Éfeso |
Em Apocalipse o autor nos oferece um esboço bem amplo do seu livro, dividido em três pontos:
1- As coisas que tens visto : A visão de Cristo no primeiro capítulo, que atua como introdução a todo o livro.
2- As coisas que são (ou estão acontecendo): A condição das igrejas na Ásia Menor (atual Turquia), nos capítulos dois e três.
3-
As coisas que irão acontecer, o futuro do mundo: Os últimos dias, as
condições que farão anteceder o segundo advento de Cristo, que
introduzirá o reino milenial e o estado eterno – do capitulo quarto até o
fim do livro.
A IMPORTÂNCIA DESTAS CARTAS
Os dois capítulos que tratam do tema das cartas às igrejas da Ásia Menor, ocupa cerca de um oitavo de todo o livro.
O CARÁTER GERAL DESSAS SETE CARTAS
Joseph Seis, falando sobre as cartas, diz; “Essas cartas se constituem exclusivamente das próprias palavras de Cristo”. Mas, ao contrário das parábolas, estas foram ditadas desde os céus, depois que Ele ressuscitou.
Joseph Seis, falando sobre as cartas, diz; “Essas cartas se constituem exclusivamente das próprias palavras de Cristo”. Mas, ao contrário das parábolas, estas foram ditadas desde os céus, depois que Ele ressuscitou.
Talvez sejam os
únicos registros condensados de seus discursos que chegaram até nós. Há
nestas cartas algo de solenidade e importância fora do comum.
Chegam até nós com admoestação, reiteradas sete vezes de que devemos ouvi-las e guardá-las no coração.
Lamentavelmente,
é mui raro que nos dias de hoje, as igrejas sejam convidadas a ouvirem e
considerarem o conteúdo dessas cartas...
SETE ELEMENTOS COMUNS NAS SETE CARTAS.
1. A ordem de escrever ao anjo de cada assembléia local.
2.
Algum titulo sublimado do Senhor Jesus, como um significado particular,
com elementos instrutivos, importantes para cada igreja local.
3. Uma mensagem direta ao anjo da igreja, com as palavras, “eu conheço as tuas obras”...
4. Promessa aos vencedores: advertências aos seus membros indiferentes...
5. Uma solene advertência: “Quem tem ouvidos, ouça”.
6. É o Espírito quem dita as palavras de cada carta, não são palavras humanas.
7. Cada uma delas contém uma mensagem profética, que se adapta a um período especial da história da igreja.
Estas cartas expõem os erros, os triunfos e as condições morais que caracterizam a igreja em qualquer de suas épocas.
1 – CARTA À IGREJA DE ÉFESO. AP. 2.1-7
Éfeso era a maior cidade da
Ásia. Era muito importante em todos os aspectos. Era considerada a
metrópole política e comercial. Era a capital de Ionia, situada no costa
ocidental sobre o Mar Egeu.
Era
um porto marítimo, distante umas 40 milhas ao sudoeste de Esmirna. Dois
edifícios se destacavam em Éfeso: o Templo de Artemis (Diana dos
efésios) e o Teatro.
O CRISTIANISMO:
É provável que a igreja ali
tenha sido fundada entre os anos 52 e 55 d.C. por Áquila e Priscila
(Atos 18.18-21; 19.8-10). Que foram deixados ali na segunda viagem
missionária de Paulo (Atos 18.18-21: “Paulo, tendo ficado ali ainda
muitos dias, despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e com ele
Priscila e Áqüila, havendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha
voto. E eles chegaram a Éfeso, onde Paulo os deixou; e tendo entrado na
sinagoga, discutia com os judeus. Estes rogavam que ficasse por mais
algum tempo, mas ele não anuiu, antes se despediu deles, dizendo: Se
Deus quiser, de novo voltarei a vós; e navegou de Éfeso”.
- Depois Paulo volta a Éfeso e permanece ali por um período de dois anos conforme lemos em Atos 19.1-2 e 8-10.
- “E sucedeu que, enquanto Apolo
estava em Corinto, Paulo tendo atravessado as regiões mais altas,
chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes:
Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? Responderam-lhe eles:
Não, nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo... diariamente na escola
de Tirano. Durou isto por dois anos; de maneira que todos os que
habitavam na Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do
Senhor”.
Paulo havia escrito aos Efésios no ano 63, dizendo que “era ricamente abençoado em tudo” (Ef. 1.3)
A CARTA. Cada uma das sete
cartas começa com a afirmação: “eu conheço as tuas obras”, cada uma
contém uma promessa “ao que vencer”, e termina com uma advertência
“Quem tem ouvidos ouça...”.
2.1 = Ao anjo = Eles são mencionados em Ap. 1.16, 20. A maioria crê que são os pastores ou bispos da igreja.
“...o que que anda no meio dos
sete candeeiros de ouro”. Os sete candeeiros são as sete igrejas.
(1.20). Cristo se move entre os seus, no meio de sua igreja...(Mt.
28.20).
