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VIDAS

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terça-feira, 13 de junho de 2017

HERESIAS PRIMITIVAS

“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos antes de nós”(Ec 1.10).

Você sabia que o batismo pelos mortos foi uma heresia apregoada pelo menos cerca de 1600 anos antes da “revelação” que é atribuída pelos mórmons a Joseph Smith Jr.? Esse é apenas um dos muitos desvios doutrinários que atravessaram séculos e foram incorporados pelas seitas pseudocristãs.

A “revelação” baseada na necessidade de restaurar a igreja e a rejeição ao Antigo Testamento remonta a mesma época e fluíram dos ensinamentos de Marcion. Montano pregou que o fim do mundo ocorreria em sua geração e atribuiu a si o fato de iniciar e findar o ministério do Espírito Santo. Sabélio, com seu modalismo, foi outra fonte de distorções bíblicas que até hoje é disseminada entre os evangélicos. Ainda fazem parte desse grupo Mani, com sua doutrina reencarnacionista; Ário, que deturpou a natureza de Jesus apresentando-o como um ser criado, gravíssimo engano sustentado pelas testemunhas de Jeová; Apolinário, que ao contrário do antecedente, negou a humanidade de Cristo; Nestório, que ensinava a existência de duas pessoas distintas em Cristo; Pelágio, que como os islâmicos e outros, negava a doutrina do pecado original; e Eutiquio, que afirmava que a natureza humana de Cristo havia sido absorvida pela divina.

Como podemos inferir as heresias combatidas pela igreja contemporânea foram enfrentadas pela igreja primitiva, cujo esforço conseguiu por meio de concílios e credos defender a fé que de uma vez por todas entregue aos santos. Continuemos a defendê-la!

Márcion (aprox. 95-165)

Informações indicam que Márcion nasceu em Sinope, no Ponto, Ásia Menor. Fora um proprietário de navios, portanto, muito próspero, e aplicou sua vida à fé religiosa, primeiramente como cristão, e finalmente aplicou-se no desenvolvimento de congregações marcionitas.

Foi um influente líder cristão até que suas idéias lhe conduziram a exclusão em 144 d.C. Então, formou uma escola gnóstica. Tendo uma mente prolífera, desenvolveu muitas ideias, as quais foram lançadas em uma obra apologética que foi alvo de combate de apologistas, especialmente Tertuliano e Epifânio.

Procurou ter uma perspectiva paulina, contudo, incluiu muitas ideias próprias e conjecturas sem respaldo bíblico. Tinha convicção de uma missão pessoal, restaurar o puro Evangelho. Antes, rejeitou o Antigo Testamento como inútil e ultrapassado, também afirmou que foi produzido por um deus inferior ao Deus do Evangelho. Para Márcion, o Cristianismo era totalmente independente do Judaísmo, e uma nova revelação. Através de Cristo, o deus do Antigo Testamento foi pego de surpresa e teve de entregar as chaves do inferno a Cristo. Além disso, Cristo não era Deus, apenas uma emanação do filho de Deus. O único Apóstolo que fora fiel ao Evangelho, segundo Márcion, fora Paulo, em detrimento dos demais apóstolos e evangelistas. Conseqüentemente, a Igreja primitiva havia desviado, e havia necessidade de uma restauração. O homem deve levar uma vida asceta, o casamento, embora legal, também era aviltador, afirmava Márcion. Entre outros ensinos de Márcion, encontramos o batismo pelos mortos, o cânon de Márcion restringia-se a dez epístolas de Paulo e a uma versão modificada do Evangelho de Lucas.

Gnosticismo

Nome derivado do termo grego gnosis (conhecimento), os gnósticos tornaram-se uma seita que defendia a posse de conhecimentos secretos que, segundo eles, tornava-os superiores aos cristãos comuns que não tinham o mesmo privilégio. O movimento surgiu a partir das filosofias pagãs anteriores ao Cristianismo, que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia (Macedônia). Ao combinar filosofia pagã, alguns elementos da astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do Cristianismo, o gnosticismo tornou-se uma forte influência na igreja.

A premissa básica do gnosticismo é uma cosmovisão dualista. O supremo Deus Pai emanava do mundo espiritual “bom”. A partir dele, procediam sucessivos seres finitos (Éons), quando um deles (Sofia) deu à luz a Demiurgo (Deus criador), que criou o mundo material “mau”, juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem.

Cristãos gnósticos, como Marcion e Valentim, ensinavam que a salvação vem por meio desses éons, Cristo, que se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo material mais elevado. Cristo, embora parecesse ser um homem, nunca assumiu um corpo; portanto, não foi sujeito às fraquezas e emoções humanas.

