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VIDAS

A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS. A VIDA ETERNA, DE RENÚNCIAS!

CRISTIANISMO x ESPIRITISMO

Obs.: Os textos com "fundo bege" são citações de livros espíritas e os textos com "fundo azul" são citações bíblicas.


Ao estudar a doutrina espírita, mais especificamente ao ler o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ficamos perplexos e preocupados com algumas afirmações ali encontradas, como por exemplo: "o cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa"; "o espiritismo é de tradição verdadeiramente cristã"; "no cristianismo se encontram todas as verdades"

No referido livro, diversas citações bíblicas são analisadas sob o enfoque e a ótica do espiritismo. Seguindo o caminho de Allan Kardec, várias mensagens da Bíblia Sagrada são citadas como prova de que a doutrina espírita tem o apoio da Palavra de Deus. Por isso, este artigo tem por objetivo esclarecer se espiritismo e cristianismo são ou não afins e se ensinam a mesma coisa. Analisamos várias questões levantadas pelos espíritas, nas quais tentam explicar que a Bíblia Sagrada ou Jesus Cristo dão legitimidade a algumas doutrinas, com a reencarnação; a preexistência da alma; a comunicação dos vivos com os mortos; a salvação somente pela caridade, entre outras. 
Que esta leitura lhe seja proveitosa. 

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A bíblia do espiritismo é o Livro dos Espíritos, escrito em 1857 pelo escritor francês Hyppolyte Léon Denizart Rivail, conhecido pelo nome de Allan Kardec. Este livro, segundo seu autor, contém mensagens recebidas de espíritos desencarnados. Entre 1859 e 1868, escreveu outros livros: O Que é Espiritismo, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese, Livro dos Médiuns, Céu e Inferno. Esses compêndios formam o que se chama codificação da doutrina espírita, nascendo daí o Espiritismo, denominação criada pelo referido escritor.

Inúmeras religiões há no mundo e algumas até defendem princípios e doutrinas ensinados por outras. É exemplo o ensino budista e hinduísta da transmigração das almas adotado no espiritismo, com algumas alterações, com o nome de reencarnação. Outro exemplo é a absorção, pelo espiritismo, da teoria evolucionista do inglês Darwin, desenvolvida no livro A Origem das Espécies, em 1859, na mesma época em que Kardec escrevia seus livros. Até aqui nada de anormal nessa colcha de retalhos, não fosse a moldura que o kardecismo colocou em sua doutrina: o cristianismo, mais precisamente o Evangelho do Senhor Jesus.

Assim, difunde-se o "Espiritismo Cristão", com fachada cristã, com nomenclatura cristã, com apelos cristãos, mas na verdade nega as doutrinas do cristianismo. Os cristãos-evangélicos denunciam e rejeitam, porque falsos, os afagos, os aplausos e as palavras doces originários do espiritismo que se compraz em desonrar a imagem do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e negar a autoridade e inspiração divina das Sagradas Escrituras, como veremos mais adiante. Assim, o quadro do espiritismo apresenta uma moldura falsa.

A MOLDURA

"Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. .." (Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. I, item 4).

Sabemos que Jesus não foi um SIMPLES legislador, mas o próprio Deus em forma de homem, salvador da humanidade. Sua missão não era simplesmente moral, baseada em boas obras, mas sim a missão de salvar o homem pela FÉ. O maior tesouro de Deus em toda a Bíblia é o “Plano de Salvação”, pelo qual Jesus foi enviado para que todo aquele que nEle cresse não perecesse, mas tivesse a Vida Eterna. E isso pela graça de Deus, mediante a fé, e não por nossas próprias obras, pois se fosse assim, a morte de Cristo teria sido em vão. “Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém das obras, segue-se que Cristo morreu em vão." (Gálatas 2.17) 

Sabendo que o homem não é justificado pelas obras, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. (Bíblia Sagrada. Gálatas 2.16) 

Nos versículos abaixo, o Apóstolo Paulo está exortando os gálatas que, mesmo depois de ter sofrido tanto e recebido de Deus o amor e a graça, começaram a se desviar para falsas doutrinas e continuavam fazendo boas obras, achando que assim estariam agradando a Deus. 

Ó INSENSATOS gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? E é evidente que pelas obras ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. (Gálatas 3.1-5 e 11) 

Jesus nunca foi contra as boas obras, muito pelo contrário, nas escrituras está escrito que a fé sem obras é morta. Mas Ele SEMPRE mostrou que em PRIMEIRO lugar está a . O homem é justificado pela fé, pois por isso Jesus morreu, para que através do seu sangue nós fôssemos justificados dos nossos pecados, pela GRAÇA de Deus, e não pelos nossos próprios méritos e bondades.

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2.8 e 9) 

"Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. NO CRISTIANISMO ENCONTRAM-SE TODAS AS VERDADES. São de origem humana os erros que nele se enraizaram". (E.S.E., cap. VI, item 5)
 
O plano de salvação em Cristo não é imperfeito. Essa citação do evangelho espírita é pura heresia para o cristianismo e para a própria essência do Evangelho de Jesus Cristo. Não existem erros enraizados no Cristianismo. A Bíblia diz que a Palavra de Deus é perfeita e digna de toda a aceitação. 

"Deus transmitiu a sua lei aos hebreus, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus". (E.S.E., cap., XVIII, item 2) 

"O Espiritismo é a terceira revelação de Deus... e os Espíritos são as vozes do Céu". A primeira revelação de Deus teria sido em Moisés, e a segunda, em Jesus. (E.S.E. cap. I, item 6). 
Outro GRANDE equívoco do evangelho espírita é continuar vendo Jesus como um ser moral, que veio continuar a obra dos patriarcas como Moisés, ao invés de tê-lo como divino redentor, que na verdade veio aniquilar a lei pela fé. Veja os versículos abaixo:
Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito aos antigos: "Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro." (Gálatas 3.10-13)

Vimos, portanto, as palavras afáveis e elogiosas ao cristianismo dirigidas. A pintura, todavia, não guarda sintonia com a moldura. Somente a fachada é cristã, como veremos a seguir. 
O espiritismo tem-se esforçado por encontrar na Bíblia Sagrada passagens que deem sustentação ou legitimidade aos seus ensinos sobre comunicação com os mortos, preexistência das almas, reencarnação, salvação somente pela caridade, mediunidade, pluralidade de mundos habitados, inexistência de céu, de inferno e de juízo final, e outros. O principal objetivo deste trabalho é refutar essas doutrinas e mostrar claramente que o ensino da Palavra de Deus é totalmente diferente.

A ORIGEM DO HOMEM
  • A PALAVRA DO ESPIRITISMO:
     
"Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura dos primeiros espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. VESTIU-SE ENTÃO DAS PELES DE MACACO, sem deixar de ser espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem". (A Gênese, Allan Kardec, FEB, Rio de Janeiro, 1985, 28a ed., p. 212). 

Allan Kardec, como se vê, ficou muito impressionado com a teoria evolucionista do seu contemporâneo inglês Charles Robert Darwin (1809-1882), e resolveu incluí-la na codificação do Espiritismo. Seus adeptos seguiram-lhe os passos. O espírita Alexandre Dias, no livro Contribuições para o Espiritismo (2ª ed., Rio de Janeiro, 1950, a partir da p. 19), além de corroborar o pensamento kardecista, acrescentou que antes de serem macacos, os homens foram um mineral qualquer, ou seja, uma pedra ou um tijolo. Não apenas isso: "A espécie humana provém material e espiritualmente da pedra bruta, das plantas, dos peixes, dos quadrúpedes, do mono (macaco). E, de homem, ascenderá a espírito, a anjo, indo povoar mundos superiores..." (Leopoldo Machado, Revista Internacional do Espiritismo, 1941, Matão, SP, p. 193). 

"A espécie humana não começou por um só homem. Aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro nem o único a povoar a Terra". (Livro dos Espíritos, Allan Kardec, resposta à pergunta número 50).

  • A PALAVRA DO CRISTIANISMO:
A teoria da seleção natural das espécies é contrária ao que ensina a Bíblia Sagrada. Esta teoria que incorpora o pensamento panteísta (Deus é tudo em todos) é a negação do Deus criador de todas as coisas. "NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA". É assim que inicia o primeiro livro da Bíblia, Gênesis, escrito por Moisés. Com a Sua palavra, Deus criou a luz, as águas, o firmamento, a parte seca (a terra), a relva e árvores frutíferas para "darem frutos segundo a sua espécie"; depois produziu os astros luminosos para iluminarem a terra; produziu os peixes e as aves, segundo suas espécies; produziu Deus os animais domésticos, répteis e animais selvagens conforme a sua espécie

"Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os animais domésticos, sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente. Assim Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. Viu Deus que tudo o que tinha feito, e que era muito bom" (Gênesis 1 e 2).

"Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva" (1 Timóteo 2.13).

Como vimos, depois de fazer a terra e os céus, Deus criou as matas, as árvores frutíferas, os animais, e, enfim, o homem. O sopro de Deus no homem formado do pó representa que a vida é um dom de Deus; que o homem foi criado para ser moralmente semelhante a Deus, como expressão do seu amor e glória; para ter permanente comunhão com Deus. Portanto, não tem respaldo das Sagradas Escrituras a afirmação de que a alma humana encontrou morada primeiramente em animais, e que o homem é consequência de uma seleção natural das espécies. O Senhor Jesus legitima o livro de Gênesis, ao dizer: "Não leste que no princípio o Criador os fez macho e fêmea?" (Mateus 19.4)

Como poderia a alma humana, nascida do sopro de Deus, haver se instalado no macaco, criado antes do homem? Por que então afirmar que espiritismo e cristianismo ensinam a mesma coisa? Proselitismo, engodo, mentira, hipocrisia ou leviandade? Moisés teria escrito uma asneira? Mas como, se o espiritismo diz que Moisés foi a Primeira Revelação de Deus? Se as revelações de Deus não sabem o que afirmam ou mentem, a Terceira Revelação, o espiritismo, seria uma exceção?



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A BÍBLIA SAGRADA

  • A PALAVRA DO ESPIRITISMO:
     
"A Bíblia não pode ser considerada produto da inspiração divina. É de origem puramente humana, semeada de ficções e alegorias, sob as quais o pensamento filosófico se dissimula e desaparece o mais das vezes" (Cristianismo e Espiritismo, de León Denis, p. 130, 5a, FEB). 

"Do velho Testamento, já nos é recomendado somente o Decálogo, e do Novo Testamento, apenas a moral de Jesus. Já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor, mais de 90% do texto da Bíblia" (FEB, O Reformador, p. 13, janeiro/1953).


"Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta seus princípios nas Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. A nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo" (À Margem do Espiritismo, FEB, 3a edição, 1981, p. 2l4). 

"A Bíblia, evidentemente, encerra fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia hoje aceitar e outros que parecem estranhos e derivam de costumes que já não são os nossos" (A Gênese, p. 87, opinião de "espíritos"). 

Os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João foram alvo de uma dura crítica do codificador da doutrina espírita: "Eles possivelmente se enganaram quanto ao sentido das palavras do Senhor, ou dado interpretação falsa aos seus pensamentos..." (A Gênese, p. 386). 

Contudo, na tentativa de legitimar seu espiritismo Kardec buscou a experiência cristã e as palavras dos evangelistas, principalmente de Mateus, muito citado no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ademais, como vimos inicialmente, Kardec declarou que "o espiritismo é de tradição verdadeiramente cristã", e que "no cristianismo estão todas as verdades". Podemos levar a sério o que o espiritismo diz? O kardecismo seria muito mais autêntico se se firmasse em seus próprios pés, na palavra e experiência de seus "espíritos".

  • A PALAVRA DO CRISTIANISMO:

"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra"
(2 Timóteo 3.16-17).

Esta belíssima mensagem é da lavra do apóstolo Paulo, de quem Allan Kardec disse ter sido "um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho". É o mesmo Paulo que escreveu I Coríntios 13.13, mensagem plenamente aceita pelo codificador da doutrina espírita. Podemos dizer que "o cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa?" No mesmo livro, em I Coríntios 15, Paulo empresta o devido valor às Escrituras Sagradas: "Pois primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; e que foi sepultado, e que ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras".

"Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1.21). 

O Senhor Jesus confirma a inspiração divina da Bíblia quando diz:
"Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (João 14.26).

"Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" (Jesus, Mateus 22.29). 

Quem assim falou foi o Senhor Jesus, aquele que veio em "missão divina para ensinar a justiça de Deus aos homens", conforme assim definiu Allan Kardec, na embalagem do espiritismo. Podemos confiar no Livro dos Espíritos e nos demais, soprados por "espíritos" que dizem e se contradizem, fazem e desfazem, juram e negam? Fiquemos com o Salmo 119.105: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho".
 

COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS
  • A PALAVRA DO ESPIRITISMO:
"Graças às relações estabelecidas, doravante e permanentemente, entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, que os próprios Espíritos ensinaram a todas as nações, já não será letra morta, porque cada um a compreenderá e se verá incessantemente compelido a pô-la em prática, a conselho de seus guias espirituais. As instruções que promanam dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho" (E.S.E., Allan Kardec, Introdução, item I).
Vê-se a nítida propensão do Espiritismo de Kardec de criar um sincretismo doutrinário envolvendo o cristianismo. A intenção é revelada também nos textos de início citados, como por exemplo: "O Espiritismo é uma tradição verdadeiramente cristã." Sobre o enunciado acima, podemos dizer que não foram os Espíritos que ensinaram a lei evangélica; que esta nunca foi letra morta; que os evangélicos não têm guias espirituais; que os espíritos não são canais de comunicação entre Deus e os homens. A comunicação com os mortos, o esforço de um estreito relacionamento com os espíritos desencarnados, e a possibilidade de as almas retornaram à vida corpórea em corpos diferentes, são os baluartes da doutrina espírita. Este não é o Evangelho que a Bíblia ensina e os evangélicos pregam. Logo, cristãos e espíritas não ensinam a mesma coisa. A moldura é falsa.
  • A PALAVRA DO CRISTIANISMO:
"Não haja no teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou a filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem QUEM CONSULTE OS MORTOS. O Senhor abomina todo aquele que faz essas coisas..." (Deuteronômio 18.10-12).

Necromante era o nome dado ao espiritismo de hoje, isto é, pessoa que invoca os mortos. Abominar significa rejeitar, detestar, afastar. Há um ingênuo argumento contra esta Palavra, segundo o qual não havia como Deus proibir o espiritismo porque este não existia naquela época. Ah, meu amigo! Então, nenhum mal existe em darmos cheques sem fundos ou de atirarmos com arma de fogo nas pessoas. Sem maiores comentários. O espiritismo está sob condenação divina porque consulta os mortos, tenta manter diálogo com eles, recebe mensagens de seres espirituais que dizem ser espíritos desencarnados, e, além disso, distorce a Palavra de Deus e nega as principais doutrinas bíblicas. Ademais, quem escreveu os versículos acima, de Deuteronômio, foi Moisés, a "Primeira Revelação de Deus", segundo o espiritismo. Logo... 
"Assim morreu Saul (primeiro rei de Israel) por causa da sua infidelidade ao Senhor. Não guardou a palavra do Senhor, e até consultou uma adivinhadora, e não buscou ao Senhor, pelo que ele o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé" (1 Crônicas 10.13, 14).

Alguns espíritas argumentam que o rei Saul não participou de uma sessão espírita. Qualquer ritual que tenha por objetivo contatar espíritos de pessoas falecidas, exercer a adivinhação e a mediunidade, qualquer que seja o nome a isto atribuído (umbanda, candomblé, quiromancia, grafologia, psicografia, astrologia, quimbanda, esoterismo, mediunidade), enquadra-se no conceito de espiritismo.

A Bíblia diz em 1 Samuel 28.7 que Saul procurou uma NECROMANTE, isto é, uma mulher que consultava os mortos, porque ele estava ansioso por uma palavra do Senhor, que viesse por intermédio do profeta Samuel, já falecido. O espíritas têm usado esta passagem para justificar que houve a comunicação com o espírito Samuel.

Enganam-se, pelos seguintes motivos: 

1) Deus não iria favorecer uma prática por Ele próprio condenada, em função da qual condenou Saul, conforme Deuteronômio 18.10-12, e 1 Crônicas 10.13-14; 

2) Se Samuel fora enviado por Deus (o espiritismo ensina que Deus só se comunica com os homens através dos Bons Espíritos), teria cumprido essa tarefa com prazer, ao invés de ter dito a Saul: - "Por que me inquietaste, fazendo-me subir"? 

3) O espírito maligno que se incorporou na pitonisa (médium) mentiu ao profetizar que no dia seguinte Saul e seus filhos morreriam (1 Samuel 28.19). A morte de Saul não ocorreu no dia seguinte, e somente três de seus filhos morreram (1 Samuel 31.2, 6; 1 Crônicas 10.2, 6). Os outros filhos, Is-Bosete (2 Samuel 4.7), Armoni e Mefibosefe (2 Samuel 21.8) não foram mortos na batalha contra os filisteus. 

"Fez seus filhos passarem pelo fogo no vale do filho de Hinon, praticou feitiçaria, adivinhações e bruxaria, e consultou médiuns e adivinhos, fez muito mal aos olhos do Senhor, provocando-o à ira" (2 Crônicas 33.6). O trecho refere-se a Manassés, décimo-quinto rei de Judá. Por estes pecados, foi levado cativo para a Babilônia. 

"Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei... porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderia eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará a mim" (Declarações do rei Davi, referindo-se à morte de sua filha, em 2 Samuel 12.15-23).


Tal como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce à sepultura jamais tornará a subir. Nunca mais tornará sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá" (Jó 7.9-10)

Na parábola do rico e Lázaro, Lucas 16.19-31, o Senhor Jesus confirma a impossibilidade de os mortos se comunicarem com os vivos. Em resposta ao rico, que estava em tormentos e lhe rogava que enviasse Lázaro aos seus irmãos na Terra, Abraão foi categórico: "Têm Moisés e os profetas. Ouçam-nos". Ou seja, seus irmãos possuem os cinco livros de Moisés (o Pentateuco) e os livros dos profetas. Devem eles buscar suas verdades, ler essa Escritura para alcançarem a vida eterna. Mas o rico insistiu: "Não, pai Abraão, mas se algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam". O rico estava aterrorizado diante do que estava vendo e sofrendo. Não desejava a mesma coisa para o seu pior inimigo. Acreditava o rico no testemunho de Lázaro. Pensava ele que a Lázaro seria concedido sair do seu lugar para levar a boa mensagem de salvação aos vivos. Mas Abraão fechou a questão, peremptório: "Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos volte à vida". Somente um morto terá condições de falar aos vivos se ressuscitar, ou seja, se o espírito voltar ao mesmo corpo, e ir pessoalmente levar o recado. Os destinos desses dois homens, do rico e de Lázaro, eram irreversíveis. Vê-se que em nenhum momento Abraão acena com a possibilidade de o sofrimento do rico ser amenizado.

O kardecismo ensina que Deus se comunica com os homens somente através dos bons espíritos. Lázaro representa um bom espírito. O bom espírito Lázaro não teve permissão de levar boas mensagens aos irmãos do rico. Ao dizer Abraão que eles tinham as leis de Moisés e a palavra dos profetas, estava afirmando que a Palavra é um meio seguro e natural para Deus falar aos homens.
Quem nos ensinou através dessa parábola foi Jesus, o mesmo Jesus sobre o qual Allan Kardec disse que "veio em missão divina de nos ensinar a justiça de Deus". Vamos recordar o que Kardec disse: "Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista... a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina. Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus. Viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino conduz..." (E.S.E., cap. I, item 4). 


Esta a moldura. Mais adiante veremos que Kardec desdenha do ensino de Jesus através de parábolas. Posicionando-se como tal, merece crédito o espiritismo? É flagrante o disparate entre a bula e o remédio. O espiritismo acredita que algumas passagens bíblicas legitimam a comunicação com os espíritos de pessoas falecidas. Vejamos:

A Transfiguração de Jesus

Não houve nesse evento comunicação entre vivos e mortos, como deduz o espiritismo (Lucas 9.28-36).
Não aconteceu ali nenhuma sessão espírita. Jesus, Pedro, João e Tiago não incorporam espíritos;
Aprouve a Deus, na sua infinita sabedoria, promover aquele evento e oferecer àqueles apóstolos a feliz oportunidade de verem com seus olhos carnais o Senhor Jesus na sua glória, a glória que sempre teve.
Também serviu para dar um alento a Jesus, haja vista a proximidade do seu sacrifício: "Os quais apareceram com glória e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém" (Lucas 9.31);
Jesus não falou com Moisés e Elias na condição de homem, ou seja, em corpo humano. Antes, seu corpo foi transfigurado, transformado num corpo glorioso, celestial, espiritual. Com igual corpo estavam Moisés e Elias.
Pedro, João e Tiago não conversaram com Moisés e Elias. Estes falaram com Jesus.
Somente após a saída de Moisés e Elias os referidos apóstolos falaram a Jesus. (Mateus 17.3; Marcos 9.4)
Demorou pouco tempo a visão que os apóstolos tiveram da transfiguração de Jesus e da sua conversa com Elias e Moisés: "E Pedro e os que estavam com ele estavam 'carregados de sono' e quando despertaram viram a Sua glória e aqueles dois varões que estavam com Ele". (Lucas 9.32)
Ao que tudo indica, Deus preparou aquele momento para que os apóstolos não tivessem nenhuma dúvida da eternidade de Jesus na condição de Deus Filho ou Filho de Deus. Daí haver o apóstolo João escrito com tamanha convicção e inspirado pelo Espírito Santo: "Ele estava no princípio com Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade".

A proibição e a comunicação

É comum a argumentação de que se Deus proibiu a comunicação com os mortos é porque ela existia. Em Deuteronômio 18, Deus proíbe a necromancia, a consulta a espírito adivinhante, a feiticeiro e, mais claramente, a consulta aos mortos. E diz que essas práticas são abomináveis, isto é, detestáveis, repreensíveis, execráveis; e "todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor". Em Isaías 8.19, lê-se: "Não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos?" 


Desde a formação do homem no Éden Deus estabeleceu o princípio da obediência. Se Deus proíbe qualquer prática ou ato que tenha por objetivo entrar em comunicação/comunhão com espíritos de pessoas mortas, devemos obedecer. Obedecer sem murmurações, sem levantarmos dúvidas quanto à validade da proibição. Deus proíbe a tentativa de comunicação, o ato de se tentar obter, através de adivinhos e necromantes, certas informações dos espíritos, ou até mesmo alívio para os males do corpo e da alma. Deus, na sua infinita sabedoria, sabe dos perigos envolvidos em tais práticas, porque conhece as artimanhas do inimigo. Se a invocação dos espíritos dos mortos fosse bom para os homens, Deus a aprovaria. Allan Kardec declarou que "Deus só se comunica com os homens através dos bons espíritos" (E.S.E. Introdução, VI). 
Ora, se isto fosse verdade Deus não proibiria essa comunicação. Muito pelo contrário.

SATANÁS E OS DEMÔNIOS
  • A PALAVRA DO ESPIRITISMO:
"A palavra daimon, da qual fizeram o termo demônio, não era, na antiguidade, tomada à má parte, como nos tempos modernos. Não designava exclusivamente seres malfazejos, mas todos os Espíritos superiores, chamados deuses, e os menos elevados, ou demônios propriamente ditos, que comunicavam diretamente com os homens. Também o Espiritismo diz que os Espíritos povoam o espaço; que Deus só se comunica com os homens por intermédio dos Espíritos puros, que são incumbidos de lhe transmitirem as vontades; que os Espíritos se comunicam com eles durante a vigília e durante o sono. Ponde, em lugar da palavra demônio, a palavra Espírito e tereis a doutrina espírita; ponde a palavra anjo e tereis a doutrina cristã." (E.S.E., introdução, item VI)

"O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém logra aplacá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, pela caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e, sim, também o de os reconduzir ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles." (E.S.E., cap. XII, item 6)


Num passe de mágica, Allan Kardec transformou demônios em espíritos desencarnados e maus, e diz que Deus só se comunica com os homens através dos Espíritos puros. Por que Deus tardou em revelar a existência desse veículo de comunicação, somente o fazendo no século 19? O espiritismo fechou o inferno, dispensou os demônios e seu chefe, e confia em que um dia eles possam ser salvos. Enquanto isso, usando de seu livre-arbítrio, eles ficam por aí matando e destruindo, ouvindo ou deixando de ouvir o conselho dos Bons Espíritos. E Deus sem nada poder fazer, porque impera a Lei do Carma. Oh! meu amigo! Quão grande desvio, quão grande disparate, sem nenhum cuidado, ética ou contexto com a Palavra de Deus.

A PALAVRA DO CRISTIANISMO:

Nosso Senhor sempre nos alertou à respeito do inimigo, seus demônios e suas intenções para conosco.

"Então, disse-lhe Jesus: Vai-te Satanás, porque está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele servirás".
(Palavras do Senhor Jesus, Mateus 4.10)


"E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa"? (Palavras do Senhor Jesus, Lucas 13.16)

"Vós pertenceis ao vosso pai, o diabo, e quereis executar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, pois não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira" (Palavras do Senhor Jesus, João 8.44)

"E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta. De dia e de noite serão atormentados para todo o sempre". (Apocalipse 20.10)

"Como pode Satanás expulsar a Satanás? Se Satanás se levantar contra si mesmo, e for dividido, não pode subsistir. Antes tem fim." (Palavras do Senhor Jesus, Marcos 4.23-26)

"Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o diabo, anda em derredor, rugindo como leão, buscando a quem possa tragar" (1 Pedro 5.8)

"Quem comete pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo". (1 João 3.8)

Satanás, que significa adversário, é o maior inimigo de Deus e dos homens. Os demônios são seus servos. Esses espíritos malignos são mentirosos, destruidores, perversos, enganadores, malfazejos, capazes de todos os ardis; capazes, porque inteligentes, de criar sistemas danosos para a humanidade; capazes de influenciar homens para criar doutrinas contrárias à palavra de Deus; são imitadores de caligrafias e de vozes; levianos, semeadores de discórdia. São tudo o que Allan Kardec mencionou (O Evangelho Segundo o Espiritismo, caps. XXI e XXVIII; Livro dos Médiuns, pp. 272, 281, 282 e 285) e muito mais. A diferença é que o espiritismo não os classifica como demônios, mas como espíritos passíveis de recuperação.

Esses seres demoníacos são inteligentes e muito bem organizados. Antes de sua rebelião contra Deus, Satanás era um anjo de luz chamado Lúcifer. Vivia na presença de Deus. Era chamado de "aferidor de medidas", isto é, aquele que serve de exemplo; chamado de "protetor", dada a sua condição de ungido do Altíssimo; era "perfeito em seus caminhos" porque destacado dos demais por sua sabedoria e formosura; era a "estrela da manhã, filha da alva", título inerente ao significado do nome Lúcifer ("o portador da luz"). Lúcifer encheu-se de arrogância, vaidade e ambição e desejou ser "semelhante a Deus", "subir acima das estrelas e assentar-se no trono do Altíssimo." Em razão disso perdeu sua pureza e o privilégio de viver nos céus. Um número incontável de anjos participaram dessa rebelião e formaram com o seu líder o exército da maldade
. (Isaías 14.12; Ezequiel 28.2, 9; 28.13-17; Mateus 4.1-11; João 8.44; 12.31; Lucas 12.31; Efésios 6.12; 1 Pedro 5.8; 2 Pedro 2.4; Judas 6; 2 Coríntios 4.4; 1 Tessalonicense 2.18; Apocalipse 12.4-10). O cristianismo ensina assim.


"Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo". 
(2 Pedro 2.4)

"Pois não temos que lutar contra a carne e contra o sangue, e, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os poderes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais da maldade nas regiões celestes"
(Efésios 6.12)

Como vimos, o cristianismo ensina uma coisa e o espiritismo, outra bem diferente. Não se pode confundir alhos com bugalhos, um bife à milanesa, com um bife ali na mesa. O real significado das palavras "satanás" e "demônio", ou a afirmação quanto a existência de seres malignos vamos encontrar nas palavras do Senhor Jesus: "Vai-te, Satanás, porque está escrito: ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás". (Mateus 4.10) 


O Senhor Jesus não se dirigiu a um espírito desencarnado, mau ao extremo, capaz de tentar perverter o Filho de Deus. Se o fora, Ele certamente diria: Você por aqui Manuel, querendo me levar na conversa! Pelo contrário, o Senhor Jesus sabia com quem estava falando. Ao chamá-lo pelo nome - Satanás - o Senhor Jesus identifica, nomeia, aponta, distingue, intitula, indica, mostra, esclarece, particulariza, dá nomes aos bois. Mas o espiritismo teria alguma razão para acreditar nas palavras de Jesus? Certamente. Recordemos o que Allan Kardec disse a seu respeito, na moldura:
"O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo... uma perfeita moral. A autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina. O seu papel não foi o de um simples legislador moralista" (E.S.E., cap. I, itens 4 e 9).

"Cristo veio ensinar aos homens a justiça de Deus" (E.S.E.,cap. VI, item 2).

"No cristianismo se encontram todas as verdades" (E.S.E., cap. VI, item 5). 

Como se vê, não podemos confundir espiritismo com cristianismo. Este leva em conta o que o Senhor Jesus ensinou, Ele e seus apóstolos. O espiritismo deve levar em conta o conteúdo da doutrina espírita, sua essência, aquilo que julgam haver recebido dos espíritos, a prática da mediunidade, a comunhão com espíritos desencarnados, a lei da reencarnação, a lei do carma, etc. Os evangélicos repelem de forma enérgica essa tentativa de mistura, de enlaçamento.

A DIVINDADE DE JESUS

  • A PALAVRA DO ESPIRITISMO:
"Não obstante, parece que todo o testemunho recebido dos espíritos avançados mostra apenas que Cristo era um médium e um reformador da Judéia, e que agora é um espírito avançado na sexta esfera". (Dr. Weisse, citado por Hanson, em Demonology or Spiritualism).

"Cristo foi um homem bom, mas não poderia ter sido divino, exceto no sentido, talvez em que todos somos divinos". (Mensagem de um "espírito", conforme registro de Raupert em Spiritist Phenomena and Their Interpretation).

"Das suas afirmações espontâneas, deve-se concluir que ele não era Deus, ou que, se disse que era, voluntariamente e sem utilidade, fez uma afirmação falsa". (Obras Póstumas, Allan Kardec, p. 132).
  • A PALAVRA DO CRISTIANISMO:

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o principado está sobre os seus ombros, e o seu nome será; Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." (Isaías 9.6).


"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. O Verbo se fez carne, e habitou entre nós. Vimos a sua glória, a glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou" (João 1.1,2,3,14,18). 

"Eu e o Pai somos um."
(Declaração de Jesus, João 10.30).


"Disse-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu." (João 10.28)

"Deles são os patriarcas, e deles descende Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente." (Romanos 9.5). 

 "Ele é o primogênito de toda a criação." (Colossenses 1.l5). 

"Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade." (Colossenses 2.9).

"Ninguém subiu ao céu senão o que desceu do céu - o Filho do homem." (Palavras do Senhor Jesus, em João 3.13). 

Filipenses 2.6-7 explica: "Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens."

Paulo está falando de Jesus Cristo. O Messias é Deus, por isso Ele não achou que era usurpação ser igual a Deus. Ser igual a Deus é ser Deus. Pensem sobre os atributos de Deus e na incomunicável natureza dos Seus atributos. Somente Deus pode se igualar a Si mesmo. Mas Deus tomou a forma de homem e foi feito à semelhança de homens, para salvar os homens dos seus pecados. 

