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VIDAS

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

ÉFESO, A IGREJA DO AMOR ESQUECIDO



Pr. Adaylton Almeida Conceição

INTRODUÇÃO: As sete cartas são dirigidas às sete igrejas, cada uma das quais descreve as condições da igreja, com instruções, advertências e promessas.

Em Apocalipse o autor nos oferece um esboço bem amplo do seu livro, dividido em três pontos:

1- As coisas que tens visto: A visão de Cristo no primeiro capítulo, que atua como introdução a todo o livro.

2- As coisas que são (ou estão acontecendo): A condição das igrejas na Ásia Menor (atual Turquia), nos capítulos dois e três.

3- As coisas que irão acontecer, o futuro do mundo: Os últimos dias, as condições que farão anteceder o segundo advento de Cristo, que introduzirá o reino milenial e o estado eterno – do capitulo quarto até o fim do livro.

A IMPORTÂNCIA DESTAS CARTAS

Os dois capítulos que tratam do tema das cartas às igrejas da Ásia Menor, ocupa cerca de um oitavo de todo o livro.

O CARÁTER GERAL DESSAS SETE CARTAS

Joseph Seis, falando sobre as cartas, diz; “Essas cartas se constituem exclusivamente das próprias palavras de Cristo”. Mas, ao contráario das parábolas, estas foram ditadas desde os céus, depois que Ele ressuscitou.

Talvez sejam os únicos registros condensados de seus discursos que chegaram até nós. Há nestas cartas algo de solenidade e importância fora do comum.

Chegam até nós com admoestação, reiteradas sete vezes de que devemos ouví-las e guardá-las no coração.

Lamentavelmente, é mui raro que nos dias de hoje, as igrejas sejam convidadas a ouvirem e considerarem o conteúdo dessas cartas.

SETE ELEMENTOS COMUNS NAS SETE CARTAS.

1. A ordem de escrever ao anjo de cada assembléia local.

2. Algum título sublimado do Senhor Jesus, como um significado particular, com elementos instrutivos, importantes para cada igreja local.

3. Uma mensagem direta ao anjo da igreja, com as palavras, “eu conheço as tuas obras”...

4. Promessa aos vencedores: advertências aos seus membros indiferentes...

5. Uma solene advertência: “Quem tem ouvidos, ouça”.

6. É o Espírito quem dita as palavras de cada carta, não são palavras humanas.

7. Cada uma delas contém uma mensagem profética, que se adapta a um período especial da história da igreja.

Estas cartas expõem os erros, os triunfos e as condições morais que caracterizam a igreja em qualquer de suas épocas.

1 – CARTA À IGREJA DE ÉFESO. AP. 2.1-7

Éfeso era a maior cidade da Ásia. Era muito importante em todos os aspectos. Era considerada a metrópole política e comercial. Era a capital de Ionia, situada na costa ocidental sobre o Mar Egeu.
Era um porto marítimo, distante umas 40 milhas ao sudoeste de Esmirna. Dois edifícios se destacavam em Éfeso: o Templo de Artemis (Diana dos efésios) e o Teatro.

O CRISTIANISMO:

É provável que a igreja ali tenha sido fundada entre os anos 52 e 55 d.C. por Áquila e Priscila (Atos 18.18-21: 19.8-10). Que foram deixados ali na segunda viagem missionária de Paulo (Atos 18.18-21: “Paulo, tendo ficado ali ainda muitos dias, despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áqüila, havendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto. E eles chegaram a Éfeso, onde Paulo os deixou; e tendo entrado na sinagoga, discutia com os judeus. Estes rogavam que ficasse por mais algum tempo, mas ele não anuiu, antes se despediu deles, dizendo: Se Deus quiser, de novo voltarei a vós; e navegou de Éfeso”.

- Depois Paulo volta a Éfeso e permanece ali por um período de dois anos conforme lemos em Atos 19.1-2, e 8-10.

- “E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo tendo atravessado as regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? Responderam-lhe eles: Não, nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo... diariamente na escola de Tirano. Durou isto por dois anos; de maneira que todos os que habitavam na Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do Senhor”.

Paulo havia escrito aos efésios no ano 63, dizendo que “era ricamente abençoado em tudo” (Ef. 1.3)

A CARTA
Cada uma das sete cartas começa com a afirmação: “eu conheço as tuas obras”, cada uma contm uma promessa “ao que vencer”, e termina com uma advertência “Quem tem ouvidos ouça...”.

Ao anjo = Eles são mencionados em Ap. 1.16,20. A maioria crê que são os pastores ou bispos da igreja.

“...o que que anda no meio dos sete candeeiros de ouro”: Os sete candeeiros são as sete igrejas. (1.20). Cristo se move entre os seus, no meio de sua igreja... (Mt. 28.20).