2.2 = Conheço as tuas obras,
Aqui se usa o termo grego “oida” em lugar de “ginösko”. Assim, esse
conhecimento “enfatiza bem melhor a visão total que fotografa todos os
atos da vida tal como acontecem”. Aqui vemos um enfoque sobre a
onisciência de Cristo. As obras que Jesus conhece representam as
condições espirituais da igreja em geral., e não apenas aquilo que
chamamos de “serviço ativo”.
Portanto, a palavra “obra”, (gr.
erga) neste caso, indica o caráter geral, a natureza da pessoa que
atua, e também aquilo que faz, ou seja, toda a vida e conduta.
= e o teu trabalho, Serviço
ativo. Gr. “KOPOS”, que significa “labor até o limite das forças”. A
forma verbal “KOPIAO”, significa: esgotar-se, trabalhar arduamente,
lutar...
= e a tua perseverança;
Paciência. Volta a ser mencionado no versículos seguinte. Significa
constância sob circunstâncias adversas. Segundo o texto, eles lutavam
firmemente e suportavam as situações difíceis, contrárias...
2.2 = sei que não podes suportar
os maus. Esses homens maus, provavelmente eram os “nicolaitas”, que são
mencionados no vers. 6. Eram falsos Mestres e falsos apóstolos, que
eram uma Praga para a igreja apostólica.
…os que se dizem apóstolos e não
o são…; A presunção daquela gente era muito grande, ao ponto de querer
compartilhar da autoridade dos próprios apóstolos.
Deus proveu a igreja de um dom
especial para prevenir e ajudar os cristãos na luta contra tais homens; o
dom de “discernir os espíritos”. (I Cor, 12.10).
Mesmo sem ter uma referência
direta, creio que aqui se trata de uma forma de gnosticismo. Oito
livros do Novo Testamento foram escritos contra as diversas heresias gnósticas.
Eles tentavam combinar a
Filosofia grega, a mitologia e as religiões orientais. Eles criam que a
matéria é o principio do mal, e o corpo é incapaz de ser redimido pois o
mesmo participa da matéria. Assim que se podia fazer qualquer coisa com
o corpo. Licenciosidade...
2,3 = e tens perseverança e por
amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste. Eles tinham uma visão
positiva de Cristo, trabalhavam até desfalecer. Outra vez o verbo “kopos”
do vers. 2, aqui significando “labor até o esgotamento”.
= o surpreendente aqui é
descobrir que a atividade, a paciência e a lealdade no meio do
sofrimento, o árduo trabalho e a fidelidade na doutrina e na disciplina,
todas estas virtudes não garantiam que tudo estava bem.
Trabalhavam arduamente por amor ao nome de Cristo, porém com um amor defeituoso.
2.4 = Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.”
-Nunca teríamos imaginado que
uma comunidade cristã que estava sendo descrita como leal nas
perseguições, sofrida e paciente, poderia aparecer como quem havia
“abandonado” primeiro amor por Cristo.
- deixastes = abandonastes. Gr.
APHEKAS, que significa: “irse”, “relaxar”, “dispensar, “descuidar”. Essa
mesma palavra era usada para indicar o repudio ou divórcio...
ADVERTÊNCIA. É possível que um
crente tenha sido cheio do Espírito Santo, porem, gradualmente vai
cedendo aos desejos da carne, o orgulho pessoal e os desejos mundanos.
Nesse caso, o crente se está divorciando, aos poucos, daquilo que
anteriormente era seu amor, que lhe era precioso. Ex: Um esposo e a
esposa que se apaixona por outra pessoa.
QUE SIGNIFICA O PFRIMEIRO AMOR:
Amor é a natureza da nova vida. Pela salvação somos participantes de uma nova natureza (2. Pe. 1.4) que é Cristo em nós.
Nesse primeiro amor, somos
identificados como igreja de Deus ou Noiva de Cristo. É o compromisso
recíproco de amor que firmamos com Cristo. Porém, na igreja de Éfeso
esse amor, deu lugar a uma esterilidade...
PORQUE FOI DEIXADO O PRIMEIRO AMOR
1- O amor se manifesta em atos (I
Jo. 3.18). “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por
obras e em verdade”. Quando faltam estas obras, o amor começa a
esfriar-se. A adoração e a ação de graças são os meios mais simples de
demonstrar nosso amor para com Cristo. (Col. 3.17 = E tudo quanto
fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus,
dando por ele graças a Deus Pai).
2- O amor pode esfriar-se quando é transferido para outro objeto ou pessoa...
O ESPIRITO DECLARA QUE O AMOR DEIXADO SIGNIFICA UMA QUEDA.
2.5
= Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras
obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu
candeeiro, se não te arrependeres.
Uma palavra chave neste
versículo é: “lembra-te” (gr. mnëmoneue) É uma exortação à memória
piedosa sobre os dias anteriores, quando a devoção intensa a Cristo era a
força motivadora de uma vida piedosa e de intenso serviço. Arrepende-te
(kai metanoëson).
É como se o Mestre estivesse
dizendo: “Lembra-te do teu gozo anterior, quando o verdadeiro amor
enchia o teu coração”. Arrepende-te dos teus pecados, compreende o
perigo de tua atual condição.
