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VIDAS

A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS. A VIDA ETERNA, DE RENÚNCIAS!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Cristianismo É uma Religião de FATOS

O cristianismo apela à história, aos fatos da história, o que P. Carnegie Simpson chama de "os dados mais claros e acessíveis que existem". Simpson prossegue: "Ele (Jesus) é um fato histórico, verificável como qualquer outro".
J. N. D. Anderson registra o comentário de D. E. Jenkins: "O cristianismo se baseia em fatos inquestionáveis...".
Clark Pinnock define esse tipo de fatos: "Os fatos que apóiam as alegações cristãs não são um tipo especial de fato religioso. São os fatos que podem ser assimilados e entendidos pela mente humana, sobre os quais se baseiam todas as decisões de caráter histórico, legal e ordinário".
Um dos propósitos destas "anotações de provas do cristianismo" é apresentar alguns desses "fatos indiscutíveis" e verificar se a interpretação desses fatos não é a mais lógica. O objetivo da apologética não é convencer uma pessoa a, inadvertidamente e contra a sua vontade, tornar-se cristã.
Clark Pinnock escreve: "Exige um grande esforço o trabalho de apresentar às pessoas, e de um modo inteligente, as provas em favor do evangelho, de maneira que elas possam tomar decisões significativas, convencidas pelo poder do Espírito Santo. O coração não pode se comprazer com aquilo que a mente rejeita como sendo falso".

HEBREUS 4:12

"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração."
Precisamos manter o equilíbrio entre as duas tendências acima mencionadas. Devemos pregar o evangelho, mas também devemos estar "sempre preparados para responder a todo aquele que (nos) pedir razão da esperança que há em (nós)''.
O Espírito Santo convencerá as pessoas acerca da verdade; não é preciso tentar adivinhá-la. "Certa mulher chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia" (Atos 16:14).
Pinnock, um hábil apologeta e testemunha de Cristo, conclui a questão, expressando-se com muita propriedade: "Um cristão inteligente deve ser capaz de apontar as falhas numa posição não-cristã e apresentar fatos e argumentos em favor do evangelho. Se nossa apologética nos impede de explicar o evangelho a quem quer que seja, é uma apologética inadequada".

VAMOS ESTABELECER ALGUNS FATOS BÁSICOS

Antes de tratar das diversas provas que favorecem a fé cristã, deve-se esclarecer algumas idéias errôneas e entender várias questões fundamentais.

Fé Cega

Uma acusação bem comum e contundente feita contra o cristão é: "Vocês, cristãos, me deixam doente! Tudo o que vocês tem é uma 'fé cega"'.
Certamente essa é uma indicação de que o acusador crê que, para tornar-se cristã, a pessoa precisa cometer um "suicídio intelectual".
Pessoalmente, "meu coração pode se alegrar com aquilo que minha mente rejeita". Meu coração e minha cabeça foram criados para juntos agirem e crerem em harmonia. Cristo nos mandou: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento" (Mateus 22:37).
Quando Jesus Cristo e os apóstolos conclamavam uma pessoa a exercitar a fé, essa não era uma "fé cega", mas uma "fé inteligente". O apóstolo Paulo disse: "Sei em que tenho crido" (2 Timóteo 1:12). E Jesus disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32). Conhecer, saber, é o contrário de ignorar.
A fé de um indivíduo envolve "a mente, as emoções e a vontade". F. R. Beattie tem toda razão ao afirmar que "o Espírito Santo não opera, no coração, uma fé cega e sem fundamentos..."
É justificável que Paul Little escreva: "A fé no cristianismo baseia-se em fatos. Não é contrária à razão. No sentido cristão, a fé vai além, mas não contra a razão".
A fé é a certeza que o coração tem de que as provas são suficientes.

UMA MANOBRA POLÍTICA

A Fé Cristã É uma Fé Objetiva
A fé cristã é uma fé objetiva; deve, portanto, ter um objeto. O conceito cristão de fé "salvadora" é o de uma fé em que se estabelece um relacionamento com Jesus Cristo (o objeto); esse conceito está numa posição diametralmente oposta ao uso "filosófico" da palavra fé que, hoje em dia, se faz em geral nas salas de aula. Um clichê que se deve rejeitar é: "Não importa o que você crê, desde que você tenha convicção disso".
Vou ilustrar. Mantive um debate com o chefe do departamento de filosofia de uma universidade localizada no meio-oeste dos Estados Unidos. Ao responder uma pergunta, aconteceu de eu mencionar a importância da ressurreição. A essa altura, meu oponente me interrompeu e me disse com bastante sarcasmo: "Espere aí, McDowell. A questão principal é se a ressurreição aconteceu ou não? Ou se "você crê que ela aconteceu?" O que ele estava sugerindo (na verdade estava, com muita coragem, afirmando) é que minha crença era a coisa mais importante. Repliquei imediatamente: "Professor, na verdade importa, e muito, aquilo que creio como cristão, porque o valor da fé cristã não está em quem crê, mas naquele em quem se crê, no objeto da fé". E prossegui: "Se alguém pudesse me provar que Cristo não ressuscitou dos mortos, eu não teria o direito à fé cristã" (1 Cor íntios 15:14).
A fé cristã é fé em Cristo. O seu valor não está naquele que crê, mas naquele em quem se crê. Não naquele que confia, mas naquele em quem se confia.
Logo após esse debate, um bolsista muçulmano me procurou para conversar e. durante um diálogo muito construtivo, ele disse com toda sinceridade: "Conheço muitos muçulmanos que têm mais fé em Maomé do que alguns cristãos têm em Cristo". Respondi: "Pode ser verdade, mas o cristão é "salvo".
Veja, não importa a quantidade de fé que você tenha, mas quem é o objeto da sua fé. Isso é importante do ponto de vista cristão.
Com freqüência ouço estudantes dizerem: "Alguns budistas são mais consagrados e têm mais fé em Buda (o que revela uma compreensão errada do budismo) do que os cristãos têm em Cristo". Só posso responder o seguinte: "Talvez, mas o cristão é salvo".
Paulo disse: "Sei em quem tenho crido". Isso explica por que o evangelho gira em torno da pessoa de Jesus Cristo.
John Warwick Montgomery afirma: "Se o nosso 'Cristo da fé' se afasta um pouco do 'Jesus da história' que a Bíblia apresenta, então, na proporção desse afastamento, perdemos também o autêntico Cristo da fé". Conforme Herbet Butterfield. um dos maiores historiadores da nossa época, o expressou: "Seria um erro perigoso imaginar que as características de uma religião histórica continuariam inalteradas caso o Cristo dos teólogos fosse divorciado do Jesus da história'.".
A expressão "Não venha me confundir com os fatos" não é própria para um cristão.

Testemunhas Oculares

Os escritores do Novo Testamento ou escreveram na qualidade de testemunhas oculares dos eventos que descreveram ou registraram os acontecimentos, conforme relatados, em primeira mão, por testemunhas oculares.
"Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade" (2 Pedro 1:16).
Eles certamente sabiam qual a diferença entre mito, lenda e realidade.
Um professor de uma turma de literatura universal, à qual eu estava falando, fez a seguinte pergunta: "Qual sua opinião sobre a mitologia grega?" Respondi com uma outra pergunta: "Você quer saber se os acontecimentos da vida de Jesus — a ressurreição, o nascimento virginal, etc. — foram apenas um mito?" E ele respondeu: "Isso mesmo". Respondi, então, que, entre essas coisas aplicadas a Cristo e essas mesmas coisas aplicadas à mitologia grega, existe uma diferença óbvia que geralmente é ignorada. Os acontecimentos análogos da mitologia grega (como, por exemplo, a ressurreição) não se aplicavam a indivíduos reais, de carne e sangue, mas a personagens mitológicos. Na questão do cristianismo, esses acontecimentos estão ligados a uma pessoa que os escritores conheceram na dimensão tempo-espaço da história, o Jesus de Nazaré da história, que eles conheceram pessoalmente.
Ao que o professor disse: "Você tem razão. Eu não tinha percebido isso."
S. Estborn, em Gripped by Christ (Atraído por Cristo), explica essa questão com mais detalhes. Ele conta que Anath Nath "estudou tanto a Bíblia como os Shastras, sendo que dois temas bíblicos prenderam profundamente sua atenção: primeiro, a realidade da encarnação, e, segundo, a expiação do pecado humano. Ele procurou harmonizar essas doutrinas com as Escrituras hindus e descobriu no sacrifício voluntário de Cristo um paralelo com Prajapati, o deus-criador veda. Também percebeu uma diferença vital. Enquanto o Prajapati veda é um símbolo mítico, que tem sido aplicado a inúmeras personagens, Jesus de Nazaré é uma pessoa histórica. Por isso ele disse: 'Jesus é o verdadeiro Prajapati, o verdadeiro Salvador do mundo'."
J. B. Phillips, citado por Blaiklock, afirma: "'Já li, em grego e em latim, dezenas de histórias de mitos, mas não encontrei a menor idéia de mito na Bíblia'. A maioria das pessoas que conhece grego e latim, não importa qual seja sua atitude para com as narrativas do Novo Testamento, concordaria com ele..."
"Pode-se definir mito como uma tentativa pré-científica e imaginativa de explicar algum fenômeno, real ou aparente, que desperte a curiosidade daquele que faz o mito, ou, talvez, mais exatamente um esforço por alcançar um sentimento de satisfação, em vez de perplexidade, diante de tais fenômenos. Freqüentemente apela mais às emoções do que à razão, e, de fato, em suas manifestações mais típicas, parece ter surgido em uma época quando não se exigiam explicações racionais'."

TESTEMUNHAS OCULARES

1 João 1 :1-3 "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo."
Lucas 1:1-3 "Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem."
A obra The Cambridge Ancient History (A História Antiga de Cambridge), falando da preocupação de Lucas com a exatidão, afirma:
"Ele está naturalmente interessado em fazer uma boa defesa da religião que professa - e não apenas porque cria que era verdadeira (e não havia atrativo algum para se professar o cristianismo, a não ser que se estivesse totalmente convencido de sua veracidade)..."
Atos 1:1-3 "Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus fez e ensinou, até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas. A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus."
1 Corintios 15:6-8 "Depois Jesus foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora, porém alguns já dormem. Depois foi visto por Tiago, mais tarde por todos os apóstolos, e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo."
João 20:30,31 "Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.'
Atos 10:39-42 "É nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém? ao qual também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia, e concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos; e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos".
1 Pedro 5:1 "Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada."
Atos 1:9 "Ditas estas palavras, foi Jesus elevado ás alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos."
John Montgomery diz que "a inviabilidade de fazer distinção entre a afirmação de Jesus sobre si mesmo e a afirmação dos escritores do Novo Testamento não deve causar espanto, pois a situação tem um paralelo exato com a de todas as personagens históricas que não optaram por escrever (por exemplo, Alexandre o Grande, César Augusto, Carlos Magno). Nesses casos, dificilmente diríamos que é impossível chegarmos a descrições históricas aceitáveis. E, também, os escritores do Novo Testamento... registram testemunhos oculares sobre Jesus, pelo que se pode confiar, pois apresentam uma descrição histórica cuidadosa de Jesus."

