: e o pecado, sendo consumado gera a morte." João, em sua epístola completa dizendo: "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele. Porque o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (I João 2:15-17)
É necessário considerar que nenhum objeto é intrinsecamente mau. O sexo, os alimentos, as possessões, o mundo inteiro, é trabalho de Deus e bom em sua essência. Só é pecaminoso o uso indevido dessas coisas por contrariar a vontade de Deus.
2. CONSEQUÊNCIAS. Está muito difundido que está permitido fazer o mal menor, ou induzir à ele, para evitar um mal maior. Por exemplo: induzir uma pessoa a que se embriague para impedir que cometa um assassinato. A única ética correta não é a do menor, mas a de maior bem possível. Todo o contrário é uma falta de obediência à vontade de Deus e uma falta de fé no seu poder.
3. HÁBITO E ROTINA. Na vida espiritual não há capitalista, sendo tudo de graça, o crente vive dia após dia da renda que o poder de Deus lhe vai concedendo a cada momento. Na medida em que nos sentimos fracos em nossa própria força, obtemos sua glória e o poder que Deus nos dá para vencer. Isto não impede que o exercício constante da virtude cá produzindo bons hábitos de conduta. Quando um crente se exercitou por muito tempo em ter as antenas sintonizadas com o Espírito de Deus, ele pode comprovar a cada momento "qual seja a vontade de Deus, que é boa, agradável e perfeita".
A ferrugem do hábito é a rotina. O hábito nos dá a facilidade para as coisas com a destreza e a rapidez necessárias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você é muito bem-vindo. Deixe seu comentário para podermos ir melhorando.