Notemos a progressão: Lembra-te – arrepende-te e pratica, os elos de oro da restauração e do progresso da igreja
PORQUE FOI UMA QUEDA
1-
Uma queda pois a perda do primeiro amor pode significar um desastre
eterno. Quando Jesus está longe de nós, perdemos os valores espirituais,
ficando só as aparências.
2- Uma queda, pois nada substitui o amor de Cristo.
3- O espírito santo reconheceu
dez boas qualidades na igreja de Éfeso, porém nenhuma justificava
substituía o amor que se havia esfriado.
4- Quando desaparece o segredo
da comunhão com Cristo, o primeiro amor, se passa a viver de pura
aparência (encontros, eventos...).
= O remédio é simples:
ARREPENDE-TE. A maneira de provocar o arrependimento em si mesmo,
segundo o Senhor aclara aqui. É lembrar ou meditar nos dias passados,
quando o primeiro fervor fluía em sua vida.
2.6 = Tens, porém, isto, que
aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço. Na
Septuaginta, Paraíso é usado em dois sentidos: Primeiro, é usado de
forma regular para o Jardim do Éden (Gen. 2.8 e 3.1). Segundo, para
qualquer jardim especial, como vemos em Isaías 1.30, Jeremias 295 e
Eclesiastes 2.5.
Os grandes pensadores da Igreja
primitiva não identificavam o Paraíso como o Céu; o Paraíso era o lugar
onde a alma dos justos se preparavam para entrar à presença de Deus. Por
último, alguns creem que o Paraíso deixou de ser este lugar
intermediário, baseando-se nas palavras de jesus ao ladrão da cruz:
“Hoje estarás comigo no Paraíso”, Lucas 23.43.
= Quem eram os nicolaitas? O
texto se limita apenas a dizer que o Cristo Ressuscitado aborrecia ou
detestava os nicolaitas, apenas os menciona e não os define. Voltaremos a
encontra-los em Pérgamo (versículo 15), onde se relaciona com os que
mantém os ensinos de Balaão.
Segundo os historiadores
bíblicos os nicolaitas são identificados como os seguidores de Nicolau,
prosélito de Antioquia, que foi um dos Sete chamados a ser diácono (Atos
6.5). O que nos leva a entender que Nicolau se afastou do caminho do
Senhor caindo em heresia. Irineu diz que os nicolaitas levavam uma vida
de permissividade ilimitada. Hipólito diz que Nicolau era um dos Sete e
que se afastou da sã doutrina e adquiriu o costume de inculcar o
indiferentismo em matéria de comida e de vida. Clemente de Alexandria
diz que os nicolaitas “se abandonavam ao prazer como cabras...levando
uma vida de autoindulgência".
2.7 - Quem tem ouvidos, ouça o
que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da
árvore da vida, que está no paraíso de Deus.
Esta fórmula introduz as “promessas” feitas às igrejas, nesta e nas próximas cartas de Apocalipse.
O versículo sete nos dá a
promessa condicional ou “desafio” do Senhor. Chamou a igreja a
arrepender-se. No final diz que o que tem ouvidos ouça o que o Espírito
diz às igrejas. Faz-se uma promessa que ao que vencer o próprio Senhor
lhe dará “de comer da árvore da vida”.
Conheço as tuas obras... ao que
vencer...Ouça o que o Espírito diz. Dessas três declarações surgem três
mensagens de Deus para todos nós nos dias em que vivemos:
1) Deus me
conhece totalmente, não posso enganá-lo ou aparentar uma suposta vida de
espiritualidade.
2) É imperativo vencer; São Paulo nos dá a chave:
“Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13).
3) Devo ouvir e
obedecer a voz do Espírito Santo sempre.
A Árvore da Vida é mencionada 6
vezes na Bíblia, três vezes em Gênesis e três vezes em Apocalipses. Para
que o homem não vivesse eternamente como pecador, Deus não permitiu que
ele comesse dessa árvore (Gen. 3.22-25), mas agora, redimidos pelo
sangue de Jesus, é prometido que os vencedores comerão da dita árvore: e
viverão eternamente. Por isso se diz que eles não sofrerão o dano da
segunda morte Ap. 2.11; 20.6). Tudo isso nos faz entender que as
promessas aos vencedores que aparecem no fim das outras cartas, estão
relacionados com a promessa de vida eterna (Ap. 2.10, 11, 17; 3.5, 12,
21).
Aqueles
comentaristas que veem nestas sete mensagens períodos progressivos
cronologicamente da presente Dispensação da Graça, ou da Igreja, alegam
que esta carta representa o período apostólico e o pós-apostólico, ou
seja, até o fim do primeiro século de nossa era. Entretanto, sem entrar
em controvérsia com os que assim creem, só queremos intimar que não se
deve limitar a mensagem e sua aplicação a essa época. Quando existem nos
dias de hoje os mesmos problemas espirituais, creio que seria correto
aplicar as mesmas exortações e soluções encontradas nesta e nas demais
mensagens às sete igrejas.
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