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VIDAS

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terça-feira, 7 de agosto de 2018

ARGUMENTO SOBRE DEUS (9)

Argumento do desejo

1. Todo desejo inato e natural em nós corresponde a um objeto real que pode satisfazer esse desejo.

2. Entretanto, existe em nós um desejo que nada ao longo do tempo, nada nesta terra e nenhuma criatura pode satisfazer.

3. Portanto, tem de existir algo mais ‒ do que o tempo, esta terra e as criaturas ‒ que possa satisfazer tal desejo.

4. Isso é algo que as pessoas chamam de Deus e de vida eterna com Deus.

I → A primeira premissa implica uma distinção entre dois tipos de desejo: o inato (natural) e o externamente condicionado (artificial). Naturalmente desejamos coisas como alimento, bebida, sexo, descanso, conhecimento, amizade e beleza; e evitamos coisas como a fome, a solidão, a ignorância e a feiúra. Também desejamos – de uma forma não natural – coisas como um carro, um ótimo cargo, poder voar, ver nosso time ser campeão, desejarmos ir à Londres, à terra de Oz, etc.

Existem diferenças cruciais entre esses dois tipos de desejos. A maioria de nós não sente a privação dos desejos artificiais. Não sentimos a falta de Oz, mas sentimos muito a falta de descanso. Além de serem mais importantes, os 'desejos naturais' vêm de dentro, de nossa natureza; enquanto os 'artificiais' vêm de fora, sugeridos pela sociedade, pela época, propagandas ou pela ficção. Assim sendo, isto gera uma terceira diferença entre esses dois tipos de desejos: os desejos naturais estão presentes em todos nós, mas os artificiais variam de acordo com o indivíduo.

A existência dos desejos artificiais não significa necessariamente que os objetos por eles desejados existam. Alguns sim, outros não. Existem carros e Londres, mas não a terra de Os. Entretanto, a existência dos desejos naturais significa, em cada caso, que os objetos de desejo existem. Todo desejo natural corresponde a um objeto real, (e este tipo de desejo está naturalmente em todo ser humano). Ninguém nunca ouviu falar de um desejo inato para com um objeto inexistente.

II → A segunda premissa exige apenas uma introspecção sincera. Alguém poderia dizer que, nem todos sentem o desejo por Deus (visto que a crença em Deus varia de acordo com o indivíduo), e que, portanto, o desejo por Deus seria algo “artificial”. Esta porém, é uma interpretação equivocada, pois de fato, este desejo inato que todos possuímos e que nada neste mundo pode satisfazer, em última instância, é o desejo por Deus, como veremos. Por isso, esta premissa exige honestidade para consigo mesmo da parte do leitor. Alguém pode dizer que é uma pessoa perfeitamente feliz, em todos os momentos da vida, e em todas as possíveis e diversas situações. É possível encontrar indivíduos assim na história humana. Neste caso, podemos apenas perguntar: Isso é verdade mesmo? Ou podemos apenas fazer um apelo à pessoa para pensar, refletir melhor, mas nunca criticá-la. Até mesmo o ateu Jean-Paul Sartre admitiu que “chega uma hora em que a pessoa mais satisfeita com a sua vida, se pergunta: Há algo mais? Isso é tudo o que há?” E esta é uma realidade: por mais bens que possuamos, por mais objetivos que conquistemos, chega um momento em que nos cansamos daquilo, e nos perguntamos se isto é tudo o que há, se não existe algo mais, - pois sentimos a falta desse “algo mais”.

Todos (de Aristóteles a Freud) que já observaram amplamente o comportamento humano e pensaram profundamente sobre ele notaram que agimos por fins, metas e propósitos e também que o único fim, objetivo e propósito que motiva todos o tempo inteiro é a felicidade. “Todos sentimos falta de uma felicidade maior, como se a felicidade não pudesse ser completamente satisfeita apenas neste mundo”, disseram alguns pensadores. O Argumento do Desejo defende apenas que haja um Algo mais que possa satisfazer em nós o desejo que nada ao longo do tempo, nada nesta terra e nenhuma criatura pode satisfazer. Existe em nós um desejo que nada nesta vida pode satisfazer, - seu objeto é inatingível, inalcançável nesta vida; e a mera presença desse desejo na alma é sentido como mais prazeroso do que qualquer outra satisfação. Por mais inadequada que seja nossa maneira de entender o que queremos, nós todos queremos o paraíso, o céu, a eternidade, uma vida eterna; algo profundo em nossa alma não fica satisfeito com esse mundo inteiro de tempo e mortalidade.

Também reclamamos do tempo. Nunca parece haver tempo suficiente – mesmo agora, muito menos quando estivermos morrendo; portanto, deve haver mais tempo: deve haver a eternidade. Nós nos queixamos desse mundo. Ele não é suficientemente bom. Portanto, deve haver outro mundo que seja “suficientemente bom”.

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