Jesus, o "grande médium", um espírito que alcançou elevado grau de perfeição, logicamente mediante muitas reencarnações, segundo o espiritismo, declarou que veio diretamente do céu. Na moldura de Kardec, Jesus é só moral e justiça. No pincel da doutrina kardecista, foi um homem capaz de produzir afirmações falsas, como vimos acima. Vejamos outras afirmações do Senhor Jesus sobre Sua divindade:
"Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele" (João 3.17)

"Que aconteceria então se vísseis o Filho do homem subir para onde primeiro estava?" (João 6.63)

"Ainda por um pouco de tempo estou convosco, e depois vou para aquele que me enviou" (João 7.33)

"Eu o conheço (o Pai), porque dele sou e ele me enviou" (João 7.29)

"Vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai" (João 16.28)

"E agora, Pai, glorifica-me em tua presença com a glória que tinha contigo antes que o mundo existisse" (João 17.5)

"Pois lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as receberam. Verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que me enviaste" (João 17.8)

O próprio Jesus fala de sua eternidade quando diz que estava na glória do Pai "antes que o mundo existisse". O espiritismo diz, com blasfêmia, que essa declaração é mentirosa, falsa, sem muita utilidade. No exórdio do discurso kadercista, Jesus é considerado o ensinador divino da mais pura moral evangélico-cristã e da justiça de Deus. Logo depois, não passa de um mentiroso que não mede suas palavras. É fácil detectarmos onde estão a falsidade e a hipocrisia!

DEUS - PERDÃO - SALVAÇÃO
  • A PALAVRA DO ESPIRITISMO:
Corroborando as ideias do seu contemporâneo Charles Taze Russel (1852-19l6), fundador da seita "Testemunhas de Jeová", Allan Kardec, ao negar a divindade de Jesus, nega, em consequência, a existência da Trindade, isto é, de um Deus trino, subsistente em três pessoas: Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, como ensinam o cristianismo e a Bíblia Sagrada. O espiritismo nega, também, a existência de um Deus pessoal, capaz de perdoar totalmente os pecados dos que a Ele se chegam com arrependimento. Vejamos: 
"Ab-rogamos a ideia de um Deus pessoal" (The Physical Phenomena in Spiritualism Revealed).

"Deve-se entender que existem tantos deuses quantas são as mentes que necessitam de um deus para adorar; não apenas um, dois, ou três, mas muitos" (The Banner of Light, 03.02.1866).

"Deus é, pois, a inteligência suprema, é único, eterno, imutável, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não pode ser diverso disso" (A Gênese, Allan Kardec, p. 60).

"Deus é infinito e não pode ser individualizado, isto é, separado do mundo, nem subsistir à parte" (Depois da Morte, de León Denis, p. 114). Esta declaração não está em sintonia com o pensamento kardecista. Nas questões de números 14, 15 e 16, do Livro dos Espíritos, é dito que "as obras de Deus não são o próprio Deus", ou seja, Deus é um ser distinto de Sua criação.
Tudo indica que o pensamento dominante, na doutrina espírita, é o que considera Deus o Criador de todas as coisas, mas não envolvido pessoalmente com o mundo. O mundo estaria sujeito e controlado pelas leis físicas, pelas leis de causa e efeito, pelas leis naturais por Ele criadas. Daí o interesse de muitos espíritas pelo estudo dessas leis. Estas leis também estariam regulando o aperfeiçoamento dos espíritos desencarnados. Vejamos o pensamento espírita sobre salvação, perdão e arrependimento.

"Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno à senda do bem; a pena dura tanto quanto a obstinação do mal; seria perpétua, se perpétua fosse a obstinação; dura pouco, se pronto é o arrependimento. Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe faculta esperá-la. Mas, não basta o simples pesar do mal causado; é necessária a reparação, pelo que o culpado se vê submetido a novas provas em que pode, sempre por sua livre vontade, praticar o bem, reparando o mal que haja feito... Assim, o Espírito culpado e infeliz pode sempre salvar-se a si mesmo (o realce é nosso): a lei de Deus estabelece a condição em que se lhe torna possível fazê-lo. O que mais das vezes lhe falta é a vontade, a força, a coragem" (E.S.E., cap. XXVII, item 21).

Vamos tentar decodificar o hieróglifo. O espírito que praticou o mal, em um corpo humano ou não, pode clamar a Deus por misericórdia. Deus ouve o clamor, concede misericórdia ao espírito arrependido, permitindo-lhe receber esta misericórdia quando quiser ("lhe faculta esperá-la"). Mesmo tendo recebido de Deus misericórdia, o arrependido espírito deve, para reparar sua culpa, praticar o bem ou através dos médiuns ou em vidas corpóreas, isto é, voltar à Terra em corpo humano (reencarnações). Mas tudo isso se o espírito julgar conveniente fazê-lo. Tudo depende dele. Deus não exige nada. Aqui aparece a figura do Deus pessoal, que ouve e deseja atender. Mas depois se afirma que as "leis estabelecem condições". Meditemos: se o espírito não acreditar em Deus; não aceitar dar duro na Terra, passar fome, ser aposentado ou lavrador no sertão de Pernambuco; enfim, se o espírito mau for ateu e rebelde, então ele continuará fazendo suas maldades, infernizando a vida dos parceiros, xingando os bons espíritos e atazanando os terráqueos. E Deus ficará esperando eternamente por sua boa vontade, e pela lei do Carma. 

Sobre a graça de Deus, assim se expressou Allan Kardec:
..."aquele que possui a virtude a adquiriu por seus esforços, em existências sucessivas, despojando-se pouco a pouco de suas imperfeições. A graça é a força que Deus faculta ao homem de boa-vontade para se expungir do mal e praticar o bem" (E.S.E., introdução, XVII).

Cristianismo e espiritismo não falam uma mesma linguagem. Graça é graça, é favor imerecido. "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Romanos 3.23-24)

Isoladamente, o sofrimento e as boas obras não justificam os homens perante Deus: "Todos nós somos como o imundo, e todos os nossos atos de justiça como trapo da imundícia..." (Isaías 64.6)

"Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre TODOS os homens para justificação de vida."  (Rom 5.18)


Mais referências bíblicas sobre sacrifício perfeito por todos? Ai vão:


"se deu a si mesmo em preço de redenção por TODOS" (1Ti 2.6);

"é o Salvador de TODOS os homens" (1Ti 4.10);

"trazendo salvação a TODOS os homens"
(Tit 2.11);

"provasse a morte por TODOS" (Heb 2.9);

"querendo ... que TODOS venham a arrepender-se" (2Pe 3.9);

"ele é a propiciação pelos ... pecados ... de TODO o MUNDO" (1Jo 2.2);

"fez cair sobre ele a iniquidade de nós TODOS" (Is 53.6);

"Cordeiro de Deus, que tira o pecado do MUNDO" (João 1.29);

"Deus amou o MUNDO ... para que TODO AQUELE que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna" (João 3.16);

"TODOS atrairei a mim" (João 12.32);

"TODO AQUELE que invocar o nome do Senhor será salvo" (Rom 10.13);

"um morreu por TODOS ... ele morreu por TODOS" (2Co 5.14-15);

"reconciliando consigo o MUNDO" (2Co 5.19);

"quer que TODOS os homens se salvem" (1Ti 2.3-4).

A doutrina espírita ignora a obra expiatória do Senhor Jesus; despreza, com desdém, o Seu sacrifício na cruz; nega haver remissão de pecados para os que O aceitam como Senhor e Salvador; nega a eficácia da graça e da fé ao admitir que o pecador salva-se a si mesmo. Vejamos o que escreveu Léon Denis: "A missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os espíritos, aos milhares afirmam em todos os pontos do mundo". 

Aqui o espiritismo é explícito em afirmar que o homem não depende de Deus. Então para que os desencarnados clamam a Deus por misericórdia e, em suas preces, os espíritas Lhe pedem para enviar os bons espíritos?
Se sozinho se resgata da ignorância e do mal, porque, mesmo sabendo o que é e o que não é pecado continuam pecando?
  • A PALAVRA DO CRISTIANISMO:
De Gênesis a Apocalipse, na Bíblia Sagrada, Deus é apresentado como um Deus pessoal, que ouve, atende, perdoa, fala, corrige, disciplina, nomeia, orienta. O espiritismo ao mesmo tempo em que diz ser Deus "infinito em suas perfeições", declara que Deus fez os espíritos rudes e ignorantes. Ao mesmo tempo em que diz que Deus é onipotente, pode todas as coisas, não admite que Ele possa perdoar totalmente os pecados dos que se arrependem.

Deus fala: "E disse Deus: Haja luz; e houve luz" (Gênesis).

"Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho" (Hebreus 1.1 e 2).

Deus ouve, perdoa, responde: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2 Crônicas 7.14). 

Deus tem vontade própria: "Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou" (Salmos 115.3). 

Deus tem sentimentos de misericórdia e de profundo amor: "Compassivo e piedoso é o Senhor, lento para a cólera, e abundante em amor" (Salmos 103.80).

O Deus do cristianismo é onipotente, onipresente, onisciente, imutável e eterno. É Deus trino, Deus em trindade, porque nele subsistem três pessoas distintas: o Pai é Deus; o Filho é Deus; o Espírito Santo é Deus. 

Sobre salvação, vejamos o que ensina a Bíblia:
"Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é dom de Deus - não das obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2.8-9).

Quando o cristianismo fala em fé, fala em arrependimento; em obediência, dedicação pessoal e fidelidade a Jesus Cristo. Quando fala em graça, fala na infinita misericórdia imerecida de Deus derramada sobre os homens (não por nossas obras). A fé salvífica - fé em Jesus Cristo - "é a única condição prévia que Deus requer do homem para a salvação". A fé, como colocada no versículo supra, funciona como o leito de um rio. É preciso que haja um leito (fé) para que as águas (graça) deslizem e formem o rio.

"Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito" (Romanos 8.1). 

"Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus" (João 8.44). 

"Na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lucas 2.11). 

"Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa" (Atos 16.31).

"Em nenhum outro há salvação, pois também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4.12). 

Quem morre em Cristo não fica por aí perambulando, entrando em fila para reencarnar; procurando um médium para fazer o bem, a fim de pagar seus pecados. Os de Cristo vão direto para Cristo. Vejam:
"Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Palavras de Jesus, na cruz, ao ladrão arrependido, Lucas 23.43).

Embora o ladrão tivesse muitos pecados, Jesus não acenou com a hipótese de serem necessárias várias reencarnações para que ele alcançasse a perfeição. Espíritas há argumentando que essa passagem é do seguinte modo em outras traduções: "Digo-te hoje: estarás comigo no paraíso". Esta é uma tradução burra ou tendenciosa. Ou as duas coisas. O espiritismo se perde tanto nos remendos e interpretações que faz da palavra de Deus, para associar sua doutrina ao cristianismo, que vez por outra chega a ser hilária. Jesus, por acaso, poderia ter dito: Digo-te ontem, ou digo-te amanhã? E mais:
"Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo..." (Filipenses 1.23). 
"Mas se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1.7, 9).

Quando Deus perdoa não o faz pela metade. Quando Ele salva não salva pela metade. Todo o sacrifício necessário à nossa salvação foi feito na cruz do calvário por Jesus. O povo de Deus não ficará errante em um mundo espiritual, esperando a vez para ser purificado, pulando de galho em galho à procura de "mundos ditosos" onde estão os espíritos puros, como quer o espiritismo. O sacrifício do Filho de Deus foi completo, perfeito, eficaz e suficiente. O que nele crê será salvo; O que não crê já está condenado. Nele somos justificados. Portanto, o "cristianismo" que Allan Kardec apresenta não tem origem nas palavras de Jesus.
Contrapondo-se à lei do Carma, à lei do "salva-se a si mesmo", da negação do perdão, da salvação somente pela caridade, o Senhor Jesus responde: "Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados, levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa" (Mateus 9.6). 


Bem, quem falou isso foi Aquele que veio do céu "ensinar a justiça de Deus aos homens".
Sobre a salvação só pela caridade, como ensina o espiritismo, necessário algumas explicações. Ninguém de sã consciência desaprova a caridade, o fazer o bem, o amar o próximo, o ajudar os necessitados. Agora, bom lembrar que somos salvos PARA as boas obras. Não somos salvos PELAS boas obras. O homem não pode comprar sua própria salvação, com obras. Vejamos: "Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é dom de Deus - não das obras, para que ninguém se glorie, pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2.8-10). 


O homem salvo, ou seja, que crê no Senhor Jesus, na Sua morte expiatória e ressurreição, e na remissão dos pecados, este, por ser nova criatura, faz boas obras. São boas obras - em pensamentos, palavras e atos - decorrentes da fé no Senhor Jesus. A fé a que o cristianismo se refere não é a fé na fé. É a fé no Senhor Jesus. "Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça" (Romanos 11.6). 

A fé no Senhor Jesus é evidenciada por nossas obras: "Mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras". "Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem as obras é morta" (Tiago 2.26). 

As obras distanciadas da fé, não decorrentes da fé no Senhor Jesus, não servem para a salvação. Se a caridade por si só salvasse, o homem pecador poderia alcançar os "mundos ditosos" sem depender de Deus, e de nenhuma espécie de fé. O cristianismo ensina que a fé salvífica é a fé no Senhor Jesus Cristo.

CÉU E INFERNO

A PALAVRA DO ESPIRITISMO:


"São apenas alegorias (inferno e paraíso). Há, por toda parte, Espíritos felizes e infelizes. Contudo como já o dissemos, os espíritos da mesma ordem se reúnem por simpatia. Mas, quando perfeitos, podem reunir-se onde queiram. Levamos em nós mesmos o nosso inferno e o nosso paraíso. O céu é o espaço universal; são os planetas, as estrelas, e todos os mundos superiores, onde os Espíritos gozam de todas as suas faculdades..." (Livro dos Espíritos, questões 1012, 1016, 10l7).
  • A PALAVRA DO CRISTIANISMO:
"O céu é a morada de Deus e futura morada daqueles que confiaram no sacrifício de Cristo. Foi criado antes da Terra com o objetivo de manifestar a glória divina". "O inferno é lugar de suplício, penas e açoites,criado por Deus para abrigar as almas dos iníquos, até que se instaure o Juízo Final" (Dic. Teológico, Claudionor Andrade, 1997). "Pois esperava a cidade (o céu) que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e construtor" (Hebreus 11.10). 

A oração-modelo ensinada por Jesus começa assim: "Pai nosso que estais nos céus..." (Mateus 6.9). "Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés" (Isaías 66.1) 

"Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23.43).

Os "espíritos" que sopraram a doutrina espírita fecharam o inferno, despediram Satanás e seus demônios; aboliram o juízo final, e disseram aos desencarnados: salve-se quem quiser. No espiritismo o diabo se faz de morto. O céu, assim como o inferno, é um lugar espiritual separado do espírito, distinto do espírito. O inferno não se resume a um sentimento de culpa, ou o céu a um sentimento de paz, como ensina o espiritismo. Allan Kardec no seu livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo" declara que o Senhor Jesus veio à Terra com missão divina de ensinar a justiça de Deus; implantar e difundir a mais pura e insuperável moral evangélico-cristã. Esta declaração não é de nenhum evangélico fanático. É do doutrinador mor e fundador do espiritismo moderno. Vejamos, portanto, o que o Senhor Jesus diz sobre inferno: "E serão lançados (os que cometem iniquidade) na fornalha de fogo, onde haverá pranto e ranger de dentes" (Mateus 13.42, 49, 50).

"Melhor é que entres na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno" (João 18.8-b). 

"Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?" (Mateus 23.33).

Os espíritas poderão, se quiserem, alterar as palavras do Senhor Jesus, para excluir a possibilidade de haver inferno e juízo final, assim: Onde Ele diz vida eterna, leia-se "eternidade nos mundos ditosos". Onde se lê condenação, entenda-se condenados a sofrerem muitas reencarnações. Fornalha de fogo... são fogos de artifício, pela alegria da chegada de novos desencarnados para o início de uma nova caminhada rumo à pluralidade dos mundos. Fogo eterno? Não é bem assim: é forno terno, brando, ameno, amoroso. Inferno? Já o vivemos na terra. Inferno é o peso das culpas. Dia do juízo será o dia em que todos os desencarnados, que ainda não expurgaram seus males, tomarão juízo e seguirão com destino à Divina Luz. Logo, a verdade vem à tona sem que seja preciso gastar muita tinta. A doutrina espírita não combina com a doutrina cristã. A propósito, transcrevemos a seguir um trecho do livro Porque Deus Condena o Espiritismo, de Jefferson Magno Costa, 3ª Edição, 1992, p. 121, 122, em que ironiza alguns aspectos da doutrina espírita: "Analisando-se a doutrina da reencarnação, chega-se à conclusão de que o Deus em quem os espíritas creem, poderia conversar com eles nos seguintes termos: "Ó meus filhos, não façam coisas erradas, ouviram? Eu ficaria muito triste com isso. Não gostei do que andaram fazendo alguns irmãozinhos de vocês. Ora, meus filhos, mas não é que o Nero, aquele garoto romano muito do peralta, mandou envenenar seu irmão, andou fazendo coisas feias com sua própria mãe e depois mandou matá-la, mandou matar também sua mulher e milhares de outras pessoas: praticou atos homossexuais, mentiu, estuprou, tocou fogo em Roma e jogou a culpa do incêndio sobre os cristãos, resultando esse ato na morte de milhares deles, queimados em estacas enquanto Nero passeava em seu carro à luz das tochas humanas. 
Lançou muitos cristãos aos cães, enrolados em peles de animais, e divertiu-se ao vê-los ser despedaçados, jogou centenas de outros diante de leões famintos, e depois de praticar inúmeras ações de menino mal comportado, matou-se, apunhalando-se. "Vocês não concordam comigo que Nero merece uma boa punição? Mas não há de ser nada. Eu vou castigá-lo quando ele encarnar outra vez. Talvez ele volte como limpador de jaula de leão de circo. Ah! ele vai morrer de medo dos urros do leão! Assim estaremos quites! Aí vocês aproveitam pra dar uns conselhos a ele, e também a Herodes, conforme Kardec e seus "espíritos" deram a vocês. "Muitos outros andaram fazendo certas coisinhas, como estuprar crianças, matar mulheres indefesas, jogar bebês para cima e apará-los na ponta de uma lança, mas tudo isso são coisas de meninos mal educados e 'atrasados', que não se comportaram direito na reencarnação. Aliás, aproveito nossa conversa para confessar que estou com um probleminha aqui. Talvez vocês, como espíritas inteligentes que são, possam ajudar-me a resolvê-lo. Estou aqui com uma turma de garotos que merecem um bom puxão de orelhas, umas palmadas e uns bons conselhos. Trata-se de Hitler e sua turma de meninos rebeldes: Eichman, Himmler, Hydrich e outros. Andaram assassinando aí uns 6.000.000 de judeus, e praticando certas coisas que nem é bom serem mencionadas aqui. "O que é que eu faço com eles? Estive pensando em reencarná-los e torná-los lavadores de pratos, jardineiros ou faxineiros de restaurantes judeus. Aí eles ajustariam contas comigo! Ah! como eu ia gostar de ver Hitler, Joseph Mengele e toda aquela turma pagar-me, com uma vassoura ou um cortador de gramas na mão, as traquinagens que fizeram na Segunda Guerra Mundial! "Continuando, diz o referido autor: "Considerando-se a permissividade e o inadmissível e absurdo sistema de justiça que o espiritismo prega aos que se interessam por suas doutrinas, certamente esse é o "Deus" do espiritismo, um "Deus" bonachão, só misericórdia e pequenos castigos, e incapaz de agir com justiça diante das ações da humanidade".

O ESPÍRITO SANTO

A PALAVRA DO ESPIRITISMO:


"Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito... O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei: ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas... O Espiritismo vem trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra... Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra" (E.S.E., cap. VI, itens 3 e 4). Em resumo, Kardec diz que o Espírito Santo prometido é o espiritismo que, através de seus "espíritos", estará sempre conosco, nos consolando e nos levando ao conhecimento da verdade.
  • A PALAVRA DO CRISTIANISMO:
Allan Kardec foi infeliz na interpretação acima. O Consolador prometido não pode ser uma religião ou um conjunto de práticas ocultistas. Não pode ser e não é uma instituição, uma seita orientada por entidades espirituais. O Consolador não são os espíritos. O Consolador é o Espírito da Verdade, e não o Espírito de Verdade, como quer o kardecismo. Se os bons espíritos ou espíritos puros representassem o Consolador, o Senhor Jesus certamente diria: enviarei os consoladores, aqueles que estarão sempre convosco, ensinando todas as coisas através de canalizadores que receberão o dom do Pai. "E rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre" (João 14.16). A palavra "outro", traduzida do grego allon, significa "outro da mesma espécie"; e "consolador", do grego parakletos, tem o sentido de "alguém chamado para ficar ao lado de outro para o ajudar". Se o consolador é o espiritismo, os cristãos do mundo inteiro ainda não receberam essa promessa. Para recebê-la seria necessário aderirem ao espiritismo e receberem os "passes" mediúnicos. Pelo menos, quanto a mim, o espiritismo não está ao meu lado para me ajudar em nada. O Senhor Jesus afirmou que quando Ele fosse, o Consolador viria (João 16.7). Teria Jesus atrasado o cumprimento de sua promessa por dezenove séculos, considerando-se a época do surgimento do espiritismo como o conhecemos hoje? O Consolador é o Espírito Santo, uma pessoa da Trindade: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito". (João14.26). O artigo definido "o" define (desculpe-me pelo óbvio). Logo, o Senhor Jesus, nessa passagem, diz que Espírito Santo e Consolador são a mesma Pessoa. O Senhor Jesus define, nomeia, estabelece, distingue, identifica. Nada nos leva a deduzir que o Consolador seja uma doutrina, um conjunto de doutrinas, uma religião, um espírito ou vários espíritos desencarnados, bons ou maus. 

O Consolador é o Espírito de Deus (Mateus 3.16);
Espírito da Verdade (João 14.17);
Espírito da Profecia (Apocalipse 19.10);
Espírito de Vida (Romanos 8.32);
Espírito de Santidade (Romanos 1.4);
Espírito de Sabedoria, de Conselho, de Inteligência, de Poder (Isaías 11.2);
Espírito do Senhor (Isaías 61.1);
Espírito do Filho (Gálatas 4.6);
Espírito Eterno (Hebreus 9.14);
Espírito de Juízo (Isaías 4.4);
Espírito de Graça (Zacarias 12.10). 

Seus atributos são os mesmos da Divindade:
eternidade (Hebreus 9.14);
onipresença (Salmos 139.7-10);
onipotência (Lucas1.35);
onisciência (1 Coríntios 2.10).


Vê-se claramente que o Espírito Santo é uma PESSOA - a terceira - da Trindade. "Naqueles dias veio Jesus de Nazaré, na Galiléia, e foi batizado por João no Jordão. Logo que saiu da água viu os céus abertos, e o Espírito que, como pomba, descia sobre ele. Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo" (Marcos1.9-11). Aí temos Jesus (o Deus Filho;); o Espírito (o Deus Espírito Santo) e a voz dos céus (o Deus Pai). O cristianismo ensina que o Espírito Santo guia, reprova, pensa, fala, intercede, determina, capacita, vivifica, convence do pecado, nomeia e comissiona ministros, e habita com os santos. Logo, o Espírito Santo não é espiritismo, nem o espiritismo é o nosso Consolador. "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós" (1 Coríntios 3.16). O espiritismo ou os espíritos não habitam nos homens. Os "espíritos" possuem os corpos daqueles que a eles se entregam, se consagram e lhes obedecem. O Espírito da Verdade não incorpora em corpos. Os "espíritos" de verdade do espiritismo, estes sim, possuem os corpos de suas montarias; comandam a mente dos médiuns, tornando-os inconscientes, quando em transe. Os crentes não ficam possessos do Consolador. A possessão é a posse de um corpo humano por uma entidade maligna. Ademais, a Bíblia nos ensina que Jesus Cristo foi concebido pelo Espírito Santo (Lucas 1.35), foi ungido pelo Espírito Santo (Atos 10.38), guiado pelo Espírito Santo (Mateus 4.1), foi cheio do Espírito Santo. (Lucas4.1) Não se fala em bons espíritos, espíritos puros ou espiritismo. Allan Kardec falou de algo que ele desconhecia. Os espiritistas não podem arguir a insuficiência da Bíblia para a elucidação do caso, dizendo que nela não acreditam, porque Allan Kardec usou-a para admitir que o Consolador prometido é o espiritismo. Também usou a Escritura em tantos outros casos, no seu livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, sempre dando interpretação particular aos textos bíblicos. Logo, para rebater suas ideias discordantes e destoantes a única arma é a verdade da Palavra de Deus. Lembremo-nos do que foi dito: "o espiritismo não rodopia junto à Bíblia"; "seus princípios não se assentam nos das Escrituras". Allan Kardec declarou alto e bom som que "o cristianismo contém todas as verdades" (?!).

RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO
  • A PALAVRA DO ESPIRITISMO:
A espinha dorsal do kardecismo é a crença na reencarnação, isto é, na possibilidade de as almas, preexistentes, voltarem à vida corpórea para purificação, quantas vezes seja necessário. Preexistência da alma e pluralidade das existências são termos chaves no ensino reencarnacionista. Ressurreição é o retorno, à vida, de um corpo morto, com a mesma alma. "A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome ressurreição... Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Não há, pois dúvida de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus, ponto que Jesus e os profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo" (O Evangelho Segundo Espiritismo, cap. IV, itens 4 e 16). Note-se que Allan Kardec declara ser cientificamente impossível a ressurreição, mas aprova a de Lázaro numa clara confusão daquilo que acaba de escrever (volta da alma ou espírito à outro corpo) porém Lázaro não voltou ao mesmo corpo?  "Com efeito, demonstra a Ciência a impossibilidade da ressurreição conforme o dogma vulgar. Se os despojos do corpo humano ficassem homogêneos, mesmo que dispersos e reduzidos a pó, ainda poderia compreender-se sua reunião num dado momento... Sendo a matéria em quantidade definida e, por outro lado, sendo as suas transformações indefinidas, como é que cada um dos corpos poderia ser reconstruído com os mesmos elementos? Eis aí uma impossibilidade material. Racionalmente é, pois, inadmissível a ressurreição da carne, a não ser como uma figura, simbolizando o fenômeno da reencarnação, e, assim, nada que choque a razão, nada em contradição com os dados da ciência" (Livro dos Espíritos, questão 1011). 
Esquece-se Kardec do próprio Jesus Cristo, morto e ressurreto ao terceiro dia, pelo poder de Deus. Desconhece o que está escrito em Ezequiel 37.1 a 13?

E mais:

"E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno."  (Daniel 12.2)

"Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai."  (Mateus 10.8)

"Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho."  (Mateus 11.5)

"E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos."  (Mateus 17.9)

"Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu. E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. "  (Mateus 22.30 a 32)

"E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos." (Mateus 27.50 a 53)

"E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia."  (João 6.39)


"Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia."  (João 6.44)

"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia."  (João 6.54)

"Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá." (João 11.23 a 25)

"E muita gente dos judeus soube que ele estava ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara dentre os mortos."  (João 12.9)

"Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição;"  (Romanos 6.5)
  • A PALAVRA DO CRISTIANISMO:


"E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo..." (Hebreus 9.27). O homem não precisa morrer várias vezes para alcançar a suprema glória de morar no céu e estar com Cristo. A doutrina da reencarnação nega o poder de Deus de perdoar totalmente nossos pecados, e despreza o sacrifício de Jesus na cruz. Ora, perdão é perdão. Havendo sincero arrependimento e desejo de não mais pecar, o perdão de Deus será incondicional. Prova inequívoca disto é a afirmação de Jesus que disse o seguinte ao ladrão arrependido, crucificado ao seu lado: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso" (Lucas 23.43). Com esta afirmação Jesus confirmou que os salvos - arrependidos, perdoados e crentes em Jesus -, após a morte, seguirão imediatamente para o paraíso. Aquele ladrão, segundo a doutrina da reencarnação, teria que passar por uma ou várias vidas corpóreas, ou seja, sua alma voltaria à vida humana para expurgar toda nódoa do mal. Paulo, "servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus", declarou em Filipenses 1.23: "...tenho desejo de partir e estar com Cristo...". Paulo tinha a certeza de que não ficaria vagando no espaço à espera de uma oportunidade para voltar à vida corpórea. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). "Perecer" aí significa morte eterna, que significa eterna separação de Deus. "Vida eterna" não é uma existência espiritual cheia de pesar, de sentimentos de culpa, de dores, de necessidade de retornar à Terra por uma, duas ou mais vezes para expiação. Para o kardecismo, vida eterna significa a eternidade espiritual. Então Jesus teria dito uma bobagem, porque crendo ou não crendo todos nós iremos viver nessa eternidade. E Jesus arremata: "Quem nele crê (no Filho de Deus) não é condenado, mas quem não crê já está condenado" (João3.18); "Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora" (João 15.6). Jesus definiu claramente, em termos objetivos, a essência do plano de salvação de Deus para a Humanidade, e quais as condições estabelecidas. Quem acredita que verdadeiramente Ele é o Filho de Deus, o Verbo que se fez carne; quem crê na Sua morte substitutiva; na Sua morte e ressurreição; na remissão de pecados que há no Seu sangue; quem O aceita como Senhor e Salvador pessoal, não é condenado. Não será condenado a voltar várias vezes à Terra para cumprir pena. Não será condenado a trabalhos forçados. Lembremo-nos de que depois da morte vem o juízo. (Hebreus 9.27) "Se permanecerdes no meu ensino, verdadeiramente sereis meus discípulos". "Então conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8.31, 32, 36). Ora, o espírito que necessita voltar em carne para sofrer, não está verdadeiramente livre. Não se livrou de suas culpas, de seus pecados, do peso de suas transgressões. Carrega-os consigo. E quem poderá livrá-lo de uma vez por todas desse peso? Jesus. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem de obras,  para que ninguém se glorie" (Efésios 2.8). "Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Romanos 3.23-24). 

Ressurreição e Milagres "A ressurreição dá ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível..." (E.S.E., Allan Kardec,cap. IV, item 4). Dito isto, o espiritismo não acredita na ressurreição de Jesus. A Bíblia registra duas formas de ressurreição: 

1) ressurreição do corpo que estava morto, ou restauração da vida, mas que voltará a morrer. São sete os casos: 

a. O filho da viúva de Serepta (1 Reis 17.19-22);
b. O filho da sunamita (2 Reis 4.32-35);
c. O defunto na cova de Eliseu (2 Reis 13.21);
d. A filha de Jairo (Marcos 5.21-23, 35-43);
e. O filho da viúva de Naim (Lucas 7.11-17);
f. Lázaro (João 11.1-46);
g. Dorcas (Atos 9.36-43).