Algumas evidencias sugerem que uma forma incipiente de gnosticismo surgiu na era apostólica e foi o tema de várias epístolas do Novo Testamento (1 João, epístolas pastorais). A maior polêmica contra os gnósticos apareceu, entretanto, no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu, Tertuliano e Hipólito. O gnosticismo foi considerado um movimento herético pelos cristãos ortodoxos. Atualmente, é submetido a muita pesquisa, devido às descobertas dos textos de Nag Hammadi, em 1945/46, no Egito. Muitas seitas e grupos ocultistas demonstram alguma influência do antigo gnosticismo (Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida.2000, pp 175-6).

Montano (aprox. 120–180)

Por volta do ano 150 d.C. surgiu na Frígia um profeta, chamado Montano que juntamente com Prisca e Maximilia, se anunciaram portadores de uma nova revelação. Inicialmente foi um movimento que reagiu contra o gnosticismo, contudo, ele mesmo se caracterizou por tendências inovadoras. As profecias e revelações de Montano giravam em torno da segunda vinda, e incentivavam o ascetismo.

Salientava fortemente a proximidade do fim do mundo, esperavam para a sua própria geração. Insistiam sobre estritas exigências morais, como o celibato, jejum, rígida disciplina moral. Exaltavam o martírio e proibiam que se fugisse das perseguições. Alguns pecados eram imperdoáveis, independente do arrependimento demonstrado.

Montano finalmente afirmou ser o Paracleto, nele iniciaria e findaria o Ministério do Espírito Santo. Prisca e Maximilia abandonaram seus respectivos maridos para se dedicarem a obra profética de Montano. Algumas vezes procurava esclarecer que ele era um agente do Espírito Santo, mas sempre retornava a posição de afirmar que ele era o Consolador prometido. Sua palavra deveria ser observada acima das Escrituras, era a palavra para aquele tempo do fim.

Esse movimento desvaneceu-se no terceiro século no ocidente, e no sexto século no oriente.

Ascetismo

Autonegação, visão de que a matéria e o espírito estão em oposição um ao outro. O corpo físico, com suas necessidades e desejos inerentes, é incompatível com o espírito e sua natureza divina. O ascetismo defende a idéia de que uma pessoa só alcança uma condição espiritual mais elevada, se renunciar à carne e ao mundo.

O ascetismo foi amplamente aceito nas religiões antigas e ainda hoje é uma filosofia proeminente, sobretudo nas seitas e religiões orientais. Platão idealizou-o. As seitas judaicas, como os essênios, praticavam-no fervorosamente, e o cristianismo institucionalizou-o, com o desenvolvimento de várias Ordens monásticas. O gnosticismo foi o maior defensor desta filosofia (Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. George A. Mather & amp; Larry A Nichols. Vida.2000, p. 23).

Sabélio (aprox. 180–250)

Nasceu na Líbia, África do Norte, no terceiro século depois de Cristo. Depois se mudou para Itália, e viveu em Roma. Conhecendo o Evangelho, logo se tornou um pensador respeitado em suas considerações teológicas. Recebeu influência do Modalismo que já estava sendo divulgado na África.

O Modalismo iniciou como movimento asiático com Noeto de Esmirna. Os principais expoentes do movimento foram: Noeto, Epógono, Cleômenes e Calixto. Na África foi ensinado por Práxeas e na Líbia foi defendido por Sabélio. Hoje, o Modalismo é muito conhecido pelo nome sabelianismo devido a influência intelectual fornecida por Sabélio. O objetivo de Sabélio era preservar o monoteísmo a qualquer custo. Tinha um objetivo em vista, que, pensava, justificava os meios.

Ensinava que havia uma única essência na Divindade, contudo, rejeitava o conceito de três Pessoas em uma só essência. Afirmava que isso designaria um culto triteista, isto é, de três deuses. A questão poderia ser resolvida, afirmava, por meio do conceito de que Deus se apresentaria com diversas faces ou manifestações. Primeiramente, Deus se apresentara com Deus Pai, gerando, criando e administrando. Em seguida, Deus se apresentou como Deus Filho, mediando, redimindo, executando a justiça. E finalmente e sucessivamente, Deus se apresentou como Deus Espírito Santo, fazendo a manutenção das obras anteriores, sustentando e guardando. Uma só Pessoa três manifestações temporárias e sucessivas.

