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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

ESCATOLOGIA, O ESTUDO DAS ULTIMAS COISAS


Alguns falsos ensinadores têm introduzido no meio do povo de Deus ensinos deturpados sobre as coisas que ainda hão de acontecer. É de se lamentar que essas heresias têm desviado muitos cristãos que por sua vez perdem o gosto pelo verdadeiro ensino, contido nas Sagradas Escrituras, concernente ao futuro. O estudo da Escatologia requer muita atenção e cuidado para não entrar na classe dos falsos mestres que Paulo enfatizou que, nos últimos tempos surgiriam. Não é difícil o estudo sobre Escatologia, desde que o estudante dedicado busque a orientação de Deus que por sua vez iluminará a mente do seu discípulo. Uma coisa é certa: o Espírito Santo é o único e verdadeiro intérprete que merece toda a nossa confiança, no que tange a todo o conteúdo plausível da Bíblia Sagrada, o Livro de Deus.
No estudo da Escatologia Bíblica nos baseamos nas Profecias bíblicas. A profecia é a grande, notável e indisputável prova da origem divina da Bíblia. Jesus, Pedro, Paulo e também os escritores dos Evangelhos declararam por vezes sem conta: “Está escrito”, ou “ Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”, ou “ Conforme foi escrito pelo profeta”, etc. Vez após vez eles citaram profecias do Antigo Testamento em corroboração do que estava acontecendo. As Escrituras estavam tendo cumprimento, e eles não hesitaram em dizê-lo. Porém, existem muitas predições na Palavra de Deus que têm sido cumpridas desde os dias de Jesus, como há muitas outras que ainda esperam cumprimento.
Conforme diz o Dr. Oswald Smith, “os cumprimentos que tiveram lugar não deixam a menor sombra de dúvida quanto à autenticidade da Bíblia. Nenhum outro livro pode ser comparado com ela”.
Em Escatologia Bíblica, começamos nossa análise desde o livro de Gênesis, passamos pelo Dilúvio, nos detemos na torre de babel, escutamos as promessas a Abraão e analisamos as leis de Moisés. Tudo isso sem esquecer os fatos dos livros históricos e sintetizar as profecias do Antigo Testamento, o que nos leva a ver o fiel cumprimento de muitas dessas profecias.

O TERMO ESCATOLOGIA.

O termo escatologia deriva de duas palavras gregas: escathos e logos, que se traduzem por “últimas coisas”e “estudo” ou “tratado”. É o estudo ou doutrina das últimas coisas. É chamada bíblica, no nosso caso, porque ela pode ser extrabíblica. No estudo da escatologia bíblica, é de caráter fundamental, ter o cuidado em não apresentar falsas interpretações, evitando, com isso, questionamento e especulações. Deus nos adverte dizendo que devemos “manejar bem a Palavra da verdade.” (II Tm 2.15) “Porque a visão é ainda para o tempo determinado, e até ao fim falará e não mentirá; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará”. (Habacuque 2.3)

ENTENDENDO O CAMPO DA ESCATOLOGIA BÍBLICA.

Afinal quando será o Arrebatamento da Igreja, Qual a diferença entre o Arrebatamento e a Vinda de Cristo? Que acontecerá depois da Igreja ser arrebatada? Quem será o Anticristo? Qual o real significado da Grande Tribulação? Quem estará aqui na terra durante a Grande Tribulação? Quando será o Tribunal de Cristo? Onde e quando será a batalha do Armagedom? Como será a ressurreição dos santos e qual a diferença com a ressurreição dos ímpios? Que será o milênio? Estas e muitas outras perguntas vamos encontrar sua resposta no Estudo de Escatologia Bíblica.
Littera scripta manet – “a palavra escrita permanece”, disse Horácio na Roma Antiga a mais de 2.000 anos atrás. O que caracteriza o vislumbre do cumprimento das profecias no palco da escatologia, é a maneira de como Deus trabalha para mostrar a sua vontade, revelada na palavra escrita. Este trabalho consiste em ampliar a revelação divina, nos dando a entender que a palavra escrita continua em pé, revigorada pela forte atuação e inspiração do Espírito Santo de Deus. A ordem que o profeta Jeremias recebeu do Senhor foi esta: “escreve num livro todas as palavras que eu te disse”, Jr. 30.2. Não podemos duvidar nem admitir falha na palavra de Deus. Ela é inspirada pelo Espírito Santo; 2Tm. 3.16. A inerrância das escrituras tem sua base na infalibilidade da Palavra do Senhor. Com isso podemos ir mais além do que Horácio afirmou. “a palavra escrita ‘não’ apenas permanece – ela floresce como trepadeira nas fronteiras do nosso entendimento”. Ela alcança o mais profundo dos recônditos da nossa alma”.

A IGREJA – ALVO DA REVELAÇÃO DIVINA.