Conheço as tuas obras, Aqui se usa o termo grego “oida” em lugar de “ginösko”. Assim, esse conhecimento “enfatiza bem melhor a visão total que fotografa todos os atos da vida tal como acontecem”. Aqui vemos um enfoque sobre a onisciência de Cristo. As obras que Jesus conhece representam as condições espirituais da igreja em geral e não apenas aquilo que chamamos de “serviço ativo”.

Portanto, a palavra “obra”, (gr erga) neste caso, indica o caráter geral, a natureza da pessoa que atua, e também aquilo que faz, ou seja, toda a vida e conduta.

= e o teu trabalho, Serviço ativo. Gr. “KOPOS”, que significa “labor até o limite das forças”. A forma verbal “KOPIAO” significa: esgotar-se, trabalhar arduamente, lutar...

= e a tua perseverança; Paciência. Volta a ser mencionado no vers. seguinte. Significa constância sob circunstancias adversas. Segundo o texto, eles lutavam firmemente e suportavam as situações difíceis, contrárias...

sei que não podes suportar os maus. Esses homens maus, provavelmente eram os “nicolaitas”, que são mencionados no vers. 6. Eram falsos Mestres e falsos apóstolos, que eram uma Praga para a igreja apostólica.

…os que se dizem apóstolos e não o são…; A presunção daquela gente era muito grande, ao ponto de querer compartilhar da autoridade dos próprios apóstolos.

Deus proveu a igreja de um dom especial para prevenir e ajudar os cristãos na luta contra tais homens; o dom de “discernir os espíritos”, (I cor, 12.10).

Mesmo sem ter uma referência direta, creio que aqui se trata de uma forma de gnosticismo. Oito livros do Novo Testamento foram escritos contra as diversas heresias agnósticas.

Eles tentavam combinar a Filosofia grega, a mitologia e as religiões orientais. Eles criam que a matéria é o principio do mal, e o corpo é incapaz de ser redimido pois o mesmo participa da matéria. Assim que se podia fazer qualquer coisa com o corpo. Licenciosidade...

e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste. Eles tinham uma visão positiva de Cristo, trabalhavam até desfalecer. Oura vez o verbo “kopos” do vers. 2, aqui significando “labor até o esgotamento”.

= o surpreendente aqui é descobrir que a atividade, a paciência e a lealdade no meio do sofrimento, o árduo trabalho e a fidelidade na doutrina e na disciplina, todas estas virtudes não garantiam que tudo estava bem.

Trabalhavam arduamente por amor ao nome de Cristo, porém com um amor defeituoso.

Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.”

-Nunca teríamos imaginado que uma comunidade cristã que estava sendo descrita como leal nas perseguições, sofrida e paciente, poderia aparecer como quem havia “abandonado” primeiro amor por Cristo.

- deixastes = abandonastes. Gr. APHEKAS, que significa: “ir-se”, “relaxar”, “dispensar, “descuidar”. Essa mesma palavra era usada para indicar o repudio ou divórcio...

ADVERTÊNCIA. É possível que um crente tenha sido cheio do Espírito Santo, porem, gradualmente vai cedendo aos desejos da carne, o orgulho pessoal e os desejos mundanos. Nesse caso, o crente se está divorciando, aos poucos, daquilo que anteriormente era seu amor, que lhe era precioso.

Ex: Um esposo e a esposa que se apaixona por outra pessoa...

QUE SIGNIFICA O PRIMEIRO AMOR:

Amor é a natureza da nova vida. Pela salvação somos participantes de uma nova natureza (II Pe. 1.4) que é Cristo em nós.

Nesse primeiro amor, somos identificados como igreja de Deus ou Noiva de Cristo. É o compromisso recíproco de amor que firmamos com Cristo. Porém, na igreja de Éfeso esse amor, deu lugar a uma esterilidade...

PORQUE FOI DEIXADO O PRIMEIRO AMOR

1 - O amor se manifesta em atos (I Jo. 3.18). “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade”. Quando faltam estas obras, o amor começa a esfriar-se. A adoração e a ação de graças são os meios mais simples de demonstrar nosso amor para com Cristo. (col. 3.17 = E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai).

2º amor pode esfriar-se quando é transferido para outro objeto ou pessoa...

O ESPIRITO DECLARA QUE O AMOR DEIXADO SIGNIFICA UMA QUEDA.

Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.

Uma palavra chave neste versículo é: “lembra-te” (gr. mnëmoneue). É uma exortação à memória piedosa sobre os dias anteriores, quando a devoção intensa a Cristo era a força motivadora de uma vida piedosa e de intenso serviço. Arrepende-te (kai metanoëson).

É como se o Mestre estivesse dizendo: “Lembra-te do teu gozo anterior, quando o verdadeiro amor enchia o teu coração”. Arrepende-te dos teus pecados, compreende o perigo de tua atual condição.