Mani (aprox. 216 – 277)

Nasceu por volta de 216 d.C. na Babilônia. Foi considerado por alguns como o último dos gnósticos. Diferente dos demais hereges desenvolveu-se fora do Cristianismo, contudo era um rival do Evangelho.

Seus ensinos buscavam respaldo no Cristianismo. Afirmava, por exemplo, ser o Paracleto, o profeta final. Em seus ensinos enfatizava a purificação através de rituais. Em 243 d.C. o profeta Mani teve seus ensinamentos reconhecidos por Ardashir, rei sassânida (Índia) então a nova fé teve o seu “pentecostes”, analogia traçada pelos maniqueístas.

Durante 34 anos Mani e seus discípulos intensificaram seu trabalho missidevo aponário pelo leste da Ásia, o sul e o oeste da África do Norte e a Europa.

A base do maniqueísmo engloba: um Deus teísta, que se revela ao homem. Deus usou diversos servos, como Buda, Zoroastro, Jesus e finalmente Mani. Deveriam seus discípulos praticar o ascetismo, evitar contribuir em alguma morte, mesmo de animais ou plantas. Deveriam evitar o casamento e manterem-se celibatários. O universo é dualista, existem duas linhas morais em existência, distintas, eternas e invictas: a luz e as trevas.

A remissão ocorre através da gnosis, conhecimento especial que os iniciados conquistavam. Entre os remidos há duas classes, os eleitos e os ouvintes. Os eleitos não podiam nem mesmo matar uma planta, por isso eram servidos pelos ouvintes que podiam matar plantas, mas nunca matar animais ou até mesmo comer animais. Os eleitos subiriam, após a morte para a glória, enquanto os ouvintes passariam por um longo processo de purificação. Quanto aos ímpios continuariam reencarnando na terra. Recebeu grande influência de Márcion.

Ário (aprox. 256–336)

Presbítero de Alexandria entre o fim do terceiro e início quarto século depois de Cristo. Foi excluído em 313, quando era diácono, devido atitude que apoiava o cisma da Igreja no Egito. Após a morte do patriarca da Igreja em Alexandria, foi recebido novamente como diácono. Depois foi nomeado presbítero, e começou a ensinar que Jesus Cristo era um ser criado, não possuindo nenhum dos atributos incomunicáveis de Deus, por exemplo, eternidade, onisciência, onipotência etc. Isto lhe custou um censura em 318 e exclusão em 321 d.C., contudo, já havia sido propagada sua influência e diversos bispos da Igreja no Oriente já haviam aceitado o novo ensino.

Em 325 ocorreu o concílio de Nicéia, onde Ário, apesar de já excluído, teve ratificação de sua exclusão sendo banido. Ário preparou uma resposta ao Credo Niceno, o que impressionou muito o imperador Constantino. Atanásio resistiu a ordem de Constantino de receber Ário em comunhão, sendo deposto e sofrendo exílio em Gália. Mas faleceu no dia em que entraria em comunhão em Constantinopla.

A base de seu ensino era estabelecer a razão natural como meios de entender a relação Deus e Cristo. Haveria uma só Pessoa na Divindade. O Logos foi não apenas gerado, mas literalmente criado, seria apenas um intermediário entre Deus e os homens. Devido sua elevada posição, receberia adoração e glória.

Apolinário (aprox. 310–390)

Bispo de Laodicéia da Síria, nos fins do quarto século. Cooperou na reprodução das Escrituras. Fez oposição a afirmação de Ário quanto a criação e mutabilidade de Cristo.

Por outro lado, se opôs ao conceito da completa união entre as naturezas divina e humana em Jesus. Afirmava que Jesus não tinha um espírito humano, mas o espírito de Cristo manipulava o corpo humano. Sua posição inicial era contra o arianismo, que negava a divindade de Cristo. Em sua opinião, seria mais fácil manter a unidade da Pessoa de Cristo, contanto que o Logos fosse conceituado apenas como substituto do mais elevado princípio racional do homem. Contrapondo-se a Ário, ele advogava a autêntica divindade de Cristo, e tentava proteger Sua impecabilidade substituindo o pneuma (espírito) humano pelo Logos, pois julgava aquele sede do pecado.

Conseqüentemente, Apolinário negava a própria e autêntica humanidade de Jesus Cristo.

Em 381, o sínodo de Constantinopla declarou contundentemente, entre outros sínodos, herética a cristologia de Apolinário. Formou um grupo de discípulos que manteve seus ensinos, contudo, não demorou muito o movimento se desfez.

