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terça-feira, 28 de agosto de 2018

RUACH

O termo hebraico ruach, geralmente traduzido em Gênesis 1.2 por “espírito”, tem o sentido básico de “ar em movimento”. O termo pode denotar tanto o sopro ou fôlego, como também um vento fraco ou tempestuoso, ou mesmo o sentido em que se usa o termo “espírito”. Eruditos têm refletido muito sobre a especificação do termo empregado neste contexto, a conclusão geral identificando algum aspecto da atividade e presença do Criador no meio do tumulto caótico. Para facilitar a compreensão do conceito bíblico expresso por ruach, é proveitoso empregar o termo “sopro” sempre que encontrar um dos seguintes termos nas traduções da Bíblia em português: “fôlego”, “espírito”, “vento”. O termo “sopro” facilita a compreensão do conceito expresso em Gênesis 1.2, por exemplo, de que Deus estava presente, tal que o seu sopro era o que movia as águas. Deus não pode ser visto, como o vento também não se ve, mas percebe-se a sua existência, presença e atuação presente como se sentisse o sopro de suas próprias narinas.
Assim o termo indica a presença divina que vai além da compreensão humana, expressa em ação dinâmica: “É Deus em movimento”.
Em Gênesis 1.2, Levenson traduz a frase em questão como “um vento da parte de Deus”.
Enquanto não é necessário seguir a sua tradução do termo, deve-se lembrar que nada impede que seja traduzida dessa forma. O termo usado, ruach, é mais ampla em termos de seu significado do que qualquer termo à disposição no português, o mais perto sendo o termo “sopro”. Sendo que o termo tem o significado básico de “ar em movimento”, é interessante manter esse conceito na tradução e interpretação da passagem. A preferência deste autor é de usar a frase “o sopro de Deus”, já que este sopro poderia ser concebido em forma de vento ou de expressão de sua presença ativa e efetiva.
Pode ser de ajuda para o leitor lembrar que no Português também existem termos que são um tanto indefinidos a não ser por um contexto específico ou pela presença de outras palavras usadas em conjunto com o termo. A exemplo, coloca-se o termo “pé”, qual todos sabem que referencia a parte da anatomia humana na extremidade da perna, sobre o qual se anda. Porém, o termo realmente não é tão específico como parece, pois pode referir-se ao pé de uma mesa, uma árvore frutífera, ou até a um doce (pé-de-moleque). Assim também o termo ruach refere-se essencialmente a “ar em movimento”, porém pode especificar em alguma dada ocasião qualquer de vários aspectos desse ar (Gênesis 6.3). É no sentido do respirar que o hebreu começa a identificar o chamado “princípio vital” do ser humano. Quando alguém para de respirar, morre, e quando alguém morre, o seu respiro vai embora. Esse vínculo do respirar com a vida deu-se a uma vaga compreensão de que esse respiro tinha vínculo não somente com a vida, mas de alguma forma com uma vivência além do corpo. Nos textos mais antigos, não encontra-se um ensino direto sobre o que se denomina hoje por espírito (sentido de existência além-túmulo e além-corpo). Mesmo assim, existe a noção de que o homem é mais do que um corpo, pois um corpo pode estar morto e já não exibe tudo o que é ser humano. Por outro lado, o hebreu podia identificar a existência e atuação de Deus, mesmo que não o conseguia enxergar. Como o vento sopra e sacode as árvores, percebe-se a existência e a atividade de YHWH, mesmo quando não é visível e não tenha corpo físico. YHWH é intangível como o vento, porém ativo e presente como o vento também é. No próprio respirar do hebreu ele percebia a sua dependência em YHWH que o dava o fôlego de vida que respirava pelas suas narinas. YHWH estava presente e ativo como o vento e como o seu próprio sopro. Esse “ar em movimento”, o ruach, então, tornou-se aparentemente num símbolo para representar a presença e ação divina no mundo no meio do povo.

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