Notemos a progressão: Lembra-te – arrepende-te e pratica, os elos de oro da restauração e do progresso da igreja

PORQUE FOI UMA QUEDA

1- Uma queda, pois a perda do primeiro amor pode significar um desastre eterno. Quando Jesus está longe de nós, perdemos os valores espirituais, ficando só as aparências.

2- Uma queda, pois nada substitui o amor de Cristo.

3- O espírito santo reconheceu dez boas qualidades na igreja de Éfeso, porém nenhuma justificava, nem substituía o amor que se havia esfriado.

4- Quando desaparece o segredo da comunhão com Cristo, o primeiro amor, se passa a viver de pura aparência (encontros, eventos...).

O remédio é simples: ARREPENDE-TE. A maneira de provocar o arrependimento em si mesmo, segundo o Senhor aclara aqui. É lembrar ou meditar nos dias passados, quando o primeiro fervor fluía em sua vida.

Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço. Na Septuaginta, Paraíso é usado em dois sentidos: Primeiro, é usado de forma regular para o Jardim do Éden (Gen. 2.8 e 3.1). Segundo, para qualquer jardim especial, como vemos em Isaias 1.30, Jeremias 295 e Eclesiastes 2.5.

Os grandes pensadores da Igreja primitiva não identificavam o Paraíso como o Céu; o Paraíso era o lugar onde a alma dos justos se preparavam para entrar à presença de Deus. Por último, alguns creem que o Paraiso deixou de ser este lugar intermediário, baseando-se nas palavras de Jesus ao ladrão da cruz: “Hoje estarás comigo no Paraíso”, Lucas 23.43.


Quem eram os nicolaitas? O texto se limita apenas a dizer que o Cristo Ressuscitado aborrecia ou detestava os nicolaitas, apenas os menciona e não os define. Voltaremos a encontra-los em Pérgamo (versículo 15), onde se relaciona com os que mantém os ensinos de Balaão.
Segundo os historiadores bíblicos os nicolaitas são identificados como os seguidores de Nicolau, prosélito de Antioquia, que foi um dos Sete chamados a ser diácono (Atos 6.5). O que nos leva a entender que Nicolau se afastou do caminho do Senhor caindo em heresia. Irineu diz que os nicolaitas levavam uma vida de permissividade ilimitada. Hipólito diz que Nicolau era um dos Sete e que se afastou da sã doutrina e adquiriu o costume de inculcar o indiferentismo em matéria de comida e de vida. Clemente de Alexandria diz que os nicolaitas “se abandonavam ao prazer como cabras... levando uma vida de autoindulgência.

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.

Esta formula introduz as “promessas” feitas às igrejas, nesta e nas próximas cartas de Apocalipse.

O versículo sete nos dá a promessa condicional ou “desafio” do Senhor. Chamou a igreja a arrepender-se. No final diz que o que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Faz-se uma promessa que ao que vencer o próprio Senhor lhe dará “de comer da árvore da vida”.

Conheço as tuas obras... ao que vencer...Ouça o que o Espirito diz. Dessas três declarações surgem três mensagens de Deus para todos nós nos dias em que vivemos:

1) Deus me conhece totalmente, não posso enganá-lo ou aparentar uma suposta vida de espiritualidade.

2) É imperativo vencer; São Paulo nos dá a chave: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13).

3) Devo ouvir e obedecer a voz do Espirito Santo sempre.

A Árvore da Vida é mencionada 6 vezes na Bíblia, três vezes em Genesis e três vezes em Apocalipse. Par que o homem não vivesse eternamente como pecador, Deus não permitiu que ele comesse dessa árvore (Gen. 3.22-25), mas agora, redimidos pelo sangue de Jesus, é prometido que os vencedores comerão de dita árvore: e viverão eternamente. Por isso se diz que eles não sofrerão o dano da segunda morte Ap. 2.11; 20.6). Tudo isso nos faz entender que as promessas aos vencedores que aparecem no fim das outras cartas, estão relacionados com a promessa de vida eterna (Ap. 2.10, 11, 17; 3.5, 12, 21).

Aqueles comentaristas que veem nestas sete mensagens períodos progressivos cronologicamente da presente Dispensação da Graça, ou da Igreja, alegam que esta carta representa o período apostólico e o pós-apostólico, ou seja, até o fim do primeiro século de nossa era. Entretanto, sem entrar em controvérsia com os que assim creem, só queremos intimar que não se deve limitar a mensagem e sua aplicação a essa época. Quando existem nos dias de hoje os mesmos problemas espirituais, creio que seria correto aplicar as mesmas exortações e soluções encontradas nesta e nas demais mensagens às sete igrejas.







Pr. Adaylton de Almeida Conceição (Th.B. Th.M. Th.D.)
http://www.adayltonalm.spaceblog.com.br/
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