Nestório (aprox. 375–451)

Patriarca da Igreja em Constantinopla na metade do quinto século d.C. com o objetivo de expurgar heresias na região de seu controle encontrou problemas em expressar sua cristologia. Encontrava-se em seu tempo ideias divergentes sobre a natureza de Cristo. Alguns aparentemente negavam a existência de duas naturezas em Cristo, postulando uma única natureza. Outros afirmavam, como Teodoro de Mopsuéstia, que o entendimento deveria partir da completa humanidade de Cristo. Teodoro negava a residência essencial do Logos em Cristo, concedendo somente a residência moral. Essa posição realmente substituía a encarnação pela residência moral do Logos no homem Jesus. Contudo, Teodoro declinava das implicações de seu ensino, que inevitavelmente levaria a dupla personalidade em Cristo, duas pessoas entre as quais haveria uma união moral. Nestório foi fortemente influenciado pelo seu mestre, Teodoro de Mopsuéstia.

O nestorianismo é deficiente, não quanto à doutrina das duas naturezas de Cristo, e sim quanto à Pessoa de cada uma. Concorda com a autêntica e própria deidade e a autêntica e própria humanidade, mas não são elas concebidas de forma a comporem uma verdadeira unidade, nem a constituírem uma única pessoa. As duas naturezas seriam igualmente duas pessoas. Ao invés de mesclar as duas naturezas numa única autoconsciência, o nestorianismo as situava lado a lado, sem outra ligação além de mera união moral e simpática entre elas. Jesus seria um hospedeiro de Cristo.

Nestor foi vigorosamente atacado por Cirilo, patriarca de Alexandria, sendo condenado pelo Terceiro Concílio de Éfeso em 431 d.C.

O movimento Nestoriano sobreviveu até o século catorze! Adotaram o nome de cristãos caldeus, a Igreja persa aceitou claramente a cristologia nestoriana. Atingiu sua expressão culminante no décimo terceiro século, quando dispunha de vinte e cinco arcebispos e de cerca de duzentos bispos. Nos séculos doze e treze formou-se a Igreja Nestoriana Unida, e atualmente seus membros são conhecidos como Caldeus Uniatos. Na Índia, são conhecidos como cristãos de São Tomé. Hoje esse movimento está em declínio.

Pelágio (aprox. 360–420)

Teólogo britânico que teve uma vida piedosa e exemplar. Exatamente nesta questão desenvolveu conceitos sobre a hamartiologia (doutrina que estuda o pecado) que lhe trouxe resistência e finalmente a exclusão foram ratificadas em diversos sínodos (Mileve e Catargo). Sendo ainda condenado no Concílio de Éfeso em 431 d.C.

Os seus ensinos afirmavam que o homem poderia viver isento do pecado. Ensinava que o homem foi criado a imagem de Deus, e, apesar da queda, essa imagem é real e viva, do contrário, o homem não seria aquele homem criado por Deus. No pelagianismo a morte é uma companheira do homem, querendo dizer que, pecando ou não, Adão finalmente morreria, ainda que não pecasse. O ideal do homem é viver obedecendo.

O pecado original é uma impossibilidade, pois o pecado depende de uma ação voluntária do pecador. Também através de uma vida digna os homens podem atingir o céu, mesmo desconhecendo o Evangelho. Todos serão julgados segundo o que conheciam e o que praticavam. O livre-arbítrio era enfatizado em todas suas afirmações, excluindo a eleição. Um século depois, desenvolveu-se o semipelagianismo que amortecia alguns ensinos extravagantes de Pelágio.

Eutíquio (aprox. 410–470)

Viveu em um mosteiro fora de Constantinopla durante a primeira metade do quinto século. Discípulo de Cirilo de Alexandria teve grande influência e chefiava mosteiros na Igreja oriental. Oponente ao nestorianismo, afirmava que por ocasião da encarnação, a natureza humana de Cristo foi totalmente absorvida pela natureza divina.

Ele era de opinião que os atributos humanos haviam sido assimilados pelo divino em Cristo, pelo que Seu corpo não seria consubstancial com o nosso e Ele mesmo não seria humano no sentido restrito da palavra.

Esse extremo doutrinário teve apoio temporário do chamado Sínodo dos Ladrões (em 449 d.C.); essa decisão foi anulada mais tarde pelo Concílio de Calcedônia em 451 d.C., foi chamado de sínodo dos Ladrões, pois roubavam características da doutrina cristocêntrica, então Eutíquio foi afastado de suas atividades eclesiásticas. A Igreja egípcia continuou apoiando a Eutíquio e manteve os seus ensinos por algum tempo. O eutiquianismo surge novamente no movimento monofisista.

FONTE: Revista Defesa da Fé

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