Toda a revelação aponta para o futuro. O futuro consiste num plano traçado por Deus para que a Igreja caminhe neste mundo “pela fé a esta graça, na qual estando firme, gloria-se na esperança da glória de Deus”, Rm. 5.21.
A Escatologia Bíblica se torna na Igreja de Cristo, o poder literário que mantém acesa a chama da esperança na volta de Jesus. É claro que esse poder literário vivo, vem diretamente do Espírito Santo, quando lemos, cremos e mantemos nossa fé na Palavra.
Quando sabemos que a Escritura cumprirá, mesmo em meio às diversas opiniões, independe. É inquestionável que a Bíblia no decorrer da história permaneceu sem nenhum tipo de alteração em suas profecias. E mais inquestionável ainda é que essas profecias se cumpriram, outras irão se cumprir.

AS DIFERENTES CORRENTES INTERPRETATIVAS DA ESCATOLOGIA

A Profecia Bíblica jamais erra. Os intérpretes sim. A Palavra de Deus jamais errou. Ela é infalível, mas por muito tempo, têm estado sob refém de interpretações particulares, equívocos teológicos, heresias e em nosso tempo uma avalanche de especulações apocalípticas.
Qualquer erro ou equívoco quanto a acontecimentos em nossos dias, é de importante valia esclarecer, que, não deve ser colocado a Palavra de Deus sob suspeita, e sim a incoerência das muitas literaturas do gênero, as aventuras apocalípticas de determinados escritores e a falta de visão bíblica de alguns pregadores.
Considerando a grande abrangência da Escatologia, existe uma série de interpretações no tocante aos diferentes eventos contemplado por este estudo. Passaremos a ver alguns mais conhecidos:

PRE-TRIBULACIONISMO

A doutrina Pré-Tribulacionista defende a tese de que a Igreja de Cristo será arrebatada, retirada da terra antes que se inicie o período de grande tribulação, onde interpretam as, profecias bíblicas de forma literal e têm grande base no dispensacionalismo (Dispensação) crendo que Israel e Igreja são dois grupos distintos, havendo um plano de Deus exclusivo tanto para Israel como para a Igreja, e que a Grande tribulação é uma dispensação onde Deus tem como objetivo trabalhar com Israel e não com a Igreja, que já teve o seu período de salvação na dispensação da graça.

PÓS-TRIBULACIONISMO

A doutrina do Pós-Tribulacionismo vem ganhando espaço entre os estudiosos da Escatologia, este movimento ensina que a Igreja continuará na terra durante a grande tribulação e até a Segunda vinda de Cristo, onde será arrebatada até as nuvens onde se encontrará com Cristo, e retornará imediatamente a terra.

MID-TRIBULACIONISTA OU MESOTRIBULACIONISTA

De acordo com a interpretação desta corrente doutrinária do arrebatamento, a igreja passará por parte da grande tribulação, ou seja, pela primeira parte, ou seja, 42 meses Apoc. 11.1-2 e 13.5, 1260 dias Apoc. 12.6, ou tempos e um tempo e metade de um tempo. Apoc. 12.14, que é o período em que não haverá o chamado derramamento da ira de Deus, e assim a Igreja não estaria exposta a nenhum juízo ou castigo divino, visto que foi socorrida a tempo.

ARREBATAMENTO PARCIAL

Esta corrente doutrinária não se aprofunda sobre quando acontecerá o arrebatamento da igreja, se no começo no fim ou durante a grande tribulação, mas defende que nem todos os crentes serão arrebatados, mas apenas os que estiverem vigiando, e esperando por este acontecimento, a ponto de serem dignos de participarem deste evento de acordo com S. Lucas 21.36, Filipenses 3.20, Tito 2.13, II Tim. 4.8, Hebreus 9.28.

AMILENISMO

Nesta visão não haverá nenhum milênio. Se houver um reino ele está acontecendo agora, através do reinado de Cristo sobre a Sua Igreja. As condições de vida nesta era irão se deteriorando progressivamente até a volta de Jesus ao término da era da Igreja. E o retorno do Senhor será imediatamente seguido de uma ressurreição geral, de um julgamento e do início da eternidade. Esta visão foi introduzida por Agostinho no século IV ou V. Dizia ele que a Igreja é o Reino, que não há participação de Israel no Reino e que a dispensação da graça (a era atual) é o milênio. Esta é a posição sustentada até hoje pela igreja católica romana.

PÓS-MILENISMO

Nesta visão após uma crescente pregação do Evangelho e da consequente aquisição das bênçãos e melhora moral, social e espiritual da raça humana decorrentes desta pregação seria estabelecido o milênio, a partir do exato momento que a Cristandade fosse maioria na Terra. Deste ponto após mil anos viria Jesus.