2) ressurreição plena, real, para não mais morrer. Exemplo único: a ressurreição de Jesus (Mateus 28.1-10; Marcos 16.1-8; Lucas 24.1.12; João 20.1-10; 1Coríntios 15.4, 20-23). Haverá, ainda, uma ressurreição coletiva: a dos justos, na segunda vinda de Jesus (1 Tessalonicenses 4.16-17); e a dos ímpios, para condenação, após o milênio. (Apocalipse 20.5). A Bíblia registra, ainda, uma ressurreição coletiva ocorrida logo após a morte de Jesus (Mateus 27.52). Sobre a ressurreição de Jesus, Paulo assim se  glorioso, os que dormem em Cristo ressuscitarão quando do Seu retorno à Terra, e os que estiverem vivos nessa ocasião serão arrebatados: "Pois o mesmo Senhor descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras. (I Tessalonicenses 4.13-18) Também  expressou: "Pois primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos Doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos, e por último de todos apareceu também a mim, como a um abortivo" (1Coríntios 15.3-8).

Jesus foi o primeiro a ressuscitar dentre os mortos (Atos 26.23). "Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem" (1 Coríntios 15.20). "Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos... os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós [os que estiverem vivos por ocasião da vinda de Jesus] seremos transformados" (1 Coríntios 15.51). Como não é possível explicar cientificamente ou racionalmente o milagre da ressurreição, o espiritismo tropeça e não ensina com segurança. Vejam o que Allan Kardec diz na conclusão do Livro dos Espíritos, item II: "Que são os milagres? Não são fatos maravilhosos e sobrenaturais por excelência, uma vez que, conforme o sentido litúrgico, são derrogações das leis da natureza? Não cabe ao Espiritismo examinar se há ou não há milagres; isto é, se, em certos casos, pode Deus derrogar as leis eternas, que regem o universo. A tal respeito ele (o Espiritismo) deixa inteira liberdade de crença". 
Ó céus! Se Allan Kardec afirma que o Espiritismo é a terceira e última Revelação de Deus; que Deus só se comunica com os homens através dos Bons Espíritos; que o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus para ensinar aos homens todas as coisas; que o Espiritismo veio dar luz às coisas obscuras, esclarecer o que foi dito através de alegorias, etc., como é que o Espiritismo não possui os meios necessários para explicar a ocorrência de milagres? Entretanto, no capítulo XIX, item 12, do E.S.E., Kardec expõe com maior nitidez seu pensamento sobre milagres: "Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Também os apóstolos não operaram milagres, seguindo-lhe o exemplo? Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis? O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres... prodígios que não passam de um desenvolvimento das faculdades humanas". Em suma, o espiritismo de Kardec nega a operação de milagres mediante manifestação sobrenatural do poder de Deus. Seriam efeitos naturais, produto das leis naturais. Diz que quem cura é o Magnetismo, que atua através de nossa fé, e que qualquer um pode operar milagres desde que desenvolva suas faculdades humanas. Como teria funcionado o Magnetismo na ressurreição de Lázaro, há quatro dias sepultado? E a de Jesus, ressuscitado depois de três dias? No caso de Lázaro, poder-se-ia alegar que o Magnetismo operou através da fé de Jesus. No caso de Jesus o Magnetismo teria funcionado sozinho?! Então, para o espiritismo, Jesus foi um grande magnetizador, pois deu vista aos cegos, levantou paralíticos, curou surdos, mudos, leprosos e outros enfermos, aos milhares. A ressurreição de Jesus foi o evento mais importante e extraordinário de toda a história da humanidade. Nesse milagre, como nos demais, Deus simplesmente ignorou as leis da natureza; passou por cima de todas elas, porque Ele é superior à Ciência. Deus está acima das leis por Ele criadas. As leis existem, mas Deus pode a qualquer momento mudar-lhes o curso para a satisfação de seus desígnios. O próprio Jesus predisse sua ressurreição: "Vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado. No terceiro dia ele ressurgirá" (Mateus 20.18-19). "Mas, depois de eu ressuscitar, irei adiante de vós para a Galiléia" (Mateus 26.32). O corpo de Lázaro já cheirava mal, pois estava sepultado já havia quatro dias. Os elementos físicos estavam em fase de decomposição, mas Jesus bradou para que todos ouvissem: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá" (João 11.25-26). E apenas disse: "Lázaro, vem para fora!".
E o morto saiu, tendo as mãos e os pés enfaixados, e o rosto envolto num lenço. O próprio Deus responde aos incrédulos: "Operando eu, quem impedirá?" (Isaías 43.13). Deus não está sujeito à Física, à Ciência, às leis da natureza. Ele é soberano, Todo-Poderoso. Se Ele pode dar vida a um corpo que morreu há quatro dias, também pode ressuscitar corpos que dormem há mil anos. Ou alguém há que acredite num Deus limitado? O que é mais fácil: dar vida a um corpo morto há 500 anos, ou criar o universo com milhões de galáxias, com bilhões de estrelas? Olhemos só para o nosso Sistema Solar: sol, lua, estrelas, marés alta e baixa; noite e dia; verão, primavera, outono, inverno, tudo funcionando mais perfeito do que qualquer relógio suíço. Pois bem, todos ressuscitarão. Uns, para a vida eterna com Cristo. Outros, para a morte eterna. Não há explicações científicas para as diversas manifestações do poder de Deus. Como explicar as pragas no Egito, para permitir a saída do povo de Deus? A abertura do Mar Vermelho? O livramento dos três companheiros de Daniel, jogados numa fornalha? A ressurreição de Lázaro? A ressurreição de Jesus? As demais ressurreições? Centenas de outras manifestações sobrenaturais, como explicar de forma racional? Na verdade, o ensino do espiritismo no particular é igual ao do movimento Nova Era: você é Deus; você pode salvar-se a si mesmo; você pode operar prodígios com sua mente. Reencarnação - Aspectos particulares "A reencarnação é a volta da alma, ou espírito, à vida corporal, mas em outro corpo novamente formado para ele que nada tem de comum com o antigo." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. IV, item 4). Reencarnar é, literalmente, encarnar de novo. Segundo o kardecismo, as almas já existem no espaço entre o céu e a terra; Deus as teria produzido em grande quantidade. Há um estoque de almas "simples e ignorantes" esperando a vez de encarnarem. Daí o termo "preexistência das almas". A volta da alma a um corpo humano para sofrer e, com isso, livrar-se das faltas cometidas em vidas passadas, seria uma injustiça. Deus seria injusto se castigasse um ser humano por faltas cometidas por outro em outra(s) existência(s); e, além disso, sem o punido ter consciência do mal praticado. Se assim fosse, evitaríamos até de mitigar o sofrimento de uma pessoa para não interromper ou retardar o processo de seu aperfeiçoamento. O ensino reencarnacionista desqualifica o sacrifício de Jesus, que morreu em nosso lugar para que, nele crendo, tivéssemos salvação. 
João Batista e Elias: O kardecismo afirma que João Batista era a reencarnação de Elias, e baseia-se na seguinte declaração de Jesus: "E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem, então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então, entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista". (Mateus 17.10-13). E noutra oportunidade Jesus falou: "E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir" (Mateus 11.14). Este é o prato predileto dos que defendem a reencarnação. O incongruente é que o Evangelho é verdadeiro nos casos em que há possibilidade de confirmar a doutrina espírita. Caso não confirme, é mentiroso. Ou seja: em alguns casos Jesus fala a verdade; noutros, é um mentiroso, ou fala falsamente, ou leva a coisa na brincadeira. Refutamos a ideia de que João Batista era Elias reencarnado, pelos seguintes motivos:
1. A Bíblia interpreta-se a si mesma. Será que João Batista, um homem de Deus, escolhido por Deus mesmo antes de nascer, não teria conhecimento de que no seu corpo estava o espírito de Elias? Se a crença da reencarnação fosse assim tão difundida e aceita; se Jesus fosse um médium, como diz o espiritismo; se vivessem os apóstolos nesse clima de experiências espirituais, é claro que algum espírito já teria revelado tal coisa a João Batista ou ele teria feito uma regressão. Exemplo disso é o do francês Léon Hippolyte Rivail que sabia ser ele a reencarnação dum poeta celta com o nome Allan Kardec. Mas, quando perguntaram a João Batista se ele era Elias reencarnado ou não, a resposta foi: "Não sou". (João1.21).
2. O profeta Elias não passou pela morte física. Seu corpo foi transformado num corpo glorioso, celestial e arrebatado, levado para o céu: "Indo eles andando e falando, de repente um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro, e Elias subiu ao céu num redemoinho" (2 Reis 2.11). A reencarnação, segundo o kardecismo, tem por objetivo livrar as almas do peso das culpas, pelo sofrimento, e proporcionar melhor purificação. Não teria nenhum sentido o retorno daquele profeta para sofrer como sofreu João Batista, e ainda ser decapitado. Elias foi arrebatado vivo, e o espiritismo não admite a possibilidade de pessoas vivas reencarnarem. Seria insensatez admitir a existência do corpo de Elias no corpo de João Batista.
3. Os judeus julgavam que João Batista fosse Elias ressuscitado, e não reencarnado. (Lucas 9.7, 8) Em certa ocasião admitiram acreditar que Cristo era a ressurreição de Elias. (Lucas 9.7, 9)
4. Em Malaquias 4.5 lê-se que o profeta Elias ressurgirá para cumprimento de um ministério especial "antes que venha o dia grande e terrível do Senhor". Tal acontecimento escatológico diz respeito à plenitude dos tempos, certamente na Grande Tribulação ou pouco antes. Ora, o tempo de João Batista e de Cristo de maneira nenhuma pode ser assim considerado.
5. A profecia que Zacarias ouviu acerca de seu filho João Batista revelou que "Ele irá adiante dele [de Jesus] no espírito e poder de Elias" (Lucas 17). Quando Jesus falou "eis aí o Elias tão esperado", referindo-se a João Batista, estava, em suma, dizendo que Elias não ressuscitara como todos esperavam, mas que João Batista iria desempenhar o papel de precursor do Messias, com a mesma coragem e espírito de Elias. Expressão análoga vamos encontrar em 1 Reis 2.15: "O espírito de Elias repousa sobre Eliseu". Eliseu, momentos antes de Elias ser arrebatado, disse-lhe: "Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim" (2 Reis 2.9). Isto não significaria que o espírito de Elias iria encarnar em Eliseu. Na verdade, este pedira a Deus que lhe permitisse ser um digno sucessor de Elias, em todos os aspectos.
6. Por ocasião da transfiguração de Jesus no monte, quando apareceram Moisés e Elias, João Baptista já havia morrido, pois fora decapitado por ordem de Herodes. Quem deveria aparecer ali seria João Baptista, e não Elias. Segundo a doutrina reencarnacionista, apareceria a reencarnação mais recente. Na questão 150 do Livro dos Espíritos lê-se que a alma "tem um fluído que lhe é próprio, colhido na atmosfera de seu planeta, e que representa a aparência de sua última encarnação".
Nascer de novo: O espiritismo admite que as expressões "nascer de novo" e "nascer da água e do Espírito", ditas por Jesus a Nicodemos (João 3.1-21), confirmam a doutrinada reencarnação. Não é verdade. "Nascer do Espírito" é semelhante a "nascer de Deus", ser nova criatura. Exemplo: "Todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber: aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade do homem, mas de Deus" (João 1.12-13), e "Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo." (2 Coríntios 5.17) Portanto, nascer de novo nada tem a ver com a volta de um espírito desencarnado a um corpo. Jó 1.21 "Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá". A palavra ventre tem o significado, também, de "interior da terra". Analisemos: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor" (Jó 1.21). Este versículo também é usado pelos espíritas para afirmar que a doutrina da reencarnação é bíblica, ou seja, "nu voltarei" significaria que Jó, após sua morte, voltaria à vida corpórea. Essa interpretação não é verdadeira. Se ele reencarnasse iria para o ventre de outra mãe. O sentido correto é que Jó não trouxe nada quando veio ao mundo, e voltaria sem levar nada. Vejamos: Em Gênesis 3.19 lemos: "...porquanto és pó e em pó te tornarás". Paulo escreveu: "Porque nada temos trazido para o mundo nem coisa alguma podemos levar dele" (1 Timóteo 6.7). "Como saiu do ventre da sua mãe, assim nu voltará, indo como veio. Nada tomará do seu trabalho, que possa levar na sua mão" (Eclesiastes 5.15) ..."quando morrer, nada levará consigo, nem a sua glória o acompanhará" (Salmo 49.17). Então, Jó voltaria nu ao interior da terra, da mesma forma como saiu, nu, do ventre da sua mãe. Portanto, nada há nessas passagens que possa justificar ou legitimar o ensino da preexistência das almas ou da reencarnação. Salmo 126.5-6 "Os que semeiam com lágrimas, segarão com cânticos de alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará com cânticos de alegria, trazendo consigo os seus molhos". A mensagem do referido Salmo está longe de significar qualquer coisa relacionada com reencarnação. A sua abordagem não é espiritual; é material. O Salmo é uma manifestação de alegria pelo fim do cativeiro babilônico, e retorno à terra natal. Mas a alegria é mesclada de tristeza e de lágrimas por ver a terra desolada, a atividade rural quase sem perspectiva. No verso 4 a oração de confiança no Senhor: "Restaura a nossa sorte, ó Senhor, como as correntes do Neguebe [ou as correntes do sul]", isto é, os riachos temporários da região árida do sul da Judéia, conhecida como Neguebe. Aquela gente estava disposta a recomeçar a atividade rural. Com tristeza ou não, o povo de Deus estava disposto a semear para mais tarde colher com alegria os frutos. Se o entendimento se relacionar com a semeadura de boas obras, também não encontramos qualquer relação com reencarnação das almas. Vejamos: Em Gálatas 6.8 lê-se: "O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna". Em Mateus13.37-43, Jesus diz: "O que semeia a boa semente é o Filho do homem. O campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do reino. O joio são os filhos do maligno, e o inimigo que o semeou é o diabo. A ceifa é o fim do mundo, e os ceifeiros são os anjos. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa pecado, e todos os que cometem iniqüidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo, onde haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o Sol, no reino de seu Pai". Gálatas 6.9: "E não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo ceifaremos". 2 Coríntios 5.10: "Pois todos devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito [semeado] por meio do corpo, ou bem, ou mal". O espiritismo acredita que haverá várias semeaduras e várias colheitas. A alma, através do corpo, plantaria na primeira, na segunda e em outras tantas encarnações, e a cada uma delas colheria os frutos do que semeou. Assim continuaria até alcançar o estado de espírito puro. Essa doutrina é antibíblica. Se semearmos na carne, isto é, se trabalharmos apenas para satisfazer as paixões do corpo, sofreremos na própria vida os danos dessa decisão: prostituição, impureza, idolatria, feitiçarias, orgias, bebedices, invejas, etc. Mas se semearmos no Espírito, isto é, andarmos guiados pelo Espírito Santo, a Ele submisso, colheremos o que a Bíblia chama de "fruto do Espírito": amor, paz, bondade, mansidão, domínio próprio. (Gálatas 5.16-24). Portanto, o que semeia no Espírito ganhará a vida eterna. A Bíblia fala da grande colheita, no final dos tempos, na volta de Jesus, quando a igreja será arrebatada e os mortos, salvos, ressuscitarão. Jesus disse que a ceifa é o fim do mundo (Mateus 13.37-43). Todos comparecerão diante do Justo Juiz para colherem conforme o que semearam. Ezequiel 37.1 "...me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos... profetizei como ele me ordenara, então o espírito entrou neles e viveram. Então ele me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel". Nenhuma conotação de reencarnação da alma. De acordo com os propósitos de Deus, Ezequiel foi arrebatado em espírito e teve uma visão: ele viu um vale de ossos secos; e depois de profetizar sobre eles, ouviu do Senhor a promessa de dar vida a esses ossos. O próprio Senhor, no verso 11, esclarece o significado real da visão: "Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel". Os ossos representam "toda a casa de Israel", isto é, tanto Israel como Judá, no exílio, cuja esperança pereceu na dispersão entre pagãos. Deus mandou Ezequiel profetizar para os ossos. Os ossos então reviveram em duas etapas: (1) uma restauração nacional, ligada à terra (v.7, 8), e (2) uma restauração espiritual, ligada a fé (v.9, 10). Esta visão objetivou garantir aos exilados a sua restauração pelo poder de Deus e o restabelecimento como nação na terra prometida, apesar das circunstâncias críticas de então (v. 11-14). Essa restauração teve início no tempo de Ciro (Esdras 1), mas só terá pleno cumprimento quando Deus congregar os israelitas na sua terra, nos tempos do fim, numa ocasião de grande despertamento espiritual. Muitos judeus crerão em Jesus Cristo e o aceitarão como seu Messias antes de Ele voltar para estabelecer o seu Reino.
João 9.1-5 "Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais, mas isto aconteceu para que se manifestem nele as obras de Deus. Devemos fazer as obras daquele que me enviou enquanto é dia. A noite vem, quando ninguém pode trabalhar". Espíritas há que veem nesses versículos conotação reencarnacionista, talvez não explícita, pelo menos velada. Nenhuma coisa nem outra. Pelo contrário. Jesus afirma que as nossas boas obras devem ser feitas enquanto temos vida ("enquanto é dia"), porque depois da morte ("a noite vem") ninguém pode trabalhar. E não haverá outra oportunidade. Os judeus estavam errados em acreditar que toda enfermidade era resultado de um pecado cometido pelo enfermo ou por seus ascendentes. Esta enfermidade, como a de Jó, foi permitida, dentro do propósito divino, para manifestação do poder, do amor e da glória de Deus. Mas há doenças que têm como causa direta o pecado. A AIDS é um exemplo. A maioria dos aidéticos cometeu o pecado do adultério, do sexo fora do casamento ou do homossexualismo: "E, semelhantemente, também, os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homem com homem, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro" (Romanos 1.27). Tal assertiva foi confirmada por Jesus, quando disse a um inválido por ele curado: "Olha, agora estás curado. Não peques mais, para que não te suceda coisa pior" (João 5.14). Veja-se: aquela enfermidade de oito anos foi decorrente de pecados cometidos pelo próprio enfermo, e não por existências anteriores. Não podemos pagar pelos erros dos outros. Todavia, os filhos, por má influência, podem continuar cometendo os mesmos pecados dos pais, por várias gerações, como veremos a seguir. Êxodo 20.5 "...visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos". O espiritismo vê nessa mensagem uma alusão à pluralidade de existências, em que os pecadores de uma geração pagariam pelos descaminhos de gerações anteriores. Como texto fala "dos pais nos filhos", teriam os espíritas de admitir que os filhos seriam necessariamente reencarnações dos pais, o que é contrário ao ensino kardecista. Ora, em Êxodo 34.6-7, Deus se revela "tardio em iras e grande em beneficência"; que "perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado"; "que ao culpado não tem por inocente". E, é lógico, ao inocente não tem por culpado. Deus castigará "aqueles que me odeiam", como está no texto. Ademais, a geração posterior será culpada e castigada se continuar no pecado; se os filhos, por mau exemplo familiar, seguirem os passos dos pais, adotando seus hábitos e procedimentos pecaminosos, sofrerão as consequências.
Ainda hoje se vê não uma família apenas, mas nações inteiras na prática da idolatria e do ocultismo. Não porque estejam pagando pelos erros dos outros, mas porque seguiram a mesma tradição, os mesmos hábitos e costumes dos antepassados. Por isso, o Evangelho da salvação do nosso Senhor Jesus Cristo deve ser pregado a toda criatura. Deus oferece a fórmula para uma reconciliação: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2 Crônicas 7.14). O filho não carregará a culpado pai, salvo se seguir-lhe o mesmo caminho pecaminoso. Ezequiel 18.1 "A alma que pecar, essa morrerá. Sendo um homem justo, e fazendo juízo e justiça... o tal justo certamente viverá, diz o Senhor Deus. Se ele gerar um filho ladrão, derramador de sangue... não viverá [o filho] porque fez todas estas abominações. Mas se gerar um filho que veja todos os pecados que seu pai fez e, vendo-os, não cometer coisas semelhantes... o tal não morrerá pela maldade de seu pai; certamente viverá. Seu pai, porque praticou extorsão, roubou os bens do próximo e fez o que não era bom... morrerá pela sua própria maldade. Por que não levará o filho a maldade do pai? Porque o filho fez juízo e justiça, guardou todos os meus estatutos, e os praticou, por isso certamente viverá. A alma que pecar, essa morrerá. O filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele. Mas se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá. De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele. Tenho eu algum prazer na morte do ímpio? diz o Senhor Deus. Não desejo antes que se converta dos seus caminhos e viva? Eu vos julgarei, a cada um conforme os seus caminhos. Arrependei-vos e vivei". (v. Jeremias 31.30). A Palavra acima é o corolário de tudo quanto foi dito antes, neste artigo, sobre arrependimento, perdão, julgamento, salvação e morte eterna. "Certamente morrerá/viverá" significa viver a alma eternamente separada de Deus, ou eternamente com Deus. E esse julgamento será na plenitude dos tempos. Não sei onde os espiritistas encontraram nesses versículos algo que possa confirmar a transferência de culpas de pai para filho ou de qualquer pessoa para outra. Aquele que pecar, pagará pelos seus pecados. Não existe maldição hereditária. A salvação é pessoal. O julgamento é individual. Os versículos sob análise dão maior clareza ao que está em Êxodo 20.5 ("visito a maldade dos pais nos filhos"), já comentado, e enfatizam que cada um presta conta de seus próprios pecados. Outras passagens confirmam o que acabamos de ler. Vejamos: Deus perdoa totalmente: "Ainda que vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve" (Isaías 1.18); "Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro" (Isaías 43.25); "Pois lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados" (Jeremias 31.34); "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados..." (Atos 3.19). A prestação de contas é individual, e haverá o Dia do Juízo: "...todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De modo que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus" (Romanos 14.11-12); "Cada um morrerá pela sua iniquidade..." (Jeremias 31.30); "De toda palavra frívola que os homens proferirem hão de dar contas no dia do juízo" (Mateus 12.36); "Mas hão de dar conta àquele que está preparado para julgar os vivos e os mortos" (1 Pedro 4.5).

MUNDOS HABITADOS?

"Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. Virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também" (Palavras de Jesus, Mateus 14.2-3). Allan Kardec assim interpretou esta mensagem: "A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço, habitados pelos espíritos." Refutamos tal interpretação:
1) A casa de Deus é o céu, e para lá iria Jesus. Ao ladrão crucificado ao seu lado, Jesus prometeu: "Hoje estarás comigo no paraíso". "Assim diz o Senhor: "O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés... não fez a minha mão todas estas coisas, e assim vieram a existir?" (Isaías 66.1-2). Aquele ladrão não iria vagar por muitas encarnações e planetas outros até morar num "mundo ditoso", como quer o espiritismo.
2) Jesus promete voltar para levar os seus para junto de si: os vivos serão arrebatados, e os mortos, ressuscitarão. (1 Tessalonicenses 4.16-17) Com isso, a doutrina da reencarnação perde seu sentido: na Sua volta, como ficariam os desencarnados que não cumpriram as etapas para purificação? É evidente que Allan Kardec ignorou a segunda parte do versículo em que Jesus promete voltar para ressuscitar os que dormem. Não estaremos espalhados por vários mundos, mas reunidos, numa só família, com Cristo. A ressurreição dos mortos anunciada na passagem acima está de acordo com Hebreus 9.27: "Aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo". Só morremos uma única vez.

  • PREEXISTÊNCIA DAS ALMAS?


O espiritismo ensina que as almas, criadas por Deus, já existem em estado "simples e ignorantes". Aos poucos vão sendo encaminhadas à Terra para viverem num corpo humano: "O mundo espírita preexiste e sobrevive a tudo. Os Espíritos estão por toda parte; povoam o espaço infinito. Estão continuamente ao vosso lado, observando e agindo, malgrado vosso, porque são uma das forças da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para a realização de seus desígnios providenciais" (Livro dos Espíritos, questões 85 e 87). A mim me parece que o espiritismo confunde anjos com espíritos humanos. Em certo debate, um espírita apresentou uma série de passagens bíblicas, como a seguir, para justificar a preexistência da alma. Refutamos do seguinte modo: Malaquias 3.1 "Eis que eu envio o meu anjo, que preparará o caminho diante de mim; e, de repente, virá ao seu templo o senhor, a quem vós buscais, o anjo do concerto, a quem desejais; eis que vem, diz o senhor dos exércitos". A palavra "ANJO" (hebraico malak; grego angelos) significa mensageiro. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus: "Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?" No versículo sob comento, o anjo que seria enviado - "envio o meu anjo"- seria João Batista, ou seja, o mensageiro João Batista, que viria preparar o caminho de Jesus, o qual assim se referiu: "João é aquele de quem está escrito: adiante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o caminho" (Mateus 11.10; Marcos 1.2; Lucas 1.76). O "anjo do concerto" é Jesus, conforme Malaquias 3.5. Não vejo nessa passagem qualquer vestígio de que a alma de João Batista estivesse previamente preparada, guardada no almoxarifado de Deus; salvo se se queira entender, forçando uma interpretação, que o anjo encarnou em João Batista. Ora, os anjos têm funções específicas. Não se transformam em almas, para, a partir daí, necessitarem de sucessivas reencarnações. Os anjos - não estamos falando dos "anjos caídos" - são seres inteligentes, superiores aos seres humanos (Hebreus 2.6,7); habitam no céu (Marcos 13.32); lutam contra as forças demoníacas (Apocalipse 12.7-9); protegem os santos (Salmos 34.7; 91.11); acompanharão a Cristo quando ele voltar (Mateus 24.30-31); trazem respostas às orações (Atos 10.4), etc. Os anjos são seres espirituais distintos dos espíritos humanos. Portanto, muito longe estão de serem semelhantes às almas "simples e ignorantes" de Allan Kardec. A única encarnação de um Espírito preexistente foi a de Jesus - porque eterno -, para que o plano de salvação dos homens nEle se cumprisse. Mas esta é outra história. Jeremias 1.5: "Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta". Deus não está limitado ao tempo. Deus, onisciente, tem o conhecimento de todas as coisas, do ontem ao amanhã, do início do mundo à plenitude dos tempos. O próprio Deus assim se revelou: "Eu sou Deus e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam" (Isaías 46.9-10). É por isso que há profecias que falam de um fato futuro como se já tivesse passado. Vejamos: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro" (Isaías 53.3-7, 700 a.C.) "Deram-me fel por alimento, e na minha sede me deram a beber vinagre" (Salmos 69.21. séculos X a V a.C. ). Logo, antes que Jeremias nascesse Deus já o conhecia; antes mesmo de sua formação, de sua concepção. Antes que o espermatozoide atingisse o óvulo, para dar início a um novo ser humano, Deus já o chamava pelo nome e preparara para ele um ministério profético. Expressões equivalentes foram ditas por Paulo: "Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça..." (Gálatas 1.15), e por Davi: "Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe..." (Salmo 139.16). Isaías 49.1, 2, 5 "Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe! O SENHOR me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe, fez menção do meu nome. E fez a minha boca como uma espada aguda... E, agora, diz o SENHOR, que me formou desde o ventre para seu servo". Diz o espiritismo que a mensagem acima dá legitimidade ao ensino da preexistência das almas. A profecia está se referindo ao Servo do Senhor, Jesus Cristo, pelo seguinte:
1) Em "ouvi-me ilhas", a palavra ilhas representa o mundo, e "povos de longe" refere-se a todas as gerações. O ministério profético de Isaías não teria tal magnitude e alcance.
2) "Chamou-me desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome", diz respeito à missão messiânica de Jesus, concebido no ventre de Maria, e chamado pelo nome antes do seu nascimento: "Conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó" (Lucas1.31, 33). 3) Somente Jesus seria a "luz dos gentios" e a "salvação até à extremidade da terra", como está no verso "6". Esta não seria tarefa para o profeta Isaías.
4) As expressão "fez a minha boca como uma espada aguda", no verso 2, alude às palavras do Messias esperado, palavras semelhantes a uma espada afiada que penetra na consciência dos homens: "... e da sua boca saía uma afiada espada de dois gumes" (Apocalipse 1.16; 2.12, 16). A profecia, portanto, nada tem a ver com preexistência das almas. Salmo 139 Vejamos alguns versículos desse salmo: "Ó Senhor, tu me sondaste e me conheces. Conheces o meu assentar e o meu levantar... conheces o meu caminho. Tu me cercaste em volta. Para onde fugirei da tua face? Pois criaste o meu interior; entreteceste-me [tecer, armar, fazer] no ventre da minha mãe. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe. Todos os dias que foram ordenados para mim, no teu livro foram escritos quando nenhum deles havia ainda". Também mencionado como argumento de que a preexistência das almas é aí ensinado. O Salmo 139 não é nada mais nada menos do que uma revelação da onipresença e da onisciência de Deus. Não se trata de uma declaração da alma do salmista, que estaria revelando situações ocorridas antes da formação do corpo. O próprio espiritismo declara que, quando encarnada, a alma não se recorda de sua vida extracorpórea. Deus está presente em todos os momentos de nossa vida, desde a concepção e, antes desta, Ele já conhecia nosso destino: "Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia". Deus tem um plano de salvação para todos os homens. O primeiro passo foi dado por seu Filho, na cruz. O passo seguinte é o nosso: aceitar a Jesus como Senhor e Salvador e permitir que o plano de Deus se realize em nossas vidas. O salmista fala, também, do Juízo Final, quando diz: "Ó Deus! Tu matarás, decerto, o ímpio. Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno" (v. 19, 24). Aqui o salmista busca a graça salvadora de Deus, para que possa viver na eterna paz. Portanto, o Salmo 139 nada tem a ver com preexistênciadas almas. Mateus 18.8-9 - Marcos 9.42-48 "Se tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma grande pedra de moinho e que fosse lançado no mar". Jesus, usando o recurso da linguagem figurativa, diz que para entrarmos no reino Deus é necessário cortarmos todas as ligações com o pecado, pois é melhor vivermos uma vida de sacrifício, de repulsa aos prazeres mundanos, do que sermos lançados no inferno. Jesus advertiu sobre a imperiosa necessidade de os crentes darem bons exemplos às crianças, afastando-as das influências ímpias do mundo; não induzirem pessoas à prática do mal; não serem instrumentos de "escândalos" para a perdição dos demais (drogas, bebidas, pornografias, falsas doutrinas, filmes imorais, piadas obscenas, prática do ocultismo). Portanto, nada do que foi dito Por Jesus tem qualquer relação com preexistência da alma. Mais uma vez Jesus fala do castigo eterno para os recalcitrantes, os duros de coração, os ímpios.
Gênesis 25.22 "O Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço". Os versículos acima contam a história do nascimento dos gêmeos Esaú e Jacó. Deus, de antemão, sabia que desses dois sairiam duas nações e seriam entre si antagônicas: os israelitas, descendentes de Jacó, de cuja linhagem surgiria o Redentor; e os edomitas, descendentes de Esaú. Esses "dois povos" se hostilizaram e se guerrearam por muitos e muitos anos. O maior exemplo desse relacionamento conflituoso foi quando o rei de Edom negou a passagem de Israel pelo seu território, por ocasião do Êxodo (Números 20.21). A menção da luta no ventre de Rebeca reforça o entendimento de que desde o começo haveria desavenças entre Jacó e Esaú no seio da família, e entre seus descendentes, tal como aconteceu. A Palavra do Senhor foi cumprida em sua inteireza. Portanto, nada que possa legitimar o ensino da preexistência ou reencarnação das almas encontra-se na passagem bíblica sob análise.