Conhecimento de Primeira Mão

Os escritores do Novo Testamento apelaram ao conhecimento de primeira mão que seus leitores e ouvintes possuíam a respeito dos fatos e das provas acerca da pessoa de Jesus Cristo.
Os escritores não disseram apenas: "Vejam, nós vimos isto ou ouvimos que...'*, mas viraram a mesa e disseram face a face aos seus críticos mais mordazes: "Vocês também sabem dessas coisas... Vocês as viram. Vocês mesmos sabem a respeito".
É melhor a pessoa ter cuidado quando diz ao oponente: "Você também sabe disso", porque se ela estiver errada quanto a alguns detalhes, terá de "engolir o que disse".
Atos 2:22 "Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis..."
Atos 26:24-28 "Dizendo ele (Paulo) estas coisas em sua defesa, Festo o interrompeu em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar. Paulo, porém, respondeu: Não estou louco, ó excelentíssimo Festo; pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso. Porque tudo isso é do conhecimento do rei, a quem me dirijo com franqueza, pois estou persuadido de que nenhuma destas coisas lhe é oculta; porquanto nada se passou aí, nalgum recanto. Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas? Bem sei que acreditas. Então Agripa se dirigiu a Paulo, e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão."

Preconceitos Históricos

"Se alguém for estudar historicamente a vida de Jesus de Nazaré, descobrirá uma pessoa muito notável, não o Filho de Deus."
Algumas vezes me expressam essa idéia da seguinte maneira: "Pelo método 'histórico moderno' uma pessoa jamais decidirá pela ressurreição".
Você está certo; é verdade. Mas antes de tirar conclusões apressadas, quero explicar-lhe o seguinte: para muitas pessoas, hoje em dia, o estudo da história carrega consigo as idéias de que não existe Deus, os milagres não são possíveis, vivemos num sistema fechado e não existe nada de sobrenatural. Com essas pressuposições, elas iniciam a investigação "crítica, aberta e honesta" da história. Quando estudam a vida de Cristo e lêem sobre os milagres ou a ressurreição, concluem que não houve milagre nem ressurreição porque sabemos (não histórica, mas filosoficamente) que não existe Deus, os milagres não são possíveis, vivemos num sistema fechado e não existe nada de sobrenatural. Portanto, essas coisas não podem ocorrer. O que os homens têm feito é eliminar a possibilidade da ressurreição de Cristo, antes mesmo de começarem uma investigação histórica da ressurreição. Essas pressuposições não são tanto idéias históricas preconcebidas, mas principalmente preconceitos filosóficos.
Esse método de estudo da história se baseia na "pressuposição racionalista" de que Cristo não poderia ter ressuscitado dos mortos. Em vez de iniciar pelos dados históricos, eles atrapalham o devido estudo da história por causa da "especulação metafísica".
John W. Montgomery escreve: "Não se pode eliminai a priori, em bases filosóficas, o fato da ressurreição. Os milagres só são impossíveis se assim forem definidos - mas uma tal definição elimina a correta investigação histórica".
Neste assunto faço longas citações de Montgomery, que é uma das pessoas que me tem estimulado a refletir sobre a história. Ele afirma: "Kant demonstrou, de maneira conclusiva, que todos os argumentos e sistemas principiam por pressuposições; mas isso não significa que todas as pressuposições sejam igualmente desejáveis. E melhor iniciar, como temos feito, pelas pressuposições de métodos (JS quais naturalmente conduzirão à verdade) do que pelas pressuposições de conteúdo substantivo (as quais presumem previamente um corpo de verdades). Em nosso mundo moderno, temos descoberto que as pressuposições do método empírico são as que melhor preenchem essa condição; note, contudo, que estamos agindo apenas com base nas pressuposições do método científico, não nas suposições racionalistas da ciência ('A Religião da Ciência')." Montgomery cita os comentários de Huizenga concernentes ao ceticismo no âmbito da história ("De Historische Idee". In: Verzamekde Werken. Haarlem, 1950, v.7, pp. 134-6; conforme se encontra citado, em tradução para o inglês, na obra de Fritz Stern; ed., The Varieties of History (As Variedades de História), Nova Iorque: Meridian, 1956, p. 302). Huizenga afirma: "O mais forte argumento contra o ceticismo no âmbito da história... é o seguinte; o homem que têm dúvidas acerca da possibilidade de que os dados e a tradição sejam historicamente corretos não poderá, então, aceitar seus próprios dados, juízos, associações de fatos e interpretações. Não pode limitar a dúvida à crítica histórica que realiza, mas é necessário que deixe a dúvida operar em sua própria vida. Imediatamente descobrirá que não apenas lhe faltam provas conclusivas acerca de todos os aspectos de sua própria vida, os quais havia aceito sem maior reflexão, mas também que não há quaisquer provas. Em resumo, ele se vê obrigado a aceitar um ceticismo filosófico geral, paralelo ao ceticismo histórico. O ceticismo filosófico geral é uma interessante brincadeira intelectual, mas é impossível viver brincando nesse jogo."
Millar Burrows, da Universidade Yale, um norte-americano especialista nos Rolos do Mar Morto, também citado por Montgomery, escreve: "Existe um tipo de fé cristã... muito forte hoje em dia, (que) considera as afirmações da fé cristã como declarações confessionais que o indivíduo aceita por ser membro da comunidade que crê, e que não dependem da razão ou dos fatos. Aqueles que sustentam essa posição não aceitarão que a investigação histórica possa ter alguma coisa a dizer sobre a singularidade de Cristo. Com freqüência eles são céticos quanto à possibilidade de conhecer qualquer coisa acerca do Jesus histórico e parecem satisfeitos em prescindir desse conhecimento. Não posso partilhar esse ponto-de-vista. Estou profundamente convencido de que a revelação de Deus em Jesus de Nazaré deve ser o alicerce de qualquer fé realmente cristã. Qualquer indagação sobre o Jesus real que viveu na Palestina dezenove séculos atrás é, por conseguinte, de importância fundamental."
Montgomery acrescenta que os acontecimentos históricos são "únicos, e o teste de seu caráter fatual só pode ser o método aceito de documentação, o qual estamos seguindo. Nenhum historiador tem direito a um sistema fechado de causalidade, pois, conforme o lógico [b ]Max Black, da Universidade Cornell, demonstrou numa monografia (BLACK, Max. Models and Metaphors (Modelos e Metáforas). Ithaca; Cornell University, 1962, p. 16), o próprio conceito de causa é 'uma noção estranha, não sistemática e inconsistente', e, portanto, 'qualquer tentativa de formular uma lei universal de causalidade será comprovadamente inútil"'.
O historiador Ethelbert Stauffer pode nos oferecer algumas sugestões sobre a atitude de estudar a história: "O que nós (historiadores) fazemos quando experimentamos surpresas que contrariam a todas as nossas expectativas, talvez todas as nossas convicções e até mesmo toda a maneira de entender a verdade, que sustentamos durante toda a vida? Afirmamos, tal como um grande historiador costumava fazê-lo em tais situações: 'Com toda certeza é possível.' E por que não? Para o historiador crítico nada é impossível".
A isso o historiador Philip Schaff acrescenta: "O propósito do historiador não é escrever uma história a partir de noções preconcebidas e adaptada ao seu próprio gosto, mas reconstruí-la a partir das melhores provas e deixar que ela fale por si mesma".
Robert M. Horn oferece uma boa ajuda para compreendermos as idéias preconcebidas que as pessoas têm ao estudar história: "Para tornar a questão o mais evidente possível, uma pessoa que negue a existência de Deus não concordará com a crença na Bíblia".
"Um muçulmano, tendo a certeza de que Deus não pode gerar, não aceitará como Palavra de Deus um livro que ensina que Cristo é o Filho unigênito de Deus."
"Alguns crêem que Deus não é pessoal, mas é o Absoluto, o Fundamento do Ser. Essas pessoas estarão predispostas a rejeitar a Bíblia como auto-revelação pessoal de Deus. Com base nessa premissa, a Bíblia não pode ser a palavra pessoal de 'EU SOU O QUE SOU". (Êxodo 3:14)
"Outros eliminam o sobrenatural. Provavelmente não darão crédito ao livro que ensina que Cristo ressuscitou dentre os mortos."
"Ainda outros sustentam que Deus não pode, sem distorção, comunicar a Sua verdade através de homens pecadores; daí concluírem que a Bíblia é, pelo menos em algumas partes, um livro meramente humano."
Uma definição básica de história é, para mim, "um conhecimento do passado baseado em testemunhos". Alguns imediatamente reagirão: "Não concordo". Então eu pergunto: "Você crê que Dom Pedro II existiu e foi imperador do Brasil?" "Sim, eu creio", é o que geralmente respondem. No entanto, ninguém com quem eu tenha me encontrado chegou a, pessoalmente, ver e observar Dom Pedro II. A única maneira de se conhecer é pelo testemunho.
Advertência: Quando se tem essa definição de história, é preciso assegurar-se da credibilidade das testemunhas.

Devo estar cego

Pulo? Que Pulo?