PRÉ-MILENISMO

Nesta visão a segunda vinda de Cristo ocorrerá antes do milênio e Cristo, e não a igreja (como no pós-milenismo) irá estabelecer o Reino. Cristo irá literalmente reinar sobre a Terra, e durante o milênio haverá o cumprimento das promessas feitas a Abraão e a Davi. A era atual (dispensação da graça) irá vivenciar uma crescente apostasia e degeneração que culminará com a Grande Tribulação, imediatamente antes da segunda vinda do Senhor. Quando Ele retornar estabelecerá Seu Reino por 1000 anos, após os quais acontecerá a ressurreição e julgamento dos não salvos e o início da eternidade.

A ESCATOLOGIA E AS SETE DISPENSAÇÕES.

Para melhor compreender o campo da escatologia bíblica, faz-se necessário um resumido estudo sobre as sete dispensações, sabendo que, a última dispensação é para o futuro. Em nossa publicação sobre as Dispensações, as definimos da seguinte maneira: Uma dispensação é um período de tempo, longo ou curto, no qual, através de uma lei fixa, Deus prova a humanidade. Durante essa prova a humanidade deve ser fiel e obediente para que possa receber as bênçãos prometida”. A separação de épocas (ou dispensações) da História Sagrada é o método mais antigo de estudar a Palavra de Deus. Este método não só é o mais antigo, más também o mais razoável. Com este sistema de estudo o aluno aprenderá a fazer as divisões das revelações que Deus deu à raça humana. A palavra grega oikonomia é uma aglutinação do termo oikos, que significa “casa”, com o termo nomos, que significa “lei”. Quando reunidos, “a ideia central do vocábulo dispensação é a de gerenciar ou administrar os afazeres de uma casa”.

As sete dispensações são:

1 – Dispensação da Inocência. Seu início deu-se na criação e findou-se na queda de Adão. O tempo não é revelado.
2 – Dispensação da Consciência Esta dispensação começou em Gn. 3 e durou cerca de 1656 anos: de zero (0) a 1656 a.C., abrangendo o período desde a queda do homem até o dilúvio; Gn. 7.21,22.
3 – Dispensação do Governo Humano Esta dispensação começou em Gn. 8.20 e perdurou cerca de 427 anos. Desde o tempo do Dilúvio até a dispersão dos homens sobre a superfície da terra, sendo consolidada com a chamada de Abraão; Gn. 10.15;11.10-19;12.1.
4 – Dispensação Patriarcal de com o arrebatamento da Igreja; porém, oficialmente falando, seus efeitos continuarão até o terá, de acordo com a própria escritura, a duração de 1.000 anos; Ap. 20.1-6.
5- Dispensação da Lei, vai desde o chamado de Moisés até a cruz ou até o dia de Pentecostes;
6- Dispensação da Graça ou do Espirito Santo, começa no dia de Pentecostes e irá até o arrebatamento da Igreja;
7- Dispensação Milenial ou do Reino, vai da segunda vinda de Cristo (no fim da grande tribulação) e estabelecimento do Reino de Cristo, com a duração de 1.000 anos, até o Juizo Final.

Princípios de Interpretação

Outro problema a ser considerado ao estudar assuntos de escatologia (como também qualquer outro tema bíblico) concerne à necessidade de respeitar os princípios de interpretação bíblica. Além de sempre ler os versículos e as passagens dentro de seus respectivos contextos, é necessário lembrar que as passagens de ensino claro sempre tomam precedência no tratamento de um tema. Por exemplo, 1ª João é muito mais claro ao tratar do anticristo do que o livro de Apocalipse.

Respeitando Propósito/Intenção

Mais um problema a negociar é a necessidade de ler as passagens bíblicas em relação aos seus propósitos, não em sentido de responder curiosidades pessoais. A Bíblia foi escrita para tratar da necessidade do homem perante Deus, não para ensinar ciência, história, nem futurismo. No final de um estudo, nem todas as perguntas, dúvidas e questionamentos serão respondidos, pois a Bíblia não segue o propósito de responder às curiosidades humanas. Jesus mesmo disse, “Não vos compete saber os sinais e os tempos” Deus exige do homem uma dependência e confiança sem se propor necessariamente a aplacar todas as dúvidas e preocupações humanas.

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Pr. Dr. Adaylton Conceição de Almeida (Th.B.;Th.M.Th.D.;D.Hu.)
(O Pr. Dr. Adaylton de Almeida Conceição foi Missionário no Amazonas e por mais de 20 anos exerceu seu ministério na República Argentina, é Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia, Escritor, Professor Universitário).
Blog: www.adayltonalm.spaceblog.com.br
Facebook: Adayl Manancial
Email: adayl.alm@hotmail.com
BIBLIOGRAFIA
Adaylton de Almeida Conceição – DISPENSAÇÕES ( Manancial – 1995)
Adaylton de Almeida Conceição – ESCATOLOGIA BÍBLICA (Manancial – 1982)
Alex Belmonte - Escatologia
Walter Andrade Campelo – Doutrina das ultimas coisas

Chrístopher B. Harbin - Escatologia: O Reinado Definitivo de Deus



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