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  • MEDIUNIDADE - "DR. FRITZ"
O Brasil todo assistiu ao desenrolar das apurações e debates em torno do mais espetacular e desastroso fenômeno de mediunidade de todos os tempos. Um milhão de pessoas atendidas pelo médium Rubens Faria Júnior, que diz incorporar uma entidade espiritual denominada "Dr. Fritz". Num período de três a quatro anos teriam sido realizados cerca de duzentos mil atos cirúrgicos em doentes que diariamente buscavam alívio para suas dores. Esse espírito, "Dr. Fritz", há vinte anos atua no Brasil. Foi incorporado de início pelo médium Zé Arigó; depois, pelo médium Edson Queiroz, e, por último, pelo médium Rubens. Conforme declarações dos referidos canalizadores, "Dr. Fritz" é o espírito de um médico alemão falecido há muitos anos. O trabalho de atendimento médico-cirúrgico do médium foi suspenso como consequência de graves denúncias: morte de uma jovem paciente, ocultação de cadáver, enriquecimento ilícito, exercício ilegal da Medicina e outras. Nada temos contra a pessoa do Sr. Rubens que, diga-se de passagem, é vítima do maior inimigo de Deus e dos homens, como veremos a seguir. Pretendemos tão-somente analisar o fenômeno espiritual em si, à luz da palavra de Deus, à luz dos ensinos bíblicos. Para que os leitores possam conhecer a extensão do problema, transcrevemos matéria publicada no jornal O Dia, Rio, 06/02/1999, sob o título "DR. FRITZ SOB INVESTIGAÇÃO": "A briga entre o médium Rubens Faria Júnior, o Dr.Fritz, e sua ex-mulher Rita de Cássia Costa Faria não só ainda vai dar panos para mangas como está virando escândalo. Policial. A Polícia Federal, que entrou no caso para investigar possíveis crimes de sonegação fiscal e remessas ilegais de dólares para o exterior, feitas por Rubens, descobriu três mortes, que teriam ocorrido no galpão de atendimento do médium, na Rua Quito, na Penha. O delegado Marcelo Bertolucci soube dos cadáveres pelo segurança de Rubens - Nelson José Nunes Júnior - preso no dia 26 de janeiro por porte ilegal de pistola 9mm (arma privativa das Forças Armadas). Ele confessou ter sido o responsável pela remoção dos três corpos, pacientes do Dr. Fritz. Os cadáveres não foram para o Instituto Médico Legal (IML) mas, segundo Nelson contou no depoimento, para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde existiria um esquema montado para registrar os óbitos como se fossem de internos daquele hospital. Essa semana, o delegado Bertolucci pretende colher mais subsídios com Nelson, para investigar as mortes. Mas ele não estará sozinho. Ao saber da história pelo O DIA, o superintendente de Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Ricardo Peret, prometeu promover uma auditoria ao HGV para cruzar os registros de óbitos com os de entrada dos pacientes no hospital, tentando confirmar a história. A dor-de-cabeça que Rubens Faria terá a partir da briga que vem mantendo com Rita, em torno da partilha dos bens do casal, não pára por aí. Tanto Rita como seu irmão, Sebastião Odilo Moreira da Costa, que durante muito tempo auxiliaram Rubens Faria quando ele incorporava o Dr. Fritz, agora o acusam de charlatanismo. Sebastião, que no galpão era conhecido como Renato, era quem organizava todos os atendimentos, funcionando com uma espécie de coordenador, tanto na Penha (RJ), como no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo. Ambos garantem que demoraram a descobrir que tudo não passava de um embuste. Eles dizem que a injeção que o médium costumava dar nos pacientes não passava de um fingimento. A seringa era abastecida com aguarrás, álcool e iodo. "A injeção não era dada na pessoa, mas num pedaço de gaze escondida na mão esquerda do Dr. Fritz", afirmou Sebastião. Rita não só confirma a história da falsa injeção como põe mais pimenta na história do galpão. Garante ter surpreendido o médium sozinho com moças sem roupas na sala de cirurgia. Em depoimento que assinou, confessa: "senti uma grande vergonha de ter participado daquela farsa". Espírito mau ou bom? O espiritismo não admite a existência de demônios, inferno, Juízo Final, Satanás, Diabo, pecado, salvação pela graça, morte expiatória de Jesus, condenação eterna, e outras doutrinas bíblicas. Por isso, cristianismo e espiritismo são irreconciliáveis. Portanto, a partir da crença espírita, o Dr. Fritz é o espírito de uma pessoa falecida. Resta saber se é um espírito bom ou mau. Hippolyte Léon Denizart Rivail, que usa em seus livros o pseudônimo Allan Kardec, o codificador das doutrinas espíritas, afirmou que existem espíritos capazes de tudo: mentirosos, enganadores, imitadores de caligrafias e de vozes, perversos, orgulhosos, semeadores de discórdia, criadores de sistemas absurdos (e porque não criadores de doutrinas absurdas), enganadores de médiuns, levianos, vaidosos, medíocres, ambiciosos, capazes de todos os ardis, etc. (O Evangelho Segundo oEspiritismo (E.S.E.), de Allan Kardec, caps. XXI eXXVIII, págs. 335, 340, 342 e 414; Livro dos Médiuns, págs. 272, 281, 282 e 285). Se o Dr. Fritz é do grupo dos perversos, então justificam-se as dificuldades enfrentadas pelo "canal" Rubens, os transtornos na sua vida conjugal, a morte de doentes por ele atendidos, e de outras coisas mais. Ninguém sabe quantas pessoas atendidas pela entidade espiritual chamada Dr. Fritz ficaram em situação pior, nem quantas sofreram ou morreram nas mãos dos médiuns Zé Arigó e Edson Queiroz. Não se trata do exercício legal de práticas religiosas, assegurado na Constituição. O exercício da mediunidade, nesses termos, equivale-se ao curandeirismo. Se os espíritas consideram como válida a hipótese de o Dr. Fritz ser um espírito mau, seria de bom alvitre fazê-lo "subir" numa sessão espírita para tentar doutriná-lo, ou aconselhá-lo a reencarnar. Então, a comunidade espírita apresentaria mais tarde um novo Dr. Fritz, em melhores condições de dar prosseguimento ao seu trabalho. Entretanto, os defensores dessa ideia estariam diante de algumas dificuldades:
1) Dr. Fritz, usando de seu livre-arbítrio, poderia recusar a reencarnação ou a conversão;
2) Os espíritos bons presentes nessa sessão poderiam não ser tão bons assim, porquanto, segundo Kardec, há espíritos que enganam os médiuns;
3) Possibilidade de o Dr. Fritz não atender ao convite, ou seja, não "subir". Kardec consente nessa real possibilidade quando diz no cap. XXVIII, pág. 447, do Evangelho Segundo o Espiritismo: "Os maus espíritos são aqueles que ainda não foram tocados de arrependimento; que se deleitam no mal e nenhum pesar por isso sentem; que são insensíveis às reprimendas, repelem a prece e muitas vezes blasfemam do nome de Deus. São essas almas endurecidas que, após a morte, se vingam nos homens dos sofrimentos que suportaram e perseguem com o seu ódio aqueles a quem fizeram mal durante a vida, quer obsidiando-os, quer exercendo sobre eles qualquer influência funesta. Duas categorias há bem distintas de Espíritos perversos: a dos que são francamente maus e a dos hipócritas. Infinitamente mais fácil é reconduzir ao bem os primeiros do que os segundos. Aqueles, as mais das vezes, são naturezas brutas e grosseiras, como se nota entre os homens; praticam o mal mais por instinto do que por cálculo e não procuram passar por melhores do que são". Kardec acertou na descrição das qualidades desses espíritos malignos, mas errou em não chamá-los de demônios liderados por Satanás, o maior inimigo de Deus e dos homens. Se bem entendi, os maus se dividem em maus de verdade, e hipócritas. Os maus, genuinamente maus, são de fácil recuperação e podem ser doutrinados facilmente. Com jeitinho aceitam reeencarnar para sofrerem em muitas outras vidas. Já os hipócritas são osso duro de roer. Ora, os maus são bons ouvintes que procuram seguir os conselhos. Os maus hipócritas são da pesada. Tenho a impressão que muitos leitores estão perguntando onde o francês León Hippolyte Denizart Rivail foi buscar essas ideias. Como os espíritas não acreditam em Juízo Final ou Inferno, espíritos dessa espécie ficarão por aí fazendo o mal eternamente sem serem molestados, e Deus sem nada fazer, até porque "Deus não mandaria um filho seu para o castigo eterno", como argumentam os espíritas. Admitida a hipótese de ser Dr. Fritz um espírito bom, teriam que explicar porque a vaca foi pro brejo, ou seja, porque as coisas desandaram. Os espíritos bons, no entender da doutrina espírita, protegem e ensinam o bom caminho. Logo, o Dr. Fritz não permitiria que o trabalho mediúnico fechasse as portas. Digo isto porque, segundo Kardec, Deus se comunica com os homens SOMENTE através dos espíritos bons. Fico a meditar se Deus, soberano e ilimitado, estaria limitado nas suas comunicações. Em resumo, entendo que o médium Rubens não incorpora um bom espírito, porque um bom espírito ter-lhe-ia dado total proteção para o êxito no exercício da mediunidade. A hipótese de o Sr. Rubens ser médium e não ser espírita não encontra respaldo nos ensinos kardecistas. Kardec declara que os "médiuns receberam de Deus um dom gratuito", ou seja, "o de serem intérpretes dos Espíritos, para instrução dos homens, para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé...". Não esclarece em quem é a fé. O médium, segundo a doutrina espírita, é um canal (daí a expressão moderna de "canalizador") por onde fluem os espíritos dos mortos. Os bons espíritos ouvem a Deus, recebem de Deus as instruções e as repassam aos homens, diz o espiritismo. É por essas e outras que Kardec considera o espiritismo a Terceira Revelação de Deus. Resumindo, temos: Kardec diz que médium é o que incorpora espíritos de mortos; o Sr. Rubens diz que incorpora espíritos de mortos; logo, o Sr. Rubens é médium. Nem todo espírita é médium; mas todo médium é espírita. Como também nem todo médico é cardiologista, mas todo cardiologista é médico. Creio que a maioria dos espiritistas aspiram à mediunidade. E os líderes incentivam os novos a essa prática: "você tem mediunidade e precisa desenvolvê-la". A mediunidade é para o espiritismo, como a enxada é para o lavrador. Logo, não se pode dissociar a mediunidade do espiritismo. Nós, cristãos, sabemos que não são espíritos de pessoas falecidas que eles incorporam. Outra hipótese é a que não aceita as qualidades mediúnicas do Sr. Rubens, e, portanto, não o tem como espírita. Seria um pseudo-médium, charlatão, trapaceiro. Os que assim pensam certamente enfrentam alguma dificuldade em explicar:
1) A comunidade espírita engoliu por muitos anos a farsa sem nada perceber?
2) Idem, idem, com relação aos médiuns Zé Arigó e Edson Queiroz?
3) Os bons espíritos, que "sobem" ou "descem" nas centenas de sessões por esse Brasil afora, não falaram nada, não deram nenhuma dica, levando em conta que estava em jogo o conceito da mediunidade, o conceito do espiritismo, o conceito dos próprios bons espíritos?
4) A comunidade de médiuns, embora sabendo da farsa, resolveu silenciar? Não há como, com os "dons" mediúnicos disponíveis, detectar um falso médium?
5) As alterações de voz e semblante observáveis no Sr. Rubens, quando este se diz possuído pelo Dr. Fritz, denunciam ou não a presença de uma entidade espiritual?
6) Se se trata de uma farsa, o que dizem milhares de pessoas que estiveram com ele?
7) Como explicar os cortes cirúrgicos - de peles, nervos e ossos - sem que as vítimas demonstrassem sentir qualquer dor? 

OS MORTOS NÃO VOLTAM.

Segundo os ensinos da Palavra de Deus os mortos não voltam. O princípio é que os mortos nada podem fazer pelos vivos, e estes, nada, pelos mortos. Após a morte do corpo, o espírito segue para um lugar determinado, para a paz eterna ou para o eterno sofrimento. Assim diz o Senhor Jesus: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. QUEM NELE CRÊ NÃO É CONDENADO, MAS QUEM NÃO CRÊ JÁ ESTÁ CONDENADO, PORQUE NÃO CRÊ NO NOME DO UNIGÊNITO FILHO DE DEUS" (João 3.17-18). Da parábola do "rico e Lázaro", proferida pelo Senhor Jesus, ficamos conhecendo a que tipo de condenação Ele se referiu. Deduz-se que os mortos se encontram em lugares já definidos, sem condições de mudança e sem permissão para se comunicarem com os vivos. O rico - não pelo fato de ser rico, mas porque idolatrava sua riqueza - estava num lugar infernal, em tormentos; e Lázaro, em um lugar de gozo e paz. JESUS É A VERDADE! Não é demais lembrar que o espiritismo exalta as qualidades morais de Jesus, embora não o reconheça como Senhor e Salvador. Kardec não diz que Jesus é totalmente mentiroso. Ele afirmou que "o Cristo veio ensinar aos homens a justiça de Deus"; que "no Cristianismo encontram-se todas as verdades"; que "o Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos". Ora, o cristianismo, religião fundada pelos discípulos de Jesus, tem por base doutrinal os ensinos do Mestre, a Sua condição de Cristo, o Messias, Sua morte expiatória, Sua ressurreição, dentre outros. Kardec se rende às divinas mensagens do Senhor Jesus, mas ensina que o tempo do Senhor Jesus já passou; que o espiritismo é a Terceira Revelação de Deus; que a alma humana se instalou inicialmente em macacos; que a alma salva-se-á a si mesma, etc. Kardec se contradiz. Aproxima-se do cristianismo e o reconhece como o caminho da verdade, mas nega essas verdades. Usou o cristianismo para apresentar sua tese, qual planta trepadeira que busca sustentação e vida nas árvores robustas. A que conclusão quero chegar? Concluir que todas as palavras pronunciadas pelo Senhor Jesus, suas mensagens e parábolas, devem ser aceitas e acatadas pelos espiritistas, sob pena de se colocarem em atitude de rebelião contra Kardec ou, copiando o mestre, cair no contraditório. Daí porque deve ser considerada veraz a palavra do Senhor Jesus, e reconhecida a autenticidade dos livros bíblicos por Ele citados, tais como os livros da lei mosaica, o livro de Salmos, a palavra dos profetas, o livro de Jonas, o de Isaías, as palavras de seus apóstolos, que dEle receberam instruções e, por extensão, toda a Bíblia Sagrada. Os espíritas costumam acreditar em algumas mensagens do Senhor Jesus, e rejeitar outras. Como se Ele fosse verdadeiro em apenas parte do que falou e ensinou. Como se Ele fosse metade mentira, metade verdade. Em João 17.17, o Senhor Jesus, intercedendo pelos discípulos, diz: "Santifica-os na verdade; A TUA PALAVRA É A VERDADE." Logo, a Palavra santifica e contribui para que a fé nasça nos corações dos homens. O próprio Jesus declara: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE, E A VIDA (João 14.6). Ora, Kardec disse que Senhor Jesus ensinou a justiça de Deus, que Deus revelou-se nEle, que o cristianismo contém todas as verdades, e que a missão de Jesus foi divina. Kardec foi muito esperto na elaboração de sua doutrina. Colocou o Senhor Jesus nas alturas, e disse que o cristianismo é a verdade. Porém, quando se vê encurralado dá o pulo do gato. Ele simplesmente diz que o Senhor Jesus não estava falando sério quando se referiu a Satanás e seus demônios, os quais, para Kardec, seriam tão-somente espíritos atrasados, impuros, mas que um dia chegarão à perfeição. No Livro dos Espíritos, questão 131, referindo-se a Jesus e a satanás, diz: "Não se sabe que a forma alegórica é uma das características de sua linguagem?" Em síntese, Kardec está duvidando da seriedade do Senhor Jesus. Para Kardec, Jesus estava brincando quando ordenou que Satanás saísse de sua presença (Mateus 4.10); quando classificou o Diabo de homicida e pai da mentira (João 8.44); quando libertou uma mulher das amarras de Satanás (Lucas 13.16); quando outorgou poderes aos crentes para expulsarem demônios (Marcos 16.17). QUEM É O DR. FRITZ? Tenho dúvida se ele é o próprio Satanás, se um simples demônio, ou, quem sabe, um grupo de demônios, uma falange como disse o médium Rubens. Muito bem disse Kardec quando afirmou que eles mentem, falsificam, são perversos ao extremo, capazes de tudo. Errou por muito pouco não lhes dispensando a denominação correta, a correta denominação que o Senhor Jesus lhes deu. Capazes de tudo, astutos, inteligentes e organizados, esses demônios dizem que são espíritos desencarnados (coitadinhos!); enganam os incautos nas sessões espíritas, imitam caligrafias de pessoas falecidas e suas vozes; falsificam quadros de pintores famosos; tomam posse dos corpos dos que invocam seu nome; e, como vimos no fenômeno Rubens/Fritz, cortam corpos e matam. A entidade incorporada pelo médium Rubens não é um espírito desencarnado, mau ou bom. É maligno o espírito por ele recebido, qualquer que lhe seja o nome dado: exu, preto-velho, satanás, diabo, demônio, pomba-gira, caboclo, capeta, belzebu, espírito mau, espírito malfazejo, espírito perverso, iemanjá, orixá, tranca-rua, ogum, oxóssi, xangô, omolu, iansã, oxum, caboclo, espírito-guia, ou Dr. Fritz. 

"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios". (1 Timóteo 4.1)

"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema". [amaldiçoado] (Gálatas 1.8)

LOUVADO E ENGRANDECIDO SEJA NOSSO SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO!
 
B I B L I O G R A F I A 

ANKERBERG, John (e John Weldon) - Os Espíritos-Guias (The facts on Spirit Guides), 1988.
BEZERRA, Edir Macedo - Orixás, Caboclos e Guias, 1993.
BIBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL - Almeida Revista/corrigida.
COSTA, Jefferson Magno - Porque Deus Condena o Espiritismo, 1957.
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, 1985; O Livro dos Espíritos, 1997.
LEWIS, C.S. - Milagres, Um Estudo Preliminar, 1947
OLIVEIRA, Raimundo F. de - Seitas e Heresias de Todos os Tempos, 1993; As Grandes Doutrinas da Bíblia, 1949.

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O nascimento do espiritualismo

O espiritualismo como o conhecemos hoje é uma invenção americana. Foi inventado no dia 31 de março de 1848, quando as adolescentes Margaretta e Catherine Fox descobriram que podiam se comunicar com os mortos, ou que, pelo menos, podiam convencer outras pessoas disto.
A família Fox vivia em um grande casarão na área rural do condado de Hydesville, NY. Um casarão grande, antigo e cheio de histórias de assombrações. Desde que se mudaram, os Fox vinham sendo incomodados todas as noites por misteriosos barulhos de pancadas nas paredes, estalos e passos em quartos onde não havia ninguém. Na noite do dia 31 de março, os barulhos recomeçaram e John Fox, o chefe da família, levantou-se mais uma vez em seu ritual noturno para vasculhar portas, janelas, frestas e saliências em busca da fonte dos barulhos. A certa altura, sua filha mais nova, Kate, que o acompanhava na vigília, percebeu que sempre que batia palmas um certo número de vezes, um igual número de estalos era ouvido. Kate dizia "faça como eu faço, Mr. Splitfoot", e os barulhos ecoavam pela casa em resposta aos seus. Desconfiada de que alguém pudesse estar lhes pregando um trote de primeiro de abril, a Sra. Fox decidiu perguntar em voz alta a idade de suas filhas. Para seu espanto, os estalos se seguiram suficientemente espaçados para que ela pudesse distinguir uma a uma a idade se suas filhas, incluindo uma que havia morrido muito cedo. Convencida de que não se tratava de uma brincadeira, a Sra. Fox fez uma série de perguntas sobre quem estava por trás dos misteriosos sons: "É um ser humano que está fazendo estes barulhos?" (nenhuma resposta). "É um espírito?" (um estalo foi ouvido) e assim por diante, até concluir que a ruidosa assombração era o espírito de um jovem caixeiro viajante que havia sido roubado, assassinado e enterrado no porão daquela casa. Escavações posteriores no porão revelaram um osso, aparentemente humano, e alguns pedaços de roupa, o que causou uma grande comoção. (Em 1904, 56 anos depois, uma ossada completa seria encontrada no porão. A história completa pode ser lida aqui. Já os depoimentos do Sr. e da Sra. Fox sobre aquela noite em que tudo começou estão transcritos aqui).
A notícia de que as irmãs Fox podiam se comunicar com os mortos se espalhou como fogo em mato seco. Pessoas vinham aos milhares de todas as partes do país para presenciar o fenômeno. A irmã mais velha, Leah Fox Fish, que havia sido recentemente abandonada pelo marido sem um tostão no bolso, decidiu transformar em negócio a habilidade das irmãs e nomeou-se empresária das meninas. De Hydesville para o mundo, logo as Fox estavam realizando apresentações dos dois lados do Atlântico.
Com o estrondoso sucesso das irmãs Fox, não demorou muito para que outras pessoas descobrissem que também podiam se comunicar com os mortos e começassem a faturar por suas habilidades; até mesmo Leah, a empresária das irmãs, também começou a receber os espíritos, afirmando que o talento para se comunicar com os mortos era um dom familiar. A época era propícia para o negócio - o que os profissionais chamariam de uma janela de oportunidade - afinal, com mais de meio milhão de mortos da guerra civil americana (1861-1865) todo mundo tinha um parente ou amigo com quem gostaria de entrar em contato. Logo o espiritualismo tornou-se uma febre mundial, algo como os reality shows e programas de makeover modernos.

As pessoas com poderes de servir como meio de comunicação com o "outro lado" passaram a ser chamadas de "médiuns" (que siginifica "meio") e as sessões mediúnicas (sittings) passaram a ser shows muito concorridos. E muito impressionantes também. Os participantes se sentavam com as mãos dadas, em torno de uma mesa, em uma sala parcamente iluminada ("para não distrair", explicavam os médiuns), decorada por velas e símbolos ocultistas. Nos primeiros anos do fenômeno, uma mesa trepidante era suficiente para sinalizar a presença do espírito, mas com o passar do tempo (e o acirramento da concorrência) tornaram-se comuns descrições de objetos sendo atirados longe, aparições fantasmagóricas, instrumentos musicais que tocavam sozinhos, materializações e vozes misteriosas (como no final do filme "Os Outros"). Foi também nesta época de efervescência espiritual que surgiram as primeiras fotografias de fantasmas (o que foi uma notável coincidência com a invenção dos negativos de placas de vidro que permitiam dupla exposição; um efeito especial inexistente até então).

Declínio e queda do espiritualismo 

Apesar de contar com vários simpatizantes de peso entre os intelectuais - Sir Artur Conan Doyle, criador do frio e racional detetive Sherlock Holmes, foi um dos mais fervorosos - o movimento espiritualista também tinha muitos críticos. Os céticos diziam que os fenômenos espirituais não eram nada mais do que truques baratos de mágica e acusavam os médiuns de explorarem a fé e a dor dos que procuravam consolo na comunicação após a morte.
Se os médiuns não eram mais do que mágicos mal intencionados, nada melhor do que outro mágico para desmascará-los. E assim iniciou-se a tradição - que se mantêm até hoje - de mágicos devotados a expor os falsos fenômenos paranormais. Alguns nomes ficaram muito famosos, como John Nevile Maskeylne e Alexander Herrmann, mas nenhum causou mais baixas ao espiritualismo do que aquele que foi o maior mágico de todos os tempos: Harry Houdini.

Houdini tinha uma experiência amarga com o espiritualismo. Certa vez, depois de muita relutância, ele permitira que Lady Doyle, a esposa de Conan Doyle, de quem era grande amigo, canalizasse as mensagens de sua mãe, que havia falecido recentemente. A mensagem que Lady Doyle transmitiu a Houdini estava em inglês e o chamava de "Harry". O único problema é que a mãe de Houdini nunca o chamava de Harry - que era apenas seu pseudônimo artístico - e não falava uma palavra de inglês! Lady Doyle, até onde Houdini podia afirmar, era uma mulher honesta, que possivelmente acreditava realmente poder se comunicar com os mortos, mas Houdini sabia que outros médiuns estavam deliberadamente explorando a dor dos vivos. Houdini sabia bem demais disso; ele também já tinha praticado aqueles mesmos truques no início de sua carreira (o que lhe causou grande arrependimento pelo resto da vida). Por isso, e também para dar um impulso extra à sua carreira, que já não permitia as extravagâncias físicas da juventude, Houdini se tornou o arquiinimigo dos médiuns.

Houdini costumava comparecer disfarçado às sessões mediúnicas, acompanhado de um jornalista e um policial à paisana. Assim que a sessão tinha início e o "espírito" se manifestava, Houdini se revelava e expunha todos os truques do médium, para grande revolta e embaraço dos presentes. O médium era preso e a notícia saía com grande destaque no jornal do dia seguinte. As "batidas céticas" de Houdini eram tão populares que ele foi convidado a fazer parte do comitê permanente da revista Scientific American que investigava médiuns famosos. A revista oferecia um prêmio de 2.500 dólares, que Houdini depois aumentou para 10.000, para o médium que conseguisse produzir alguma manifestação espírita que Houdini não pudesse desmascarar (hoje em dia, o mágico James Randi elevou o prêmio para um milhão de dólares - desafio que nosso paranormal local, Thomaz Green Morton, "O Homem do Rá", aceitou há alguns anos e depois desistiu). Enquanto desmascarava médiuns pelo país, Houdini percorria universidades, igrejas, academias de polícia e convenções, demonstrando como os espiritualistas realizavam seus truques.


irmãs Fox
Como expoente do movimento espiritualista, as irmãs Fox foram várias vezes investigadas por céticos. Elas foram acusadas de produzir os sons atribuídos aos espíritos com os joelhos, tornozelos, pés e até por meio de ventriloquismo, mas a despeito dos esforços dos diversos comitês de investigação ninguém nunca provou nada, ao menos definitivamente. É bem verdade que muitos desses comitês investigativos eram formados por nada mais que "honrados membros da comunidade", escolhidos antes por sua posição de destaque na comunidade do que por sua proficiência em ciência ou mágica. Também é verdade que as respostas das meninas, obtidas através dos espíritos, eram muitas vezes bastante imprecisas, especialmente quando recebiam os espíritos dos "famosos". Sobre isso, conta-se que certa vez, durante uma sessão, um dos participantes levantou-se inconformado com os erros gramaticais das mensagens que supostamente estavam sendo enviadas por Benjamim Franklin, um grande intelectual em vida. Entretanto, isso não parecia afetar a credibilidade das meninas, que continuaram se apresentando por muito tempo.
O declínio das Fox veio afinal em 1888, junto com todo o resto do movimento espiritualista. Alcoólatras, pobres e, sobretudo, profundamente magoadas com a irmã Leah, a quem acusavam de ter gastado todo o dinheiro ganho às suas custas e de ter conspirado para retirar a guarda dos filhos de Maggie, as irmãs decidiram que era hora de contar toda a verdade. Depois de uma declaração ao jornal New York Herald, Maggie reuniu a imprensa e, diante do salão lotado da Academia de Música de Nova Iorque, demonstrou como utilizava o dedão do pé para produzir os "sons dos espíritos". Maggie revelou que ela e Kate tinham aprendido a estalar os dedos dos pés quando crianças e que usaram esta habilidade para pregar uma peça em seus pais naquela noite em Hydesville. Segundo ela, a travessura, que era para ser apenas um trote de primeiro de abril adiantado, acabou saindo do controle e enveredou por um caminho sem volta quando a irmã Leah as obrigou a se apresentar como médiuns. A confissão das Fox não obteve o efeito esperado sobre a irmã, que a essa altura, tendo conquistado um bom casamento e uma posição de destaque na sociedade, queria distância do circo espiritualista. Talvez por isso, passado algum tempo Maggie e Kate se arrependeram, negaram tudo o que tinham dito e tentaram retomar o ganha-pão com o trabalho de médiuns. Mas já era tarde, nenhuma das duas resistiu ao escândalo: Kate morreu em 1892 e Maggie no ano seguinte.
Ao final, mais do que a confissão das irmãs Fox e os numerosos escândalos de fraude, o que determinou a decadência do movimento espiritualista foi o seu próprio exagero. Mesas que levitavam, aparições fantasmagóricas, mensagens redigidas sozinhas e materializações começaram a parecer dramáticas e inacreditáveis demais para o século XX. Ainda assim, o fenômeno espiritualista experimentaria um revival durante a primeira guerra mundial, com seu novo contingente de mortos, e mais tarde nos anos 80 com o surgimento do movimento New Age, quando os médiuns revelaram capacidades, até então inexploradas, de contactar alienígenas e espíritos de sociedades míticas, como a Atlântida.

Os tabuleiros falantes


Logo depois do "telégrafo espiritual" inventado pelas irmãs Fox, o primeiro método utilizado pelos médiuns para se comunicar com os mortos foi a "mesa girante" (table turning). Um grupo de pessoas se sentava ao redor de uma mesa (quanto mais leve melhor) apoiando seus dedos sobre ela. Feitas as invocações espirituais iniciais, a mesa logo começava a balançar e girar batendo com suas pernas no chão; as pancadas eram transformadas em sinais: uma pancada para "sim", duas para "talvez" e três para "não". Era demorado e um tanto entediante, mas em uma época sem grandes passatempos as mesas girantes se tornaram uma verdadeira mania.
Mesas saltitantes eram uma maneira bastante barulhenta e um tanto inconveniente para que os espíritos transmitissem longas mensagens e novas tecnologias foram desenvolvidas. Uma base em forma de coração com rodinhas e um lápis acoplado, na qual o médium apoiava sua mão se tornou bastante popular em 1860. A planchette, como era conhecida, tinha a desvantagem de que os garranchos produzidos eram quase impossíveis de serem lidos, mas era simples e barata e vendeu como pão quente nas mãos das companhias de brinquedos. Na Inglaterra, a planchette ganhou uma variante, o Physio-Psychophone, misto de redator espiritual com biscoito da sorte, em que a prancha de madeira deslizava sobre uma folha onde se lia conselhos do tipo: "concentre-se no presente para melhorar seu futuro". É curioso notar que, a despeito de sua imagem claramente mística, a planchete nunca foi vendida como um meio de comunicação espiritual, mas sim como um brinquedo. 



É verdade que muitos médiuns dispensavam instrumentos intermediários, redigindo diretamente as mensagens psicografadas ou as transmitindo oralmente em um estado alterado de transe. Mas para os médiuns menos habilidosos havia outras maneiras de se travar conversas espirituais. Em 1853, o espiritualista Isaac T. Pease patenteou o que chamou de Telégrafo de Discagem Espiritual, que consistia em um disco com letras inscritas na periferia e um ponteiro que se movia sob influência do médium. Inúmeras variantes desse aparato foram inventadas, tornando-se conhecidas genericamente por Comunicadores Espirituais Telepáticos. É interessante notar que houve algumas tentativas de criar aparelhos que fossem operados às cegas pelos médiuns, isto é, que eliminassem a possibilidade do operador influenciar consciente ou inconscientemente a mensagem. O mais notório desses instrumentos foi criado em 1855 pelo eminente professor Robert Hare, que de crítico contumaz havia se convertido em ardente defensor do espiritualismo (para grande desagrado da comunidade científica). Mas mesmo que esses aparatos ainda permitissem algum grau de manipulação - o médium experiente podia ler a expressão corporal de seu cliente como em um jogo de pôquer (um método conhecido por "leitura fria") - infelizmente eles não foram muito populares entre os médiuns; em 1861, quando Alan Kardec, pai do espiritualismo francês, conduziu as entrevistas com os espíritos que resultaram na bíblia espírita "O Livro dos Espíritos", ele escolheu um comunicador espiritual telepático clássico (similar ao "PYTHO or The Thought Reader").
Assim era o estado dos comunicadores espirituais, até que em 1886 algo novo surgiu: o Tabuleiro Falante (talking board). A novidade consistia em um tabuleiro com as letras do alfabeto, algarismos e algumas palavras como "sim", "não" e "boa noite". O tabuleiro era apoiado no colo de duas pessoas, que por sua vez apoiavam seus dedos sobre uma pequena tábua de quatro pés (uma planchette), que então deslizava sobre as letras.
 