Freqüentemente acusam o cristão de dar um pulo às cegas, "um salto no escuro". Muitas vezes essa idéia tem raízes em Kierkegaard.
Para mim o cristianismo não era um "salto no escuro", mas "um passo na direção da luz". Apanhei os dados que consegui reunir e os coloquei na balança. Esta pendeu decisivamente para o lado de que Cristo era o Filho de Deus e que havia ressuscitado dos mortos. A balança pendia para o lado de Cristo de um modo tão impressionante que, quando me tornei cristão, dei "um passo na direção da luz" em vez de "um salto no escuro".
Caso tivesse exercitado uma fé cega, teria rejeitado Jesus Cristo e voltado as costas para todas as provas.
Tenha cuidado. Eu não provei, sem qualquer sombra de dúvida, que Jesus era o Filho de Deus. O que fiz foi investigar os dados e pesar os prós e os contras. Os resultados mostraram que Cristo deve ser quem Ele afirmou que era, e eu tive de tomar uma decisão, e tomei-a. A reação imediata de muitos é: "Você encontrou aquilo que você queria encontrar". Mas não foi esse o caso. Eu comprovei, através de investigação, aquilo que eu desejava refutar. Comecei com o propósito de provar a falsidade do cristianismo. Eu tinha idéias preconcebidas e preconceitos, não a favor, mas contra Cristo.
Hume diria que as provas históricas não são válidas porque não se pode provar, sem sombras de dúvida, a "verdade absoluta". Mas eu não estava atrás da verdade absoluta, e sim da "probabilidade histórica".
"Sem um critério objetivo", afirma John W. Montgomery, "a pessoa se vê perdida ao ter de fazer uma escolha significativa entre os a prioris, A ressurreição fornece uma base, em termos de probabilidade histórica, para se experimentar a fé cristã. É preciso admitir que a base é uma base provável, não de certeza absoluta, mas a probabilidade é o único fundamento sobre o qual seres humanos finitos podem basear quaisquer decisões que tomem. Só a lógica dedutiva e a matemática pura proporcionam a 'verdade irrefutável', e isso ocorre porque elas se baseiam em axiomas formais auto-evidentes (por exemplo, a tautologia, se A, então A), que não incluem conteúdo fatual. No instante em que penetramos no domínio dos fatos, temos de depender da probabilidade; pode ser algo indesejável, mas é inevitável."
Ao fim dos quatro artigos que escreveu para a revista fíis (D'Ele), John W. Montgomery afirma, a respeito da história e do cristianismo, que "...tentou mostrar que o peso da probabilidade histórica pende para o lado da veracidade da afirmação de Jesus de que era o Deus encarnado, o Salvador do homem e o Juiz que viria julgar o mundo. Caso a probabilidade apóie, de fato, essas afirmações (e será que podemos chegar a rejeitá-las, depois de termos estudado as provas?), então devemos agir em seu favor".

Desculpas Intelectuais

QUEM TEM CORAGEM DE REVELAR O SEU VERDADEIRO MOTIVO?

Freqüentemente a rejeição de Cristo não se dá tanto em nível de "mente", como em nível de "vontade"; não é tanto uma questão de "não consigo", mas de "não quero".
Tenho encontrado muitas pessoas com desculpas intelectuais, mas bem poucas com problemas intelectuais (ainda assim, tenho encontrado algumas).
As desculpas podem cobrir uma imensidão de motivos. Respeito bastante as pessoas que gastaram tempo investigando as afirmações de Cristo e chegaram à conclusão de que simplesmente não podem crer. Eu me identifico com quem sabe porque não crê (do ponto-de-vista fatual e histórico), pois eu sei porque creio (também do ponto-de-vista fatual e histórico). Isso nos dá uma base comum (embora com diferentes conclusões).
Tenho visto que a maioria das pessoas rejeita Cristo por pelo menos uma das seguintes razões:
1. Ignorância - Romanos 1:18, 23 (freqüentemente por vontade própria), Mateus 22:29
2. Orgulho - João 5:40-44
3. Problema moral - João 3:19,20
Eu estava aconselhando uma mulher que estava entediada porque acreditava que o cristianismo não era histórico e que, quanto aos fatos, tudo era simples demais. Ela havia convencido todo mundo de que estudara profundamente a questão e que descobrira sérios problemas intelectuais no cristianismo como resultado de seus estudos universitários. Uma pessoa após outra tentou convencê-la intelectualmente de seu erro e responder âs suas muitas acusações.
Eu a ouvi e então respondi às suas diversas indagações. Em menos de meia hora ela admitiu que havia enganado todo mundo e que havia desenvolvido essas dúvidas intelectuais a fim de justificar a sua vida moral.
E preciso responder ao problema básico, que é a questão real, e não à evasiva intelectual, que freqüentemente ocorre.
Um estudante de uma universidade na costa leste dos Estados Unidos disse que tinha um problema intelectual com o cristianismo e que, por essa razão, não poderia aceitar Cristo como o Salvador. "Por que você não pode crer?", indaguei. Ao que ele respondeu: "Não da para confiar no Novo Testamento". Então lhe perguntei: "Se eu provar para você que o Novo Testamento é um dos textos da literatura da antigüidade em que se pode ter um elevado grau de confiança, você irá crer?" Sua resposta foi: "Não!" "Bem, o problema não é com o seu intelecto, mas com a sua vontade'*, foi a minha resposta.
Um formando da mesma universidade, depois de uma palestra sobre "A Ressurreição: Fraude ou História?", estava me bombardeando com perguntas misturadas a acusações (mais tarde vim a saber que ele fazia o mesmo com a maioria dos oradores cristãos). Finalmente, depois de 45 minutos de diálogo, eu lhe perguntei: "Se eu lhe provar, sem qualquer sombra de dúvida, que Cristo ressuscitou dos mortos e é o Filho de Deus, você refletirá cuidadosamente sobre Ele?" A resposta imediata e enfática foi: "NÃO!"
Michael Green cita Aldous Huxley, o ateísta que destruiu a crença de muitos e que foi aclamado como possuidor de uma mente privilegiada. Huxley admite seus próprios preconceitos (Ends and Means (Fins e Meios), quando diz: "Eu tinha razões para querer que o mundo não tivesse um sentido; conseqüentemente, pressupus que não tivesse, e, sem qualquer dificuldade, consegui encontrar motivos satisfatórios para essa pressuposição. O filósofo que não encontra sentido algum no mundo não esta preocupado exclusivamente com uma questão de metafísica pura; também se interessa em provar que não existem razões válidas devido às quais não se deva fazer o que quer, ou pelas quais seus amigos não devam tomar o poder político e o governo da maneira que acharem mais vantajosa para si mesmos... Quanto a mim, a filosofia da ausência de sentido foi basicamente um instrumento de libertação, tanto sexual como política".
Bertrand Russelí é o exemplo de um ateísta inteligente que não examinou cuidadosamente as provas em favor do cristianismo. Em seu livro Why I Am Not a Christian (Por que não sou cristão) é óbvio que ele nem mesmo levou em consideração as provas da ressurreição de Jesus, e, por seus comentários, é de se duvidar que tenha alguma vez corrido os olhos pelo Novo Testamento. Parece uma incoerência que um homem como esse não analisasse detalhadamente a ressurreição, visto que ela é o fundamento do cristianismo.
João 7:17 nos assegura que: "Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se falo por mim mesmo."
Se alguém estudar as afirmações de Jesus Cristo, desejoso de saber se são verdadeiras, querendo seguir Seus ensinos caso sejam verdade, ele certamente saberá. Mas não é possível estudar sem disposição para aceitar e, ainda assim, esperar descobrir a verdade.
O Filósofo francês Pascal escreveu: "As provas em favor da existência de Deus e do seu poder são mais do que suficientes, mas aqueles que insistem em não ter qualquer necessidade dEle nem das provras, sempre encontrarão maneiras de desconsiderar a proposta"

BIBLIOGRAFIA

1. ANDERSON, J. N. D. Christianity: A Witness of History (Cristianismo; Um testemunho da História). Downers Grove: Inter-Varsity, 1970. Usado com permissão.
2- BEATTIE, F. R. Apobgetics (Apologética). Richmond: Presbyterian Committeeof Publication, 1903.
3. BLAIKLOCK, E. M. Laymarís Answer: An Examination of the NewTheobgy (A Resposta do Leigo: Um Exame da Nova Teologia). Londres: Hodder and Stoughton, 1968.
4. CAMBRIDGE Ancient History, The (A História Antiga de Cambridge). Cambridge: Cambridge University, 1965. v. 11.
5. CARNELL, E. J. Christian Commitment (Consagração Cristã). Nova Iorque: Macmillan, 1957.
6. ESTBORN, S. Gripped by Christ (Atraído por Cristo) Londres: Lutterworth, 1965.
7. FISHER, G. P. The Grounds of Theistic and Christian Belief (As Bases da Crença Teísta e Cristã). Londres: Hodder and Stoughton, 1902.
8. GREEN, Michael. Runaway World. Downers Grove: Inter-Varsity, 1968. Usado com permissão. Existe tradução em português desse livro; Mundo em Fuga. São Paulo: Vida Nova, s.d., esgotado.
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10. LITTLE, Paul. Você pode explicar sua fé? São Paulo: Mundo Cristão, 1972.
11. MONTGGMERY, John Warwick. History and Christianity (A História e o Cristianismo). Downers Grove: Inter-Varsity, 1972. Usado com permissão.
12. . The Shape of the Past (Imagens do Passado) Ann Arbour: Edwards Brothers, 1962.
13. PASCAL, Blaise. Pensee's n°. 430 (Pensamento n? 430) Trad. para o inglês por H. F. Stewart. Nova Iorque: Random House, s.d.
14. PINNOCK, Clark. Viva Agora, Amigo. Atibaia: Fiel.
15. RAMM, Bernard. Protestam Christian Evidences (Provas Cristãs Protestantes). Chicago; Moody, 1954. Usado com permissão.
16. ROBERTSON, Austin. Apobgetics Defensively and Offensively Stated (Apologética do Ponto-de-Vista Defensivo e do Ofensivo) Tese de mestrado, não publicada. Seminário Teológico de Dallas, 1961.
17. SHAFF, Philip. History of the Christian Church (História da Igreja Cristã) Grand Rapids: William B. Eerdmans, 1962. V. 1, p. 176.
18. SIMPSON, Carnegie P. The Fact of Christ (OFato de Cristo) 6 ed., s. n. t.
19. SMITH, Wilbur. Therefore Stand (Permanecei, Pois Firmes) Grand Rapids: Baker, 1945.
20. TRUEBLOOD, Elton. Phihsophy of Religion (Filosofia da Religião) Nova Iorque: Harper &Row, 1957.
21. VAN TIL, C. Anotações feitas em sala de aula da matéria "Apologética", 1953.
22. The Intelectual Challenge of the Gospel (O Desafio Intelectual do Evangelho). Londres: Tyndale, 1950.

