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terça-feira, 7 de agosto de 2018

ARGUMENTO SOBRE DEUS (3)

Argumento sobre o mundo ser um todo que interage

Este argumento é semelhante a uma nova versão do argumento do desígnio, apresentado por alguns filósofos cultos. Nós o apresentamos da seguinte forma, resumida e revisada, para reflexão:

PONTO DE PARTIDA. Esse mundo nos foi entregue como um sistema dinâmico e ordenado com muitos elementos ativos. A natureza desses elementos (propriedades naturais) são ordenadas para interagir com outros em relacionamentos estáveis e recíprocos, que nós chamamos de leis da Física. Por exemplo, cada átomo de hidrogênio em nosso universo está ordenado para combinar com átomos de oxigênio na proporção de 2:1 (o que implica que cada átomo de oxigênio está ordenado para combinar com átomos de hidrogênio numa proporção de 1:2). O mesmo acontece com as valências químicas de todos os elementos básicos. E todas as partículas que possuem massa são ordenadas para se moverem em direção uma das outras, de acordo com as proporções fixas da lei da gravidade.

Em um sistema dinâmico, interconectado e interligado como esse, a natureza ativa de cada elemento é definida por sua relação com os demais. Isso pressupõe a existência de vários elementos para que haja inteligibilidade e capacidade de agir de algum outro.

A ciência contemporânea nos revela que nosso sistema mundial não é meramente um conjunto de leis distintas, separadas e não-relacionadas, mas um todo rigorosamente interligado, onde o relacionamento com o todo gera estrutura e determina as partes. Estas não podem mais ser compreendidas em separado do todo; a influência dele permeia todas elas.

ARGUMENTO. Em um sistema como o mencionado anteriormente (o nosso mundo) nenhum componente ou elemento ativo pode ser autossuficiente ou autoexplicativo. Isso porque cada parte pressupõe todas as outras; e todo o sistema já existe para combinar-se com suas próprias propriedades racionais. Nenhum elemento pode agir a menos que as outras partes estejam presentes para interagir reciprocamente com ele. Qualquer outra parte poderia ser autossuficiente apenas se fosse a causa do restante do sistema – o que é impossível, uma vez que nenhuma parte pode agir exceto em colaboração com as demais. Tampouco o sistema como um todo explica sua própria existência, pois ele é feito de partes componentes, e não é algo separado, existente em si próprio, independente do restante. Além disso, nem as partes nem o todo são auto-suficientes; e nenhuma parte pode ser tomada para explicarmos a existência atual de tal sistema de interação dinâmica.

TRÊS CONCLUSÕES:

1. Uma vez que as partes só têm sentido dentro do todo, e nem mesmo o todo nem as partes podem explicar sua própria existência, então um sistema como nosso mundo exige uma Causa eficiente unificadora que gere a existência de um todo unificado.

2. Uma Causa desse tipo – que traga o sistema à existência de acordo com uma idéia unificadora – tem de ser uma Causa inteligente. A unidade do todo – e de cada uma das leis físicas cósmicas e globais, que fazem com que os elementos interajam entre si – é o que determina e correlaciona as partes. Portanto, esta unidade deve estar de alguma maneira presente como um fator efetivo e organizador. Entretanto, a unidade, a integridade do todo, transcende qualquer uma das partes; logo, não pode estar contida em nenhuma destas. Para estar realmente presente de uma vez só como um todo, essa unidade pode ser apenas uma idéia unificadora e organizadora. Isso porque apenas uma idéia poderia manter juntos muitos elementos de uma única vez sem destruir ou mesclar os aspectos distintos de cada um. Isso é quase a definição de uma idéia. Uma idéia real não pode existir de modo operante e eficiente a não ser em uma “Mente” verdadeira, que tenha o poder criativo de trazer tal sistema à existência. Portanto, para que haja um sistema universal ordenado (como o nosso) precisa haver, em última instância, uma “Mente coordenadora e criativa”. A ordem cósmica exige um Ordenador cósmico, que só pode ser uma Mente.

3. Tal Mente ordenadora precisa ser independente do próprio sistema, ou seja, transcendente a ele, e não pode depender do sistema para existir e operar. Se dependesse do sistema ou de parte dele, teríamos de pressupor este sistema como préexistente para poder operar; ele teria simultaneamente que preceder a si mesmo e causar-se. Isso é absurdo – e a modernidade fracassa filosoficamente, ao pressupor que nosso sistema ordenado tenha surgido de parte primordial de si; nosso universo material exige necessariamente como razão suficiente para a sua existência como um todo operante, uma Mente Criativa e Transcendente, que já existia e era capaz de operar antes e independe do sistema criado.

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