A maioria dos primeiros tabuleiros falantes era artesanal e algumas pessoas utilizavam um copo de vinho no lugar da pequena tábua deslizante. Mais tarde, esse tabuleiro improvisado com o copo passou a ser conhecido como "Ask the Glass" (pergunte ao copo) ou "The Spirit of the Glass" (o espírito do copo) ou ainda "The Moving Wineglass" (o copo de vinho que se move).
O primeiro modelo comercial de um tabuleiro falante viria alguns anos depois, em 1898, quando Charles Kennard, William Fuld e sócios patentearam o Ouija Board (tabuleiro Ouija). Diz a lenda que o nome ouija foi obtido através do próprio tabuleiro como sendo a palavra em egípcio para "sorte". Como Ouija não significa sorte em egípcio nem em nenhuma outra língua (desse mundo pelo menos), o mais provável é que a palavra tenha sido escolhida como uma mistura das palavra sim em francês ("oui") e em alemão ("ja").
O tabuleiro Ouija foi um sucesso estrondoso. Até 1950, quase todo lar americano possuía um. Mais do que uma mania, ele foi um desses itens que se tornam parte da cultura popular, como a boneca Barbie ou o Halloween . O jogo já apareceu em vários filmes de Hollywood - não podemos esquecer a ponta sinistra que fez em "o Exorcista" que levou muita gente a jogar seus tabuleiros pela janela - em músicas, na televisão e na literatura. Hoje o tabuleiro Ouija é fabricado nos EUA pela mesma empresa que fabrica os populares jogos Banco Imobiliário (Monopoly) e Scrabble e vendido ao lado deles nas estantes das lojas de brinquedos. Em suas centenas de encarnações e imitações, houve tabuleiros para todos os gostos: modelos coloridos para as meninas (Ouija Queen), tabuleiros rosa-choque com mensagens picantes para apimentar sua vida sexual (Psychic Sex Board, coisa dos anos 70), tabuleiros que brilhavam no escuro, tabuleiros com símbolos de tarô, astrologia, pirâmides e até símbolos católicos (não deixe de visitar o fantástico Museum of Talking Boards). Por algum motivo, supersticioso ou religioso talvez, o jogo nunca foi lançado no Brasil. Mas isso não é um problema; nestes tempos de internet você não precisa nem mesmo possuir o tabuleiro para jogar; chame seus amigos, substitua o copo por um mouse sem fio e faça a brincadeira on-line.
 

Mas o que é o tabuleiro Ouija afinal? apenas "um Scrabble com atitude", como alguém já o definiu, ou uma maneira menos nobre e até perigosa de comunicação com os mortos, como insistem alguns espiritualistas? Vamos agora ouvir o que a ciência tem a dizer.

Judy Jetson, Jan (a ajudante mascarada do Space Ghost) e Didi (a irmã de Dexter) reunidas em torno do tabuleiro Ouija: "Se há algum fantasma presente, apareça!". No quadro seguinte, Didi, em seu pijaminha, diz ao Space Ghost (Fantasma do Espaço): "Eeek! proibido garotos!"

EXPLICANDO O FENÔMENO - O EFEITO IDEOMOTOR

Quem já fez a brincadeira do copo não pode negar: o copo realmente se move e faz isso aparentemente sem ajuda de ninguém. O efeito é desconcertante e capaz de convencer mesmo os mais relutantes em abraçar a explicação sobrenatural.
Mas se é realmente um espírito que conduz o copo, então não faria mal nenhum vendar os participantes da brincadeira, não é? Pois blogs, fóruns de sites espíritas e céticos trazem dezenas de relatos de quem tentou fazer a brincadeira de olhos vendados. Há até relatos de médiuns que fizeram isso na frente das câmeras. Para todos o resultado foi o mesmo: o copo continuou se movendo mas as palavras formadas foram apenas sequências desordenadas de letras. Diante da experiência não há outra conclusão possível: espíritos, se existem, não ficam zanzando por aí movendo copos e pregando trotes em adolescentes. Deve haver outra explicação para o copo que anda.

Se isso não for suficiente para convencê-lo de que não há nenhum espírito envolvido no movimento do copo, tente uma abordagem adicional: faça ao copo uma pergunta que nenhum dos participantes da brincadeira possa conhecer a resposta - como um nome secreto escrito em um papel deixado em outra parte da sala a salvo dos olhares curiosos. Você também pode apoiar sobre o fundo do copo uma pilha daqueles apoios para copos (coasters; na falta deles use CDs) e pedir aos participantes que apoiem seus dedos sobre eles. Depois fique de olho: se o movimento partir do copo (empurrado pelo espírito) a pilha de apoios fará uma escadinha com o copo um pouco à frente dos seus dedos; se o movimento partir dos dedos dos participantes a escadinha será na direção oposta, com os dedos um pouco à frente do copo (dependendo do atrito entre os apoios e o copo é bem provável que os apoios deslizem e o copo nem saia do lugar, o que prova o ponto assim mesmo). Foi com um método parecido, mas mais elaborado, que o físico Faraday provou, no século XIX, que as "mesas girantes", aquelas que tremiam e pulavam animadas pelos espíritos, na verdade eram empurradas pelas pessoas que se sentavam ao redor delas.
Mas mesmo que não seja um espírito o responsável pelo movimento do copo, como ele se move se os participantes juram que não o estão empurrando? Há sempre um trapaceiro em cada brincadeira? Felizmente, não. A resposta é que os participantes da brincadeira empurram sim o copo, mas o fazem inconscientemente, através de pequenas e involuntárias contrações musculares. Este efeito é bem conhecido pelos médicos e chama-se efeito ideomotor.
O efeito ideomotor é mais comum do que se pensa e você provavelmente já foi vítima dele. Como quando assistia a uma partida de futebol e, sem mais nem menos, chutou a poltrona no momento em que o atacante hesitou com a bola diante do gol. Ou todas as vezes que seus pés procuraram instintivamente o pedal do freio a cada manobra arriscada do seu amigo na direção. Médicos e psicólogos veem o efeito ideomotor como um tipo de imitação involuntária; o observador age conforme o que vê ou o que gostaria de ver.
Provavelmente o primeiro cientista a se deparar com o efeito ideomotor foi o químico francês Michel Chevreul. Nos primeiros anos do século XIX estava na moda um novo método de análise química que usava um certo "pêndulo exploratório". Como em um tabuleiro Ouija (que ainda não tinha sido inventado) mas sem o aspecto espiritual (que também não tinha sido inventado), o operador segurava um pêndulo que oscilava sobre as letras do alfabeto, em uma placa, formando os nomes dos elementos químicos. Em 1808 um químico chamado Gerbouin escreveu um livro inteiro sobre esta modalidade de análise química e arrastou vários colegas na nova onda. Chevreul foi um pouco mais cauteloso e decidiu colocar o método à prova. Em suas primeiras experiências, Chevreul constatou que o pêndulo realmente se movia quando colocado sobre uma placa contendo mercúrio e que, quando o mercúrio era coberto por uma lâmina de vidro, o pêndulo diminuía seu movimento até parar. Depois de repetir a experiência várias vezes, sempre com o mesmo resultado, Chevreul decidiu tentar algo inédito; algo tão simples que ninguém ainda tinha pensado em fazer: repetiu a experiência de olhos vendados. O resultado foi que quando um assistente colocava e retirava a lâmina sobre o mercúrio sem que ele visse, nada acontecia; o pêndulo não se movia. Assim Chevreul conclui que ele próprio era responsável pelo movimento do pêndulo, ou seja, por mais que tentasse permanecer completamente imóvel não podia evitar que seus dedos movessem o pêndulo na direção que ele sabia que ele deveria se mover.

Muitos anos depois, em 1853, Chevreul foi indicado pela Academia Francesa de Ciências para fazer parte de um comitê responsável por estudar certos fenômenos sobrenaturais, especialmente as "mesas girantes", que, como vimos, eram a grande coqueluche daquela época. As mesas girantes já vinham sendo estudadas por cientistas nos EUA e na Inglaterra e eles já tinham descoberto um bocado sobre elas. Por exemplo, eles sabiam que a mesa parava de se mover se a atenção dos participantes fosse desviada ou se o "clima" fosse quebrado durante a sessão. Sabiam que a mesa não se movia se os participantes não possuíssem alguma expectativa de como ela deveria se mover, e também não se movia se metade das pessoas ao redor da mesa acreditasse que ela deveria se mover para a direita e a outra metade acreditasse que ela deveria se mover para a esquerda. Por outro lado, a mesa começava a se mover bem rapidamente se a direção do movimento fosse definida de antemão. Por tudo isso, os cientistas desconfiavam que os participantes, por mais honestos e inteligentes que fossem, estavam movendo involuntariamente a mesa em resposta às suas próprias expectativas. O psicólogo Willian Carpenter deu a esse efeito muscular involuntário o nome de efeito ideomotor. Coube ao físico Michael Faraday demonstrá-lo de forma espetacular, usando um aparato com folhas de papelão presos com elásticos à superfície da mesa. Pelo deslocamento relativo das folhas de papelão, Faraday mostrou como o movimento partia das mãos dos participantes, e não da própria mesa. Assim ele colocou um ponto final na discussão sobre a natureza espiritual do fenômeno.
O efeito ideomotor é tão convincente para aqueles que o experimentam que a grande maioria das pessoas que se inscreve para o Desafio de Um Milhão de Dólares de James Randi é de radiestesistas (profissionais que usam pêndulos como os de Chevreul ou forquilhas para detectar água, petróleo, campos de energia, qualquer coisa). Segundo Randi, essas pessoas acreditam honestamente em seus "poderes" e ficam genuinamente desconcertadas quando falham num exame às cegas (e eles têm falhado). Entretanto, nenhuma dessas pessoas admite a explicação natural do efeito ideomotor, preferindo atribuir o fracasso a algum fator desconhecido.

A maldição da brincadeira do copo

Dê uma volta pela internet e você verá todo o tipo de histórias de arrepiar o cabelo sobre o tabuleiro Ouija e a brincadeira do copo. São histórias de pessoas que, depois da brincadeira, sofreram desilusões amorosas, se envolveram com drogas, perderam o emprego a sanidade e, nos piores casos, a vida. Há histórias cabeludas de espíritos que jogaram o copo longe, espíritos que se identificaram como o próprio Satã (essa é, de longe, a mais comum) e possessões com direito a vozes distorcidas, olhos virados e tudo o mais do gênero.

Mas já vimos que o tabuleiro Ouija nem sempre teve esta fama sinistra. Pelo contrário, ele já foi, e para muitos continua sendo, um entretenimento para toda a família. No final do século XIX e início do XX, as pessoas se reuniam em torno de um tabuleiro Ouija da mesma maneira que nos reunimos hoje em torno da TV para assistir a um filme. Ele foi até capa da popular revista semanal Saturday Evening Post, em sua edição de maio de 1920, em uma ilustração do badalado artista Norman Rockwell. Mas então como o tabuleiro Ouija ganhou sua reputação macabra?
A culpa é de Hollywood. Se você pensar bem, verá que, assim como os índios e alienígenas, espíritos quase sempre fizeram o papel de vilões no cinema (até agora os espíritos ficaram de fora da onda revisionista politicamente correta americana). De fato não há muitos filmes sobre espíritos bonzinhos (bem, há Gasparzinho...). E qual a melhor maneira de entrar em contato com um espírito zangado prestes a matar todo o elenco do que usando o bom e velho tabuleiro Ouija? Veja "Amytiville 3D" (1983), por exemplo. Nele Meg Ryan, em um de seus primeiros papéis, pergunta ao copo: "há alguém nesta sala que esteja em perigo". Adivinhe a resposta. Essa é mais ou menos a mesma coisa que Michelle Pfeifer quer descobrir no filme "A Verdade Escondida" (2000) quando se tranca no banheiro com um tabuleiro Ouija comprado no K-Mart. Fundamental para a péssima imagem do tabuleiro foi a trilogia "O Espírito Assassino" (Witchboard, 1985). No primeiro deles, uma menina é possuída por um espírito maligno depois de brincar com um tabuleiro Ouija, abandonado durante uma festa (alguém havia esquecido de realizar o logout espiritual). Esse bom filme contêm todos os elementos que estereotiparam o Ouija: adolescentes irresponsáveis brincando com o que não deveriam, possessões demoníacas, sangue aos borbotões, etc. Outro filme com exatamente o mesmo tema (e os mesmos clichês), mas em uma perspectiva inglesa, é o elogiado "O Jogo dos Espíritos" (Long Time Dead, 2000): durante uma rave alguns jovens decidem brincar com o Ouija. A brincadeira vai pelo ralo quando o tabuleiro soletra "ALL DIE"... A longa tradição de filmes de terror adolescentes com o tabuleiro Ouija está longe de terminar. O último deles vem da Coréia (do oriente, aliás, vêm os melhores filmes de terror da atualidade, caso você não saiba) e na tradução para o inglês recebeu justamente o título de "Ouija Board" (Bunshinsaba, 2004). Três adolescentes, cansadas de serem importunadas na escola, invocam uma maldição sobre as colegas através do tabuleiro. O resto só saberemos quando o filme aportar por aqui, provavelmente refilmado por Hollywood. Mas foi "O Exorcista" (1973), talvez o filme mais assutador de todos os tempos (era comum que as pessoas abandonassem o cinema no meio do filme), que estigmatizou de maneira definitiva o tabuleiro Ouija. Logo no início do filme, a menina Regan explica para sua mãe como usa o tabuleiro para conversar com seu amigo invisível, o Capitão Howdy. Mais tarde descobre-se que o Capitão Howdy é o próprio Satã, que usa o inocente brinquedo para possuir o corpo da menina. Depois desse filme ninguém nunca mais olharia para um tabuleiro Ouija da mesma maneira...

Com toda esta atmosfera sinistra criada pelo cinema, e devidamente alimentada pelos espiritualistas, não é de estranhar que as crianças e jovens responsabilizem o tabuleiro Ouija por qualquer acontecimento fora do normal ocorrido depois da brincadeira. E uma vez que o movimento da planchete ou do copo é causado por uma ação muscular involuntária e essa ação é guiada pela expectativa de quem o toca, é natural que palavras como "morte", "Satã", "Hitler" e outras do gênero emanem tão frequentemente da brincadeira. No Brasil, onde o tabuleiro Ouija nunca foi lançado e a brincadeira do copo é transmitida exclusivamente pelo boca a boca, juntamente com suas histórias macabras, o mito é alimentado em um círculo vicioso ainda maior. Visto dessa maneira, o alerta dos espiritualistas de que os espíritos que respondem à brincadeira do copo são maldosos e zombeteiros se parece mais com uma explicação ad hoc para o porquê das mensagens serem tão assustadoras quanto vagas.

Conclusão

Na Idade Média acreditava-se que o Sol, a Lua e os planetas eram puxados por anjos através do firmamento. Se isso é visto hoje como o símbolo de uma Idade de Trevas, em que reinava o obscurantismo científico, é porque a ideia de uma força invisível (porém experimentalmente comprovável) como a gravidade conseguiu se sobrepor aos mitos religiosos e à imaginação popular. Pena que o efeito ideomotor, muito menos sensacional, diga-se de passagem, não teve a mesma felicidade. Coloque seus dedos em um copo diante de algumas letras e os espiritualistas lhe dirão que o copo se move porque é empurrado por espíritos zombeteiros. Mantenha o tabuleiro, troque o copo por um pêndulo que oscile entre as mesmas letras e os radiestesistas lhe dirão que o pêndulo se move por causa de uma certa energia psíquica desconhecida (assim, entre o copo e o pêndulo, prefira o último: já que não há espíritos envolvidos, o pêndulo é garantido contra maldições).
Por muito tempo os comunicadores espirituais mecânicos serviram bem aos médiuns. Kardec utilizou uma versão conceitualmente não muito diferente de um tabuleiro Ouija para escrever o clássico livro que definiu as bases do espiritualismo moderno. Esse mesmo instrumento, tido por tanto tempo como um passatempo familiar inofensivo, foi demonizado pelo cinema e pelos espiritualistas, que agora buscam distância dos métodos de comunicação tão associados no passado a truques e manipulações. Classificado como uma espécie de telex espiritual, hoje só se comunicam pelo tabuleiro Ouija - asseguram os espiritualistas - espíritos pouco evoluídos; espíritos superiores enviam suas mensagens diretamente através da voz ou da pena do médium. É uma pena que esse progresso técnico tenha dificultado o exame científico dos fenômenos espirituais, que no passado protegeu a população da exploração dos farsantes. (Se é que se pode dizer que houve algum progresso; programas de auditório como o "Fazendo Contato", do médium John Edward, em que ele recebe os espíritos no palco, diante das câmeras, sugerem que a comunicação espiritual moderna se transformou num jogo de adivinhação em que o espírito se comunica com o médium através de pistas, mímicas e palavras desconexas que vão sendo refinadas com o auxílio do cliente. Sai de cena o tabuleiro Ouija e entra o "Imagem e Ação" do além).
Com tudo isso, nos dias de hoje o tabuleiro Ouija e a brincadeira do copo passaram a responder pelos pensamentos mórbidos, pelos comportamentos de risco e pelas fatalidades inevitáveis da vida dos jovens que brincam com o sobrenatural. Infelizmente, a experiência humana demonstra que o mal não está nas divindades ou nas entidades invisíveis que convenientemente recebem em silêncio a culpa que lhes é imposta, mas em nós mesmos.

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A Bíblia Nega A Reencarnação.


A teoria da reencarnação se constitui no principal cerne de toda a doutrina espírita. Destruída esta teoria, o espiritismo não poderá subsistir, pois também se baseia na invocação dos mortos, que também A PALAVRA DE DEUS CONDENA.

Reencarnação – é o ato ou efeito de reencarnar, pluralidade de existências com um só espírito, e em diferentes corpos.

Ressurreição – do grego é anástasis e égersis, ou seja, levantar, erguer, surgir; do latim é o ato de ressurgir, voltar à vida, reanimar-se.

Biblicamente é o ressurgir dos mortos, e em linguagem popular, a união da alma e do espírito ao corpo, após a morte física. No decorrer de toda a narrativa bíblica, são mencionados 8 casos de ressurreição, sendo 7 de restauração da vida, isto é, ressurreição para tornar a morrer, e um de ressurreição no sentido pleno, final – o de Jesus. Este foi diferente porque foi ressurreição para nunca mais morrer, não somente pelo fato de Ele ser Jesus, Deus, nosso Salvador, mas porque, ao ressurgir, tornou-se Ele o primeiro da ressurreição real.
I Coríntios 15.20-22 – Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias (os primeiros frutos) dentre aqueles que dormiram. Visto a ressurreição veio por meio de um só homem, Jesus.
Os 7 outros casos de ressurreição na Bíblia, por ordem, são:
1) O filho da viúva da cidade de Sarepta – I Reis 17.19-22 ;
2) O filho da sunamita – II Reis 4.32-35;
3) O defunto que foi lançado na cova de Eliseu – II Reis 13.21;
4) A filha de Jairo – Marcos 5.21-23, 35-43;
5) O filho único da viúva da cidade de Naim – Lucas 7.11-17;
6) Lázaro – João 11.1-46;
7) Uma discípula chamada Tabita (ou do grego Dorcas) na cidade de Jope – Atos 9.36-43.

A Ressurreição de Jesus


O caso da ressurreição de Jesus, como já foi dito, é diferente, acha-se registrado em:
Mateus 28.1-10; Marcos 16.1-8; Lucas 24.1-12; João 20.1-10 e 1 Co 15:4, 20-23.
A expressão ressurreição dentre os mortos como em Lucas 20:35 e Filipenses 3:11 implica uma ressurreição da qual somente os justos participarão.
Lc 20.35 – E disse Jesus: “Os que forem considerados dignos de tomar parte na ressurreição dos mortos não poderão mais morrer, pois são como anjos. São filhos de Deus, visto que são filhos da ressurreição”.
A palavra original “dentre” indica que os mortos ímpios continuarão sepultados quando os santos ressurgirem. (santos são todos que vivem e cumprem a Palavra do Senhor)
Jó 7.9-10 – Assim como a nuvem se esvai e desaparece, assim quem desce à sepultura (ou morre, em outra versão) não volta.
O testemunho das Escrituras quanto à morte e ressurreição de Jesus Cristo é que:
a) Os soldados romanos testemunharam que Cristo estava morto – Jo 19.33;
b) José de Arimatéia e Nicodemos sepultaram-no – Jo 19.38-42;
c) Ele ressuscitou no 1º dia semana – Lc 24.6; Jo 20.1-10;Mt 28.1-10; Mc 16.1-8;
d) Mesmo após ressuscitado, Jesus ainda portava as marcas dos cravos nos pulsos, para mostrar que seu corpo, agora vivo, era o mesmo no qual sofrera a crucificação, porém, glorificado - Lc 24.39. 

A ressurreição segundo Alan Kardec 

Quanto à ressurreição segundo escreveu Allan Kardec: “A ressurreição implica a volta da vida ao corpo já morto – o que a ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo foram, depois de muito tempo dispersos e absorvidos”.

É evidente que esta teoria absurda de Allan Kardec não pode prevalecer, uma vez que se baseia em conceitos humanos e não nas Escrituras, que declaram a possibilidade de ressurreição dos mortos.
Procurando dar sentido bíblico à absurda teoria da reencarnação, Allan Kardec lança mão do capítulo 3 de João para dizer que Jesus ensinou sobre a reencarnação. Os tradutores da obra de Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, usaram a versão do padre Antônio Pereira de Figueiredo como texto base de sua tradução, grifando o versículo 3 do citado capítulo de João: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”. E completa Jesus: “Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água (batismo) e do Espírito (Espírito Santo de Deus)”.
Esse texto é o mais usado pelos espíritas para “provar” a reencarnação. Esquecem-se eles que reencarnar não significa nascer do espírito, como pretendem, mas sim renascer da carne, já que o espírito é o mesmo, mas o corpo muda.
Ou seja, se não morrermos para as coisas mundanas, carnais, materiais, terrenas e nascermos em Cristo Jesus, aceitando-O como único Salvador e Senhor Soberano da nossa vida cumprindo e vivendo os Seus mandamentos, não entraremos no Reino de Deus.
Outro texto usado pelos espíritas: “Jesus respondeu:” De fato, Elias vem e restaurará todas as coisas. Mas eu lhes digo: Elias já veio, e eles não o reconheceram, mas fizeram com ele tudo o que quiseram”. Então os discípulos entenderam que era de João Batista de quem Jesus tinha falado (Mt 17.12).
Esse texto narra a transfiguração de Jesus. Os espíritas dizem que João Batista era a reencarnação de Elias, porque em Lc 1.17 está escrito: “E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias, para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo preparado para o Senhor”.
Nada de reencarnação. Seria impossível João Batista ser a reencarnação de Elias, simplesmente porque Elias não morreu, mas foi arrebatado em vida por uma carruagem de fogo – II Rs 2.11.
II Co 5.17 – Se alguém está em Cristo é nova criatura: as coisas antigas já passaram, eis que se fizeram novas.
Mas isso os espíritas não falam tentando “fundamentar” sua absurda teoria na Bíblia!

FACÇÕES ESPÍRITAS


Unidade é a palavra de ordem de quase todos os movimentos, sejam políticos, sociais ou religiosos. Um exemplo desse esforço gigantesco por união é o cenário político brasileiro atual. Quem sempre foi oposição, agora é situação, e vice-versa, gerando conflitos internos e divergências jamais esperados, inclusive quanto às "doutrinas" básicas e ideológicas que nortearam tais partidos ao longo das décadas.
O Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo, trava a maior luta interna da sua história, tendo de expulsar antigos correligionários que, agora, ameaçam organizar-se em novas legendas "fiéis" aos antigos paradigmas. Pelo menos creem assim.
Da mesma forma, os fundadores ou lideres de seitas preocuparam-se ao máximo para conseguir manter seus seguidores unidos. Alguns conseguiram, por certo tempo, esse feito; outros, ainda em vida, viram suas ideias esfaceladas. Mas, na verdade, ninguém conseguiu pleno êxito nesse quesito. Não obstante, evocar esse atributo como pretexto de "religião verdadeira" é uma arma amplamente utilizada pelos adeptos de seitas, principalmente contra o cristianismo, acusando-o de ser a religião mais fragmentada da história, de ter divergências doutrinárias, enfim, de ser uma falsa religião.
Todavia, o tempo tem sido o melhor apologista em favor da verdade. Tais seitas, ao que parece, não conhecem nem mesmo sua própria história e situação atual, encobrem suas facções e, com o dedo em riste, insistem em sua acusação. As Testemunhas de Jeová, por exemplo, publicaram em sua revista oficial: "… os genuínos cristãos são agora ajuntados em toda a terra numa fraternidade unida. Quem são eles? São os da congregação cristã das Testemunhas de Jeová…" Mas o que podemos conhecer pela história é algo totalmente diferente. Encontraremos uma seita dividida e com profundos problemas de identidade e de inaceitáveis contradições doutrinárias.
Essa agressiva estratégia também é utilizada por muitas outras seitas, e o espiritismo não é diferente. Em sua obra O livro dos espíritos, Allan Kardec, em suas palavras finais, reproduz as palavras dos espíritos referindo-se ao espiritismo: "… Nuvem alguma obscurece a luz verdadeiramente pura; o diamante sem jaça é o que tem mais valor: Se é certo que, entre os adeptos do espiritismo, se contam os que divergem de opinião sobre alguns pontos da teoria, menos certo não é que todos estão de acordo quanto aos pontos fundamentais. Há, portanto, unidade…" E mais. Afirma que, segundo as palavras que ouviu do espírito de Agostinho3: "espiritismo é o laço que um dia os unirá, porque lhes mostrará onde está a verdade, onde o erro…".
Mas bem diferente do que afirma Kardec, e do que gostariam os espíritas, o espiritismo é, na verdade, uma grande colcha de retalhos. Ou melhor, nas palavras do estudioso espírita Mauro Quintella: "Como toda corporação, o movimento espírita brasileiro não é uma rocha monolítica, do ponto de vista filosófico".
Hoje, é fato conhecido por todos os estudiosos de religiões que no espiritismo não existe a tal sonhada unidade predita por Kardec. Os espíritas latinos são os mais fracionados e alguns grupos, como os ingleses, por exemplo, chegam a negar doutrinas consideradas fundamentais por Allan Kardec, como, por exemplo, a reencarnação. 

A seguir, os diferentes grupos espíritas e seus ensinos contraditórios. 

Escolas espíritas

1. Ortodoxos - É o kardecismo considerado tradicional, que não permite interpretações do "Pentateuco" de Allan Kardec diferente de como julgam ser o correto. Não tolera a presença de outros espiritismos, considera-os grupos espiritualistas, apenas.
2. Roustainguistas - São orientados pelos escritos de João Batista Roustaing, um advogado contemporâneo de Kardec. Diferentemente dos demais, ensinam que o corpo de Jesus não era real, apenas aparente. Existe forte oposição entre ambos os grupos, inclusive na literatura há obras aceitas e rejeitadas.
3. Científicos - Também chamados de Laicos. No século 19, foram liderados pelo professor Angeli Torteroli. Formavam uma frente de oposição aos chamados Místicos. Entre outras coisas, procuravam desassociar o espiritismo do cristianismo.
4. Místicos - Liderados por Bezerra de Menezes, um dos primeiros presidentes da FEB - Federação Espírita Brasileira - e considerado por muitos o Kardec brasileiro, supervalorizam o lado religioso da Doutrina Espírita. Consideram-se os cristãos verdadeiros.
5. Ubaldistas - Grupo influenciado pelos livros do famoso médium italiano Pietro Ubaldi. Chamado de "reencarnação de São Pedro", Ubaldi morou vários anos no Brasil. Apesar de reencarnacionista, era panteísta, e propôs nas suas obras uma evolução cósmica do kardecismo.
6. Armondistas - Grupo liderado por Edgar Armond, fundador da Aliança Espírita Evangélica. Armond também é um importante colaborador para o desenvolvimento do espiritismo no Brasil. Por ter sido esotérico, é acusado pelos ortodoxos de orientalizar Kardec.
7. Emmanuelistas - Grupo conduzido pelos ensinamentos de Emmanuel, o espírito guia de Chico Xavier. Entre outras contradições com o kardecismo tradicional, creem na existência de animais no plano de vida espiritual.
8. Ramatisistas - A escola ramatista segue os ensinamentos do espírito guia Ramatis, por meio do médium Hercílio Maes. Pregam que Jesus é, na verdade, um anjo que serve de médium ao Cristo Planetário. São vegetarianos e também esotéricos.
9. Paganizantes - Sob a liderança de Carlos Imbassahy, rejeitam a expressão "espiritismo cristão" e negam qualquer fundamentação bíblica do espiritismo. É de Imbassahy a seguinte afirmação: "Nem a Bíblia prova coisa nenhuma nem temos a Bíblia como probante […] O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Mas a nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo".
10. Dialéticos - É a escola espírita dialética, cujo mestre latino foi o argentino Manuel S. Porteiro. Entre outras particularidades, a doutrina porteriana busca provar a evolução biológica e espiritual até o homem.
11. Transcomunicadores - Grupo que forma a ANT - Associação Nacional de Transcomunicadores, ou, como se auto-intitulam, "comunicastes". Diferentes da prática mediúnica, esses neo-espíritas buscam a comunicação com os mortos por meio de equipamentos eletrônicos.
12. Espiritualistas - São os espíritas que creem não existir no homem apenas matéria, o que absolutamente não implica na necessidade de crerem nas manifestações dos espíritos. Há grande confusão no uso desse adjetivo entre os espíritas.
13. Outras correntes e tendências - conforme os "líderes" ou "espíritos guias" (como, por exemplo, Yokanam, tia Neiva, André Luiz, entre outros), várias peculiaridades doutrinárias vão-se formando, criando uma identidade própria. Por isso existem infinidades de "denominações" espíritas no mundo.