Fonte:
Josh McDowell, "Evidências que Exigem um Veredito - Vol.I", ed. Candeia; pg.2-16.

domingo, 25 de dezembro de 2011

O VALOR DO EVANGELHO

Rm. 1.1-17
A palavra Evangelho significa “boas novas”. A palavra grega traduzida como “evangelho” significa “uma recompensa por se trazer boas noticias” ou simplesmente “boas noticias”.
      O evangelho não é um novo plano de salvação; é o comprimento do plano de Deus para a salvação que começou em Israel, foi completado em Jesus Cristo e é propagado pela igreja.
      O evangelho é a ação redentora de Deus em seu Filho Jesus Cristo e uma chamada à fé nele. Jesus é mais que um mensageiro do evangelho; ele é o evangelho. As boas novas de Deus estavam presentes em sua vida, em seu ensino e em sua morte expiatória. Portanto, o evangelho é tanto um evento histórico quanto um relacionamento pessoal.


I- O Evangelho nas Escrituras.
      No Antigo Testamento não aparece a palavra evangelho, mas menciona seus sinônimos.
Is. 40.9- Tu, anunciador de boas novas a Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas novas a Jerusalém, levanta a voz fortemente; levanta-a, não temas e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus.
- As boas novas de Deus já eram anunciadas no Antigo Testamento.
Is. 61.1- O Espírito do Senhor Jeová está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos.
- Aqui Isaías profetiza que Jesus pregaria o evangelho de boas novas aos perdidos.
- No Novo Testamento a palavra “evangelho” aparece 100 vezes, desde Mateus até o Apocalipse.

II- O Significado Bíblico do Evangelho.
      O evangelho é mais do que uma biografia com intenção de dar informações sobre uma personagem histórica. É a apresentação da vida de Jesus para mostrar seu significado redentor a todas as pessoas e para chamá-las à fé no Filho.
V.16- Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.
V.17- Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
- O evangelho é o poder de Deus para salvar aquele que crê.
- É a ação redentora de Deus em seu Filho Jesus Cristo para salvar o perdido pecador.
- É o evangelho que revela a justiça de Deus.
- Quando alguém te perguntar o que é o evangelho? Você responde: É as boas novas de salvação de Deus para o pecador.
A) A palavra Evangelho é acompanhada de diversos atributos que lhe determinam o sentido. Os mais importantes:

1- Evangelho de Jesus Cristo.
Mc. 1.1- Principio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
Rm. 15.19- Pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo.
- Jesus Cristo é a razão de ser do evangelho, Ele é o seu grande tema.
- Sem Jesus Cristo não haveria evangelho.
- Por isso que o evangelho é chamado de o evangelho de Jesus Cristo.

2- Evangelho do Reino.
Mt. 4.23- E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
- O evangelho leva a pessoa transformada a fazer parte do Reino de Deus, por isso que o evangelho também é chamado de o evangelho do Reino.
Mt. 24.14- E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim.
- Nós pregamos o evangelho do Reino de Deus as pessoas.

3- Evangelho de Deus.
Rm. 1.1- Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus.
- Amados a origem e o autor desse evangelho de boas novas é Deus.
- Essas boas novas pertencem a Deus, porque consistem do anúncio divino sobre Jesus Cristo.
- Foi Deus quem amou o mundo de tal maneira que deu seu próprio Filho.

II- A Mensagem do Evangelho.
      O Evangelho não é somente uma mensagem de boas novas a quem ouve, mas poder de Deus, que realmente salva.
I Ts. 1.5- Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós.


A) O evangelho é a palavra da verdade.
- Isto é, a autêntica revelação de Deus e de suas intenções para com o homem.
Cl. 1.5- Por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual já, antes, ouvistes pela palavra da verdade do evangelho.
- O evangelho, ou seja, a sua mensagem, é fundamentada na morte e ressurreição de Jesus Cristo.
I Co.1.23- Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos.
- A glória de Cristo é revelada no evangelho.
II Co. 4.4- Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.


B) O Evangelho de Cristo destaca-se por suas três características:

1- Amor.
- O Evangelho de Amor.
- O Evangelho é o amor de Deus revelado aos homens.
2- Luz.
- O Evangelho de Luz.
- Dar vista aos cegos espirituais.
- Ilumina o homem no seu caminho.
- Guia o homem a salvação eterna.
3- Liberdade.
- O Evangelho de Liberdade.
- Jesus fala: Apregoar liberdade aos cativos.
- Esse evangelho liberta o homem da prisão do pecado.
- É um evangelho de libertação.
Conclusão: O Evangelho é a melhor noticia para ser anunciada as pessoas e devemos comunicá-lo com muita alegria.
I Co. 9.16- Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho.

           Pr. Silvano Doblinski
Presidente da Igreja Assembleia de Deus 
    do Jabaquara em São Paulo - Brasil 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

"QUEM É JESUS CRISTO?"

Resposta: Quem é Jesus Cristo? Diferentemente da pergunta “Deus existe?”, bem poucas pessoas perguntam se Jesus Cristo existiu ou não. Geralmente se aceita que Jesus foi de fato um homem que andou na terra, em Israel, há quase 2000 anos. O debate começa quando se analisa o assunto da completa identidade de Jesus. Quase todas as grandes religiões ensinam que Jesus foi um profeta, um bom mestre ou um homem piedoso. O problema é que a Bíblia nos diz que Jesus foi infinitamente mais do que um profeta, bom mestre ou homem piedoso.

C.S. Lewis, em seu livro Mero Cristianismo, escreve o seguinte: “Tento aqui impedir que alguém diga a grande tolice que sempre dizem sobre Ele [Jesus Cristo]: ‘Estou pronto a aceitar Jesus como um grande mestre em moral, mas não aceito sua afirmação em ser Deus.’ Isto é exatamente a única coisa que não devemos dizer. Um homem que foi simplesmente homem, dizendo o tipo de coisa que Jesus disse, não seria um grande mestre em moral. Poderia ser um lunático, no mesmo nível de um que afirma ser um ovo pochê, ou mais, poderia ser o próprio Demônio dos Infernos. Você decide. Ou este homem foi, e é, o Filho de Deus, ou é então um louco, ou coisa pior... Você pode achar que ele é tolo, pode cuspir nele ou matá-lo como um demônio; ou você pode cair a seus pés e chamá-lo Senhor e Deus. Mas não vamos vir com aquela bobagem de que ele foi um grande mestre aqui na terra. Ele não nos deixou esta opção em aberto. Ele não teve esta intenção.”

Então, quem Jesus afirmou ser? Segundo a Bíblia, quem foi? Primeiramente, vamos examinar as palavras de Jesus em João 10.30: “Eu e o Pai somos um.” Em um primeiro momento, pode não parecer uma afirmação em ser Deus. Entretanto, veja a reação dos judeus perante Sua afirmação: “Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (João 10.33). Os judeus compreenderam o que Jesus havia dito como uma afirmação em ser Deus. Nos versículos seguintes, Jesus jamais corrige os judeus dizendo: “Não afirmei ser Deus”. Isto indica que Jesus realmente estava dizendo que era Deus ao declarar: "Eu e o Pai somos um” (João 10.30). Outro exemplo é João 8.58, onde Jesus declarou: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.” Mais uma vez, em resposta, os judeus tomaram pedras para atirar em Jesus (João 8.59). Ao anunciar Sua identidade como “Eu sou”, Jesus fez uma aplicação direta do nome de Deus no Velho Testamento (Êxodo 3.14). Por que os judeus, mais uma vez, se levantariam para apedrejar Jesus se Ele não tivesse dito algo que creram ser uma blasfêmia, ou seja, uma autoafirmação em ser Deus?

João 1.1 diz que “o Verbo era Deus”. João 1.14 diz que “o Verbo se fez carne”. Isto mostra claramente que Jesus é Deus em carne. Tomé, o discípulo, declarou a Jesus: “Senhor meu, e Deus meu! (João 20.28). Jesus não o corrige. O Apóstolo Paulo O descreve como: “...grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tito 2.13). O Apóstolo Pedro diz o mesmo: “...nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (II Pedro 1.1). Deus o Pai também é testemunha da completa identidade de Jesus: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu reino” (Hebreus 1.8). No Velho Testamento, as profecias a respeito de Cristo anunciam sua divindade: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6).

Então, como argumentou C.S. Lewis, crer que Jesus foi um bom mestre não é opção. Jesus claramente e inegavelmente se autoafirma Deus. Se Ele não é Deus, então mente, consequentemente não sendo também profeta, bom mestre ou homem piedoso. Tentando explicar as palavras de Jesus, “estudiosos” modernos afirmam que o “Jesus verdadeiramente histórico” não disse muitas das coisas a Ele atribuídas pela Bíblia. Quem somos nós para mergulharmos em discussões com a Palavra de Deus no tocante ao que Jesus disse ou não disse? Como pode um “estudioso” que está 2000 anos afastado de Jesus ter a percepção do que Jesus disse ou não, melhor do que aqueles que com o próprio Jesus viveram, serviram e aprenderam (João 14.26)?

Por que se faz tão importante a questão sobre a identidade verdadeira de Jesus? Por que importa se Jesus é ou não Deus? O motivo mais importante para que Jesus seja Deus é que se Ele não é Deus, Sua morte não teria sido suficiente para pagar a pena pelos pecados do mundo inteiro (I João 2.2). Somente Deus poderia pagar tamanho preço (Romanos 5.8; II Coríntios 5.21). Jesus tinha que ser Deus para que pudesse pagar nossa dívida. Jesus tinha que ser homem para que pudesse morrer. A Salvação está disponível somente através da fé em Jesus Cristo! A natureza divina de Jesus é o motivo pelo qual Ele é o único caminho para salvação. A divindade de Jesus é o porquê de ter proclamado: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14.6).

sábado, 3 de dezembro de 2011

Deixados para Trás

Baseado no beste seller Deixados para Trás, o suspense mostra o desaparecimento de inúmeras pessoas pelo mundo. Em um vôo internacional rumo a Londres, o jornalista Buck Williams e o piloto Rayford Steele se vêem no meio do mais incrível acontecimento da história. De repente, sem qualquer tipo de aviso, dúzias de passageiros simplesmente desaparecem no ar. Intrigados com o fato, um jornalista e um piloto partem em busca de repostas que culminam no misterioso livro do Apocalipse da Bíblia.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA, A PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA

A Igreja exerce atualmente o ministério profético sobre a face da Terra.

INTRODUÇÃO

- No ensino prático a respeito da Igreja, estudamos a “missão profética da Igreja”, ou seja, o exercício por parte da Igreja do ministério profético, um dos três ministérios dados por Deus aos homens e exercido simultaneamente por Jesus.

