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terça-feira, 7 de agosto de 2018

ARGUMENTO SOBRE DEUS (5)

Argumento do desígnio divino

Esse argumento tem um apelo amplo e perene. Praticamente todas as pessoas admitem que uma reflexão acerca da ordem e da beleza da natureza estimula algo em nosso íntimo. Entretanto, será que a ordem e a beleza são produtos de um desígnio inteligente e um propósito consciente?
Para os teístas, a resposta é afirmativa. Os argumentos a favor do desígnio divino são tentativas de defender essa resposta; de demonstrar por que ela é a mais razoável a ser oferecida. Tais argumentos foram formulados de maneiras tão ricamente variadas quanto a experiência na qual estão arraigados.

As declarações a seguir, demonstram seu âmago, sua ideia central.

1. O universo revela uma quantidade surpreendente de inteligibilidade tanto no interior das coisas que observamos como na maneira como essas coisas se relacionam com outras externas. Podemos, então, dizer que a maneira como elas existem e coexistem demonstram uma ordem bela e intricada e uma regularidade que pode deixar perplexo até mesmo o observador mais casual. É a norma natural que muitos seres diferentes trabalhem em conjunto para produzir o mesmo fim valoroso — por exemplo, os órgãos em nosso corpo trabalham para manter nossa vida e nossa saúde.

2. Essa ordem inteligível é produto de um desígnio inteligente, não de mero acaso.

3. Nada acontece por mero acaso.

4. Portanto, o universo é produto de um desígnio inteligente.

5. O desígnio surge da mente de alguém que o estabelece.

6. Portanto, o universo é produto de um Projetista inteligente.

A premissa 1 é verdadeira. Até mesmo os que discordam do argumento concordam com ela. Só uma pessoa extremamente patética e obtusa não concordaria. Uma molécula de proteína possui uma ordem impressionante, e mais ainda uma célula. E muito mais ainda um órgão como o olho, em que as partes ordenadas de enorme e delicada complexidade trabalham juntas com inúmeras outras para alcançar um único fim. Até mesmo os elementos químicos são ordenados para combinar com outros elementos de determinada maneira e sob certas condições. A aparente desordem encontrada em certas situações na natureza é um problema exatamente por causa da imensa abrangência da ordem e da regularidade. Portanto, a premissa 1 se sustenta. Se toda esta ordem, não é de alguma maneira o produto de um desígnio inteligente, então o que seria? Obviamente, ela teria simplesmente acontecido; e as coisas alcançado o estágio em que se encontram por mero acaso. Mas, se toda essa ordem não é produto de forças sem propósito e ocasionais, ela resulta de algum tipo de propósito; que só pode ser um desígnio inteligente. A inteligência não surge da não-inteligência. Portanto, a segunda premissa também se sustenta. Obviamente é a premissa 3 que se mostra crucial. Em última instância, os não-crentes afirmam que é realmente pelo acaso, e não por desígnio divino, que o universo de nossa experiência existe, da maneira como o conhecemos. Para estes, ele simplesmente passou a ter essa ordem, e fica a nosso cargo o dever de provar como isso não poderia ter acontecido apenas por mero acaso. Entretanto, a afirmação dos incrédulos é incorreta. Logo, são eles que deveriam produzir uma alternativa mais crível que a ideia do desígnio divino.
Um computador não seria confiável se fosse programado pelo acaso, e não por um ser racional. O cérebro e o sistema
nervoso humano, apesar de muito mais complexos e superiores que um computador, igualmente não seriam confiáveis se fossem programados pelo acaso. A teoria do acaso é simplesmente insatisfatória. Não podemos compreender o acaso apenas analisando-o sobre um pano de fundo ordenado. Dizer que algo aconteceu por acaso é irracional e ilógico. É afirmar que algo aconteceu de maneira diferente do que havíamos esperado, de um modo que não tínhamos imaginado. Em vez de pensarmos no acaso, analisando-o sobre um pano de fundo ordenado, somos convidados a pensar sobre a ordem – que se mostra intricada e presente – sobre o pano de fundo sem propósito e aleatório do acaso. Francamente, isso não é crível! Portanto, é perfeitamente razoável validar a terceira premissa: nada acontece por acaso. Assim, a única conclusão lógica é que o universo é produto de um desígnio inteligente. O que deseja o questionador que pensemos? Que não é necessário existir algo que traga todas as coisas à existência? Que o efeito precederia a causa?

Objeção: Talvez apenas em nossa região no universo passamos encontrar a ordem. Talvez haja outras partes deste totalmente caóticas, e desconhecidas por nós. Como então, ficaria o argumento?

Resposta: O nosso mundo de experiência comum apresenta uma ordem abrangente e inteligível. Não temos como negar este fato. Mas antes de especular a respeito do que pode existir, precisamos lidar sinceramente com o que temos diante de nossos olhos; precisamos reconhecer de maneira resoluta a extensão surpreendente da ordem e inteligibilidade que há em nosso universo.

Podemos perguntar: É possível supor que habitamos uma pequena ilha de ordem, cercada por um oceano de caos? Consideremos como através da ciência temos alcançado um conhecimento fantástico sobre o universo nas últimas décadas; atentemos para os diversos elementos microscópicos – todos eles, complexos – que o compõem. O que essa expansão de nossos horizontes revelou? Sempre a mesma coisa: mais, e não menos inteligibilidade; mais, e não menos ordem complexa e intrincada. Não existe razão para crermos em um caos que nos rodeie; e ao mesmo tempo, há muitas razões para não fazer isso.

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