Movimento de reforma

1. Grupo Espírita Bezerra de Menezes - Criado em 1992, tem como objetivo, declarado no site que disponibiliza na internet: www.novavoz.org.br, uma ferrenha manifestação contra as FEB's e todos os demais grupos espíritas anteriormente mencionados: acusando-os de sincretismo, brigas internas, disputas doutrinárias, etc. O objetivo das instituições espíritas associadas é a formação da União Espírita Reformista em oposição à FEB - Federação Espírita Brasileiro: O objetivo é deixar o movimento espírita e formar uma nova seita denominada Renovação Cristã.
Grupos neo-espíritas
2. Umbandistas - É o espiritismo à moda brasileira. Origem: mistura de crenças espiritualistas dos escravos bantos (África), dos indígenas brasileiros e do catolicismo romano. Tudo isso encontrou no Brasil um terreno já fertilizado pelo espiritismo kardecista. Os umbandistas também fazem uso da mediunidade, creem na reencarnação, praticam a caridade, e outras similaridades.
3. Legionários (A Legião da Boa Vontade) - O nome completo do fundador é Alziro Elias Davi Abraão Zarur, considerado por eles a reencarnação de Allan Kardec. Para a LBV, Allan Kardec não concluiu sua obra e, por isso, Alziro Zarur veio completá-la.
4. Racionalistas (Racionalismo Cristão) - Seita espírita fundada em 1910 pelo português Luiz de Matos, inimigo do kardecismo. Acusam o espiritismo de ter-se tornado mais uma seita cristã entre tantas, e propõem um espiritismo regido apenas pelas leis naturais.
5. Outros grupos espíritas esotéricos e/ou sincretistas - Ordem Rosa-cruz, Cabala, Teosofia, Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, A Esfera, Ordem dos Iluminados, Ordem Esotérica do Mentalismo, Gnosticismo, Logosofia, Cultura Racional Superior, Quimbanda, Candomblé, Xangô, Babaçuê, Pajelança, Catimbó, etc.
Dessa forma, fica demonstrado inequivocamente que pelo menos por essa argumentação os espíritas não podem se defender. Ou melhor dizendo, não podem afirmar que são a verdadeira religião devido à sua unidade. Como vimos, entre os espíritas, não há unidade de grupos nem de doutrinas, assim como não há nas demais seitas e religiões não-cristãs.

DESAFIO EVANGELÍSTICO

Este ano se comemora o bicentenário do nascimento de Allan Kardec. E, passados esses dois séculos, tem-se percebido que, em muitos países europeus, o espiritismo tem diminuído de forma significativa. Na França, por exemplo, quase não existem mais. Inclusive, em 1985, foi fundada a União Espírita Francesa, justamente para reimplantar o espiritismo naquele país e em outros de língua francesa.
Embora o espiritismo tenha fracassado na França, no Brasil, porém, essa doutrina encontrou condições ideais para seu crescimento. Segundo consta, somos a maior nação espírita do mundo. Pesquisa realizada pelo Vox Populi constatou que 59% da população brasileira acredita que já teve outras vidas. Mas isso é um tremendo contrassenso, porque somente 3% dos brasileiros se declararam espíritas. O que significa que pelo menos um dos princípios espíritas, a reencarnação, encontrou um ambiente propício para seu desenvolvimento em nosso país.

OREMOS PELOS ESPÍRITAS! (I Timóteo 4.12)

Espiritismo e espiritualismo: tomando a parte pelo todo.

Pouquíssimos “espíritas” ou aqueles que se dizem simpatizantes do “Espiritismo” sabem exatamente a que estão se referindo. A confusão está muito arraigada. No Brasil, quando uma pessoa admite que a origem de certos fenômenos paranormais é os espíritos dos mortos, ela tende a dizer, como se fosse a mesma coisa, que “acredita no Espiritismo”. A impropriedade de tamanho salto pode ser explicada com a leitura atenta de qualquer obra básica sobre o assunto. 

Esses fenômenos – que passarei a chamar de “mediúnicos”, mas sem com isso tomá-los pelo que o termo sugere – se iniciaram no século XIX, em Hydesville, uma pequena cidade americana, através das irmãs Fox, e se expandiram posteriormente, aportando na Inglaterra e então chegando à Europa continental. Tais fenômenos não carregavam consigo uma “doutrina”. Eram somente fenômenos. Os supostos espíritos comunicantes divergiam em suas “mensagens”, e é por isso que os espíritas dizem – mesmo que já não o saibam mais – que Allan Kardec foi o “codificador” da “doutrina espírita”, que ele atribuiu a espíritos, mas não a todos os espíritos.


Uma das melhores fontes para entender esse período é o livro “A História do Espiritismo” – tradução inapropriada do título, como se verá abaixo -, escrito por Arthur Conan Doyle, o famoso criador de “Sherlock Holmes”. Os volumes I e II do original em inglês podem ser lidos online, e um resumo da obra em português também pode ser baixado gratuitamente. Reproduzirei alguns trechos do resumo do capítulo 21, que tive o cuidado de comparar ao original para me certificar de que o conteúdo não havia sido alterado:

O Espiritismo na França e nas raças latinas concentra-se em torno de Allan Kardec, que prefere o termo Espiritismo, e sua feição predominante é a crença na reencarnação.

… Em 1850, quando as manifestações espíritas americanas chamavam a atenção da Europa, Allan Kardec investigou o assunto através da mediunidade de duas filhas de um amigo.

Nas comunicações obtidas foi informado de que “Espíritos de uma categoria muito mais elevada do que os que habitualmente se comunicavam através dos dois jovens médiuns, tinham vindo especialmente para ele, e queriam continuar a vir, a fim de lhe permitir desempenhar uma importante missão religiosa…

Kardec achava que os vocábulos espiritual e espiritualista, como espiritualismo já possuíam uma significação definida. Assim os substituiu por espiritismo e espírita ou espiritista”.


O título original do livro de Doyle é “History of Spiritualism”, não “History of Spiritism”, como sugere a tradução brasileira. “Espiritismo”, relembro o leitor, é um termo cunhado – em francês, obviamente – por Kardec para se referir à doutrina que ele havia desenvolvido com base nos fenômenos mediúnicos. Essa escolha da editora brasileira confunde o leitor, pois em trechos como o reproduzido acima, que explica a diferença terminológica, usam-se os vocábulos “Espiritismo” (“O Espiritismo na França…”) e “espírita” (“as manifestações espíritas americanas”) onde, no original, constam “Spiritualism” e “spirit”, respectivamente.
O mesmo ocorre quanto à crença na reencarnação, parte integrante do Espiritismo de Kardec: esse não era um ensinamento universal, de todos os “espíritos” que estariam se comunicando, como explica Conan Doyle:

"A filosofia espírita se distingue por sua crença em nosso progresso espiritual, que é realizado através de uma série de reencarnações…”

“Se distingue”, conforme se lê no trecho acima, refere-se à distinção entre o reencarnacionismo da “filosofia espírita” e a crença dos espiritualistas em geral. Doyle prossegue (alterei abaixo o termo “Espiritismo” por “Espiritualismo”, e fiz o mesmo com seus derivados, quando apropriado, conforme explicação acima e como pode ser verificado no original):

Os espiritualistas ingleses não chegaram a uma conclusão no que se refere à reencarnação.

Alguns a aceitam, outros não. A atitude geral é que, como a doutrina não pode ser provada, o melhor seria excluí-la da política ativa do Espiritualismo. Explanando essa atitude, Miss Anna Blackwell sugere que, sendo a mente continental mais receptiva de teorias, aceitou Allan Kardec, enquanto a mente inglesa, geralmente declina de considerar qualquer teoria enquanto não se tiver certificado dos fatos admitidos por tal.

Mr. Thomas Brevior (Shorter) um dos redatores de The Spiritual Magazine, resume o ponto de vista prevalecente dos espiritualistas ingleses de hoje. Escreve ele:

“Quando a Reencarnação assumir um aspecto mais científico, quando puder oferecer um demonstrável conjunto de fatos que admitam verificação como os do Moderno Espiritualismo, merecerá ampla e cuidadosa discussão. Por enquanto, que os arquitetos da especulação se divirtam como quiserem, construindo castelos no ar. A vida é muito curta e há muito que fazer neste mundo atarefado, para que deixemos os vagares e as inclinações a fim de nos ocuparmos em demolir essas estruturas aéreas ou apontar os frágeis alicerces em que se assentam. É muito melhor trabalhar naqueles pontos em que concordamos, do que nos engalfinharmos sobre aqueles em que parece que divergimos tão desesperadamente.”

William Howitt, um dos pioneiros do Espiritualismo na Inglaterra, é ainda mais enfático em sua condenação à reencarnação. Depois de citar Emma Harding Britten, na sua observação de que milhares do Outro Mundo protestam, através de distintos médiuns, que não têm conhecimento nem provas da reencarnação, diz:

“A coisa abala as raízes de toda a fé nas revelações do Espiritualismo. Se formos levados a duvidar das comunicações dos espíritos sob o mais sério aspecto, sob as mais sérias afirmações, onde está o Espiritualismo?

“… Se a reencarnação for uma verdade, lamentável e repelente como é, deve ter havido milhões de Espíritos que, ao entrarem no outro mundo, em vão terão procurado os seus parentes, os filhos, os amigos… Já teria chegado a nós esse sussurro de milhares, de dezenas de milhares de Espíritos comunicantes? Nunca. Podemos, portanto, só nesse campo, considerar falso o dogma da reencarnação como o inferno do qual ele brotou”.

Mr. Howitt, entretanto, em sua veemência, esquece que deve haver um limite antes que se realize a nova reencarnação, e que, também, no ato deve haver um elemento da vontade.

O Hon. Alexander Aksakof, num artigo muito interessante dá os nomes dos médiuns do grupo de Allan Kardec, com uma descrição deles. E também indica que a ideia da reencarnação era fortemente aprovada na França naquele tempo, como se pode ver do trabalho de M. Pezzani – “A Pluralidade das Existências”, bem como de outros. Escreve Aksakof:

“É claro que a propagação desta doutrina por Kardec foi matéria de forte predileção.

“De início a reencarnação não foi apresentada como objeto de estudo, mas como um dogma. Para o sustentar, recorreu com frequência a escritos de médiuns, que, como bem sabemos, facilmente se submetem à influência de ideias preconcebidas. E o Espiritismo as produziu em profusão. Enquanto que através de médiuns de efeitos físicos não só as comunicações são mais objetivas, mas sempre contrárias à doutrina da reencarnação. Kardec seguiu o rumo de sempre desprezar esse tipo de mediunidade, tomando como pretexto a sua inferioridade moral. Assim, o método experimental é, de modo geral, desconhecido no Espiritismo.

“Durante vinte anos ele não fez o menor progresso intrínseco e ficou em completa ignorância do Espiritualismo anglo-americano. Os poucos médiuns franceses de fenômenos físicos que desenvolveram seus dons a despeito de Kardec, jamais foram mencionados na “Revue”; ficaram quase que desconhecidos dos Espíritas e apenas porque os seus guias não sustentavam a doutrina da reencarnação.”

Acrescenta Aksakof que as suas observações não afetam a questão da reencarnação no abstrato, mas apenas no que respeita à sua propagação sob os auspícios do Espiritismo.

Comentando o artigo de Aksakof, D. D. Home deu um impulso a uma fase da crença na reencarnação. Diz ele.

“Encontro muita gente que é reencarnacionista e tive o prazer de encontrar pelo menos doze que tinham sido Maria Antonieta, seis ou sete que tinham sido Mary, Rainha da Escócia; um bando, de Luiz e outros reis; cerca de vinte Alexandre, o Grande. Mas ainda não encontrei ninguém que tivesse sido um simples John Smith. E vos peço que, se o encontrardes, guardai-o como uma Curiosidade” 

O caráter local do “Espiritismo” fica ainda mais evidenciado quando lemos o que Conan Doyle escreveu sobre o colorido alemão do movimento espiritualista: 

…Algumas páginas especiais, entretanto, devem ser dedicadas à Alemanha.

Posto que moroso até seguir um movimento organizado, pois só em 1865 é que apareceu um jornal espiritualista – Psyche – e se estabeleceu no país, mais do que em qualquer outra parte, teve aí o Espiritualismo uma tradição de especulação mística e de experiência mágica, que deveria ser considerada uma preparação para a revelação definitiva. Paracelsus, Cornelius Agripsa, Van Helmont e Jacob Boehme se acham entre os pioneiros do Espiritualismo, sentindo o seu caminho fora da matéria, embora vago o objetivo, que tivessem atingido. Algo mais definitivo foi alcançado por Mesmer, que realizou seu maior trabalho em Viena, no último quartel do século dezoito. Conquanto enganado quanto a algumas de suas inferências, foi ele quem deu o primeiro impulso para a dissociação entre alma e corpo, antes do atual modo de sentir da humanidade… 

Enquanto na França de Kardec o “Espiritualismo” assimilou o racionalismo francês, na Alemanha foi a tradição teosófica filtrada pelo idealismo que parece ter, segundo Conan Doyle, exercido maior influência.


René Guénon, em “O Teosofismo – história de uma pseudo-religião” e “O Erro Espírita”, afirma que a ideia da reencarnação foi defendida por Gothhold Ephraim Lessing na Alemanha na segunda metade do século XVIII, e posteriormente pelos socialistas utópicos franceses Charles Fourier e Pierre Leroux, talvez, segundo Guénon, pela influência do alemão. Enquanto essa ideia circulava nos meios intelectuais alemães e franceses, Allan Kardec, por sua vez, circulava entre os socialistas utópicos da França, como se confirma no site espírita Pense (Pensamento Social Espírita):
“Ao que parece, [Kardec] manteve relações com os socialistas (depois chamados de utópicos por Marx e Engels), pois em sua fase espírita, os cita constantemente, entre eles, Fourier, e Saint-Simon. (Robert Owen, por sua vez, recebeu influência de Pestalozzi, pois o visitou em Iverdon e mais tarde tornou-se adepto do Espiritismo). O pesquisador francês François Gaudin descobriu recentemente documentos ainda inéditos, revelando a parceria de Kardec com o amigo Maurice Lachâtre, conhecido socialista de tendência anarquista e editor das obras de Marx, em fascículos populares. Ambos tiveram um projeto economicamente fracassado da fundação de um banco popular, possivelmente nos moldes do que queriam os socialistas pré-marxianos e os anarquistas, como Proudhon”.
No mundo anglo-saxão, evidenciando outra influência cultural no desenvolvimento local do “Spiritualism”, ele tomou uma forma também diferente da francesa, estabelecendo-se não em torno de “centros”, mas de igrejas (isso tanto na Inglaterra como nos EUA). René Guénon, por sua vez, afirma que o reencarnacionismo só foi amplamente introduzido nos Estados Unidos posteriormente, por influência da Sociedade Teosófica de Mme. Blavatsky, que assimilara a ideia do meio espírita na Europa continental.
A consequência lógica do que foi dito até agora é que os fenômenos ditos “mediúnicos”, mesmo para quem acredita que tenham origem em espíritos dos mortos, não deveriam significar necessariamente a adesão à “doutrina espírita” de Allan Kardec.


Os diferentes espiritismos


Além das diferentes tendências do Espiritualismo, há ainda as diversas subdivisões dentro do Espiritismo e as que surgiram a partir dele. A grande maioria dos espíritas ignora que, até o aparecimento de Chico Xavier, o meio espírita brasileiro tinha contornos muito menos “devocionais”, como é regra na maioria, senão em todos os países em que o Espiritismo de Kardec se expandiu, com exceção do nosso. No restante da América Latina, por exemplo, assim como em Portugal, predominou uma versão racionalista, socializante e laicizante – que talvez explique sua baixa popularidade nesses locais. Em geral, fora do Brasil seus raros adeptos são humanistas, e veem como distorção “católica” ou “igrejeira” a predominância do “Evangelho segundo o Espiritismo” em nosso país em detrimento do “racionalista” “Livro dos Espíritos”.
A antropóloga Ana Jacqueline Stoll, em entrevista ao Jornal do Brasil em 2004, quando do lançamento de seu livro “Espiritismo à brasileira”, pela Edusp, abordou esse ponto:

“Sandra identificou novas linhas de força da religião espírita, desde o início dividida entre uma corrente cientificista, predominante na Europa, e outra que privilegia o aspecto moral, hegemônica no Brasil…”

“- No livro, você compara a doutrina espírita francesa, fundada por Allan Kardec, com a brasileira. Elas acabaram se tornando religiões diferentes? Ou as diferenças são, basicamente, resultantes de comportamentos culturais distintos? 

- A doutrina de Allan Kardec teve uma larga difusão na França, assim como no Brasil, no século 19. Nestes dois países, porém, as características assumidas pela doutrina não foram as mesmas. Na França, a produção das obras de Allan Kardec tinha como tema central a teoria da evolução. Essa era a tônica dos debates científicos e religiosos na Europa na época. Já no Brasil, apenas em círculos sociais restritos esse debate encontrou ressonância. Em contrapartida, o aspecto moral da doutrina espírita foi rapidamente assimilado, por seu estreito comprometimento com o ideário cristão. O que demonstro no livro é que esse ideário foi aqui reinterpretado, criando-se um ”estilo católico de ser espírita”. O médium Chico Xavier é o paradigma dessa construção. Sua imagem pública foi construída com base na noção católica de santidade. Isso se expressa no estilo de vida por ele adotado, marcado pela incorporação gradativa dos votos monásticos católicos: obediência, castidade, renúncia aos bens materiais. Traduzidas como ‘’sacrifício de si”, essas práticas, juntamente à caridade, também assimilada do universo católico, conferem ao espiritismo uma marca arraigadamente católica, cultura religiosa dominante no país…

- Quais seriam as principais tendências do espiritismo brasileiro hoje?

- O espiritismo de ”viés católico”, consolidado em torno da imagem pública de Chico Xavier, ainda é hegemônico no Brasil, mas no interior deste vêm sendo gestadas novas tendências. Hoje temos duas correntes dominantes: uma, a exemplo da orientação de Kardec, vem buscando a inovação da doutrina por meio da atualização de seus conceitos científicos; a outra busca no campo religioso sua atualização, incorporando ideias e práticas de sistemas filosóficos/doutrinários diversos, precariamente reunidos em torno do rótulo de Nova Era e com grande ênfase na auto-ajuda. A Nova Era e as novas ideias científicas relativas às origens e evolução do universo tornaram-se as suas principais fontes contemporâneas de inspiração…

Essa diferença relatada pela antropóloga fica clara ao se constatar o contraste entre o sentimentalismo piegas típico do meio espírita brasileiro em geral e a “frieza” dos sites da portuguesa Adep, da Cepa (Confederação Espírita Pan-Americana), ou do já citado Pense (Pensamento Social Espírita), cuja página de abertura exibe essa citação “socialista” de Kardec:

"A aspiração por uma ordem superior de coisas é indício da possibilidade de atingi-la. Cabe aos homens progressistas ativar esse movimento pelo estudo e aplicação dos meios mais eficazes.”

No Brasil, devido à figura emblemática de Chico Xavier, que se impôs como autoridade moral no meio, acabou por se formar um certo consenso em torno de seu nome e de suas obras, e até mesmo representantes nacionais dessa vertente “socialista” e “racionalista” buscam confirmar suas posições nas obras desse médium.
O que não parecem saber, e não sei se o novo filme aborda a questão – e realmente me surpreenderia se o fizesse -, é que a primeira reação contra seus livros veio de dentro do próprio meio espírita. O que mais dificultou a aceitação de suas obras entre os espíritas no passado foram as descrições do “mundo espiritual” como algo muito próximo do que temos na Terra, fugindo muito do que estava explícito ou implícito nos livros de Allan Kardec. É esse “mundo espiritual super-materializado” que verão no filme “Nosso Lar” (curiosidade: esse seria o nome de uma colônia dentro do “Umbral”, termo que o médium introduziu para se referir a um tipo de “inferno” espírita. Teria sido fundada por descendentes dos primeiros portugueses em uma região do Umbral que ocuparia alguma parte do céu do Rio de Janeiro. Eram espíritos de “cristãos novos” degredados para o Novo Mundo. Por isso, essa colônia teria o formato da Estrela de David. O filme chega ao requinte detalhista de reproduzir isso, como pode ser visto no trailer recomendado na Parte 1, na altura dos 2 minutos e 26 segundos, no canto inferior esquerdo).
Herculano Pires, pensador espírita altamente respeitado por Chico Xavier – que o considerava “o homem que melhor compreendeu Kardec” - sendo que chegaram a escrever um livro em parceria, preferia manter-se mais fiel à visão anterior, herdada de Allan Kardec, e criticar os que chamou de “chiquistas”. De seu “Chico Xavier: o homem, o médium e o mito”, texto de 1975 que infelizmente não encontrei online:

“…Tomam por realidades espirituais as alegorias e analogias das obras de André Luiz, esquecidos do exemplo citado pelo próprio Emmanuel, num de seus prefácios para essa obra, do macaco que voltasse da cidade para o mato e quisesse explicar aos companheiros como vivem os homens: em florestas de cimento, com pelos postiços que os homens podem vestir e desvestir e assim por diante”.

Mesmo há mais de 3 décadas esse aviso de Herculano Pires veio tarde demais, pois tais descrições já haviam sido incorporadas pelo imaginário espírita local, e foram aparecendo também nas “comunicações” recebidas pelos médiuns que liam suas obras. Depois da versão cinematográfica de “Nosso Lar”, Herculano Pires será voz mais vencida do que já é (se é que tal coisa é possível).

Do mesmo texto:

“Chico Xavier é ainda… o caipirinha mineiro de Pedro Leopoldo. Não é sábio nem santo. É um homem comum, dotado de faculdades mediúnicas excepcionais…”
Sobre a descrição detalhada de vida inteligente em outros planetas do nosso sistema solar, como Vênus e Marte, no livro “Cartas de uma Morta”, que Chico Xavier atribuiu ao espírito de sua mãe, e que sabemos hoje ser completamente contrariada pelos fatos, Herculano Pires diz o seguinte:
“A responsabilidade do médium é ressalvada pela sua atitude humilde, mas às vezes o próprio médium, assediado pelo fanatismo dos chiquistas e não querendo contrariá-los, chega a tentar a justificativa de certos enganos, como o fez na televisão sobre o caso de Marte, considerando-o mundo superior de antimatéria…”
Até meados dos século XX ainda era possível dar o benefício da dúvida a quem escrevesse sobre canais na Lua ou cidades em Saturno. O “caipirinha mineiro” não contava com a possibilidade de que o advento dos foguetes do nazista fundador da Nasa, Wernher Von Braun , que abriu a era dos vôos espaciais, sondas e telescópios orbitando a Terra, destruísse a fantasia que atribuiu, conscientemente ou não, ao fantasma de sua mãe. Sua mãe não estaria errada, segundo ele: é que as cidades e seres que descreveu em Marte seriam de antimatéria! O que impediria essa antimatéria de reagir com o restante da matéria do planeta e fazer desaparecer todo o Sistema Solar são detalhes técnicos enfadonhos dos quais o médium, o homem e o mito preferiu nos poupar por pura caridade.
Mais falhas são encontradas em outras obras que diz ter psicografado. O site Criticando Kardec, de um espírita que se dispôs a encarar publicamente esses problemas, compila uma série do que ele prefere chamar de “possíveis” erros nas obras de Chico Xavier e Divaldo P. Franco (médium de que tratarei abaixo).


Uma outra “tendência” dentro do Espiritismo brasileiro, e que também apostou na descrição da vida em outros planetas de nosso sistema solar, é composta pelos seguidores de Ramatís, “guia espiritual” de inclinação “universalista”, que, por uma grande coincidência, escrevia através de Hercílio Maes, médium que, “antes de se tornar ‘espírita’, foi teosofista, maçon e rosacruz”. Seus livros, por se distanciarem demais do que era convencional no meio espírita, e por não terem sido escritos “através” de um médium carismático como Chico Xavier, foram renegados pelos “formadores de opinião” do movimento. Eles não atinaram para o fato de que o próprio Chico, no entanto, não era contrário às obras de Ramatís. E posso dar meu testemunho pessoal quanto a isso, já que certa vez conversei com um dos irmãos de Chico, então dono de uma livraria espírita no centro de São Paulo que vendia os livros de Ramatís. Ele me assegurou que seu irmão foi sempre um leitor assíduo dos livros de Hercílio Maes. Curiosamente, aliás, o nome desse irmão é André Luis, em homenagem a quem o espírito autor de “Nosso Lar” teria adotado o pseudônimo. A propósito, sua verdadeira identidade é atribuída ao espírito de Oswaldo Cruz – segundo fontes ligadas a Chico Xavier – e a Carlos Chagas – segundo Waldo Vieira, médium cujos talentos foram reconhecidos por Chico, com quem até “co-psicografou” “Evolução em Dois Mundos”, obra mais “técnica” da série “Nosso Lar” (em que, em outra fenomenal coincidência, os capítulos com terminologia mais científica foram psicografados por Waldo, que é médico).


Conforme avançamos nos anos 90, o país foi se abrindo para o mundo e a literatura de auto-ajuda americana sendo traduzida e publicada por aqui. Médiuns espíritas até então convencionais, como o viajado Luís Antônio Gasparetto, e sua mãe, a famosa Zíbia Gasparetto, distanciaram-se da vertente “devocional” estabelecida por Chico Xavier – que, por influência de sua formação católica, nunca deixou de se referir ao “espírito de luz” Jesus como “Nosso Senhor Jesus Cristo”. Ambos reconheceram esse distanciamento em matéria da Revista Época.


Outro médium cuja “mentora espiritual”, Joanna de Angelis, se adaptou aos novos rumos do mercado foi Divaldo Franco. Ela, que até então somente lhe ditava obras de conteúdo semelhante ao das “psicografadas” por Chico Xavier, também modernizou a temática com sua “Série Psicológica”, composta de 12 livros. Há algumas décadas, esse médium baiano foi protagonista de um escândalo envolvendo Chico Xavier. Até então cotado para ser o substituto do seu congênere mineiro, foi pego plagiando o colega famoso, o que foi reportado pelo programa Fantástico muito tempo depois e que se confirma através de carta de Herculano Pires, disponível online. Chico Xavier rompeu com Divaldo por cerca de 40 anos devido ao ocorrido. Esse fato é muito bem conhecido nos corredores do meio espírita, cujos dirigentes fazem o possível para evitar escândalos e manter as aparências.


Outra tendência de origem espírita mas que, como os Gasparetto, acabou tomando novos rumos, foi a “projeciologia” e a “conscienciologia” fundadas pelo já citado Waldo Vieira. Como disse acima, Waldo havia sido médium juntamente como Chico Xavier, mas acabou deixando o amigo (alegam-se diferentes razões para isso, mas prefiro não propagar fofocas de bastidores que não posso confirmar) e se dedicando à cirurgia plástica e a suas pesquisas pessoais na área de “experiências fora-do-corpo” (desdobramento ou projeção astral, daí o termo “projeciologia”, que cunhou). Nesse meio tempo ele se casou com uma estrangeira, herdeira da empresa de bebidas Brahma, cuja venda lhe disponibilizou o capital necessário para investir de forma muito mais substancial em seus projetos.
Waldo Vieira lançou um calhamaço denominado “Projeciologia”, cuja primeira edição, de 5 mil exemplares, foi distribuída gratuitamente para pessoas que se demonstravam genuinamente interessadas no tema. Fui um dos agraciados no dia de seu lançamento, na Federação Espírita do Estado de São Paulo. Waldo Vieira voltava então ao meio cercado de espíritas “intelectualizados” do Rio de Janeiro, onde residia, trazendo consigo influências parapsicológicas, teosóficas e ramatistas, todas elas unificadas por um empirismo cientificista radical. Antes de seu retorno retumbante, segundo comunicação pessoal de uma de suas convidadas, reuniu uma série de médiuns e pesquisadores ligados ao Espiritismo – como Hernani Guimarães Andrade – para anunciar seus planos de dar novos rumos ao movimento espírita, aproximando-o do que considerava ser mais “cientificamente racional” e distanciando-o do emocionalismo devocional de origem católica. Com o tempo, notou que sua proposta não estava sendo bem recebida no meio, e então decidiu partir para novos rumos em seu “Centro da Consciência Contínua” (mais tarde denominado Instituto Internacional de Projeciologia, e, posteriormente, Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia), abandonando o rótulo “espírita”, como fez a família Gasparetto.
Muitos adeptos do Espiritismo ficam indignados com os Gasparetto e Waldo Vieira, pois não só acreditam, com base em Allan Kardec, que a “doutrina espírita” é o ápice da evolução humana na Terra, como confundem Espiritismo com Espiritualismo. Ignoram completamente o que foi explicado anteriormente: que a “doutrina espírita” é uma racionalização dos fenômenos mediúnicos de alcance regional somente; que Allan Kardec não está para esse fenômenos como Jesus Cristo para os “dons do Espírito Santo” distribuídos no Pentecostes.


E essas variações regionais ocorrem mesmo dentro do Espiritismo brasileiro: a Federação Espírita Brasileira, com sede no Rio de Janeiro, tem influências completamente diferentes das sofridas pela Federação Espírita do Estado de São Paulo, destacando-se a controvérsia sobre a obra de Roustaing, que afirmava que Jesus Cristo tinha um “corpo fluídico”, que é defendida pela FEB e rejeitada pela FEESP.
A FEESP, por sua vez, apesar de se dizer a guardiã de um Espiritismo genuinamente “kardequiano”, foi alvo de Herculano Pires, no livro supra-citado, escrito em dupla com Chico Xavier e denominado “Na Hora do Testemunho”, em que denuncia adulterações da obra de Allan Kardec cometidas em tradução publicada pela FEESP, em um caso que merece ser analisado por configurar talvez um dos primeiros exemplos de adaptação politicamente correta de uma tradução para o português.

Mas voltando a Waldo Vieira: ele fez mais do que deixar o movimento espírita. Ele soltou a língua. E soltou feio. Waldo fez revelações, em vídeo disponível no Youtube, sobre como as mensagens mediúnicas com detalhes da vida do morto são fraudadas. A transcrição abaixo vem do site Obras Psicografadas:
“A mesma coisa aquelas mensagens que o Chico recebia. Você sabe que essas mensagens psicografadas, da pessoa que morreu assim, eles mandam a carta com os detalhes para a pessoa colocar na mensagem psicografada, né? Tem médium que ainda está recebendo essas mensagens até hoje. Eu nunca recebi uma mensagem assim. Agora, o pior disso é aquilo que eu falo para vocês, a natureza humana não falha. Quando eu deixei o movimento espírita, me mandaram umas cartas dessas pra mim pra eu receber mensagens pras pessoas. Eu queimei as cartas, só para não envolver ninguém. Então eles mandavam, ‘ó, o apelido dele é esse, a tia que ele gosta é essa, a madrinha dele, a dindinha, é a fulana, ela mora assim e assim.’ Tudo para haver uma relação. ‘O avô que ele gostava muito morreu no ano tal.’ Agora, eles mandavam essas cartas com tudo já mastigado para você colocar. Tudo carta marcada, jogo de carta marcada. Foi por isso que quando Souto Maior teve aí eu falei com ele. ‘Olha, você já viu isso?’ ‘Eu já’. Ele já tinha visto! Todo mundo que vai estudar isso acaba vendo, porque vai encontrar isso aí. E ele até sabe, tem médium que ele evita. Porque ele sabe que tem médium até hoje que ainda tão recebendo essas coisas e fazendo aí um auê, né? Isso dá ibope. Sabe, o processo seguinte faz média com muita gente, etc. Então a mãe faz média, o médium faz média, o centro espírita faz média, é um monte de coisa. Agora, ó… se você observar, lá em Uberaba, na minha época, o Chico não recebia essas mensagens. Por que é que ele não recebia? Porque eu falei com ele: ‘Olha, se tiver isso, eu caio fora já!’ Se você aguentar um tempo eu sigo as coisas pra melhorar a sua vida aqui e todo o trabalho. Tinha várias coisas… Outra coisa, vocês nunca viam, naquelas reuniões que faziam de efeitos físicos, eu não aparecia… porque ela era fajuta… a dele. Tudo isso… Hoje eu falo porque as coisas todas já passaram, é bom a gente clarear as coisas, porque a natureza humana não falha”.