- A Igreja é, atualmente, a porta-voz de Deus sobre a face da Terra. Ela tem o Espírito Santo (Jo.14:7), cuja função é guiar a Igreja em toda a verdade e dizer tudo o que tiver ouvido bem como anunciar o que há de vir, glorificando e anunciando tudo o que respeita a Cristo (Jo.16:13,14). Por isso, não pode haver qualquer outro “mensageiro” divino além da Igreja enquanto durar esta dispensação.

I – OS TRÊS OFÍCIOS LEVANTADOS POR DEUS JUNTO À HUMANIDADE

- Esta lição pode, a princípio, trazer alguma dificuldade, tendo em vista que já estudamos a “evangelização” como a principal tarefa da Igreja. Assim, quando vemos, como título da lição, a idéia da “proclamação da Palavra”, parece que estaremos a repetir o tema da lição 2, visto que “proclamar a Palavra” seria “evangelizar”.

- A situação complica ainda mais quando, ao verificarmos o que é a “proclamação da Palavra”, chegamos ao conceito de “kerygma” (κήρυγμα), cujo significado é “proclamação” e “pregação”, palavra encontrada no Novo Testamento, relacionada seja com a pregação de Jonas em Nínive (Mt.12:41; Lc.11:32), seja com a pregação dos apóstolos (Rm.16:25; I Co.1:21; 2:4; 15:14; II Tm.4:17; Tt.1:3), ainda que sempre assim tenha sido denominada pelo apóstolo Paulo.

- Entretanto, ainda que seja inegável encontrarmos na noção de “kerygma” a pregação do Evangelho, e, portanto, a missão de evangelização e de anúncio, tarefa primordial da Igreja, não estamos diante de uma repetição de tema, mas, sim, da observância do tema sob um novo aspecto, um novo ponto-de-vista, qual seja, o da Igreja como o corpo de Cristo, como o povo destinado a prosseguir as obras do Senhor, obras estas que se resumem ao que se costuma chamar de “tríplice ministério de Cristo” ou os “três ofícios de Cristo”, a saber: profeta, sacerdote e rei.

- Como salientou o ilustre comentarista logo no início de seu comentário a esta lição, o “kerygma” será visto não sob o aspecto do relacionamento da Igreja com o mundo, não no seu aspecto de mensagem para a salvação, mas no relacionamento entre a Igreja e Cristo, ou seja, o papel da Igreja como “testemunha de Cristo” (At.1:8), como formada por “ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (I Co.4:1), como portadora da mensagem divina, como “boca de Deus” para este mundo perdido e sem salvação, como foi Arão em relação a Moisés (Ex.4:15,16). Não se trata, portanto, de falarmos a respeito da transmissão do Evangelho para a salvação das almas, mas, sim, da responsabilidade que tem a Igreja de ser a portadora da Palavra de Deus, a ser proclamada, divulgada e defendida pela Igreja, não só com palavras, mas, principalmente, com atitudes.

OBS: Esta confusão quanto ao conceito de “kerygma” aumenta ainda mais quando se adota a concepção difundida pela teologia romanista, que tem chamado de “kerygma”, “o primeiro contato com a boa nova do Evangelho” ou “a pregação missionária para suscitar a fé”, o primeiro passo da evangelização e que levou o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa a considerar como segundo significado de “querigma”, “transmissão do cerne da mensagem cristã a quem não é cristão, visando convertê-lo”.

- Uma das características humanas de Jesus foi a de ter recebido um nome. O anjo que anunciou o nascimento do Senhor disse que Ele deveria ser chamado de “Jesus”, porque salvaria o Seu povo dos pecados deles (Mt.1:21). Evidentemente que a forma “Jesus” é a forma grega do nome hebraico “Yehoshua”, até porque o Novo Testamento foi escrito em grego e não na língua hebraica que, aliás, nem mais era falada pelo povo nos tempos de Jesus. Apesar de este ser o Seu nome, logo após o início do Seu ministério terreno, Jesus passou a ser reconhecido como o “Messias”, ou seja, o “Ungido”, Aquele que havia sido separado por Deus para efetuar a redenção de Israel e de toda a humanidade. Ora, a palavra “Messias” é hebraica (“Maschiach”), como se vê em Dn.9:25,26 e seu termo correspondente em grego é “Cristo” (Jo.1:41; 4:25). Por isso é que Jesus passou a ser chamado Cristo (Mt.27:17,22), como também Filho de Davi (Mt.9:27; 12:23; 15:22; 21:9), outra expressão que demonstrava o reconhecimento de que Jesus era Aquele que havia sido prometido por Deus para a redenção de Israel.

- Vemos, portanto, que a expressão “Cristo”, “Messias” ou “Filho de Davi” não nos dá qualquer informação sobre a natureza divina ou humana de Jesus, mas, sim, revela que Ele tinha uma missão, uma obra a cumprir sobre a face da Terra. Ele fora escolhido pelo Pai para realizar a salvação da humanidade, para resgatar o gênero humano, pagando o preço do pecado da humanidade em Si mesmo, reconciliando Deus com o homem e desfazendo, assim, a divisão ocasionada pelo pecado e fomentada pelo adversário de nossas almas (Ef.1:7-10; I Jo.2:2; 3:8). Jesus tinha plena consciência disto, tanto que não Se cansava de dizer que viera para fazer a vontade do Pai, que tinha uma obra a realizar (Jo.5:30; 6:39; 12:27; 17:4; 18:37).

- Porque Jesus é o “Cristo”, o “Messias”, o “Filho de Davi”, ou seja, o “Ungido”, aquele que foi separado para a realização de uma tarefa, a obra da salvação da humanidade, não é surpresa observar que, como Jesus é o centro de todo o plano de Deus para a salvação do homem, nEle estivessem todas as funções que, ao longo dos séculos, o Senhor foi separando homens para a preparação da vinda do Cristo. Expliquemo-nos melhor: Jesus é o centro, o ponto mais alto de todo o plano de Deus para a salvação do homem, mas este plano não se realizou de uma hora para outra. Foram necessários séculos, milênios para que da semente da mulher nascesse o Messias. Por isso, enquanto o Messias não vinha, o Senhor Se revelou progressivamente aos homens, por intermédio de pessoas que escolheu. Estas pessoas escolhidas por Deus exerceram três funções distintas, a saber: sacerdote, profeta e rei. Ao longo dos séculos, Deus escolheu alguns para estas funções, mas, e isto é importante, ninguém chegou a exercer plenamente estas três funções ao mesmo tempo. Eram apenas servidores parciais, que preparavam o caminho do Cristo. Este, sim, que, como centro de toda a revelação divina, teria de exercer, a um só tempo, as três funções. São estas três funções, que foram unicamente exercidas em toda a sua plenitude por Jesus, que constituem o que os estudiosos da Bíblia denominam de “os três ofícios de Jesus”, que nos esclarecem o papel desempenhado por Jesus no plano da salvação da humanidade.

- A Igreja é o corpo de Cristo (I Co.12:27; Ef.4:12) e esta figura bíblica nos fala de que cabe à Igreja, portanto, na atual dispensação, iniciada com a subida de Cristo aos céus e a vinda do Espírito Santo para não deixar a Igreja órfã (Jo.14:18), continuar e ampliar as obras feitas por Jesus em Seu ministério terreno (Jo.14:12), de modo que a Igreja tem o dever de exercer os três ofícios que eram exercidos pelo Senhor Jesus. Assim, a Igreja é a portadora legítima e exclusiva dos ministérios profético, sacerdotal e real.

- Tanto assim é que a Igreja é denominada por Pedro como sendo “o sacerdócio real” que tem como finalidade “anunciar as virtudes daquele que chamou a Igreja das trevas para a maravilhosa luz de Jesus” (I Pe.2:9), sendo corroborado por João que nos diz, no Apocalipse, que Jesus nos fez “reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai” (Ap.1:6), reis e sacerdotes que, a exemplo do próprio João, testificam da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo e de tudo o que têm visto (Ap.1:2). Enfatiza-se, pois, nestas passagens, o papel assumido pela Igreja, na qualidade de corpo de Cristo, de exercer os ofícios sacerdotal, real e profético.

- Estes três ofícios devem, pois, ser desempenhados pela Igreja, que é o corpo de Cristo, nesta dispensação. A lição detém-se apenas no ministério profético da Igreja. A teologia romanista denominou cada um destes ofícios, muito adequadamente, de “múnus” da Igreja. Ora, “múnus” é palavra latina que significa “tarefa obrigatória, encargo, obrigação, dever obrigatório de alguém”. Trata-se, sem dúvida alguma, de uma expressão muito apropriada, vez que a Bíblia nos mostra que, enquanto servos do Senhor, temos de Lhe obedecer, vez que somos tão somente varas da videira verdadeira (Jo.15:1-6). O exercício dos três ministérios pela Igreja, portanto, não é uma opção de cada crente, mas um dever que nos é imposto pelo Senhor, a cabeça da Igreja, sendo Ele próprio o Salvador do corpo (Ef.5:23).

OBS: No Concílio Vaticano II, a Igreja Romana, em seu reposicionamento doutrinário, muito enfatizou o fato de a Igreja ser dotada de três múnus, que denominou de “sacerdócio comum”, “múnus profético” e “múnus de reger” ou “múnus de governar”. Esta teorização, embora, naturalmente, tenha sido feita sobre as premissas do romanismo, pode, muito bem ser acolhida no estudo da Igreja, vez que corresponde ao que a Bíblia ensina a respeito dos três ofícios destinados ao corpo de Cristo:“… Jesus Cristo é aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e que constituiu ‘Sacerdote, Profeta e Rei’. O Povo de Deus inteiro participa dessas três funções de Cristo e assume as responsabilidades de missão e de serviço que daí decorrem.…”(cânon 783 do Catecismo da Igreja Católica)

II – O MÚNUS PROFÉTICO DA IGREJA

- Para bem entendermos cada múnus, cada ofício ministerial destinado à Igreja, temos de saber os parâmetros e as diretrizes pelas quais o Senhor Jesus exerceu cada ofício em Seu ministério terreno, pois a Igreja nada mais é que imitadora de Cristo (I Co.11:1), devendo, aliás, cada um dos integrantes deste povo de Deus ser considerado como “ministro de Cristo e fiel despenseiro dos mistérios de Deus” (I Co.4:1,2). Ora, para que se possa verificar fidelidade, é indispensável que se observe um padrão, um modelo a ser seguido, modelo este que outro não pode ser senão Cristo.