Waldo Vieira e Chico Xavier
Waldo Vieira diz acima que ele e Chico, com quem cooperou, não estavam envolvido nas fraudes de mensagens e nem nas fajutas sessões de materialização em Uberaba, que, não obstante, ocorreram também em seu consultório.
O site Obras Psicografadas complementa a transcrição acima com algumas considerações muito pertinentes sobre o depoimento de Waldo Vieira.
Waldo Vieira diz: Outra coisa, vocês nunca viam, naquelas reuniões que faziam de efeitos físicos, eu não aparecia… porque ela era fajuta… a dele. (O trecho está entre 3:47 e 3:48.)

A médium Otília Diogo, que realizou sessões de materialização com Chico Xavier, foi pega em fraude anos depois interpretando a irmã Josefa.
Há a descrição em ao menos dois livros da materialização do senador Públio Lêntulos, episódio esse que nitidamente foi fraude, uma vez que tal personagem jamais existiu na época descrita (contemporâneo de Cristo). Para detalhes de porque tal episódio foi uma fraude perpetrada por Chico.
Considerando-se as influências humanas no conteúdo das mensagens – como no caso da crença na reencarnação, na vida em outros planetas de nosso sistema solar e da literatura de auto-ajuda espírita -, a variação, no tempo e espaço, de como os supostos “espíritos” teriam descrito o “mundo espiritual” – da forma mais sóbria do “Espírito da Verdade” em “O Livro dos Espíritos” às “cidades astrais” hi-tech de Chico Xavier, que se tornaram padrão nas “mensagens” de médiuns brasileiros – e as fraudes confessas e as evidentemente ocultadas, é impossível alguém minimamente racional levar a sério as mensagens de Chico Xavier ou de qualquer outro médium menor.

Posição quanto aos fenômenos mediúnicos


O livro “O Erro Espírita”, de René Guénon, a melhor crítica já escrita ao Espiritismo e ao Espiritualismo em geral. O autor consegue demolir as principais falácias da “doutrina espírita” – confirmando a propriedade do título da tradução para o inglês: The Spiritist Fallacy – e expor ao ridículo seus principais expoentes até então. O único problema é que algumas de suas críticas, como aquela feita à ideia de reencarnação, dependem do conhecimento e concordância do leitor com a composição tripartite do ser humano e a compreensão de como isso implica primordialmente na conceituação guenoniana (e tradicional) de “personalidade” e “individualidade”. Ele não consegue demonstrar, sem depender da diferença entre esses dois conceitos e uma série de outros conexos, os quais ele nem faz questão de explicar, que a comunicabilidade dos santos mortos com os vivos é possível mas não a de um defunto comum.
O melhor argumento para derrubar especificamente a “doutrina espírita” é apontar o fato de que a realidade, conforme descrita nas partes anteriores e como pode ser verificado no dia-a-dia, não corrobora as condições que o próprio Allan Kardec estabeleceu para validar o Espiritismo.
Refiro-me àquelas expostas em seu “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo II, denominado “Autoridade da Doutrina Espírita: Controle universal do ensino dos espíritos”. Os trechos destacados em negrito são uma sucessão de tiros que Kardec dá em seu próprio pé, pois são exigências ideais que nunca se verificaram na prática:

Se a doutrina espírita fosse uma concepção puramente humana, não teria como garantia senão as luzes daquele que a tivesse concebido. Ora, ninguém neste mundo poderia ter a pretensão de possuir, sozinho, a verdade absoluta. Se os Espíritos que a revelaram se houvessem manifestado a apenas um homem, nada lhe garantiria a origem, pois seria necessário crer sob palavra no que dissesse haver recebido os seus ensinos. Admitindo-se absoluta sinceridade de sua parte, poderia no máximo convencer as pessoas do seu meio, e poderia fazer sectários, mas não chegaria nunca a reunir a todos.
Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por meio mais rápido e mais autêntico. Eis porque encarregou os Espíritos de a levarem de um pólo ao outro, manifestando-se por toda parte, sem dar a ninguém o privilégio exclusivo de ouvir a sua palavra. Um homem pode ser enganado e pode enganar-se a si mesmo, mas não aconteceria assim, quando milhões veem e ouvem a mesma coisa: isto é uma garantia para cada um e para todos...
São realmente os próprios Espíritos que fazem a propaganda, com a ajuda de inumeráveis médiuns, que eles despertam por toda parte. Se houvesse um intérprete único, por mais favorecido que esse fosse, o Espiritismo estaria apenas conhecido. Esse intérprete, por sua vez, qualquer que fosse a sua categoria, provocaria a prevenção de muitos; não seria aceito por todas as nações. Os Espíritos, entretanto, comunicando-se por toda parte, a todos os povos, a todas as seitas e a todos os partidos, são aceitos por todos…
Esta universalidade do ensino dos Espíritos faz a força do Espiritismo, e é ao mesmo tempo a causa de sua tão rápida propagação. Enquanto a voz de um só homem, mesmo com o auxílio da imprensa, necessitaria de séculos para chegar aos ouvidos de todos, eis que milhares de vozes se fazem ouvir simultaneamente, em todos os pontos da Terra, para proclamar os mesmos princípios e os transmitir aos mais ignorantes e aos mais sábios, a fim de que ninguém seja deserdado. É uma vantagem de que não pôde gozar nenhuma das doutrinas aparecidas até hoje. Se, portanto, o Espiritismo é uma verdade, ele não teme nem a má vontade dos homens, nem as revoluções morais, nem as transformações físicas do globo, porque nenhuma dessas coisas pode atingir os Espíritos.
Mas não é esta a única vantagem que resulta dessa posição excepcional. O Espiritismo ainda encontra nela uma poderosa garantia contra os cismas que poderiam ser suscitados, quer pela ambição de alguns, quer pelas contradições de certos Espíritos. Essas contradições são certamente um escolho, mas carregam em si mesmas o remédio ao lado do mal…
A concordância no ensino dos Espíritos é portanto o seu melhor controle, mas é ainda necessário que ela se verifique em certas condições. A menos segura de todas é quando um médium interroga por si mesmo numerosos Espíritos sobre uma questão duvidosa. É claro que, se ele está sob o império de uma obsessão, ou se tem relações com um Espírito embusteiro, este Espírito pode dizer-lhe a mesma coisa sob nomes diferentes. Não há garantia suficiente, da mesma maneira, na concordância que se possa obter pelos médiuns de um mesmo centro, porque eles podem sofrer a mesma influência.
A única garantia segura do ensino dos Espíritos está na concordância das revelações feitas espontaneamente, através de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares…

Ora, já verificamos que a “doutrina espírita”, ou Espiritismo, não representa a “concordância das revelações feitas espontaneamente” através de médiuns “estranhos uns aos outros, e em diversos lugares”. Não foi “revelada” a todo o movimento espiritualista, e tampouco o que teria sido revelado e “codificado” por Allan Kardec foi corroborado pelos rumos posteriores das “revelações” feitas no meio espírita brasileiro, como foi demonstrado no caso de Chico Xavier, Hercílio Maes, os Gasparetto ou Waldo Vieira.
Isso no que se refere aos postulados doutrinários do Espiritismo. Mais essencial é o que ele partilha com o Espiritualismo em geral e que, uma vez descartado, derruba toda a doutrina espírita junto: a crença de que a origem dos fenômenos ditos mediúnicos sejam os espíritos dos mortos. Fazendo vistas grossas à hipótese de fraude, o que se verifica de fato, nas supostas comunicações, é que elas não ocorrem como seria de se esperar caso a explicação espiritualista fosse correta. Se fosse esse o caso, os espíritos estariam produzindo provas incontestáveis de sua identidade, como, por exemplo, enviando a mesma mensagem para diferentes médiuns, ou dividindo uma mensagem em várias partes e comunicando cada uma delas a um médium que não conhecesse seus congêneres envolvidos, informando-lhes onde estaria a parte anterior e posterior, com todas elas se encaixando. E fazendo isso em profusão.
Absolutamente nada disso foi jamais possível. O que se verifica invariavelmente é que mensagens atribuídas aos espíritos e carregadas de detalhes propiciando sua identificação, como as que eram produzidas por Chico Xavier, são raríssimas se considerarmos todo o contingente de “médiuns” disponíveis – daí, aliás, a fama do mineiro como primus inter pares -, e, quando ocorrem, advém de um único médium.
Esse fato – frisando que estou descartando aprioristicamente a possibilidade de fraude, a despeito do que disse Waldo Vieira na parte anterior – só condiz com uma explicação: a de que é esse indivíduo que tem uma capacidade extraordinária de receber informações desconhecidas de diferentes fontes por meios “paranormais” (como “telepatia”, “clarividência” ou “remote viewing”, etc.), e não que os espíritos dos mortos têm a capacidade natural de oferecer informações a ditos “médiuns”.
Fazendo uma comparação: os televisores, não importando se analógicos ou digitais, com tela convencional, de LCD, LED ou plasma, captam necessariamente as mesmas informações das antenas retransmissoras de VHF e UHF, apesar da qualidade da recepção e exibição variarem.
Quem mora em prédio já deve ter passado pela experiência de descer ou subir vários lances de escada e, enquanto se movimenta, ouvir o som de um mesmo programa vazando dos apartamentos e, com isso, conseguir acompanhá-lo conforme muda de andar. Percebemos que é o mesmo filme, novela ou telejornal sendo captado nas várias residências. É isso que permite que haja pessoas, todos os dias, comentando as mesmas cenas que assistiram em lugares diferentes.
Quando se vai a uma lan house a coisa é bem diferente. Conforme nos deslocamos, podemos perceber, na tela do computador de cada usuário, imagens diferindo completamente umas das outras, e muitas vezes várias imagens simultâneas sobrepostas parcialmente, cada uma delas relacionada a um programa, aplicativo ou aba com informações diferentes abertas em um mesmo computador.


O que os aparelhos de televisão evidenciam é que há uma só fonte para as imagens e sons de cada canal, que, como sabemos, no caso do sinal aberto, são as antenas retransmissoras. Seus sinais são compartilhados, de forma praticamente sincrônica, ao longo de toda a região de cobertura. Os televisores funcionam como “médiuns”, meios de recepção e reprodução dessas informações.


Os computadores, por sua vez, podem ser utilizados para VOIP ou live streaming, mas o que evidenciam é sua capacidade de processamento local de informações advindas de diferentes fontes geralmente assíncronas (internet, pendrives, câmeras, etc.).
No caso da TV, o ponto fulcral é a antena retransmissora, que lhe é externa. No do computador, o disco rígido que carrega internamente. Pode-se assistir a um vídeo no computador e com isso emular a aparência e a função de um televisor, mas isso não permite confundir a forma de funcionamento de cada um deles. Um computador, mesmo que funcionando em rede, é uma unidade autônoma quando comparado ao aparelho de TV.
A hipótese mediúnica dos espíritas e espiritualistas em geral exige médiuns operando de forma semelhante à da televisão. Ninguém duvidaria deles se, morando em diferentes andares de um único prédio, mas sem comunicação entre si, reproduzissem, mesmo que com menor precisão, a experiência de vários moradores sintonizando o mesmo canal de TV.
Mesmo nos poucos casos que me foram narrados em que algo semelhante parecia ocorrer, havia sempre a exposição a pelo menos uma mesma pessoa em comum (como alguém que vai procurar diferentes médiuns, e esses relatam detalhes semelhantes sobre alguma coisa), o que não cumpre nem mesmo as exigências de Kardec citadas acima. O que não ocorre, e nem jamais ocorreu, são médiuns que não se conhecem e não têm nenhuma forma de comunicação entre si captarem, como sugeri no início desta terceira parte, a mesma mensagem ou partes de um mesmo texto que se completam. Se a hipótese mediúnica fosse correta, isso teria de ocorrer com a mais convincente frequência.
Para piorar ainda mais a situação dos espíritas, eles admitem a existência do “animismo”, termo que utilizam para se referir à capacidade do indivíduo vivo produzir fenômenos “paranormais” sem a contribuição dos espíritos dos mortos (como no caso da telepatia, precognição, experiências-fora-do-corpo, etc.).
É o que se lê em “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, cap. XIX, “Papel do Médium nas Comunicações”:

2. As comunicações escritas ou verbais podem ser também do próprio Espírito do médium?
— A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra. Se ela goza de um certo grau de liberdade, recobra então as suas qualidades de Espírito. Tens a prova na visita das almas de pessoas vivas que se comunicam contigo, muitas vezes sem serem chamadas. Porque é bom saberes que entre os Espíritos que evocas há os que estão encarnados na Terra. Nesses casos eles te falam como Espíritos e não como homens. Por que o médium não poderia fazer o mesmo?…

E a nota do tradutor (o já citado Herculano Pires):

Esse erro de exclusivismo é o mesmo que hoje praticam os parapsicólogos antiespíritas, que pensam haver descoberto a pólvora ao afirmar: “Não há Espíritos, pois tudo vem da mente do médium!” O Espiritismo, como se vê, conhece desde o seu início os dois fenômenos: o anímico, de manifestação da alma do médium, e o espírita, de manifestação de um Espírito desencarnado. Jamais o Espiritismo cometeu o erro do exclusivismo oposto, ou seja, de afirmar que as comunicações são apenas de Espíritos desencarnados. Veja-se a Revista Espírita, o livro de Aksakoff Animismo e Espiritismo e os livros de Ernesto Bozzano Animismo ou Espiritismo e Comunicações Mediúnicas Entre Vivos. (N. do T.)

De “O Livro dos Espíritos”, cap. VIII, “Emancipação da Alma”:

 420. Os Espíritos podem comunicar-se, se o corpo estiver completamente acordado?
— O Espírito não está encerrado no corpo como numa caixa: ele irradia em todo o seu redor; eis porque pode comunicar-se com outros Espíritos, mesmo no estado de vigília, embora o faça mais dificilmente.
421. Por que duas pessoas, perfeitamente despertas, têm, muitas vezes, instantaneamente, o mesmo pensamento?
— São dois Espíritos simpáticos que se comunicam e vêem reciprocamente os seus pensamentos, mesmo quando não dormem.
Há entre os Espíritos que se afinam uma comunicação de pensamentos que faz que duas pessoas se vejam e se compreendam sem a necessidade dos signos exteriores da linguagem. Poderia dizer-se que elas falam a linguagem dos Espíritos.

E mais: os espíritas incluem comumente, sob a designação de animismo, a influência inconsciente do dito “médium” nas mensagens dos supostos “espíritos”. No capítulo IV do Livro dos Médiuns, “Sistemas“, Kardec levanta explicações alternativas à espiritualista, e, em uma delas, admite a influência do “médium”:

45. SISTEMA SONAMBÚLICO: este sistema teve mais partidários, mas ainda agora conta com alguns. Como precedente, admite que todas as comunicações inteligentes procedem da alma ou Espírito do médium… Não se pode negar, em certos casos, a influência dessa causa…

Do trecho acima excluí os argumentos que Kardec usa para descartar essa explicação para todas as comunicações “mediúnicas”. Reproduzo-os agora:

…Não se pode negar, em certos casos, a influência dessa causa, mas é suficiente haver presenciado como opera a maioria dos médiuns para compreender que ela não pode resolver todos os casos, constituindo pois a exceção e não a regra. Poderia ser assim, se o médium tivesse sempre o ar de inspirado ou extático, aparência que ele poderia, aliás, simular perfeitamente, se quisesse representar uma comédia. Mas como crer na inspiração, quando o médium escreve como uma máquina, sem a menor consciência do que obtém, sem a menor emoção, sem se preocupar com o que faz, inteiramente distraído, rindo e tratando de assuntos diversos?

A esses argumentos adiciono outros, que Kardec apresentou na consideração de uma outra explicação alternativa:

… Pensou-se que poderia ser a do médium ou dos assistentes, que se refletiria como a luz ou as ondas sonoras…
… Somente a experiência, dissemos, poderia dar a última palavra sobre essa teoria, e a experiência a deu condenando-a, porque ela demonstra a cada instante, e pelos fatos mais positivos, que o pensamento manifestado pode ser, não só estranho aos assistentes, mas quase sempre inteiramente contrário ao deles; que contradiz todas as ideias preconcebidas e desfaz todas as previsões. De fato, quando eu penso branco e me respondem preto, não posso acreditar que a resposta seja minha…
Como, aliás, explicar pelo reflexo do pensamento a escrita feita por pessoas que não sabem escrever? As respostas do mais elevado alcance filosófico obtidas através de pessoas iletradas. E aquelas dadas a perguntas mentais ou formuladas numa língua desconhecida do médium? E mil outros fatos que não podem deixar dúvida quanto à independência da inteligência manifestante? … Além disso, a espontaneidade do pensamento manifestado independente de toda expectativa e de qualquer questão formulada, não permite que se possa tomá-lo como um reflexo do que pensam os assistentes.
O sistema do reflexo é muito desagradável em certos casos. Quando, por exemplo, numa reunião de pessoas sérias ocorre uma comunicação de revoltante grosseria, atribuí-la a um dos assistentes seria cometer uma grave indelicadeza, e é provável que todos se apressassem em repudiá-la. (Ver O Livro dos Espíritos, parágrafo XVI da Introdução.)
 
Ora, Allan Kardec, bastava que o Sr. prestasse atenção ao que está escrito em outro de seus livros. No capítulo VIII de O Livro dos Espíritos, “Emancipação da Alma”, o “Espírito da Verdade” teria respondido:

O sonho é a lembrança do que o vosso Espírito viu durante o sono; mas observai que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais daquilo que vistes ou de tudo o que vistes… frequentemente não vos resta mais do que a lembrança da perturbação que acompanha a vossa partida e a vossa volta, a que se junta a lembrança do que fizeste ou do que vos preocupa no estado de vigília. Sem isto, como explicaríeis esses sonhos absurdos, a que estão sujeitos tanto os mais sábios quanto os mais simples?
… Os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida, que se estende aos lugares os mais distantes ou que jamais se viu, e algumas vezes mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que retraça na memória os acontecimentos verificados na existência presente ou nas existências anteriores. A extravagância das imagens referentes ao que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeadas de coisas do mundo atual, formam esses conjuntos bizarros e confusos que parecem não ter senso nem nexo.
… 405. Frequentemente se veem em sonhos coisas que parecem pressentimentos e que não se cumprem; de onde vêm elas?
— Podem cumprir-se para o Espírito, se não se cumprem para o corpo. Quer dizer que o Espírito vê aquilo que deseja, porque vai procurá-lo. Não se deve esquecer que, durante o sono, a alma está sempre mais ou menos sob a influência da matéria e por conseguinte não se afasta jamais completamente das ideias terrenas. Disso resulta que as preocupações da vigília podem dar, àquilo que se vê, a aparência do que se deseja ou do que se teme. A isso é que realmente se pode chamar um efeito da imaginação. Quando se está fortemente preocupado com uma ideia liga-se a ela tudo o que se vê…

Temos então a admissão, nas mais importantes fontes espíritas, de que há influências “paranormais” entre vivos (como a telepatia), e também que a mente humana pode criar um sonho que apresente conteúdo de fontes “anímicas” (como a “clarividência indefinida”), preocupações e a memória de eventos que ocorreram na vigília. Isso tudo ocorrendo no suposto “médium”, que funciona aí como o ponto central dessas informações todas, a exemplo do computador, e recriando-as no que “realmente pode-se chamar um efeito da imaginação”.
Isso é o bastante para responder às objeções apresentadas por Allan Kardec – que reproduzi acima – às explicações alternativas à “mediúnica”. Se todos os fatos que ele apresenta para contrariá-las preenchessem as condições que se esperaria de um fenômeno genuinamente mediúnico – repetindo: a proliferação de mensagens com detalhes da vida dos mortos através de médiuns diferentes que não se conhecessem e nem tivessem tido qualquer forma de comunicação entre si, ou o recebimento de trechos de mensagens através de diferentes médiuns, e que esses trechos se encaixassem formando um só texto com unidade interna -, ele estaria certo. Mas não é isso que ocorre. Os fenômenos que ele elencou são sempre compatíveis com o modus operandi de um computador, não do aparelho de televisão, e nada compatíveis com o que foi dito por Kardec e que reproduzi no início desta parte:

Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por meio mais rápido e mais autêntico. Eis porque encarregou os Espíritos de a levarem de um pólo ao outro, manifestando-se por toda parte, sem dar a ninguém o privilégio exclusivo de ouvir a sua palavra. Um homem pode ser enganado e pode enganar-se a si mesmo, mas não aconteceria assim, quando milhões veem e ouvem a mesma coisa: isto é uma garantia para cada um e para todos…
São realmente os próprios Espíritos que fazem a propaganda, com a ajuda de inumeráveis médiuns, que eles despertam por toda parte…Os Espíritos, entretanto, comunicando-se por toda parte, a todos os povos, a todas as seitas e a todos os partidos, são aceitos por todos…
… eis que milhares de vozes se fazem ouvir simultaneamente, em todos os pontos da Terra, para proclamar os mesmos princípios e os transmitir aos mais ignorantes e aos mais sábios, a fim de que ninguém seja deserdado…

“To add insult to injury”, como se diria em inglês, Kardec tentou descartar a explicação de que as mensagens seriam fruto de uma “alma coletiva” das pessoas presentes à sessão. Do cap. IV de “O Livro dos Méduns”:

44. SISTEMA DA ALMA COLETIVA: é uma variante do precedente. Segundo este sistema, somente a alma do médium se manifesta, mas identificando-se com a de muitas outras pessoas presentes ou ausentes, para formar um todo coletivo que reuniria as aptidões, a inteligência e os conhecimentos de cada uma delas. Embora a brochura que expõe essa teoria se intitule A Luz(5) pareceu-nos de um estilo bastante obscuro. Confessamos haver compreendido pouco do que vimos e só a citamos para registrá-la. Trata-se, aliás, de uma opinião individual como tantas outras e que fez poucos adeptos…

Contraponho Allan Kardec a Stephen Wagner, em seu artigo intitulado “How to create a ghost” (Como criar um fantasma), do qual traduzo alguns trechos abaixo:

Muitos pesquisadores do paranormal suspeitam que algumas das manifestações fantasmagóricas e fenômenos de poltergeist… sejam produtos da mente humana. Para testar essa ideia, um experimento fascinante foi conduzido no início da década de 70 pela Toronto Society for Psychical Research (TSPR) para ver se eles conseguiriam criar um fantasma. A ideia era reunir um grupo de pessoas que comporia uma personagem completamente ficcional e, então, durante sessões mediúnicas, verificariam se era possível contatá-la e receber mensagens e outros fenômenos físicos – talvez até mesmo uma aparição.
Os resultados do experimento – que foram totalmente documentados em filme e fita de áudio – são surpreendentes.
A TSPR, sob a supervisão do Dr. A.R.G. Owen, reuniu um grupo de oito pessoas de entre os associados, nenhum deles alegando ter quaisquer dons paranormais… [T]ornou-se conhecido como o Grupo de Owen…
A primeira tarefa do grupo foi criar sua personagem histórica ficcional. Juntos, escreveram uma curta biografia da pessoa, que denominaram Philip Ayesford…

Stephen Wagner passa então a descrever os detalhes biográficos que criaram, que incluíam incidentes muito específicos. Não foi uma descrição genérica.

Com a vida e aparência de sua obra então firmemente estabelecidas em sua mente, o grupo começou a segunda fase do experimento: o contato.

Em setembro de 1972, as “sessões” foram iniciadas, e nada conseguiram durante um ano, exceto alguns membros relatarem a sensação de uma presença na sala. Decidiram então reproduzir o ambiente clássico de uma sessão mediúnica, com luzes fracas, participantes em torno de uma mesa, etc.

Isso funcionou. Durante uma das sessões noturnas, o grupo recebeu a primeira comunicação de Philip na forma de uma inconfundível batida (rap) na mesa. Em breve Philip estava respondendo perguntas feitas pelo grupo – uma batida para sim, duas para não. Eles sabiam que era Philip porque, bem, perguntaram a ele.
As sessões então deslancharam, produzindo uma profusão de fenômenos que não poderiam ser explicados cientificamente. Através da comunicação por batidas na mesa, o grupo conseguiu detalhes mais precisos da vida de Philip. Ele até parecia exibir uma personalidade, expressando suas preferências e sua convicta opinião sobre diversos assuntos… O “espírito” também conseguia mover a mesa, deslizando-a de um lado para o outro apesar de o chão estar revestido por um grosso tapete. Às vezes ela até “dançava” sobre uma só perna.
Que Philip era uma criação da imaginação coletiva do grupo era evidenciado por suas limitações. Embora pudesse responder perguntas sobre eventos e pessoas de sua época com precisão, não parecia possuir informações desconhecidas pelo grupo… Alguns membros pensavam ouvir sussurros em resposta às perguntas, mas nenhuma voz jamais foi capturada em fita.

Percebam que essa limitação das informações àquelas conhecidas pelo grupo se explica pelo fato de que nenhum dos participantes era “médium”. Se levarmos em consideração que um médium pode ser, de fato, um paranormal com a capacidade “anímica” de buscar informações de outras fontes – o que nem mesmo Allan Kardec nega – além da possibilidade de fraude, como descrita por Waldo Vieira, aliada ou não a uma paranormalidade genuína, mas que estou descartando agora -, a referência a fatos desconhecidos até mesmo por esse “médium”, ao contrário do que concluiu Kardec, é só uma variação do experimento descrito e que, nem por isso, deixou de apresentar fenômenos paranormais, como a levitação da mesa.
Wagner continua descrevendo outros fenômenos físicos que ocorreram, mas diz que a desejada materialização de Philip jamais foi conseguida (talvez porque não ocorreram no consultório de Waldo Vieira). E cita a replicação do experimento, algo que tenho exigido das mensagens dos “espíritos” e que não existe até hoje:

O experimento de Philip foi tão bem sucedido que a instituição de Toronto decidiu tentá-lo novamente com um grupo totalmente diferente e uma nova personagem ficcional. Depois de apenas 5 semanas, o novo grupo estabeleceu “contato” com seu novo “fantasma”, Lilith, uma espião franco-canadense. Outros experimentos similares convocaram entidades como Sebastian, um alquimista medieval , e até mesmo Axel, um homem do futuro. Todos completamente ficcionais, embora tendo produzido comunicações inexplicáveis por meio de suas inconfundíveis batidas.
Recentemente, um grupo de Sidnei, Austrália, tentou um teste semelhante com o “Experimento Skippy”.Os seis participantes criaram a história de Skippy Cartman, uma garota australiana de 14 anos. O grupo relata que Skippy se comunicou com eles através de batidas e arranhos.


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CANDOMBLÉ - Origem

O candomblé, como conhecemos no Brasil, é um sub-produto dos "Cultos aos Males, Irunmales e Orixás". Estes cultos são originários do Continente africano. Foram espalhados pelo mundo no advento da escravidão dos negros africanos. Vários povos (ou nações) foram trazidos para o Brasil como escravos. Cada nação era formada por várias tribos. Cada tribo tinha sua forma de culto e seu deus particular. Ex. (Povo Nagô)

Cidade: Oyó = Deus adorado: Xangô
Cidade: Irê = Deus adorado: Ogum
Cidade: Keto = Deus adorado: Oxossi
Cidade: Ilexá = Deus adorado: Oxum
Cidade: Ibadam= Deus adorado: Yemanjá

Cada indivíduo, por sua vez, adorava o deus coletivo, seu bara (dono do seu corpo), seu olori (dono de sua cabeça) e seu odu (seu destino).
Há outros cultos menores e particulares:
Geledé: Culto a Yami Oxorongá (minha mãe feiticeira) culto de exclusividade feminina onde algumas mulheres eram consideradas como tendo poderes sobrenaturais. Seu domínio e seu símbolo eram as aves.
Egungun: Culto prestado aos mortos, feito somente por homens. Eles acreditam ter domínio sobre as almas errantes. Porém há grande temor entre eles. Acreditam que, quando a alma desencarnada está manifesta, não se pode tocar nem em suas roupas que são coloridas e tem armações de bambu. Os mortos não incorporam, manifestam-se de forma sobrenatural entrando numa dessas roupas. 

Formação do panteão de orixás

Com a vinda de muitas nações africanas para o Brasil, vieram um sem número de cultos e deuses. No nordeste do Brasil a predominância, entre outros povos trazidos, foi dos Nagôs que falavam o Yorubá (língua do rei). Já no sudeste a predominância foi dos povos bantos. Com a necessidade deles viverem juntos nas senzalas (tanto no nordeste como no sudeste do Brasil) ouve uma mesclagem das culturas (roupas, dialetos, indumentárias cultos e etc.) com as predominâncias já citadas. Daí nasce o que chamamos no Brasil Candomblé. Palavra de origem desconhecida.
Obs. Neste ensaio faremos referência a esses dois povos.

Conceito de Deus.

Para os nagôs (nordeste do Brasil) existe um criador de todas as coisas, cujo nome não é permitido dizer. Eledumarê ou Eledumayê ou ainda Olodumaré, (Senhor do Destino Eterno ou Deus Eterno). Vale comparar com o título dado a Deus: El adonai.
Para os bantos (sudeste do Brasil) o criador é Zambi.

Conceito de Salvação.

Na visão dos nagôs, quando um africano morre crê-se que ele vai para um dos nove oruns (céus) existentes. Quem cuida desses oruns é uma entidade chamada Oyá - Inhaçã (Yámesan - Mãe dos nove - fazendo referência aos nove oruns ou nove cabeças).
Quando uma alma desencarnada fica vagando, é chamado o alagbá (chefe do culto dos egunguns) para despachá-lo.
Há também uma cerimônia quando alguém ligado ao culto morre. É o Axexê - cerimônia fúnebre para apascentar o morto e invocar Oyá Balé (título que significa: senhora dos mortos ou do cemitério) para levá-lo ao seu destino.

Pecado 

Não há conceito de pecado. Todas as oferendas são feitas para agradar e reverenciar os deuses. Há dois tipos básicos de oferendas: O ebó - sacrifício ou obrigação e o Irubó - oferenda.
Nestes sacrifícios ou oferendas acredita-se que: A energia vital do animal (seu sangue) sacrificado é transferida para o ofertante ou aquele que faz o sacrifício.

Cerimônias de iniciação

Nas cerimônias de iniciação (vide cap. Gen. 29.1-35), há um ritual chamado afejewé (nós lavamos com sangue) que é o ápice do ritual. Consiste em sacrificar vários animais e banhar o yaô (noiva - novato) naquele sangue colhido. Todos os iniciados são sacerdotes. A cerimônia visa o renascimento do yaô. O mesmo fica recluso um período de tempo que varia de tribo para tribo. Este período de reclusão equivale a sua morte. A cerimônia do afejewé o princípio do seu renascimento. Quando renascido o yaô recebe o seu orukó - novo nome e passa por um ritual de reaprendizagem das atividades comuns do tipo: comer, se vestir, andar sentar etc. Tudo lhe é ensinado novamente e quem faz isto é a yákota - mãe criadora ou mãe pequena. Nunca mais se pode fazer referência ao "velho homem morto" ou seja nem seu velho nome pode ser dito. Se por ventura alguém chama um desses sacerdotes por seu velho nome é como se lhe desejasse a morte.

O candomblé no Brasil

No Brasil muito de tudo isto se perdeu e muito foi acrescentado. O candomblecista comum acredita em Deus e os noviços são marcados no seu corpo com uma cruz, na maioria das casas de candomblés. São levados, após as cerimônias de iniciação a uma missa para receber a bênção do padre. Uma tradição que virou ritual.