- O ofício de profeta é dos mais antigos constituído por Deus dentre os homens para preparar o caminho para a vinda do Verbo Divino, visto que o primeiro profeta registrado nas Escrituras é Enoque, o sétimo depois de Adão (Jd.14), embora a primeira pessoa chamada de profeta na Bíblia seja Abraão (Gn.20:7).

- A palavra “profeta” é de origem grega e significa “o porta-voz”, ou seja, aquele que fala em nome de alguém, aquele que anuncia, traz uma mensagem de alguém, que interpreta a opinião de uma determinada divindade. Aliás, antigamente, os hebreus chamavam o profeta de “vidente” (I Sm.9:9), ou seja, aquele que tinha a capacidade de “ver” a vontade divina, de entendê-la e anunciá-la ao povo.

- Ao falar sobre a vinda do Messias, Moisés disse que Ele seria profeta (Dt.18:18). Jesus, mesmo, disse que era profeta (Mt.13:57; Mc.6:4; Lc.4:24) e o povo assim O considerava (Mt.14:5; 21:11,46; Jo.4:9). Jesus não só disse que era profeta, como anunciou a Palavra de Deus, o que O qualificou como sendo profeta. Pregou o Evangelho, ou seja, as boas novas de salvação (Mc.1:14,16), tendo, por algumas vezes, dito explicitamente que o que falava era por determinação do Pai (Jo.7:16-18; 14:10; 15:15).

- Como porta-voz de Deus, o profeta, muitas vezes, fala do futuro, pois, para Deus não há futuro e, portanto, pode revelar, por meio de profetas, o que está para acontecer. Jesus, enquanto profeta, também predisse o futuro, como, por exemplo, a destruição do templo de Jerusalém (Mt.24:2), profecia que se cumpriu literalmente no ano 70 d.C. Muitas outras predições foram feitas pelo Senhor, inclusive as relativas aos sinais de Sua vinda, que estão se cumprindo plenamente nos nossos dias. As Escrituras, mesmo, dizem que o testemunho de Jesus é o espírito de profecia (Ap.19:10).

OBS: “…O testemunho de Jesus é o espírito de profecia. O testemunho de Cristo será levado a efeito por meio da ‘profecia’, conforme se vê no presente versículo [Ap.19:10, observação nossa]. O Espírito de Cristo é quem inspira a profecia deste livro do princípio ao fim (1.3; 11.6; 19.10; 22.7,18,19). A palavra foco ocorre sete vezes no Apocalipse e a palavra ‘profeta’ por doze – portanto o livro traz o selo da profecia e a raiz desta se encontra em quase todo o restante da Bíblia e o seu fruto é reunido neste último livro da Bíblia…” (SILVA, Severino P. da. Apocalipse versículo por versículo. 2.ed., p.245-6). Bem se vê que, ao contrário do que defendem os adventistas, o espírito de profecia não é a sra. Ellen White.

- Jesus é o maior de todos os profetas, pois, sendo Deus, sendo o Verbo, ou seja, a própria Palavra (Ap.19:13), constitui-Se no mais fidedigno porta-voz de Deus aos homens, vez que é a própria Palavra de Deus que veio habitar entre nós. Os ditos divinos estão plenamente contidos na boca do Senhor Jesus, que é a própria expressão da Divindade entre os homens (Cl.2:9; Hb.1:3). Ao contrário dos demais profetas, que, por maiores que fossem, como é o caso de Moisés (Dt.34:10) e de João Batista (Lc.7:26,28), que tiveram falhas ao longo de suas vidas e de suas bocas saiu algo que não era proveniente da vontade de Deus (Nm.20:10-12; Lc.7:19), jamais se achou engano nos lábios de Jesus (Is.53:9).

- O ministério profético de Jesus é tão evidente que mesmo entre aqueles que Lhe negam a divindade, como é o caso dos judeus e dos muçulmanos, é ele reconhecido como um profeta, como um porta-voz divino, notadamente entre os islâmicos, que o têm como o maior profeta depois de Maomé.

OBS: Como exemplo da consideração de Jesus como profeta entre os muçulmanos, transcrevemos os seguintes versículos do Alcorão: “…Dizei: Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele. (2:136).”

- Não resta, portanto, qualquer dúvida de que Cristo foi profeta e que a Igreja, enquanto Seu corpo, deve prosseguir no exercício deste ministério. De pronto, verificamos que como o maior profeta que já existiu foi o próprio Jesus, o ofício profético não pode mais ser exercido por nenhum indivíduo isoladamente, pois não há como Deus continuar a Sua revelação, vez que já Se revelou plenamente na pessoa de Jesus, onde habita toda a plenitude da Divindade (Cl.2:9). Isto já é suficiente para não aceitarmos, de forma alguma, todo e qualquer “profeta” que venha “complementar” ou, de algum modo, “alterar” a mensagem divina trazida por Cristo. Todo e qualquer “profeta” que se levantar dentro desta perspectiva está a trazer um “outro evangelho” e, portanto, deve ser considerado anátema (Gl.1:8,9).

- O ofício profético da Igreja, portanto, é algo que não pode ser individualizado e que, por isso mesmo, distingue-se seja do dom ministerial de profecia(Ef.4:11), seja do dom espiritual de profecia (I Co.12:10; 14:1).

- O ofício profético tem, por finalidade, anunciar a Verdade Divina, oculta aos homens, o progressivo mostrar-Se de Deus à humanidade, que atingiu seu clímax na revelação de Jesus (Hb.1:1), revelação esta que deve prosseguir, agora por intermédio da Igreja que, como simples corpo de Cristo, não pode aumentar a cabeça, mas apenas mostrá-la aos homens. Daí porque Jesus ter Se referido ao fato de que ninguém pode acrescentar um côvado à sua estatura (Mt.6:27), expressão que mostra bem a impossibilidade humana de trazer o aumento da cabeça, acrescentar algo à revelação que Cristo proporcionou de Si mesmo ao gênero humano.

- O dom ministerial de profecia, constituído pelo próprio Cristo na Igreja, tem em vista a revelação de fatos, de circunstâncias e de orientação, a partir da revelação divina, contida nas Escrituras, para que haja a edificação, exortação e consolação dos salvos. Trata-se da exposição da Palavra de Deus, de sua explicação, de sua aplicação às situações concretas da vida. Os “profetas” são, assim, pessoas escolhidas por Deus no meio da Sua Igreja para que sejam veículos de orientação e de direcionamento dos crentes no dia-a-dia, por meio do estudo e da meditação nas Sagradas Escrituras.

- O dom espiritual de profecia, por sua vez, é uma demonstração do poder do Espírito Santo na Igreja, a concessão sobrenatural a alguém do poder de revelar fatos, circunstâncias e dar orientações, visando a edificar, consolar e exortar a Igreja, mediante uma comunicação direta do Espírito ao povo de Deus, sem a mediação das Escrituras, como ocorre no dom ministerial.

- O múnus profético da Igreja, portanto, não é, em absoluto, a autorização para que a Igreja, mediante uma “Tradição”, acrescente o que foi revelado pelas Escrituras a respeito de Cristo (Jo.5:39), mas tão somente a divulgação, o anúncio, a explicação daquilo que está contido na Bíblia Sagrada, que é a Verdade (Jo.17:17) e que se encontra em posição superior à própria Igreja, seja porque é fonte de sua santificação, seja porque a Palavra se encontra engrandecida acima do próprio nome do Senhor (Sl.138:2), nome que está acima de todo o nome (Fp.2:9), precisamente por ser Jesus o Verbo (Jo.1:1), Aquele que é a própria Palavra de Deus (Ap.19:13). Por isso, quando não se conhecem as Escrituras, cometem-se erros (Mt.22:29).

III – O EXERCÍCIO DO MÚNUS PROFÉTICO DA IGREJA

- A Igreja é chamada de “coluna e firmeza da verdade” (I Tm.2:15), porque deve sustentar e ser a legítima anunciadora da Palavra de Deus sobre a face da Terra. Num mundo onde a iniqüidade aumenta a cada dia (Mt.24:12), num mundo onde há corrupção geral e cada vez maior do gênero humano (Rm.1:18-32), cabe à Igreja a difícil tarefa de anunciar a Verdade, de mostrar ao mundo a Palavra de Deus, resplandecendo como astro no meio de uma geração corrompida e perversa (Fp.2:15).

- Em primeiro lugar, devemos observar que o exercício do ofício profético traz-nos uma realidade que, muitas vezes, nós não percebemos: a Palavra de Deus é um mistério para o homem, algo que a mente humana não poderia jamais descobrir se não fosse revelado por Deus. Não é por outro motivo que a Igreja é dita formada de “ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” e que a própria Igreja é chamada de “mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos Seus santos apóstolos e profetas” (Ef.3:4,5). Aliás, nem mesmo os homens de Deus do passado tiveram condições de perceber, em toda a plenitude, a revelação que se deu à Igreja (Hb.11:39,40; I Pe.1:10-12).

- A Bíblia On-line da Sociedade Bíblica do Brasil traz três definições de “mistério” que, por sua oportunidade e adequação, merecem ser analisadas aqui. A primeira é “segredo desconhecido até que seja manifestado por Deus por algum meio”. Sem dúvida alguma, somente a Igreja pode apresentar ao mundo os segredos divinos, todos eles, aliás, que se fizeram conhecidos através de Jesus Cristo (Jo.15:15). Deus só revela os Seus segredos aos Seus servos, os profetas (Am.3:7), motivo por que somente quem tem o Espírito de Deus, somente o povo adquirido pelo Senhor é quem pode anunciar a Verdade, revelar o que esteve oculto noutros séculos.

- A segunda definição de “mistério” é “o plano de Deus revelado no evangelho para a salvação de toda a humanidade”. O Evangelho é apresentado como um “mistério” que incumbe tão somente à Igreja pregar. O Evangelho é chamado de “mistério” (Rm.16:25; Ef.6:19; Cl.1:25-29; I Tm.3:9). A pregação do Evangelho, portanto, é um dos aspectos da revelação deste mistério.

- A terceira definição de “mistério”, na Bíblia On-line é “o conhecimento secreto que só Deus pode tornar conhecido”, algo que diz respeito ao exercício dos dons ministerial e espiritual da profecia e que é peculiar e particular a um determinado indivíduo ou a um grupo de indivíduos, que tem como finalidade a orientação e a demonstração cotidiana da onisciência divina ao Seu povo (cfr. Ap.1:20).

- Quando temos a noção de que a Palavra de Deus que devemos anunciar é um mistério, ou seja, algo que não é capaz de ser percebido pela mente humana sem a revelação divina, sem a operação do Espírito Santo, passamos a perceber que a Igreja é apenas o instrumento desta revelação, que é feita pelo próprio Deus, através da Pessoa do Espírito Santo, que dirige a Igreja e a faz se lembrar de tudo quanto foi anunciado pelo Senhor Jesus. O dever da Igreja é proclamar a Palavra, mas ela não o faz de “per se”, ou seja, ela não proclama a Palavra porque seja “a dona da verdade” nem tampouco por sua própria sabedoria ou capacidade, mas sob a direção do Espírito Santo, segundo as Escrituras, conforme a revelação divina, que atingiu em Cristo o seu ponto máximo e insuperável.

- A Igreja, portanto, enquanto corpo de Cristo, não é senão o “depósito”, a “despensa” da Verdade, que é o próprio Cristo. Por isso, nenhuma “Tradição” ou “Magistério” da Igreja pode se sobrepor ou se equiparar às Escrituras. A Igreja deve tão somente transmitir a Palavra, explicá-la, expô-la, pois são os “mistérios de Deus”, que foram trazidos ao nosso conhecimento pela graça e misericórdia divinas.

- É, pois, com profunda tristeza quando vemos que, em muitas igrejas locais, em vez de anunciar a Palavra, de nela se aprofundar e nela meditar de dia e de noite, vemos que muitos crentes têm preferido contender, discutir, debater e, não raras vezes, lutar contra a Palavra. Não é para isto que existe a Igreja. A Igreja deve fugir dos debates intermináveis, das dificuldades bíblicas infindáveis, das porfias e querelas escriturísticas, para não falar das intermináveis polêmicas a respeito de usos e costumes, pois tal comportamento é um desvio de conduta, uma subversão do objetivo estabelecido pelo Senhor para a Sua Igreja, até porque, segundo nos ensina o apóstolo Paulo, a entrega a vãs contendas é fruto de uma vida espiritual enferma e reprovável (I Tm.5-7).

- O primeiro exercício do múnus profético da Igreja está, precisamente, na pregação do Evangelho ao mundo, na tarefa da evangelização. Faz parte do múnus profético da Igreja a evangelização, missão esta que é fundamental e que, não sem motivo, foi o assunto primeiro a ser tratado dentre as missões da Igreja, na lição 2. A pregação do Evangelho é uma responsabilidade que a Igreja tem diante de seu Senhor, que não só a determinou, em caráter imperativo (Mc.16:15), como também a efetuou em Seu ministério terreno (Mc.1:15).

OBS: O Código Canônico da Igreja Romana, em seu cânon 225,§ 1º traz uma afirmação que deveria ruborizar a genuína e autêntica Igreja. Ali se diz que “…todos os fiéis(…) têm obrigação geral e gozam do direito de trabalhar para que o anúncio divino da salvação seja conhecido e aceito por todos os homens, em todo o mundo: esta obrigação é tanto mais premente naquelas circunstâncias em que somente através deles os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo.”

- O múnus profético da Igreja, porém, não se esgota no anúncio do Evangelho, ou seja, em dizer que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o céu, mas, também, como nos mostrou o Senhor Jesus, em “andar fazendo bem” (At.10:36-38). Jesus não só anunciou a Palavra a partir do batismo no rio Jordão, como também vivenciou a Palavra, fazia tudo aquilo que pregava, residindo aí a autoridade de Sua doutrina e a grande diferença entre o Seu ensino e o dos fariseus (Mt.7:28,.29; 23:2-4).

- O “kerygma” não se esgota nem se encerra na oratória, na exposição eloqüente e ungida do Evangelho, mas, sim, tem nesta exposição o seu primeiro aspecto. O múnus profético da Igreja estende-se ao que se costuma chamar de “martyria” (μαρτυρία), ou seja, “testemunho”. Jesus, diz-nos a Escritura, “andava fazendo bem” e Ele próprio nos informa que quando fazemos boas obras, os homens glorificam ao nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16).

- A proclamação da Palavra exige um testemunho por parte da Igreja. A Igreja deve ser chamada pelos gentios e judeus de “cristãos”(At.11:26), ou seja, “parecidos com Cristo” e, por isso mesmo, uma vida que não corresponda às palavras que profiramos será causa de “escândalo”, ou seja, de tropeço, de descrédito da mensagem evangélica. Jesus, a propósito, foi bem claro a respeito: “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem” (Mt.18:7).

OBS: Devemos aqui reproduzir parte da Constituição dogmática Lúmen Gentium, documento doutrinário principal do Concílio Vaticano II, outra afirmação que deve nos alertar pela sua biblicidade: “…Cristo, o grande Profeta que proclamou o Reino do Pai, quer pelo testemunho de vida, quer pela força da palavra, continuamente exerce Seu múnus profético até à plena manifestação da glória. Ele o faz não só através da Hierarquia (…) mas também através dos leigos. Por esta razão constituiu-os testemunhas e os ornou com o senso da fé e a graça da palavra (cf. At.2:17-18; Ap.19:10), para que brilhe a força do Evangelho na vida cotidiana, familiar e social. Eles se apresentam como filhos da promessa quando, fortes na fé e esperança, aproveitam o momento presente (cf. Ef.5:16; Cl.4:5) e esperam a glória futura pela paciência (cf. Rm.8:25). Mas não escondam esta esperança no íntimo da alma, e sim pela renovação contínua e pela luta ‘contra os dominadores do mundo das trevas, contra os espíritos da malícia’ (Ef.6:12) também a exprimam nas estruturas da vida secular.…” (Lumen Gentium, n.35).

- Quando o cristão e a igreja local apresentam-se como “luz do mundo” e “sal da terra”, tendo uma vida diferente dos demais homens e mulheres que os cercam, vivendo aquilo que pregam, “fazendo a diferença”, como se costuma dizer hoje em dia, estamos a proclamar a Palavra de Deus, a cumprir o múnus profético que nos foi dado pelo Senhor Jesus. Jesus fazia isto. Enquanto o mundo pecava, enquanto Seu próprio povo O rejeitava, Jesus “andava fazendo bem”, tinha uma vida sem pecado, a ponto de poder desafiar os pecadores (Jo.8:7-11,46). Assim, também, procederam os Seus discípulos, como Estevão(At.8:51-60) e Paulo (At.24:14-16).

- A fé em Jesus leva o crente, necessariamente, a uma prática diferente da dos demais homens. Quem confia em Cristo, faz o que Ele manda, ainda que isto possa parecer loucura para a mente humana. Aliás, a “pregação” foi considerada como uma loucura pelo apóstolo Paulo (I Co.1:21). “Pregação”, ou seja, o “kerygma”, é algo que não pode ser entendida pela lógica do homem, pela razão, mas é algo que deve ser aceito por fé. A fé leva-nos a praticar boas obras, daí porque Tiago ter dito que a fé sem obras é morta, simplesmente não existe (Tg.2:26).

- Quando os apóstolos disseram que era seu dever dedicar-se à oração e ao ministério da palavra (At.6:4), estavam a dizer que tinham de ter um testemunho irrepreensível, que deveriam demonstrar, em todos os lugares, em todas as horas, sua qualidade de servos do Senhor Jesus. O interessante é que o servo de Jesus não é aquele que se diz servo de Deus, mas aquele que é reconhecido como tal, em virtude de suas atitudes, pelos outros, em especial, os incrédulos. Os discípulos eram identificados como seguidores de Cristo e não o contrário (At.4:13). Será que precisamos dizer às pessoas que somos salvos? Será que nossas ações levam os homens a se escandalizar ou a glorificar a Deus?

OBS: Ainda uma vez reproduzimos trecho da Lumen Gentium: “…os leigos tornam-se valiosos pregoeiros da fé nas coisas a serem esperadas (cf. Hb.11:1), quando, intrepidamente, com a vida da fé conjugam a profissão da fé. Esta evangelização, isto é, este anunciar de Cristo por um testemunho vivo e pela palavra falada, adquire características específicas e eficácia particular pelo fato de se realizar nas condições comuns do século.…”(n.35).

- Este testemunho encontra relevância especial na vida familiar. Com efeito, sendo a família o primeiro grupo social a que pertence o ser humano, e tendo sido uma instituição criada por Deus, é o lugar onde mais se demonstra o valor e o poder da Palavra de Deus. Jesus, antes de subir aos céus, fez questão de procurar os membros de Sua família terrena, incrédulos (Jo.7:5) que, porém, se tornaram crentes (At.1:14). Não é sem motivo que, nos dias em que vivemos, tenha o inimigo escolhido a família como alvo preferencial de seus ataques. Sem uma vida familiar estável e na presença de Deus, temos o nosso testemunho sensivelmente comprometido e, portanto, prejudicada a nossa missão profética.

- Mas andar fazendo bem não é apenas praticar boas obras. Jesus, além de praticar boas obras, também denunciava os erros e as injustiças (Mt.7:5; 23; Lc.13:32; Jo.9:39-41; 19:11). A missão profética da Igreja abrange a “denúncia”, a “katangelia” (καταγγελια), palavra grega composta de “kata”, que significa “por toda a parte”, “para baixo” e “angelia”, que é mensagem. A “denúncia”, pois, é uma mensagem que está “por baixo”, “em toda a parte” de uma outra mensagem, de uma outra afirmação.

- A Igreja tem o dever de denunciar os erros e os desvios deste mundo. Como portadora da Verdade, deve se posicionar sempre que uma decisão, uma idéia, uma afirmação vier a contrariar as Escrituras. É dever indeclinável da Igreja alertar, na qualidade de profeta de Deus, os descaminhos e os rumos contrários à Palavra de Deus que têm sido cada vez mais intensamente adotados pelo mundo.

OBS: Corretíssimo, aliás, o cânon 747, § 2º do Código Canônico da Igreja Romana, que ora transcrevemos: “Compete à Igreja anunciar sempre e por toda a parte os princípios morais, mesmo referentes à ordem social, e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os direitos fundamentais da pessoa humana ou a salvação das almas.”

- A Igreja, tendo uma vida exemplar e de santidade, tem autoridade moral e espiritual para denunciar o pecado e todas as atitudes, seja de quem for, que tiver por objetivo desviar a sociedade da verdade bíblica, fazer com que o mundo peque ainda mais ou, mesmo, seja levado a um embaraço maior. A Igreja não pode se calar diante de artimanhas do inimigo, pois não pode ignorar os seus ardis (II Co.2:11).