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UMBANDA - Origem

Os portugueses impuseram aos negros escravos sua crença católica, o que não foi muito bem aceita nas senzalas. Além de obrigar os negros a aceitarem sua crença os portugueses também proibiram os cultos aos deuses pagãos dos escravos. Os escravos que não se submeteram foram perseguidos, açoitados e mortos. Até que surgiu entre eles a ideia de se fazer como em Ilexá (cidade da Nigéria), ou seja abrir um ujubô - buraco sagrado e nele depositar o seu igbá - espécie de vasilha pactual (arca da promessa) onde se encontrava alguns objetos. Sobre este ujubô os escravos colocavam as imagens dos santos católicos.
Nos seus cultos eles diziam estar reverenciando os santos e o deus católico com cânticos em dialetos africanos e com danças características, mas na verdade adoravam seus deuses e cantavam a ele. Surge daí o sincretismo afro-brasileiro. Surge também a tradição de levar os iniciados a uma missa, o que foi incorporado ao ritual comum de iniciação.
Com o passar dos tempos a proibição caiu por terra, mas ficou a tradição. Com a morte dos patriarcas o culto foi perdendo suas origens e povo foi acreditando nas imagens. Foram sendo acrescentados cultos não originários da África: Culto aos cablocos, aos povos de rua (culto a oluponã). Culto a pomba-gira (Bombogira dos bantos), culto às almas - pretos velhos (culto aos egunguns dos nagôs).
Foram aculturadas diversas crenças que podem ser encontradas nos altares: Vudu (originária da Europa - basicamente feitiçaria). Encontra-se também sobre seus altares a imagem de Jesus, de Maria, de Buda entre outros.

Doutrinas 

Os umbandistas não têm doutrina clara sobre nada. São na minha visão desnorteados. Acreditam no deus dos católicos, em Jesus, na virgem Maria, creem nas doutrinas Kardecistas sobre caridade para salvação. Não têm claro o destino de sua alma depois da morte. Pendem os umbandistas mais para o espiritismo, mas continuam fazendo sacrifícios e pactos com os deuses que se apresentam nos terreiros.
Há uma corrente da umbanda que se auto denomina umbanda branca, uma versão rústica do kardecismo, onde não há mais sacrifícios e os médiuns "trabalham" por caridade.

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20 erros dos Ensinos Espíritas Claramente Definidos


1º) O uso da Bíblia só segundo pareça conveniente, incoerentemente segmentando o seu conteúdo, usando e abusando de seus textos, sentenças e mesmo palavras isoladas, sem levar em conta O TEOR GLOBAL de seu ensino, mesmo desqualificando-a como um livro indigno de confiança quando suas palavras não pareçam convenientes, encontrando “contradições gritantes” em sua mensagem, o que torna o seu emprego pelos próprios espíritas como injustificável, já que é um livro que não serve para defender doutrinas (a não ser as espíritas, em segmentos seletos).

2º) A visão distorcida da Divindade, negando que tenhamos um “Deus pessoal” e deixando de entender que Deus não é só AMOR, como também JUSTIÇA. Esse tipo de Deus “Saci Pererê” do espiritismo (que se apóia só sobre uma “perna”— a do amor), com a imagem do Deus bíblico condenada como injusto por causa de relatos do Velho Testamento que espíritas não conseguem entender à luz de sua contextualização cultural, histórica, e dentro do TEOR GLOBAL do ensino bíblico, impede-os de realmente entender que na cruz houve o encontro de AMOR e JUSTIÇA (Salmo 85.10).

3º) A visão até ingênua de que o Novo Testamento é superior ao Velho no que tange aos atos divinos, por causa do muito "sangue derramado" da primeira parte das Escrituras, quando no Novo Testamento há até mais sangue derramado, como nos relato das fulminantes mortes de Ananias e Safira (Atos 5), o apedrejamento de Estêvão (Atos 7:54-50), a morte de Herodes, comido por vermes (Atos 12:20-23), e especialmente nas descrições detalhadas do castigo final aos ímpios em Apocalipse, especialmente 14.19, 20 (o lagar do castigo com sangue que se espalha por quase 300 km), com ainda a festança das aves sobre as carnes dos inimigos do povo de Deus (19.20, 21). Estas passagens mostram a severidade do castigo divino, pois Deus não é só amor, mas também justiça, como já destacado no 2o. tópico, acima.

4º) A negação da Divindade de Cristo, colocando-O na categoria de um ser criado, em vez de ser Ele próprio o Criador de todas as coisas, como lemos em João 1.1-3 (“todas as coisas foram feitas por Ele [o Verbo que Se fez carne], e sem Ele nada do que foi feito se fez"), confirmado por Hebreus 1.2. Cristo tinha o título de “filho do homem” e “Filho de Deus” pois falava segundo duas perspectivas, como o próprio Deus feito carne, de modo muito além de nossa limitada compreensão, e como o submisso “Servo sofredor” que aceitou assumir a taça do sofrimento e dor humanos para pagar o preço do pecado. Assim, ninguém terá desculpas no Juízo de que Deus não pode Ser um justo juiz por desconhecer por experiência própria as lutas e sofrimento do homem nesta vida. Ele conhece, sim, as nossas dores, pois foi “ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.5).

5º) A noção de que Cristo veio trazer uma nova e revolucionária legislação, eliminando os 10 Mandamentos como normativos aos cristãos e trocando-os pela “lei áurea” de “amor a Deus” e “amor ao próximo”, quando em tal “lei áurea” Ele apenas repete o que Moisés já havia dito em Lev. 19.18 e Deu. 6.5, sintetizando a lei divina. Sempre, em todos os tempos, a lei de Deus teve como princípio subjacente o amor—a Deus e aos semelhantes, pelo que Cristo não apresentou nenhuma “novidade cristã” como pensam os espíritas e outros mais.

6º) A negligência em dedicar o sétimo dia da lei divina — que tem os primeiros quatro mandamentos tratando do aspecto do “amor a Deus sobre todas as coisas" da “lei áurea” ao Senhor, enquanto destaca só a segunda parte dessa “lei áurea”, do “amor ao próximo como a nós mesmos”, embora Jesus tenha atribuído peso idêntico a ambos os preceitos básicos de Sua lei, com prioridade inclusive ao “amor a Deus sobre todas as coisas” (Mat. 22.36-40 e 10.37). Sendo que o sábado é indicado como “sinal” entre Deus e o Seu povo (Êxo. 31.17 e Eze. 20.12, 20), não contando com tal sinal (ou “selo”, cf. Rom. 4:11), os espíritas não podem identificar-se como pertencendo ao povo de Deus, especialmente quando negligenciam cumprir outras ordenanças típicas da fé cristã.

7º) A negação do conceito de “pecado”, ante a alegação de que os homens é que formulam as suas leis, com o que a ideia de “lei de Deus” não faz sentido, por serem as leis “restritivas” e prejudiciais à liberdade humana. A Bíblia, porém, ensina que “a lei do Senhor é perfeita e restaura a alma” (Sal. 19.7) e que “pecado é a transgressão da lei” (1 João 3.4). Tal como as leis de um país nos informam sobre o tipo de governo que o dirige, a lei de Deus é um transcrito do Seu caráter. Assim como “Deus é amor”, Sua lei será de amor. E como Deus é justo, Sua lei será a máxima expressão de justiça. Ademais, a genuína liberdade só existe no respeito à lei divina, pois os que vivem sob a escravidão do erro e da maldade assim se acham exatamente por desconsiderarem tal lei, daí sofrendo severas consequências. As leis de Deus visam ao nosso melhor bem, e não a nosso prejuízo.

8º) A não-adoção de sacramentos cristãos típicos e claramente instituídos ou endossados por Jesus Cristo, como o batismo e a Santa Ceia, confirmados por Paulo como essenciais para a expressão da fé no que Cristo realizou por nós, dedicação e reconsagração de vida segundo o Novo Caminho indicado na Palavra de Deus que é assumido por aquele que crê.

9º) A negação da existência de Satanás e demônios a seu serviço, o que torna a Jesus um mentiroso, pois Ele deu testemunho claro da existência de tal ser ao dizer: “Eu via Satanás, como raio, cair do céu” (Luc. 10.18), além dos muitos relatos bíblicos de Seus confrontos com demônios que expulsava de vitimados por seu domínio, bem como o relato de Sua tentação no deserto, relatada por diferentes evangelistas, quando confrontou o diabo e o derrotou à base do Sola Scriptura. O “está escrito” foi a grande arma de Cristo, não realizações sobrenaturais, de que Ele poderia tranquilamente valer-Se (ver Mateus 4 e Lucas 4).

10º) A negação do castigo eterno aos pecadores impenitentes, já que se prega uma ideia de evolução constante pela qual os indivíduos aprenderão com os erros de uma vida para corrigi-los numa próxima existência, assim evoluindo na sua jornada pelas várias vidas mediante a reencarnação, com o que os malfeitos se eliminam gradualmente. Jesus, porém, advertiu: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” (Mat. 7.13). E a linguagem de condenação eterna dos que forem até o fim sem se arrepender é claríssima em muitas passagens tanto do Velho quanto do Novo Testamento. O próprio Cristo anunciou que no final haverá a ressurreição da vida e a ressurreição da condenação, e que os que não aceitarem a oferta de Salvação propiciada por Deus Nele irão perecer, pois “quem crê e for batizado, será salvo; quem não crê, será condenado” (João 5.28, 29 e Mar. 16.16).

11º) A tese de salvação universal, noção que não inspira ninguém a crescer espiritualmente, já que sempre se pode deixar para depois o devido preparo e progresso ético, moral, espiritual, sendo que no final todos terão o mesmo destino, mais cedo ou mais tarde chegando lá. Jesus não disse para ninguém conformar-se em ser um cristão “mais ou menos” e sim desafiou a todos: “Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mat. 5.48).

12º) A ideia de salvação dever-se às obras humanas, uma impossibilidade que contraria o TEOR GLOBAL do ensino bíblico, sobretudo diante da exposição clara, didática, insofismável de Paulo (o “codificador dos evangelhos”) quanto ao papel da graça de Deus como única fonte de salvação, sendo as obras mera demonstração da genuinidade da fé salvadora. Qualquer noção de que obras humanas, imperfeitas como sempre serão, “contem pontos” para a salvação é uma afronta ao Senhor e Salvador Jesus Cristo. É o mesmo que dizer-Lhe que o Seu supremo sacrifício expiatório foi incompleto, daí precisamos acrescentar algo de nossa própria experiência à experiência Dele, num impossível paralelo do humano e imperfeito com o divino e absolutamente perfeito.

13º) O apego à experiência sobrenatural, o “ver” e o “sentir” como base da fé, quando Jesus louvou os que creram sem ver ou sentir: “Bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20.29). Muitos gostam de sentir-se “especiais”, “usados por Deus”, e espíritas convertidos ao evangelho de Jesus Cristo contam que uma das coisas que os atraíram a essa religião foi justamente a vaidade que lhes é incutida de terem dons de “mediunidade”, ou uma “missão a cumprir” entre os homens. Paulo acentuou, citando um profeta bíblico, que “o justo viverá pela fé” (Rom. 1.17, cf. Hab. 2.4).

14º) A noção típica de todos os povos pagãos, do presente e do passado, de que o homem é um ser dualístico, formado por um corpo material e uma alma imortal, que prossegue viva e consciente na morte, quando o ensino bíblico é de que Deus criou o homem para viver como um ser físico, num paraíso físico, e que por consequência do pecado passou a experimentar a morte. A única forma de restaurar a vida é pela RESSURREIÇÃO DOS MORTOS, que representa a vitória sobre a morte e a sepultura, como diz Paulo em 1 Cor. 15.54, 55. Entre a morte e a ressurreição nada existe, pois os que morrem, como no sono, nada sabem do que se passa, não têm conhecimento de coisa alguma e adentram o mundo do silêncio (Ecl. 9.5, 6, 10; Sal. 6.5 e 115.17).

15º) A noção de reencarnação, negando o claro ensino bíblico de que só mediante a ressurreição dos mortos, bem detalhadamente descrita em várias passagens, como Ezequiel 37, 1 Coríntios 15, 1 Tessalonicenses 4.13-16, é que alcançaremos a vida eterna, que é apresentada na Bíblia como um dom de Deus aos que se habilitarem a para sempre habitar nos lugares que Cristo prometeu preparar para os Seus fiéis, e que iriam ser ocupados quando Ele retornasse para vir buscar os Seus (ver Rom. 2.7; 2a. Tim. 1.10 e João 14.1-3).

16º) A negação da volta de Cristo em glória e majestade, embora citem textos como Mateus 16.27 que fala claramente dessa volta, e muitos outros claros versos das Escrituras. E Sua volta é a única saída para tirar o homem do “aperreio” em que se acha, em decadência moral e espiritual clara e evidente, e não o progresso rumo a um róseo futuro, como indicado pelo espiritismo.

17º) A própria ideia de que graças às contínuas reencarnações a humanidade só tem melhorado e só haverá de melhorar mais e mais no futuro, quando isso não só está inteiramente fora da realidade, com nega as profecias bíblicas, proferidas pelo próprio Cristo, que fala que os tempos que antecederiam a Sua volta literal e visível seriam uma repetição da maldade de Sodoma e Gomorra, ou dos dias anteriores ao dilúvio. Isso é confirmado por Paulo, Pedro e outros autores bíblicos.

18º) A possibilidade de comunicação entre vivos e mortos, sendo que a proibição divina é clara a respeito, tanto em Deu. 18.9-11 como séculos depois confirmada em Isa. 8.19, 20. Sendo que não há uma “alma imortal” que tenha consciência após a morte do corpo, e o indivíduo na morte permanecerá como num sono inconsciente até a ressurreição, qualquer suposta comunicação entre vivos e mortos é claramente suspeita, e proibida por Deus que quis proteger o Seu povo de terríveis enganos satânicos nessa linha.

19º) A noção de que o espiritismo moderno, desde o século XIX, seria a promessa do Cristo de que o Consolador seria enviado (João 16.7), quando o verso seguinte diz que tal Espírito teria a função de convencer o mundo “do pecado, e da justiça e do juízo”. E o vs. 13 declara que “quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir”. Mas os espíritas NEM CRÊEM em “pecado”, nem em “juízo”, pois o sentido é claramente o que se harmoniza com o TEOR GLOBAL do ensino bíblico, e não reinterpretações extrabíblicas criadas para ajustar-se a pressupostos realmente alheios ao ensino de Jesus Cristo e Seus apóstolos. Nem os sinceros servos de Deus passaram a ser convencidos da “verdade, da justiça e do juízo” só a partir de Allan Kardec.

20º) A prática comum dos espíritas que não só se considerarem “superiores” por não terem profissionais da religião, como porem-se a julgar com generalizações aéticas os demais religiosos como exploradores do povo, por causa do sistema de dízimos e ofertas nas Igrejas, atribuindo indiscriminadamente rótulos negativos a seus pastores, além de também tratarem os evangélicos em especial como “bibliólatras”, “fundamentalistas”, “bitolados” e outros títulos dessa linha, esquecendo-se do mandamento do Cristo, "não julgueis para que não sejais julgados" (Mat. 7.1).

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Uma farsa chamada Chico Xavier

Natural de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, Francisco Cândido Chavier (1910 – 2002), conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer a função de médium espírita psicógrafo aos 17 anos de idade. É autor de mais de 400 livros psicografados, além de inúmeros bilhetes e breves mensagens. A Federação Espírita Brasileira (FEB) apresentou pessoalmente Chico Xavier, com seus livros, por diversas cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália e Portugal. Uma das mais destacadas consequências práticas dessas viagens foi a fundação do “Christian Spirit Center”, em Ellon College, Carolina do Norte (EUA).

A Trajetória de um louco

Marcel Souto Maior relata que quando começou a ter as primeiras visões, ainda criança, Chico passou a ser chamado de louco pelo próprio pai e por moradores de Pedro Leopoldo. Só sua mãe o entendia, mas morreu cedo, quando Chico tinha apenas 5 anos. Logo depois da morte, ele começou a ver – e ouvir – o espírito da mãe no quintal da madrinha. Era com ela (o espírito) que Chico desabafava. [1]

O próprio Chico confessou mais tarde com relação a sua iniciação mediúnica: 

“Meu pai queria me internar em um sanatório para enfermos mentais (...) Devia ter suas razões; naquela época me visitavam também entidades estranhas perturbadoras”. [2]

Que entidades estranhas eram essas que visitavam Chico Xavier? Certamente eram os mesmos demônios que o acompanharam durante toda sua vida, e através dos quais ele foi iniciado no espiritismo. Os espíritos que Chico supostamente dizia ver e ouvir, eram na verdade demônios que assumiam a forma de pessoas mortas. Não é de estranhar, pois o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz (2 Cor. 11.14).

O Cruzeiro

Foto Jean Manzon - O Cruzeiro 
Quando começou a ganhar fama nacional, lá pelos anos de 1940, Chico Xavier foi procurado por um dos repórteres mais implacáveis da época, David Nasser, da revista “O Cruzeiro”. Cansado de ser alvo da desconfiança e da curiosidade dos repórteres, Chico tentou escapar a todo custo, mas foi vencido por um artifício usado por Nasser. O repórter enrolou a língua, começou a falar um francês arrastado e, com a ajuda de seu fotógrafo estrangeiro, Jean Manzon, convenceu Chico de que eles tinham vindo de muito longe, de Paris, só para entrevistá-lo.

Chico decidiu então dar a primeira entrevista internacional de sua vida e foi além. Reclamou do assédio da imprensa e dos visitantes, e pousou para fotos nas situações mais extravagantes. Até dentro de uma banheira ele apareceu em fotos de página inteira na revista “O Cruzeiro”.

Quando a edição chegou às suas mãos, Chico desabou. No meio da crise e do choro, viu seu guia, Emanuel, surgir no quarto:
- Por que você está chorando?
- Por quê? É muita humilhação, um vexame..
Emanuel encerrou a choradeira com um trocadilho:
- Jesus foi para a cruz. Você foi só para Cruzeiro. [3]
Matéria de O Cruzeiro dos anos 40.
Chico foi uma fraude do começo ao fim. Ser entrevistado por um repórter francês seria uma oportunidade unica. A França é o berço do espiritismo moderno, onde Allan Kardec publicou seus primeiros escritos e a partir de onde o espiritismo se alastrou pelo mundo. Ter uma entrevista publicada em Paris seria bom para sua imagem: ele deixaria de ser alvo de críticas no Brasil, e seria reconhecido como médium e santo. Mas no lugar da honra, veio a desonra. O Brasil foi inundado por uma edição da revista “O Cruzeiro”, que trazia estampada na capa uma foto de Chico Xavier dentro de uma banheira numa posição extravagante. Para quem não sabe, Chico Xavier era homossexual e adorava posar para fotos. Uma atitude estranha para alguém que dizia ser “iluminado pelas forças lá do alto”.
O apresentador e médium Luiz Gasparetto, fez a afirmação sobre a homossexualidade do maior médium brasileiro em entrevista para a revista G Magazine deste mês. Segundo o filho da escritora Zíbia Gasparetto, homossexual assumido, o próprio mestre do espiritismo brasileiro interveio junto a sua mãe quando ele ainda era adolescente. “Esse menino é tão bom, tão cheio de dons, que isso não deve ser algo ruim”, teria dito Xavier. “Depois o Chico Xavier, que também era homossexual, falou para minha mãe não se incomodar”, disse Gasparetto para a dupla de jornalistas Daniela Salú e Rodrigo de Araújo, que assinam a matéria intitulada Terapeuta Pop.


Segundo o livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior, publicado no ano de 2003, o médium não aceitava o rótulo de homossexual e seria celibatário. "De que vale um perfume preso a um frasco?", "Por que ficar preso a uma mulher?", "Minha família é a humanidade" teria dito o médium falecido em 30 de junho de 2002, aos 92 anos de idade.

A PERÍCIA TÉCNICA CONFIRMA REPORTAGEM DE “O CRUZEIRO”: FALSA A MATERIALIZAÇÃO DE UBERABA
Em 3 de outubro de 1804 nascia em Lyon, França, um dos mais ativos servos do diabo de que se tem notícia, Hyppolite Léon Denizard Rivail, cujo nome foi por ele mudado para Allan Kardec. Helena Petrovna Blavatsky, bruxa, médium, espírita e satanista foi a fundadora da Sociedade Teosófica (Sociedade Espírita) e um dos mais importantes expoentes para a difusão do Ocultismo, do Esoterismo, do Espiritismo, do Hinduísmo e do Budismo e ainda uma precursora do atual movimento diabólico conhecido por New Age Movement (Movimento Nova Era).
Se alguém deseja saber como se comporta um ser humano dominado e escravizado por demônios, basta observar a vida de Chico Xavier. Foi um promotor da fraude, do embuste, da enganação e da mentira (psicografias, alegações de ter vivido em outras épocas com diferentes nomes e em diferentes corpos, consulta aos mortos, invocação de demônios, deturpação da Bíblia, mediunidade, falsas curas, idolatria, necromancia, etc.)
Em 3 de outubro de 1804 nascia em Lyon, França, um dos mais ativos servos do diabo de que se tem notícia, Hyppolite Léon Denizard Rivail, cujo nome foi por ele mudado para Allan Kardec, pois, segundo afirmava, um espírito lhe disse que em outra encarnação Hyppolite Rivail havia sido um druída na Gália e que ambos (Hyppolite Rivail e o tal espírito) haviam convivido juntos. Devido ao vício pelo jogo de um tio de Allan Kardec, sua família caiu na miséria e Kardec passou a trabalhar com a contabilidade de casas comerciais e a escrever livros.
 
“Por que odiarmos nós a Satanás, se ele, também, é criação divina?… Por que não transformar num bom amigo a Satanás, em vez de o combater? Amigos meus, oremos por Satã, amemo-lo de todo coração,…” Alziro Zarur, fundador da Legião da Boa Vontade, LBV (Mensagem De Jesus Para os Sobreviventes, Poema completo: p.130/132/133)

A Rede Globo e o SBT, canais espíritas, camuflados e piegas, não pararam de comemorar os 100 anos desse “médium”, no entanto curiosamente omitiram detalhes constrangedores da vida do cidadão!


Uma das mais constrangedoras é a trama da “materialização” da Irmã Josefa, algo digno de enredo do desenho do Pica Pau, onde pessoas vomitavam ectoplasmas e uma mulher aparecia coberta com um tecido branco dizendo ser um espírito materializado…. Mais tarde descobriu-se que tal espírito era, na realidade, uma tiazinha de meia idade que fazia truques de ilusionismo barato, como pode ser conferido no ‘RESGASTE HISTÓRICO: REVISTA O CRUZEIRO DE 27/10/1970’


Chico Xavier não sabia das fraudes? É no mínimo curioso que nenhum espírito que ele “encarnava” o tenha alertado dessas fraudes! Outra fraude, não menos constrangedora, foi a de “psicografar” uma receita espiritual para uma pessoa que não existe.

Chico Xavier e a fraude de Otília Diogo, a “irmã Josefa” 




Através de Guilherme Santos, o blog Obras Psicografadas passa a reproduzir a série de matérias publicadas na década de 1960 pela revista “O Cruzeiro” sobre a farsa das “materializações” em Uberaba envolvendo a médium Otília Diogo e os mais famosos Chico Xavier e Waldo Vieira. Na imagem acima podemos ver Vieira e Xavier (esquerda e direita, respectivamente) oferecendo um livro ao que seria a materialização da irmã Josefa (atriz Maria Viana se fantasiando da falsa irmã Josefa, à direita), o espírito de uma freira, através de Otília Diogo. 
Se você achava pessoas cobertas de lençóis brancos como fantasmas algo digno de desenhos animados infantis, um estereótipo cômico, em verdade tal ícone moderno representando fantasmas se baseia em “sessões de materialização” como esta, levadas muito a sério por espiritualistas. Elas eram mais comuns em fins do século 19 na Europa e EUA, mas mesmo nestas partes do mundo, e principalmente no Brasil, se prolongam até hoje.
O espírito branco na foto acima está dentro de uma “jaula”, em uma série de salvaguardas que supostamente evitariam “possíveis fraudes”. Fato é que não evitaram. A equipe de “dezenove médicos pesquisadores”, contando ainda com a participação registrada, que enfatizamos ainda outra vez, de Chico Xavier e Waldo Vieira, ao longo de três meses apenas endossou como autêntica uma fraude que viria a ser exposta mais claramente alguns anos depois, noticiada pelo próprio Cruzeiro e que deve ser também disponibilizada nos próximos dias no mesmo blog.

MAIS UMA FRAUDE, DESTA VEZ COM ALGODÃO, GAZE E UMA FOTO IMPRESSA RECORTADA DE REVISTA.


A todos espíritas e interessados em fenômenos envolvendo supostos espíritos, a mediunidade, ou as próprias figuras de Chico Xavier e Waldo Vieira, este é ainda outro episódio que deve ser melhor conhecido.

Nesta primeira matéria, os “fenômenos de materialização” são divulgados pela revista em um tom crédulo, sem quase nenhum questionamento. Ainda assim, qualquer leitor com senso crítico poderá notar problemas na história. Praticamente toda evidência da realidade de tais fenômenos se fundamenta no testemunho dos envolvidos e de suas medidas de salvaguarda contra fraude. Mesmo estas declarações são reveladoras, por exemplo, quando Vieira nota que:
“[O espírito da freira] é um ser igual a qualquer outro. Nós pegamos no seu braço esquerdo e na sua mão esquerda. A materializada estava envolvida por um véu, uma espécie de filó, mas aprofundamos o dedo até encostar no seu braço e achamos que é um braço igual a qualquer um nosso, apenas com a temperatura um pouco mais baixa. Disso nós não temos dúvida, porque não é a primeira vez que nós comprovamos fenômenos semelhantes”.
Perceba que Waldo Vieira afirma muito claramente que o suposto espírito materializado… estava envolto por um véu! Crentes dirão que o véu seria ele mesmo uma outra materialização, mas seja como for, Vieira também afirma que o espírito era “um ser igual a qualquer outro”. Vivo. Por que então não seria um ser vivo… como a própria médium envolta por véus? Voltaríamos aos depoimentos e salvaguardas contra fraudes, mas como confiar na infalibilidade destes?



As únicas evidências objetivas dos fenômenos extraordinários seriam as fotografias, e estas em verdade trabalham contra a veracidade do caso. Praticamente falam por si mesmas. O médico Elias Barbosa, um dos pesquisadores, mencionando o valor das provas fotográficas, refere-se a elas assim:

“Esta figura parece que nunca poderia ser um médium e nem um assistente, porque essa figura aparecia atravessada pelos varões da jaula”.
E, no entanto, o que as fotografias, pelo menos as publicadas, mostram, é que quando se diz que a figura estava atravessada pelos varões da jaula, ela estava simplesmente jogando seus véus para fora da mesma. Em nenhum momento se vê seu braço ou torso, por exemplo, sendo trespassado pelas grades. São apenas partes dos véus jogados para fora. Se há alguma fotografia disto, ela estranhamente não foi divulgada.

Fica assim indicado o ambiente de sugestionabilidade e credulidade dos pesquisadores, capazes de ver algo extraordinário como atravessar grades no simples fato de véus jogados sobre as barras.

Na imagem ao lado, além dos véus “trespassados” pelas grades, também se vê muito claramente a viseira que o “espírito” possuía no véu que cobria a cabeça – algo absurdo para um espírito, mas muito necessário a uma pessoa – bem como o fato de que o “espírito”, como notou Vieira, era tanto um ser igual a qualquer outro que podia segurar um livro muito material em suas mãos. 
Na foto abaixo ainda se notam as mãos e dedos de carne e osso.



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Um bilhete para o além

Marcel Souto Maior nos relata algo inusitado.
“Em 1996, Chico pendurou na porta do quarto um bilhete endereçado aos espíritos. O texto, escrito com letra miúda e trêmula, avisava: naquela noite ele dormia no quarto ao lado, por causa de uma obra na caixa d'água sobre o quarto. Se algum amigo espiritual quisesse fazer uma visita, deveria ficar à vontade. Chico teria muito prazer em recebê-lo no endereço provisório. Amanhã já voltarei ao meu próprio aposento”, comunicou no bilhete, antes de se despedir. [4]
Pr. Natanael Rinaldi
Como diz o pastor Natanael Rinaldi: quem entende semelhante barafunda? Chico Xavier poderia ser animador de palco, não fosse um médium confuso. Mesmo supondo que um espírito poderia se comunicar com ele, o que aconteceria se um espírito vindo da Europa se deparasse com um bilhete escrito em português? E se fosse um japonês, um árabe ou um africano? Teria Chico um espírito tradutor a sua disposição? Um bilíngue?

A paranóia emocional de Chico chegou a um ponto tão alto que ele não sabia mais distinguir vivos de mortos.

“Na mesma época, uma senhora se aproximou de Chico no Grupo Espírita da Prece e foi cumprimentada por ele com uma pergunta preocupante:
- Desculpe, mas a senhora está viva ou morta?
- Viva, Chico.
- Graças a Deus. Suspirou Chico.


Era comum Chico confundir vivos e mortos e cumprimentar o invisível. [5]

  • O Médium é desmascarado
Como acontece com todos os falsos profetas, Chico Xavier não passou na análise crítica e cientifica e tornou-se desacreditado do ponto de vista religioso, científico e filosófico. Nada do que ele dizia ver e ouvir foi realmente comprovado, e suas alegações de “humildade”, “despreendimento”, “analfabetismo” e “pobreza” sabe-se não corresponder com a verdade.

Antes que qualquer especialista denunciasse Chico como impostor, ele foi denunciado por Amauri Pena, sobrinho e auxiliar do médium. Ele disse, em entrevista ao Diário de Minas, que “tudo o que ele psicografou foi criado por sua própria imaginação, sem que precisasse de interferência de almas do outro mundo. Resolvi contar toda a verdade por uma questão de consciência. Não denuncio meu tio como homem, mas como médium”. [6]

A resposta veio logo em seguida. Amauri Pena foi ridicularizado e denunciado pelo próprio pai como “alcoólatra” e “doente de alma”. Chico Xavier usou todos os recursos e influência que tinha para calar o sobrinho, alegando não ter qualquer relação com ele e que Pena nunca participou de nenhuma reunião ao lado dele. Mais uma vez o médium faltou com a verdade. Todos sabem que Amauri Pena era auxiliar e homem forte de Chico, sendo na época o indicado para substitui-lo futuramente no trabalho de psicografia.

Mal acabou de se recuperar, o médium sofreu um novo revés. A pedido do repórter Hamilton Ribeiro, Chico Xavier “psicografou” uma mensagem do “espírito” da mãe do Sr. João Guignone, presidente da Federação Espírita do Paraná. Acontece que tudo não passou de uma artimanha de Ribeiro – a senhora “comunicante” estava viva em Curitiba. Ribeiro continua:

“Agora vou ler a receita psicografada do pedido que fiz hoje em nome de Pedro de Alcântara Gonçalves, Alameda Barão de Limeira, 1327, ap. 82, São Paulo (...)" Na letra inconfundível de Chico, lá esta: Junto dos amigos espirituais que lhe prestam auxílio, buscaremos cooperar espiritualmente ao seu favor." O que pensar disso? "Nem a pessoa com aquele nome, nem mesmo o endereço existem. Eu os inventei”. [7]

Referências Bibliográficas

1. As lições de Chico Xavier, Marcel Souto Maior, p. 10, editora Planeta
2. Jornal O Estado de São Paulo, 1986
3. As lições de Chico Xavier, Marcel Souto Maior, p. 21, editora Planeta
4. Ibidem, p. 24
5. Id. Ibidem, p.24
6. Diário de Minas, 20/1/1971
7. Revista Realidade, nov. 1971