- Esta atitude profética da Igreja encontra-se muito demonstrada nos profetas do Antigo Testamento que, não poucas vezes, tiveram de se indispor com a sociedade de seus dias, mui especialmente com os governantes e os integrantes das classes sociais integrantes da elite. Quando vemos as mensagens contundentes de Elias, Eliseu, Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel e de João Batista, entre outros, percebemos que o exercício do múnus profético é espinhoso, antipático e ensejador de perseguições, mas que não há outro caminho a seguir senão falar a verdade, custe o que custar. Aliás, estes profetas falaram sem ter noção exata do preço da salvação e a Igreja, que sabe, agora, que custou o precioso sangue de Jesus (I Pe.1:18,19), o que tornará o custo da nossa denúncia sempre muito inferior ao preço do nosso resgate, como também em comparação com a glória que está reservada para os fiéis (Rm.8:18).

- A denúncia é uma necessidade e faz parte da “proclamação da Palavra”, do múnus profético da Igreja. Se, verdadeiramente, somos servos de Cristo, não podemos agradar aos homens, mas unicamente a Deus (Gl.1:10; Ef.6:6). Como a Palavra de Deus não muda, mas permanece para sempre (I Pe.1:25), temos que a Igreja sempre defenderá as mesmas posições doutrinárias, visto que a Verdade é única, não comporta “adaptações” nem “novas conformações”, como têm defendido os filósofos influentes da atualidade. Por isso, não pode a Igreja deixar de “denunciar” os desvios e os erros cometidos pelos homens, conclamando a todos a praticarem o que está de acordo com a vontade de Deus, pois é esta vontade que temos de anunciar (Mt.6:10; Ef.1:9).

- Entretanto, com pesar verificamos, nos dias em que vivemos, que mais e mais pessoas, nas igrejas locais, não só não denunciam os erros praticados, como também se deixam influenciar pelas práticas pecaminosas. Muitos estão a proferir o nome do Senhor, mas não mais fazem a Sua vontade e serão surpreendidos na volta de Cristo(Mt.7:21). Que Deus nos guarde, pois só quem faz a vontade de Deus é que pode ser considerado herdeiro de Deus e co-herdeiro de Cristo (Mc.3:35). Ter comunhão com Jesus não é participar da ceia do Senhor, mas, sim, fazer a vontade do Pai (Jo.4:34).

- A denúncia traz uma conseqüência imediata e que também faz parte do múnus profético da Igreja, que é a “defesa da fé”. Com efeito, quando a Igreja denuncia o pecado e os desvios doutrinários, há uma reação por parte dos adversários da Verdade, já que há uma batalha espiritual entre a Igreja e este mundo, que se encontra sob o domínio do deus deste século (Ef.6:12). Surge daí, então, a necessidade de “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd.3), necessidade que foi sentida por Judas, o irmão do Senhor e que o levou a escrever a sua epístola.

- Esta “batalha pela fé” é conhecido como “apologia”(απολογία), ou seja, a defesa ou a justificação da fé, o uso de argumentos e de um discurso que tente convencer as pessoas de seus erros e desacertos em não observar a Palavra de Deus. A palavra “apologia” é encontrada em o Novo Testamento com o sentido de “defesa” ou de “resposta”, como se vê em At.25:16, Fp.1:7, II Tm.4:16 e I Pe. 3:15, sendo que, neste último versículo, Pedro deixa bem claro que é dever do cristão estar sempre pronto para “responder a razão da esperança que há em vós”. Judas fala no “batalhar pela fé”, usando a palavra grega “epagonidzomai” (επαγωνίζομαι), de modo que poderíamos também denominar este aspecto do múnus profético de “epagonidzoma”.

- A “apologia” ou “epagonidzoma” não se restringe, porém, a meros argumentos retóricos ou lógicos, não é um mero exercício de racionalidade ou de intelectualidade, mas tem de se refletir em ações concretas, em iniciativas bem definidas que levem a Igreja e cada crente a repudiar as práticas pecaminosas. À evidência, tais ações e atitudes podem levar a respostas violentas, cruéis e, no limite, até à perseguição e morte, mas não podemos nos acovardar, pois os tímidos não herdarão o reino de Deus (Mc.4:40; Ap.21:8). Não nos esqueçamos que precisamos amar mais a glória de Deus do que a glória dos homens (Jo.12:42,43) e que uma atitude de timidez e de covardia equivale a uma negação, a uma recusa de confissão e quem não confessar a Jesus diante dos homens, será também negado pelo Senhor diante do Pai (Mt.10:32,33). Que possamos ser achados dignos do Senhor Jesus pela nossa confissão, pela nossa atitude de “apologia” da fé cristã (Mt.10:37,38).

- A apologia, ademais, deve ser feita com “mansidão e temor” (I Pe.3:15), o que somente é possível quando, antes, nos santificamos a Cristo em nossos corações. A “defesa da fé” exige, antes de mais nada, uma vida de santificação, uma vida sincera de comunhão com Deus, sem o que seremos motivo para escândalo em vez de sermos “vexilários da fé” (i.e., soldados que combatem sob bandeira própria, porta-bandeiras da fé), dever que temos como nos recorda o autor do hino 11 da Harpa Cristã.

OBS: A propósito, no final do ano passado, o mundo todo pôde verificar como é geradora de escândalo a falta de santificação de quem se apresenta como “defensor da fé” no triste episódio da descoberta de um relacionamento homossexual mantido pelo pastor Ted Haggard, presidente da Associação Nacional dos Evangélicos nos Estados Unidos e que era o principal líder contra a legalização da união homossexual naquele país.

- Mas, além da “martyria” e da “katangelia”, a proclamação da Palavra exige a “cura de todos os oprimidos do diabo” (At.10:38). A Palavra proclamada é confirmada com sinais e maravilhas (Mc.16:20). Para sermos eficazes “testemunhas de Jesus” (At.1:8), temos de estar revestidos de poder, a fim de que não sejamos confundidos com simples oradores, mas pessoas que sejam portadoras do poder de Deus (I Co.2:4). É o que podemos chamar de “iama” (ίαμα), ou seja, “cura”.

- A expressão “Jesus cura”, tão peculiar à pregação do movimento pentecostal no Brasil, embora tenha sido utilizada sempre levando-se em conta a cura física, a cura de doenças, pode ser estendida para abarcar a “cura de todas as opressões do diabo”, que envolve não somente as doenças físicas, psíquicas ou psicossomáticas, como também as possessões demoníacas e toda a sorte de vícios e males decorrentes da vida pecaminosa.

- A Igreja, ao proclamar a Palavra, não deve apenas trazer a mensagem da salvação do mal maior, que é o pecado, mensagem que não deve jamais ser posta em segundo plano ou de lado (como infelizmente acontece hoje em dia), nem tampouco não deve se circunscrever a uma vida exemplar e sincera diante de Deus, mas esta vida de santidade e este pregar do arrependimento dos pecados deve ser confirmada com a demonstração do poder de Deus mediante sinais e maravilhas. Se a primeira pregação da Igreja se circunscreveu à pregação do Evangelho, a segunda se iniciou com a cura de um coxo na porta Formosa do templo de Jerusalém. Esta é uma continuidade que não deve ficar restrita aos tempos apostólicos, mas que continua hoje a ser exigida pelo Senhor da Sua Igreja.

- Entretanto, para que a Igreja, assim como os profetas do Antigo Testamento (mui especialmente, Elias e Eliseu), mostrem sinais e maravilhas, é fundamental que venhamos a ter a mesma vida de santidade, de oração e de sensibilidade espiritual que tinham os apóstolos. Revestidos de poder no dia de Pentecostes, os discípulos continuaram a ter uma constante vida de oração, tanto que Pedro e João encontraram o coxo quando se dirigiam à oração (At.3:1). Por isso, tinham poder de Deus para curar o coxo. Não tinham prata nem ouro, mas tinham o poder de Deus. E hoje, como estamos diante de Deus? Muitos têm até prata e ouro, mas não têm poder de Deus, como é dito que um cardeal da Igreja Romana teria dito a um Papa nos dias de Francisco de Assis. Outros, nem prata, nem ouro, nem poder de Deus. Desta maneira, fica muito, mas muito difícil exercermos a contento o múnus profético da Igreja, ainda mais nos dias em que vivemos, em que o “mistério da injustiça” já está operando e prodígios e sinais de inspiração maligna são cada vez mais freqüentes (Mt.24:24; II Ts.2:7-10).

- O exercício do ofício profético da Igreja só é possível porque, a exemplo do que ocorria com o Senhor Jesus, a Igreja também recebeu o Espírito Santo e Deus está com e na Igreja (respectivamente, Mc.16:20 e At.10:38). Sem a presença de Deus, em Suas três Pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo), nada pode ser feito por parte da Igreja (Jo.15:5). O segredo para o eficaz exercício não só do múnus profético, mas dos outros ofícios da Igreja (real e sacerdotal), está na comunhão que há entre a Igreja e o Senhor. Por isso, tudo o que a Igreja liga na Terra, é ligado no céu e tudo o que é desligado na Terra, é desligado no céu (Mt.16:19). Não se trata de qualquer “privilégio” ou “poder sobrenatural” dado a Pedro, isoladamente, ou mesmo aos apóstolos, mas, sim, uma afirmação de Cristo a respeito da Sua Igreja, que, enquanto em comunhão com a única cabeça, que é Jesus Cristo, atua em unidade com Ele (Jo.17:22,23), nada havendo que possa, pois, prevalecer contra a Igreja, nem mesmo as portas do inferno, ainda que os anjos sejam superiores aos homens (Sl.8:5). É por isso, aliás, que Tiago nos ensina que devemos nos sujeitar a Deus que, aí, então, poderemos resistir ao diabo e ele fugirá de nós (Tg.4:7).

- Quando Jesus perguntou aos Seus discípulos que os homens diziam ser o Filho do homem, a resposta imediata foi de que Jesus era um profeta ou algum dos profetas (Mt.16:13,14; Mc.8:27,28; Lc.19:18,19). Esta é uma prova cristalina de que Jesus cumpriu o múnus profético que o Pai Lhe dera. Se fizéssemos esta pergunta às pessoas que convivem conosco, qual seria a resposta deles? O que andam achando de nós, que, como imitadores do Senhor, temos também de sermos comparados aos profetas (Mt.5:11,12; Lc.6:22,23)? Temos nos apresentado como profetas do Senhor? Ou será que todos têm falado bem a nosso respeito, mas da mesma forma que se referiam aos falsos profetas (Lc.6:26). Que, enquanto é tempo, possamos cumprir o múnus profético que nos impôs o Senhor. Amém!